Lev Vygotsky na visão de


Lev Vygotsky




"o indivíduo atrelado as possibilidades da espécie"

De acordo à escritora Marta Kohl de Oliveira, Lev Vygotsky em seus conceitos e pesquisas valoriza à escola e considera o ambiente escolar como um espaço favorável e  privilegiado, onde ações e novas ações acontecem, frutos das interações .

Em sua concepção sobre o desenvolvimento, afirma que a  psique da criança ainda não está pronta, e que é o processo de interação que promoverá seu desenvolvimento.
Em comparação a obra de Jean Piaget, o autor afirma que Piaget em seus estudos não se preocupava com a escola, mas sim com o desenvolvimento da criança em si, suas fases. Já Vygotsky pensava nas intervenções que o meio exercia sobre o individuo e o quanto a escola promovia essas intervenções.

Vygotsky escreve sobre a Filogênese que é a espécie em si; da Ontogênese que é a inserção do individuo na espécie; da Sociogênese que é a inserção do indivíduo na sociedade e mais a frente à Microgênese que é a mínima parte na composição do todo, foco bem definido, o olhar sob o minucioso, a singularidade do individuo.

 O ciclo da vida que todos fazem. A cultura que serve como um alargador, que dimensiona as possibilidades, todos os indivíduos passam por situações diferentes e iguais, que se repetem nas diferentes culturas. A partir disto,
olhar do grupo em que se está inserido, o processo de socialização.

Vygotsky fala em Mediação onde as ferramentas, os instrumentos de ação dão novas possibilidades de ação.

Vygotsky fala dos Signos que é a interposição do sujeito sobre o objeto, “eu e o mundo” de maneira simbólica, o que leva o indivíduo a determinada ação.
A Possibilidade de Representação Mental, onde o individuo pensa, antecipa à imagem através da representação simbólica, espaço inerente a semiótica, onde se nomeia determinado objeto , se lembra de determinada ação, de situações já vividas. Os signos são construídos culturalmente, pois é a cultura que fornece ao individuo tal informação.

A língua é o principal instrumento de representação simbólica e é objeto de atenção primordial para análise do desenvolvimento humano.

A linguagem nasce como forma de comunicação.

Pensamento Generalizante é o momento onde a língua se encaixa com o pensamento.
Ao nomear algo eu estou classificando, agrupando, estabelecendo uma categoria.
Uma palavra classifica um mundo, um ato, uma ação “socorro” ou “Europa”.
O significado de cada palavra representa uma amalgama tão estreito de um pensamento, palavra ou conceito e essa relação não nasce com o indivíduo, é um processo.
Existe linguagem e existe pensamento, situações separadas num determinado contexto. Existe o falar por falar e o falar pensando.
Os animais inseridos num contexto imediato agem sobre o ambiente, faz uso de ferramentas. Já o homem não! Ele pensa, atua fazendo uso do plano simbólico.
A criança antes da aquisição da linguagem simbólica faz uso da linguagem, porém num plano concreto, sem a mediação simbólica, sem o uso do pensamento, sem o uso de suas potencialidades. Só a partir do desenvolvimento é que se fará uso da inteligência abstrata. A partir disto sendo capaz de imaginar, criar, agir sobre o meio, transitando pelo tempo simbolicamente.

A relação entre o pensamento e a palavra é um movimento contínuo entre o vai e vem de palavras.

É o discurso interior onde se incorpora apoiado em palavras, “Eu penso com o suporte das palavras” .

Vygotsky trabalha as coisas de fora para dentro. A existência da fala egocêntrica está sendo internalizada, pela criança, pelo sujeito, acontece quando o sujeito está conversando com ele mesmo. Nesta ação evidencia-se que a linguagem é um instrumento do pensamento, faz uso da língua como suporte, ajuda frente a determinado contexto.

O desenvolvimento por conta da inserção do indivíduo na sociedade, em determinada cultura acontece à medida que a aprendizagem promove este desenvolvimento, atrelada a ideia de que o caminho do desenvolvimento está em aberto, de acordo a especificidade, a singularidade e os estímulos.

Na brincadeira do Faz de Conta, no mundo imaginário, restrito pelas regras e não aleatoriamente, ele pensa se relacionando com o significado das coisas , através dos objetos que tem em mãos, definido por um percurso que está atrelado a cultura a que se está inserido.

Desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios para o desenvolvimento do indivíduo. Há um complexo processo de transição até que se chegue a linguagem escrita e a fala.

Vygotsky fala da Zona de Desenvolvimento Proximal, tudo que está em processo, por se desenvolver, eminente. É o nível de desenvolvimento real, o olhar sobre o que a criança já sabe e o que esta prestes a entender. É a parte do desenvolvimento que permite intervenção, define as funções que ainda não se desenvolveram, mas que estão em processo de formação.

Nível de desenvolvimento Potencial, aqui tudo está próximo a acontecer, basta uma intervenção para se consolidar.
Quando se fala em zona de desenvolvimento proximal, se fala num conceito muito flexível e complexo, pois em cada situação, a cada criança, a cada momento há inúmeras zonas em desenvolvimento, em estado eminente.

O indivíduo está se relacionando, agindo, dialogando, construindo significados, promovendo desenvolvimento. Há influência não só por imersão. O ambiente estando estruturado ou não, promoverá melhor, maior ou menor intervenção.




Jean Piaget na visão de Yves De La Taille



Jean Piaget



Na visão de Yves De La Taille

Considerado o "Einstein" da Pedagogia.


De acordo a Yves de La Taille,  a obra de Piaget  consiste em setenta livros e inúmeros artigos, essencial para trabalhar questões das fases do desenvolvimento, tendo por base a questão da inteligência infantil e de como o indivíduo constrói conhecimento.
Para Piaget deve ser definido enquanto função com a finalidade do individuo adaptar-se e modificar o meio em que está inserido.

Na Fase Estrutural que se define por uma organização mental, capaz de assimilar e acomodar determinadas situações, uma organização de processo mais ou menos complexa, sobretudo pela reorganização, assimilação do processo. Já a Assimilação significa interpretar o mundo e tudo que esta em sua volta.
O individuo frente ao objeto novo, entra em desequilíbrio, em conflito e em meio às modificações vai acomodando, desequilibrando e reacomodando, o que ele chama de Acomodação / Equilibração.

Piaget fala da Abstração Impírica que são as informações que se retira do objeto de conhecimento, e neste processo passa-se a refletir, passa-se a ter uma ação sobre o objeto.

Segundo Piaget os Estágios de desenvolvimento da inteligência não são  lineares e sim, por saltos, rupturas, no qual o individuo supera e avança.
O primeiro estágio definido por ele é o período Sensório Motor que acontece do 0 aos 24 meses de idade. Logo após vem o estágio Pré Operatório que acontece entre 2 e 7 anos de idade e na sequência, o Estágio Operatório, que
A partir dos 7 anos,  e dentro deste  estágio, por volta dos 12 anos acontece o período concreto e também o formal.

A fase de desenvolvimento começa a se estruturar muito antes da linguagem. São os pequenos passos e conquistas que preparam a criança para o mundo da linguagem, o qual Wallon estabelece como passos importantíssimos, relevantes, no qual o estímulo não verbal é de fundamental importância, chamado de inteligência prática, no qual as suas ações motoras e percepções sensório motoras, não verbais, apenas representativas, acontecem.

Quando a criança nasce ela precisa construir o Conceito de Objeto, a noção de objeto permanente, em que embora não  se veja, sabe que existe.
Surge o Conceito de Casualidade no qual os objetos interagem e causam efeitos entre si.
A construção de objeto, de tempo e espaço, estabelece na criança a noção de universalidade. Já a casualidade é saber a diferenciação entre meios e fins, perceber e associar as duas condutas, a compreensão de que determinada ação pode seguir de meios e fins, um exemplo é esconder determinado objeto na frente da criança (bebê) e ele não saber onde encontrá-lo, pois ainda não consegue situar o objeto dentro do espaço. A criança acha que sua ação é que causa determinados fatores no universo.

No estágio pré-operatório, o estágio da representação, onde a criança tem a capacidade de transformar um objeto em outro objeto.
Este é um momento em que a criança trabalha com a representação, sobre o objeto, e a partir disto, exerce a capacidade de organizar estas ações, em meio as lacunas, dificuldades,  surge a superação.
Quando entra no mundo da linguagem, à criança permite uma socialização da inteligência.

Conceito de Moral na visão de Jean Piaget tem início só a partir dos 4 anos, quando à criança começa a ter noção de valores, regras, o que é certo ou errado em determinadas situações.

Conceito de Egocentrismo, nesta fase a criança imagina que aqueles que estão a sua volta, tudo sabem sobre si, detectam o que ela está pensando, fazendo ou querendo fazer, e ela tem a dificuldade de sair deste ponto de vista, de entender.

No período pré-operatório e operatório é o período da ação sobre o mundo.
Ação Interiorizada quando acontece por meio da imaginação, no campo da representação.
Ação Reversiva quando a criança pensa na ação e na reversão e ou anulação dessa ação, situações que no período pré-operatório não aconteceria.

Neste período está o campo dos prováveis, onde ações in teriorizadas não são reversíveis, não se tem a certeza sobre algo.
Na passagem do pré-operatório para o operatório existe o campo da certeza, da real convicção, deduzidos por meio do raciocínio.

È a partir dos 2/8 anos que a criança começa a organizar seus pensamentos, através da aplicação da lógica, entretanto, no operátório formal ela já é capaz de aplicar a sua lógica com objetos puramente concretos, ela chega a conclusões mediante conceitos/dados. Constrói com suas hipóteses.
Quanto ao desenvolvimento moral da criança “o juízo moral da criança”, este deus base para uma série de pesquisas há inúmeros escritores.
E Piaget afirma que assim como o conhecimento evolui, a moral também evolui, entretanto, ela segue 3 estágios:
Anomia: quando à criança ainda está fora do universo moral.
Heteronomia: quando à criança respeita por convenção/convencimento.
Autonomia: legitimação da moral, respeito pelo outro, reciprocidade, (não faço porque não é correto).
A autonomia permite à criança se basear na dimensão, no agravo da questão, tirar suas próprias conclusões, estabelecer conceitos, julgar, mediante legitimação. Consegue enxergar o erro em si, perceber, analisar, refletir...

Período de Maturação, nesta fase consiste as Construções Endógenas, onde as impressões, as crenças se dão sobre os objetos do meio em que o indivíduo está inserido. Portanto Piaget não nega a interação social, apenas não aprofundou. Entretanto, para ele se não houver comunicação social, não há desenvolvimento.

Construção Hegenômica: difusão de determinada ideia, sem contestações.


Piaget tem em sua obra uma base teórica relevante, dando suporte à inúmeros pesquisadores, a todos aqueles que se apoiam em formalismos. Todavia não se pode falar em hegemonia à medida que há contestações, há novos olhares e novos conceitos em relação a sua obra, mas há de considera-lo como o “Pai da Pedagogia”, tamanha competência e respeito.

Em seu livro Construção do Real,  Piaget se considera um Construtivista.



O autor faz menção a alguns livros de Jean Piaget que em sua opinião são relevantes, riquíssimos em conceitos e pesquisas, instrumentos para entender o processo, o desenvolvimento da criança.

O nascimento da inteligência na criança.
A formação do símbolo na criança.
Da lógica da criança a lógica do adolescente.
O juízo moral da criança.
A psicologia da criança.
Seis estudos de psicologia.

Afetividade e Inteligência, Campos Indissociáveis

Afetividade e Inteligência, Campos Indissociáveis.

 Por Isabel Galvão


A escola é um contexto privilegiado, é o espaço da observação e cabe a pedagogia oferecer campo de atuação para investigação, aprimoramento da prática pedagógica.

A Escola é um contexto privilegiado, o espaço da observação e cabe a pedagogia oferecer campo de atuação para investigação, aprimoramento da prática pedagógica. Cabendo a ela estudar o campo da consciência, do movimento, da emoção, da inteligência e também o pessoal.


O Campo do Movimento é o primeiro sinal de vida do ser humano e nele há duas dimensões expressivas, está na base da emoção e exerce ação direta sobre o meio.
Já as emoções são as primeiras manifestações afetivas, fundamentadas no processo de interação com o meio.
O Campo da Inteligência Discursiva se expressa e se constitui por meio da Linguagem.
E articulando-se aos demais  e ao mesmo tempo independente, está o campo da pessoa, abstraindo a noção do eu, a consciência de si sobre o meio.
À infância em suas dimensões é um estágio provisório, que tem um sentido a si próprio ou se olha a criança no seu estado atual ou se olha como um ser inacabado. Articulando-se essa dupla dimensão.
 Passamos então para a terceira dimensão que diz respeito à História da Criança, suas vivências, seu repertório, que é o ponto de partida para articular as demais.
A emoção por se inserir no campo da afetividade, peculiar, mais claramente identificado pelo indivíduo e modificado por seu organismo, tem por função o processo de socialização, o acesso à linguagem, no processo de interação.
Uma característica relevante do campo da emoção é o contágio, criando situações positivas e negativas. O tom de voz, a expressão, o olhar, isso gera ou não entusiasmo.
A postura corporal, os gestos da criança sinalizam questões importantes. 
Portanto, impedir a criança de se movimenta é impedi-la de aprender. pois há um complexo processo para que esse autocontrole impere e determine ações e novas ações. É preciso saber quando determinado movimento deve ser coibido.
A inteligência se constrói, se constitui graças ao primeiro movimento de difusão social. 
O acesso à linguagem, no qual a criança vai se construindo e a inteligência, baseada na linguagem se constitui como um campo importante da psique, se apoiando fortemente no ato motor. 
O Gesto que representa uma ideia é um processo gradual, um exemplo deste processo é perceber o quanto o individuo mexe as mãos, para se comunicar.
De acordo a Wallon o Sincretismo evoca mistura, globalidade, confusão. A criança não separa a “qualidade” em determinadas situações, ela expressa uma não aceitação (confusão) de que os outros tenham algo muito pessoal que ela tenha, um exemplo é o nome de alguém da família, dos pais em especial, “a ‘minha’ mãe se chama Maria”.
Já no Pensamento Categorial Wallon afirma que é por meio da interação que a criança vai construindo, incorporando e articulando tais pensamentos. O adulto automaticamente exerce tal pensamento,visto que o sincretismo permite operações conceituais que é anterior ao pensamento  categorial,  todavia, relevante para novas criações.
A consciência de si é a unidade diferenciada do outro.
O Percurso de Desenvolvimento faz com que à criança se diferencie do outro, trabalhe para isso.
Na relação com o outro, se identifica em um duplo movimento, primeiro a incorporação do outro por meio da imitação, alargando as fronteiras do seu eu, posteriormente a expulsão do outro, quando a criança nega o outro, rejeitando, se opondo, diferenciando-se.


Logo adiante entra a Fase do Personalismo, quando a criança se opondo  ao outro , afirma-se, independentemente.
Este processo acontece também na adolescência, ao dizer não ao adulto ela está se diferenciando, se construindo e há uma progressiva diferenciação conforme a pessoa e ou situação.
Portanto a construção é um resultado linear, se dá na relação desses vários meios em que a pessoa está inserida, seja à família, à escola, a comunidade, enfim, tudo que permeia e envolve tal relação.
Diante disto cabe à escola criar relações, posturas e condutas diferentes do ambiente familiar.  Articulando, quebrando a suposição de que é necessário total sintonia entre família e escola.
O potencial da escola caminha lado a lado com à família, possibilitando situações diferenciadas, construindo uma educação para todos, ao mesmo tempo singular, que venha fazer sentido para cada um que tem esse acesso à escola, independente da condição social.











Autonomia - Constance Kamii

Autonomia



Por Constance kamii

O direito de decidir.

A Autonomia é a capacidade de tomar decisões, em dois campos distintos. Primeiro, no campo moral, discernindo sobre o certo e o errado, já o segundo no campo intelectual, levando em conta o que é verdadeiro e o que não é verdadeiro, considerando o que é relevante, independente da recompensa ou punição.
A autonomia faz com que o indivíduo faça suas próprias escolhas, independente das opiniões alheias, contrárias. É o processo de afirmação em meio a inúmeras negações sobre algo ou alguém.
É muito comum nas escolas, para que as regras sejam realmente seguidas, o sistema de punição.
A obediência remete a moral, talvez pelo medo da punição e não por livre escolha.
Não se forma uma criança autônoma se quem a forma é heterônoma.
Autonomia diz respeito à resistência e a coragem.

Para criar na criança o conceito de autonomia, os jogos são peças chaves. É o governar a si próprio mediante o grupo, determinando autocontrole, regulação. Leva a criança a pensar, a refletir e a agir. Se a criança argumenta, desenvolve-se intelectualmente.
Sanção por reciprocidade, é fazer com que a criança reflita sobre seus atos. No momento que ela ouve “eu não acredito que você fez isso” ou “eu não acredito que estou presenciando isto”, essa atitude faz com que ela pense e mude sua forma de agir, perceba sua falha.
A criança precisa ser encorajada a construir o valor da honestidade.
Faça uso destas palavras numa situação de conflito “você pode parar de incomodar” ou “mais tarde conversaremos sobre isso”, também pode em determinadas situações, questionar a criança sobre o que pode ou o que deveria ser feito, fazendo uso da seguinte frase “ eu não acho que você está preparada(o) para fazer isto”, e num outro momento, oportuno, dizer “ você acha que foi cuidadosa(o).
E assim vai se estimulando na criança, no individuo em sociedade,  o processo de autonomia, de saber tomar decisões, de ter atitudes coerentes, discernimento, sabedoria frente a determinadas situações de convívio.




Pedagogia Moderna por Celestin Feinet

Pedagogia Moderna

Celestin Freinet

Por Rosa Maria Whitaker Sampaio

“Se o povo não tiver Educação, nada pode acontecer”


Considerado o “Pai” da Pedagogia Moderna. 


Havia em sua Pedagogia um profundo respeito pela criança. Grande questionador do universo infantil, onde os alunos interagiam com o professor.
Freinet foi o percursor das ideias de Pestalozzi, Montaigne, Rabenet e Roneaut.
Questionador do ensino tradicional percebeu a importância da Aula Passeio, a aula das descobertas. Quando voltavam dos passeios, sentavam, conversavam e escreviam.
Trouxe a Impressa para dentro da sala de aula, e neste momento ele abriu o mundo, uma abertura infinita para o processo de criação, onde os alunos faziam textos, criavam poemas e jornais,  dando sentido a escrita do aluno. Logo, a ideia se espalhou, as demais escolas aderiam e houve troca de informações, promovendo grandes resultados e reconhecimento.
E teve como grande destaque  a criação do poema “As Papoulas”.
A partir daí, surgiu a ideia das Correspondências, pois havia troca de cartas entre os alunos das demais escolas.

Fugindo ao ensino tradicional Freinet acreditava que a criança precisava escrever o que ela queria escrever, o que lhe dava sentido, o texto deveria ser livre e a partir disto, ele seria apresentado aos demais alunos. Ali o texto era comentado de maneira tanto positiva quanto negativa e muitas vezes, com a aprovação do criador, eram feitas alterações e ou acréscimos de acordo à necessidade. Às vezes palavras, frases inteiras. E foram essas frases que deram início as cartilhas, junto a Cartilha surge também o Livro da Vida.
Abaixe os Manuais Escolares, essa foi a grande ideia com o surgimento do Livro da Vida. Ali era registrado o dia a dia do aluno em sala de aula. Esse registro diário era feito a cada dia por um aluno e quando o texto era pequeno e rápido, o professor também registrava. Portanto o método Freinet é feito diariamente, até os dias atuais.
O livro aponta projetos, resultados positivos e negativos da aula, reforçando a avaliação tanto do professor quando dos alunos. Ali surgem comentários e ideias para novos afazeres.
Freinet buscava tirar proveito de tudo que estava a sua volta. Seus alunos ouviam Rádio, aprendiam técnicas quanto ao uso do Fonógrafo, assistiam filmes, através do Projetor, na Cinemateca, aprendiam técnicas trabalhando na Marcenaria, na Horta, enfim, onde havia possibilidades, lá estavam reunidos. O importante era o contato com matérias e técnicas de aprendizagens, o concreto; fugindo a propostas puramente teóricas.
Freinet criou utensílios, instrumentos e técnicas para trabalhos manuais. Sempre com determinados objetivos  e aulas expositivas. Para ele os avanços acontecem porque compartilha-se as idéias, fruto da própria criação, sejam elas positivas ou negativas.
A Motivação, Cooperação e Afetividade tornavam peças chaves para seu trabalho.
Freinet criou o quadro de apoio ao registro diário. Eram três envelopes onde estavam escritos: “Eu proponho; Eu acredito; Eu felicito”, ali eram colocados os bilhetes com sugestões, e toda semana, havia uma banca de reunião,  onde era eleito o Redator, o Coordenador e o Professor para discutir e apresentar, comentar e avaliar as propostas. Todos participavam, ouvindo, avaliando, criticando e registrando.
Uma das principais críticas de Freinet era a quantidade de alunos por sala. O ideal eram vinte e cinco alunos por sala.



Outro grande questionamento de Freinet era o Respeito à Infância, apresentando uma serie de valores e princípios, respeitando o tempo livre para brincadeiras.
Freinet criou também trinta princípios, também denominado de valores diários, chamados por ele de Invariantes, valores estes que poderiam ser aplicados em qualquer lugar, por qualquer grupo, feitos mensalmente, onde caberia ao professor  atenção, reflexão e alteração, quando necessário.

“É preciso ter a esperança otimista da vida”

Princípios e Regras

Princípios e Regras


"A escola é um espaço de transição entre o público e o privado. 
É preciso valorizar esse espaço, as oportunidades no processo de socialização".

Telma Vinha




Para que existem as regras? Será que viveríamos melhor sem elas?  

Muitas vezes a grande quantidade de regras estabelecidas são geradoras de conflitos.
As regras são criadas a partir de conflitos. Se faz regras sem princípios, sem justificativas, sem critérios, ao invés de auxiliar, trará um retorno negativo.
Segundo a autora os princípios são norteadores das regras de convívio. As justificativas, se coerentes, validam e dá sentido a regra. Não se faz regra para evitar conflitos, se faz regras para justificar algo comum a todos.
A autora afirma que não se usa autoridade como forma de punição e que em inúmeras regras escolares tem como princípio, o controle, a obediência e a punição.
A regra precisa ser entendida, estabelecida, desde que se entendam princípios de respeito, saber o que se pode fazer num espaço público ou em um espaço privado. É preciso clareza, entendimento, reflexão,  o porquê de determinadas regras, para que estas sejam justas para todos.
Às vezes o princípio pode ser até quebrado e as regras são negociáveis...
A ideia é que a escola tenha poucos princípios, poucas regras, entretanto, um princípio não pode ir contra o outro. Você faz o combinado, do que pode ser mudado. Regras ligadas a saúde, a questões de preconceito, a educação são negociáveis.
Num ambiente escolar mão estabeleça situações de confronto, isso faz com que o aluno se sinta desafiado, você, despercebidamente, motiva o aluno a ameaça e, consequentemente, se sentindo desafiado ele irá se vingar.
O ideal é transformar estas ameaças em opções possíveis, alternativas respeitosas.
É preciso ser firme, mas jamais humilhante.

As regras surgem  mediante necessidades. Não estabeleça regras sem que haja problemas. Ela se legitima por conta da necessidade, da convivência dos envolvidos.
Passe a responsabilidade mediante o que foi estabelecido a todos. Já que o objetivo de determinadas regras serve para que a convivência melhore, seja um facilitador, que crie harmonia.
É importante considerar quais regras são,  realmente, relevantes, daí a necessidade de serem poucas, porém, bem sucedidas.
É necessário perceber o que é comum a todos, o que está tendo abuso, gerando tensão. O desrespeito e a indignação gera ofensa.

Regras convencionais, por serem culturais, se encaixam em algumas situações, em outras não!
Já as regras morais se diferenciam das convencionais a medida que fazendo uso de normas rigidamente estabelecidas, estas não são flexíveis, como as morais. Às vezes é preciso voltar atrás, reavaliar e mudar.
É fundamental a reflexão, o espaço para a conversa, percebendo os pontos positivos e negativos. Problemas podem ser conversados e negociados.
As relações estão cada dia mais complexas, é preciso princípios que pautam tais decisões.
Valorizar e potencializar o espaço escolar, como ideal para o processo de socialização.

Formação de Valores


Formação de Valores


Telma Vinha



“O que queremos formar”

A autora forma que seguir valores implica em perdas concretas.
Para que se tenha dignidade, sentimento de bem estar é necessário deixar claro seus erros, suas falhas, assumir tais atitudes, pois se todos sabem o que deve ser feito em determinados momentos, não o porquê de fazê-lo errado.

Vivemos abaixo de regras e elas existem para o bem de todos. É importante considerar que uma regra só gera ação se há consciência.
O valor é um investimento afetivo. Gera responsabilidades, é uma norma, um princípio revestido de moral. É o bem estar a si e ao outro.
Para a autora, na personalidade os valores podem ser centrais  ou periféricos. Muitas vezes, em nome do êxito, eu prefiro perder algo ao invés de deixar de ganhar, isso para não ferir, desagradar o próximo.
Quanto mais os valores forem integrados, o valor de respeito, de justiça, melhor será a resolução frente a determinado conflito. São as pequenas situações de conflito, que forma o caráter, os valores no individuo, ou melhor, na criança.
Todas as pessoas têm e devem ser tratadas com respeito. Não se ofende pessoas se o indivíduo tem caráter, tem moral, pois fará uso dessas palavras.
A criança, quando instruída, fará uso destes conceitos, começará a resolver seus conflitos, a entender que determinadas atitudes, levam a determinados resultados e isso se dá por volta dos oito aos nove anos de idade. É nesse momento que ela fará um balanço e lembrará de suas experiências negativas, o resultado destas e aí sim, evocando suas experiências de conflito, construirá seu repertório, analisando a real consciência e consequência de seus atos.
Os valores são necessários para que as pessoas vivam bem. Entender que a mentira gera a falta de confiança e consequentemente a perda do valor moral e que desde pequena a criança deve estar num ambiente de bem estar, satisfatório. Essa regulação interna, sendo  positiva, gera sentimento positivos ou vice versa.

A autonomia ocorre quando a criança tem auto regulação, controle sobre sues sentimentos, responsabilidades e é a partir dos oito e nove anos que isso , realmente, acontece.
O que qualifica a moral é refletir o porquê que se tem que seguir determinadas regras e valores. A partir do momento que ele entende as causas e consequências, ele fará suas escolhas.
Na autonomia o valor se consegue em qualquer situação, ”Eu respeito o outro por ser humano”, o valor se conserva. Já na heteronomia o valor é circunstancial “algumas pessoas merecem respeito, outras não”. O heterônomo só se curva a moral quando todos se curvam, ele é  “Maria vai com as outras”.

Quando se houve “você vai obedecer porque eu estou mandando” essa frase é circunstancial, ela deixa de ser circunstancial quando se houve “você vai obedecer porque existem regras e estas devem ser cumpridas”.


Teoria das Inteligências Multiplas

Howard Gardner


Teoria Das Inteligências Múltiplas
Como psicólogo, Gardner acreditava que seus conceitos estavam direcionados aos pesquisadores e psicólogos, entretanto, foram os educadores que se apropriaram de sua linha de raciocínio.
Para criar alguma coisa socialmente útil, cada qual tem seu valor. A esse valor, essa capacidade, ele define como Inteligências Múltiplas.
Em sua primeira versão, eram sete as Inteligências Múltiplas: Lógico Matemática; Línguística; Espacial; Corporal Sinestésica (corpo e movimento); Interpessoal(entender o outro na sua essência); Intrapessoal(autocontrole);Inteligência Musical( Denota sensibilidade).
Mais a frente estabelece: Inteligência Naturalista (meio ambiente); Inteligência Espiritualista (fé, religiosidade, crença, domínio), ainda em pesquisa.
As inteligências marcam as diferenças e tem a sua real importância quando se assume que os alunos são diferentes, e que cada qual faz uso a seu modo.

As inteligências são independentes, entretanto, trabalham juntas.
Todos tem potenciais para se desenvolver, somos todos competentes diante do processo, afirma Gardner.
Há grandes questionamentos quanto a sua teoria ser empírica ou não, Sua teoria é empírica a medida que parte do campo da observação, houve pesquisa de campo, se valeu de inúmeros estudos neurológicos e há de se considerar que ainda há pesquisas, não há um fim em si mesmo,  mas uma sequência de estudos e diagnósticos, dando continuidade ao processo cognitivo, a novos conceitos.
O cerne da teoria é a Educação. Uma educação personalizada, olhar a todos e a cada um ao mesmo tempo. Entender que o indivíduo é diferente e que ele aprende em tempo diferente. Daí a importância do trabalho diversificado.
Da observação, do registro de cada aluno, considerando que há um momento de troca, de interação.
A teoria das Inteligências Múltiplas são rotas alternativas de aprendizagens, ela não é única, acabada.
Todas as teorias fundamentadas em testes de QI não cabem, não são aceitas como ferramenta de medição.

Inteligência para Gardner é quando o aluno, colocado frente à criação, deve, tem, apresenta a resolução de problemas, sai de sua zona de conforto, estimulado pelo seu potencial.
Para Gardner é necessário proporcionar espaços de aprendizagem, estimulando o potencial dos alunos, colocar o aluno em situações desafiadoras, fazê-lo refletir e mudar conceitos.


“Se eu penso sobre isso, eu reflito, eu aprendo”

Aprendizagem Significativa em Meio as Leituras

   APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM MEIO AS LEITURAS



Considerando que ensinar está intimamente ligado a ouvir, pois se o foco de ação precisa ser a potencialização dos sujeitos, o sujeito que ocupa o lugar de quem ensina, precisa ele próprio, estar atento aos outros, estar atento ao que ele mesmo fala, ouvindo o que se apresenta, não apenas como resposta aos estímulos que provocou, mas principalmente como forma de buscar elementos que signifiquem seus estímulos. Daí a aprendizagem significativa. Pois, considerando que o sujeito que aprende, apreende, conta, dialoga, cria novos estímulos, expressa muito de si e da sua visão de mundo, e que diante de sua capacidade de expressar seus saberes, esta se aprimorando, com suas próprias ações, gerando assim um contínuo desenvolvimento.
O conceito de aprendizagem significativa pressupõe um encontro entre o sujeito e o conhecimento, e também com vários sujeitos, visto que o processo de conhecer, raramente se dá de forma isolada. Trata-se do movimento de transformar informação em conhecimento, que se dá por meio das relações complexas entre aprender e ensinar, pois é na interface entre o novo e o que o sujeito sabe, conhece e vivência, que surge o conhecimento. Certo é que ensinamos quando aprendemos e precisamos aprender para ensinar.
De acordo a Paulo Freire “o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa” (Freire, 1987, p.68).
Essa relação de mão dupla entre as duas dimensões do processo de conhecer revigora o desejo. Desejo de conhecer, de estar inserido no contexto escolar, de compartilhar.

    Novos Olhares ao Processo de Aprendizagem


Fala-se muito em sociedade do conhecimento e agora também em sociedade aprendente. É importante saber decodificar criticamente e encarar positivamente o desafio pedagógico expressado numa série de novas linguagens.
Toda educação implica doses fortes de instrução, entendimento e manejo de regras e reconhecimento de saberes já acumulados pela humanidade. Essa instrução não é o aspecto fundamental da educação, já que este reside nas vivências personalizadas de aprendizagem que obedecem à coincidência básica entre processos vitais e processos cognitivos. No mundo atual, o aspecto instrucional da educação já não consegue dar conta da profusão de conhecimentos disponíveis e emergentes, mesmo em áreas específicas.
Situações de aprendizagem favoráveis e oportunas, busca incessante por melhores contextos cognitivos, interações geradoras da vibração biopsicoenergética, do sentir-se como alguém que está aprendendo. O maior desafio ético da atualidade é possibilitar acesso e interação dos envolvidos.
No sistema escolar, o professor deve tornar seu saber pedagógico uma alavanca desencadeadora de mudanças, não somente ao nível da escola que é parte integrante, mas também ao nível do sistema social, econômico e político. O professor deverá ser uma fonte inesgotável de conhecimentos no cotidiano de sala de aula, retirar dos elementos teóricos que permitam a compreensão e um direcionamento a uma ação consciente, procurar superar as deficiências encontradas e recuperar o real significado do seu papel como professor.

O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas (FREIRE, 1996, p. 96).




A psicanálise muito tem a contribuir para a formação de educadores, já que esta, preocupada com a construção do conhecimento do aluno, deve atentar-se para os aspectos motivadores do despertar da curiosidade do aluno, processo no qual a representação que o professor causa constitui peso considerável.
Quem não se recorda de alguém já ter dito o quanto determinado professor foi capaz de influenciar consideravelmente na opinião, motivação e relação do aluno em relação a determinada disciplina específica.

Este fato recorrente encontra na psicanálise fundamentações teóricas para sua sustentação: as transferências, que seriam reedições dos impulsos e fantasias despertadas que trazem como característica a substituição de uma pessoa anterior pela pessoa do professor. Daí, portanto, a questão do interesse, em que o professor deve ter a sensibilidade de observar e reconhecer que a ação do educando não é isolada, mas está apoiada na ação do educador. 
O ambiente pedagógico tem de ser lugar de fascinação e inventuidade. Não inibir, mas propiciar, aquela dose de alucinação consensual entusiástica requerida para que o processo de aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos (ASSMANN, 1998, p. 29). 


Podemos dizer que o ato de ensinar não tem uma fórmula pronta, há um processo gradativo e uma construção que envolve sempre a reflexão na ação, e que cada aula ou cada dia em sala de aula, acontece de maneira diferente.
Portanto, a reflexão é um ato político que contribui para a construção da própria individualidade do aluno e do professor pós-moderno.

Apesar de toda evolução tecnológica, e a pós-modernidade, a educação, ainda é vista de forma cansativa, intolerante e complexa, tornando-se um desafio para o educador, que deve ter consciência do seu papel de produtor e incentivador de conhecimentos e que sua ação pedagógica vai muito além daquela que se realiza no ato de ensinar disciplinas. Segundo ASSMANN (1998)

[...] o (a) educador (a), deve proporcionar e tornar fácil uma educação, que anseie e cobice seres humanos politicamente capacitados, habilitados e dispostos a atuarem e influenciarem em uma sociedade aniquiladora e inflexível.


            Há de se promover, desde a Educação Infantil, à morfogênese do conhecimento, encantos e aprendizagem significativa.
As experiências vivenciadas no espaço educacional infantil devem possibilitar o encontro de explicações sobre o que ocorre em sua volta e consigo mesma.
Considerando que as crianças/alunos precisam desenvolver-se em suas diferentes linguagens e valorizar aquilo que lhe é oferecido/proposto. Com a certeza de que quando interagem com companheiros de infância aprendem, e apreendem coisas que lhes são e serão significativas.

A escola precisa partir de onde o aluno está, das suas preocupações, necessidades, curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com a vida, com o cotidiano. Uma escola centrada efetivamente no aluno e não no conteúdo, que desperte curiosidade, interesse.
Precisa de bons gestores e educadores, bem remunerados e formados em conhecimentos teóricos, em novas metodologias, no uso das tecnologias de comunicação mais modernas. Educadores que organizem mais atividades significativas do que aulas expositivas, que sejam efetivamente mediadores mais do que informadores. A escola precisa cada vez mais incorporar o humano, a afetividade, a ética, mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação em tempo real. Mesmo compreendendo as dificuldades a escola que hoje não tem acesso à Internet está deixando de oferecer oportunidades importantes na preparação do aluno para o seu futuro e o do país.
O importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador.
Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar. Só a aprendizagem viva e motivadora ajuda a progredir. Hoje milhões de alunos passam de um ano para o outro sem pesquisar, sem gostar de ler, sem situações significativas vividas. Não guardam nada de interessante do que fizeram a maior parte do tempo. Há uma sensação de inutilidade em muitos conteúdos aprendidos só para livrar-se de tarefas obrigatórias. E isso chega até a universidade, tão atrasada ou mais ainda do que a educação básica.
É muito tênue o que fazemos em aula para facilitar a aceitação ou provocar a rejeição. É um conjunto de intenções, gestos, palavras, ações que são traduzidos pelos alunos como positivos ou negativos, que facilitam a interação, o desejo de participar de um processo grupal de aprendizagem, de uma aventura pedagógica (desejo de aprender) ou, pelo contrário, levantam barreiras, desconfianças, que desmobilizam.
O sucesso pedagógico depende também da capacidade de expressar competência intelectual, de mostrar que conhecemos de forma pessoal determinadas áreas do saber, que estamos atentos, que as relacionamos com os interesses dos alunos, que podemos aproximar a teoria da prática e a vivência da reflexão teórica.

A coerência entre o que o professor fala e o que faz, na vida é um fator importante para o sucesso pedagógico. Se um professor une a competência intelectual, a emocional e a ética causa um profundo impacto nos alunos. Estes estão muito atentos à pessoa do professor, não somente ao que fala. O indivíduo, sua postura, sua maneira de dialogar, seus gestos, seu olhar, fala mais que as palavras. A junção da fala competente com a pessoa coerente é poderosa didaticamente.
As técnicas de comunicação também são importantes para o sucesso do professor. Um professor que fala bem, que conta histórias interessantes, que se adapta às circunstâncias, que sabe jogar com as metáforas, o humor, que usa as tecnologias adequadamente, sem dúvida consegue bons resultados com os alunos. Os alunos gostam de um professor que os surpreenda , que traga novidades, que varie suas técnicas e métodos de organizar o processo de ensino-aprendizagem.


Estamos formando na prática e em geral alunos pouco competentes. O ideal é trabalhar com projetos significativos que integrem várias áreas de conhecimento, sem disciplinas estanques, sem horários pré-estabelecidos.
Se o currículo continuar organizado por disciplinas, é fundamental que cada uma seja estimulante, atraente e esteja articulada com as demais. O aluno tem que perceber essa ligação continuamente, o que não acontece atualmente. Fazendo menos tarefas e mais atividades integradoras significativas pode-se contribuir para que haja uma maior integração curricular.
Olhando para os próximos anos, a de se considerar que os currículos serão muito mais flexíveis e personalizados, pois haverá , em geral, menos disciplinas obrigatórias e alguns eixos temáticos principais, sem um único modelo, imposto da mesma forma e simultaneamente para todos. Algumas áreas serão privilegiadas - como saber ler, interpretar, escrever, contar, raciocinar - e depois serão oferecidas alternativas diferentes de avançar na formação. Haverá atividades individuais e atividades colaborativas, em que os alunos pesquisem e desenvolvam projetos em grupo e aprendam através de interação, da participação e da produção conjunta. Isso já acontece em algumas universidades.
 Os alunos terão mais liberdade para a escolha de atividades artísticas, cuja importância será muito maior do que hoje. Cada aluno irá construindo um percurso em grande parte comum, mas adaptado a si mesmo, personalizado, a partir de um diálogo permanente com seu professor-orientador e muitos alunos estudarão em casa, conectados e só participarão de alguns processos de avaliação externa para certificação.
A educação escolar será muito mais voltada para a prática, para a pesquisa, para projetos, para atividades integradas semi-presenciais.
A escola dará menos ênfase ao conteúdo; será mais rápida (módulos mais curtos) não organizada em disciplinas e sim em grandes temas e questões, com abordagem cada vez mais interdisciplinar e complexa. Focará mais o desenvolvimento de projetos, de pesquisas, jogos, de aprender juntos e também individualmente.
 Uma aprendizagem significativa está relacionada à possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos de forma colaborativa, permitindo o desenvolvimento de competências e habilidades.
Faz-se necessário uma reorganização dos ambientes presenciais.
Hoje temos uma diversidade de trabalhos/textos/imagens no que se refere a uma história, um conto e temos também uma gama de possibilidades de como trabalhar esses conteúdos, seja numa simples leitura, ou numa maneira totalmente inovadora de recontar determinada história , trabalhando gestos, recursos de voz, encenação, dramatização, enfim, inúmeras possibilidades até então desconhecidas, fruto das inúmeras possibilidades que a Internet, com seus inúmeros programas/sites de pesquisas/blogs/recursos virtuais/midiáticos nos oferecem.
A sala de aula como ambiente presencial tradicional precisa ser redefinida. É um espaço para algumas informações, para debate, para organização de projetos, para mostrar seus resultados.
As salas de aula podem tornar-se espaços de pesquisa, de desenvolvimento de projetos, de intercomunicação on-line, de publicação, com a vantagem de combinar o melhor do presencial e do virtual no mesmo espaço, simultaneamente.. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias, todas as fontes, todas as maneiras de interação. Pesquisar às vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar na escola; outras, em diversos espaços e tempos.
Combinar pesquisa presencial e virtual. Relacionar os resultados, compará-los, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.
Estes ambientes virtuais incorporam cada vez mais recursos de comunicação em tempo real e off line, de publicação de materiais impressos, vídeos, etc. Recursos de edição on-line: professores e alunos podem compartilhar ideias, modificar textos, comentá-los.
Podem fazer discussões organizadas por tópicos (off line) e fazer discussões ao vivo, com som, imagem e texto. Os ambientes de aprendizagem se integram aos programas de gestão. Tudo se integra.
A escola pode estender-se fisicamente até os limites da cidade e virtualmente até os limites do universo. A escola pode integrar os espaços significativos da cidade: museus, centros culturais, cinemas, teatros, parques, praças, ateliês, centros esportivos, centros comerciais, centros produtivos, entre outros.
 A escola pode trazer as manifestações culturais e artísticas próximas, fazendo dos alunos espectadores críticos e produtores de novos significados e produtos. Inserir atividades teóricas com as práticas, a ação com a reflexão. Trazer pessoas com diversas competências para a escola mostra novas possibilidades vocacionais para os alunos.
As mudanças que estão acontecendo na sociedade, mediadas pelas tecnologias em rede, são de tal magnitude que implicam em reinventar a educação como um todo, em todos os níveis e de todas as formas.
Escolas não conectadas são escolas incompletas (mesmo quando didaticamente avançadas). Alunos sem acesso contínuo às redes digitais estão excluídos de uma parte importante da aprendizagem atual. : do acesso à informação variada e disponível on-line, da pesquisa rápida em bases de dados, bibliotecas digitais, portais educacionais; da participação em comunidades de interesse, nos debates e publicações on-line, em fim, da variada oferta de serviços digitais.
Quanto mais distante a escola se encontra das grandes cidades, mais dramática costuma ser a exclusão digital. Hoje não basta ter um laboratório na escola (quando existe) para acesso pontual à rede durante algumas aulas. Hoje todos os alunos, professores e comunidade escolar, precisam de acesso contínuo a todos estes serviços digitais para estarmos dentro da sociedade da informação e do conhecimento.
A comunicação aberta, acolhedora é fundamental para o sucesso pedagógico. O acolhimento afetivo é condição fundamental de aprendizagem significativa, integral.
Ensinar e aprender hoje pode transformar-se em um estimulante e fantástico desafio, que nos realiza profissional e pessoalmente.