Eu sei, mas não devia


Eu sei , mas não devia.



A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.


A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma. 

                          Marina Colasanti -  Prêmio Jabuti  -  Eu sei mas não devia.

O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

O Menino que carregava água na peneira

  O Menino que carregava água na peneira




                                                                                         Autor:  Manuel de Barros

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

(...)



Abraço Apertado

Abraço  Apertado


Autor:  Celso  Sisto
Ilustração: Elisabeth Teixeira

Essa leitura remete as aulas em que temos que trabalhar afetividade...

Vou contar um segredo.
Um segredo assim, 
de boca fechada não entra mosquito, 
de pimenta nos olhos dos outros é refresco,
de revelar as coisas do meu jeito.

Você quer mesmo saber ?
Mas tem que prometer
andar até a lua feito barata tonta,
pular feito estrelas de cinco pontas,
cair das nuvens
quando alguém desconfiar
que onde tem fumaça
tem fogo pra apagar!

Espera aí que eu não estou pronta!
Não sei se vou dar conta!

Não vale dizer depois
que aviso é que nem 
feijão com arroz, 
que vai um e vem dois.
E quem avisa amigo é
para o que der e vier!

O segredo é bem grande,
um segredo-elefante
que eu não sei guardar sozinha.
É um segredo-gigante
pra menina assim magrinha.

Tá preparado?
Agora eu vou falar!
E, quieto, sem pestanejar!
Que quem cala consente,
sem reclamar!

(...)

Vou contar outro segredo,
sem muita volta e re-volta:
eu também sou carente de afagos!

E assim eu me abraço!

Mas me diz sem enrolar:
na hora do abraço,
sou eu que abraço ele
ou ele quem me abraça?

Coisa difícil de explicar!

Ah, deixa pra lá,
e me dá um abraço,
que eu desembaraço
essa menina

que caiu no laço!

Pelos Olhos de uma Criança


Pelos Olhos de uma Criança

                                                                                                                    Autora :  Marta Coelho






Aos olhos de uma criança todas as montanhas são alcançáveis.
Outras crianças são potenciais amigos: seja qual for a sua forma de vestir, de falar, a cor da sua pele.
Todas as poças servem de piscina.
A chuva é motivo para abrir o chapéu de chuva preferido.
A areia é a desculpa ideal para fazer castelos, pontes e túneis, croquetes humanos, para se enterrarem apenas com as cabeças de fora.
Um beijinho e um mimo curam qualquer das feridas.
As nuvens formam figuras que ajudam a contar uma história.

(...)

No mundo da criança não há incapacidades totais, sonhos impossíveis, inimigos cruéis.

Obs.: Mesmo que o texto não esteja na íntegra, vale a pena conferir.








O Livro da Família

O Livro da Família


                                                                                                                          Autor:  Todd Parr





  • ALGUMAS FAMÍLIAS SÃO GRANDES
  •  ALGUMAS FAMÍLIAS SÃO PEQUENAS
  • EM ALGUMAS FAMÍLIAS, TODOS SÃO DA MESMA COR
  • EM ALGUMAS FAMÍLIAS, TODOS SÃO DE CORES DIFERENTES
  • NAS FAMÍLIAS, TODOS GOSTAM DE ABRAÇAR UNS AOS OUTROS!
  • EM ALGUMAS FAMÍLAS, UNS MORAM PERTO DOS OUTROS
  • EM ALGUMAS FAMÍLIAS, UNS MORAM LONGE DOS OUTROS
  • ALGUMAS FAMÍLAS SE PARECEM
  • ALGUMAS FAMÍLIAS PARECEM COM SEUS ANIMAIZINHOS DE ESTIMAÇÃO
  • TODAS AS FAMÍLIAS FICAM TRISTES QUANDO PERDEM ALGUÉM QUE AMAM
  • ALGUMAS FAMÍLIAS TEM MADASTRA OU PADRASTO, E IRMÃO POSTIÇO  OU IRMÃ POSTIÇA
  • ALGUMAS FAMÍLIAS ADOTAM FILHOS
(...)
  • ALGUMAS FAMÍLIAS DIVIDEM A CASA COM OUTRAS PESSOAS
  • NAS FAMÍLIAS, TODOS PODEM AJUDAR UNS AOS OUTROS A SER FORTES!

  • HÁ MUITAS MANEIRAS DIFERENTES DE SER UMA FAMÍLIA.  SUA FAMÍLIA É ESPECIAL, 
  • INDEPENDENTE DO TIPO QUE ELA É.

  • COM AMOR, TODD.

Obs.: Mesmo que o texto não esteja na íntegra, vale a pena conferir.










O verdadeiro Valor de uma Família

 O verdadeiro valor de uma família

                                                                                                       Autor:  Antonio Marcos Pires




O valor de uma família não está na casa bonita, no dinheiro no bolso, e nem na conta bancária.
O verdadeiro valor de uma família está no quanto se pode dar de amor, atenção e brilho no olhar.
Está no caminhar de mãos dadas, seguindo os mesmos passos, trilhando a mesma estrada, afastando as dificuldades e atraindo a prosperidade!
O valor de uma família não está nos belos presentes e nem nos frascos de perfume mais cheirosos.
Mas sim na simplicidade do coração, nas palavras que saem da boca e consolam e acalmam as lágrimas de um ente querido mais sensível.
O valor de uma família não está na quantidade de festas, nem no almoço regado a vinho.
O valor de uma verdadeira família está na tranquilidade dos lares, na paz de todo dia, na compreensão e na dedicação de cada um de seus parentes amados.
O valor de uma família não está nas maquiagens pesadas, nos eletrodomésticos invejáveis, nem no carro do ano.
                                                                                    


(...)

Obs.: Mesmo que o texto não esteja na íntegra, vale a pena conferir.









Conceito de Família - Grupo das pessoas que compartilham a mesma casa, especialmente os pais, filhos, irmãos , pessoas que possuem relação de parentesco, cujas relações foram estabelecidas pelo casamento, por filiação ou pelo processo de adoção.


Grupo de pessoas que compartilham os mesmos antepassados.  A família é um grupo social composto por pessoas, sendo formada por seus ancestrais bem como pelos laços de afetividade entre ambos.

É o primeiro contato social de uma criança, onde aprende a conviver com outras pessoas, a respeitar regras, a se comportar bem, a respeitar seu próximo e a desenvolver sentimentos como: afeto, carinho, amor, proteção dentre outros.

Porém, em virtude de várias famílias não conseguirem manter seus laços, suas raízes e seus princípios, mas por ser muito importante para a formação moral das pessoas, foi merecedora de ganhar um dia especial, que foi definido pela Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), onde esta aclamou o dia 15 de maio como o dia internacional da família, em 1993 .

Os modelos familiares de hoje trazem  casais  que compartilham as responsabilidades.

No Brasil, a comemoração ao dia da família passou a ser feita em 8 de dezembro de 1963, conforme disposto pelo governo federal do então presidente da república João Goulart, a fim de que seus integrantes pudessem se reunir, garantindo maior união entre os mesmos.




O Livro do Vovô

O Livro do Vovô


                                                                     Autor: Todd Parr



ALGUNS VOVÔS COLECIONAM VÁRIAS COISAS DIFERENTES.
(...)
TODOS OS VOVÔS GOSTAM DE CONTAR HISTÓRIAS.
ALGUNS VOVÔS FALAM MUITO ALTO.
ALGUNS VOVÔS ENVIM CARTAS PARA OS NETOS.
ALGUNS VOVÔS CONSEGUEM MEXER AS ORELHAS.
ALGUNS VOVÔS DEIXAM VOCÊS USAR OS ÓCULOS DELES.
ALGUNS VOVÔS GOSTAM DE FAZER VOCÊ RIR.
ALGUNS VOVÔS LEVAM VOCÊ PRA ESCOLA.
ALGUNS VOVÔS LEVAM VOCÊ AO PARQUE .
ALGUNS VOVÔS MORAM COM A VOVÓ.
ALGUNS VOVÔS MORAM COM OS AMIGOS.
(...)


COM AMOR, TODD.




Obs.: Mesmo que o texto não esteja na íntegra, vale a pena conferir.



26 DE JULHO







O Respeito á Infância

O  Respeito á Infância

                                                                                                           Por  Marta  Coelho



Cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer contas no seu próprio ritmo e isso não terá qualquer influência sobre a forma como ele vai andar, falar, ler ou fazer contas.
Que o único grande preditor de alto desempenho académico é a leitura para as crianças.
Não são livros de atividades, não são infantários da moda, não são brinquedos com luzes ou computadores, mas sim a mãe ou o pai (ou os dois) a passarem tempo com os filhos todos os serões e ler-lhes uma história.
Que o melhor aluno da turma nem sempre é o mais feliz.
Não há nada que relacione o bom desempenho escolar nestas idades com a felicidade de cada criança.
Às vezes estamos tão envolvidos a tentar criar vantagens na educação dos nossos filhos que acabamos por sobrecarrega-los com atividades, tornando o seu dia a dia tão estressante e preenchido como o nosso.
Uma das maiores vantagens que podemos dar aos nossos filhos é uma infância simples e despreocupada.
Que os nossos filhos merecem crescer rodeados de livros, natureza, fontes da arte e ter a liberdade para  explorá-las. 
A maioria de nós poderia livrar-se de 90% dos brinquedos dos nossos filhos que não faria qualquer diferença, mas há algumas coisas que são importantes: brinquedos construtivos, como legos e blocos, brinquedos criativos, como todos os tipos de materiais de arte, instrumentos musicais ( reais e uns multiculturais ), vestir roupas e disfarces e livros , livros , livros.
Que os nossos filhos precisam mais de nós. Mais do nosso tempo...  

(...)

Precisam de pais que se sentem e conversem com eles sobre como foi o dia, de mães façam trabalhos manuais com eles. Precisam de pais que leiam histórias com eles e façam figuras de parvos a criar diferentes vozes para os personagens, só porque é mais divertido.
Precisam de pais que passeiem com eles e não se importem de fazer o trajeto a velocidade caracol, e se necessário uma parte ao colo.
Precisam de pais que tenham tempo para os deixar ajudar a fazer o jantar, ainda que muitas vezes só atrapalhem.
Precisam de saber que são uma prioridade para nós. Que estão à frente de tudo, e que nós, pais, gostamos realmente de passar tempo com eles.


Afinal, que precisa uma criança de 4 anos?

"O excesso de estímulos a que as crianças estão sujeitas diariamente resultam numa fraca concentração para tudo o que requeira mais de 5 minutos parados a realizar uma tarefa. No entanto, desenvolver esta competência com peso e medida é não só uma mais valia a nível escolar, como a nível pessoal. Uma criança concentrada é mais calma, mais bem estruturada e capaz de aprender de forma fluída e sem grande esforço."

Uma criança de 4 anos deve saber que:
É amada total e incondicionalmente , todo o tempo.
Está segura. Deve saber regras de segurança para se manter segura em público, com outras pessoas, e em situações diferentes. Deve saber que não tem de fazer coisas que não quer ou que com as quais não se sente bem, independentemente de quem lhe peça para o fazer.

(...)

Deve saber de que é que gosta, quais são os seus interesses e deve poder descobri-los e desenvolvê-los. Se não se interessa por números, os pais devem perceber que vai aprende-los sem querer, vai acabar por tropeçar neles e mergulhar nesse novo mundo deixando para trás os dinossauros, as bonecas ou as sopas de lama.


Deve saber que o mundo é mágico e ela também. 
Deve saber que é maravilhosa , brilhante , criativo, compassivo e única. 
Deve saber que é tão importante fazer colares de flores, castelos na areia, e casas de fadas como praticar a fonética.

E , MESMO QUE O TEXTO NÃO ESTEJA NA ÍNTEGRA, POR CAUSA DOS DIREITOS AUTORAIS, VALE MUITO A PENA CONFERIR!

Propostas Pedagógicas na Educação Infantil - Currículo

Propostas Pedagógicas na Educação Infantil


Currículo é uma construção social do conhecimento pressupondo organização e  a sistematização dos meios para que esta se efetive. 
São processos que compõem uma metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar. Organização feita no projeto-político-pedagógico da escola, e que deve levar em conta alguns princípios básicos para sua construção. Visando privilegiar determinada cultura e, por isso, há a necessidade de uma criteriosa análise e reflexão, por parte dos sujeitos em interação, no caso as autoridades escolares e os docentes com o mesmo objetivo, baseando-se em referenciais teóricos.



O currículo não é estático, pelo contrário, ele foi e continua sendo construído. A reflexão sobre isso é importante, porque, conforme Veiga (2002, p. 7) afirma, “a análise e a compreensão do processo de produção do conhecimento escolar ampliam a compreensão sobre as questões curriculares”.

Hoje em dia, a organização do currículo escolar se dá de forma fragmentada e hierárquica, ou seja, cada disciplina é ensinada separadamente e as que são consideradas de maior importância em detrimento de outras recebem mais tempo para serem explanadas no contexto escolar.
Vários autores apontam para a possibilidade de o currículo não ser organizado baseando-se em conteúdos isolados, pois vivemos em um mundo complexo, que não pode ser completamente explicado por um único ângulo, mas a partir de uma visão multifacetada, construída pelas visões das diversas áreas do conhecimento.

A organização do currículo deve procurar viabilizar uma maior interdisciplinaridade, contextualização e transdisciplinaridade; assegurando a livre comunicação entre todas as áreas.

Antes o currículo era visto como um conjunto de conteúdos, hoje devemos entendê-lo como um conjunto de saberes.

Na Educação Infantil dá-se início a essa construção e na Educação básica deve haver a continuidade.

O centro de toda a base curricular, de toda à prática  é a criança, e sua construção deve estar pautada do pessoal e no coletivo.

Considerando que à escola é a extensão da família, na Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, , oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais , não domésticos, constituem estabelecimentos públicos e privados que educam e cuidam, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgãos competentes do sistema de ensino e submetido ao controle social. Sendo estes as Secretaria da Educação, Diretoria de Ensino e Conselhos.

Regidos por um sistema de cadastro/controle denominado  EOL, onde  são efetuados os cadastros para fins de matrícula, nas escolas do município. Quem chega primeiro tem a vaga.

Na Educação Infantil há o período integral de  7 horas. E o período parcial de  4 horas.

A LDB fixa a idade obrigatória que vai dos  4 anos  aos  17 anos com direitos garantidos de educação, seno dever do Estado garantir a oferta de vagas.

As crianças de 4 a 6 anos devem ser matriculadas na Educação Infantil e as que completam 6 anos após   31 de março devem ser matriculadas na Educação básica.

Voltando ao conceito de Currículo, as propostas deste documento , voltada para a Educação Infantil devem estar pautadas nos seguintes princípios : Éticos; Estéticos e Políticos.

O currículo pode ser definido pelo conjunto de saberes produzidos na escola e reflete todas as experiências em termos de conhecimento que serão proporcionados aos alunos de um determinado curso.



Não existe um currículo único nacional, porém, os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem como sugestão, uma forma de definição das disciplinas e distribuição dos conteúdos entre os componentes curriculares propostos. Devido à dimensão territorial e à diversidade cultural, política e social do país, nem sempre os Parâmetros Curriculares chegam às salas de aula.
Falar em currículo escolar é falar também na vida do aluno e da escola em constante e em dinâmica ação, ou seja, educandos e educadores, no espaço escolar, constroem e formam, através de processos de valorização e do cotidiano que vivenciam, o currículo ideal para o desenvolvimento de habilidades necessárias ao desempenho escolar dos alunos. Mesquita (in http://www.webartigos.com) apresenta ainda outras características do currículo nos dias atuais:
[...] o currículo escolar passa a ser definido como sendo todas as situações vividas pelo aluno dentro e fora da escola, seu cotidiano, suas relações sociais, as experiências de vida acumuladas por esse aluno ao longo de sua existência, as quais contribuem para a formação de uma perspectiva construcionista educacional. [...] Logo, o que se quer dizer é que a escola deve buscar na experiência cotidiana do aluno elementos que subsidiem a sua ação pedagógica e, ao mesmo tempo, recursos que contribuam para a formação do currículo escolar.
Todas as atividades de cunho educativo que venham a ser exploradas pela escola constituem elementos essenciais e de mesma importância na formação do currículo escolar, o qual interfere de maneira significativa na formação do caráter e da personalidade dos alunos. Considerando que a personalidade humana se caracteriza pelo modo próprio de ser apresentado por cada indivíduo, acredita-se na força de sua expressão como fator operante nas teorias do currículo.
O currículo escolar é importantíssimo por ser um instrumento que norteia o trabalho desenvolvido na escola, e ser marcado pela visão de mundo da sociedade do momento; e sua prática reflete na visão de mundo expressado nos documentos orientadores por meio das formas efetivas de ação dos agentes educacionais, e, dos valores, normas, hábitos, atitudes que governam as relações nas salas de aula.
Nesse sentido, o currículo é o mediador entre escola e comunidade, e ao realizar essa mediação, o currículo possibilita a construção da ação pedagógica através da articulação entre os conhecimentos construídos na prática social e transmitidos, organizados e transformados na pratica escolar, por isso, o currículo também precisa estar em consonância com o Projeto Político-Pedagógico da instituição.
Em contrapartida tem-se que a perfeita observação de todos esses elementos direciona à verdadeira práxis do currículo, ou seja, a articulação entre a teoria e a prática curriculares em sala de aula. Construir o currículo na sala de aula requer profissionalismo e competência por parte dos professores quanto à utilização de uma importante ferramenta pedagógica: a vivência sociocultural das crianças.
Além do Currículo explícito na prática escolar, existe também o Currículo oculto o qual não é tão aparente aos nossos olhos, porém pode ser muito significativo na vida escolar e na percepção do aluno.
Um exemplo da presença do currículo oculto nas salas de aula é a própria forma de organização da classe. Geralmente as carteiras são dispostas em filas indianas em que cada aluno tem sua atenção voltada sempre para frente com o fim único de interromper toda e qualquer forma de comunicação com os outros alunos. Esse exemplo é reflexo de uma grande relação de poder em que o professor ocupa a posição central da sala e é detentor do conhecimento produzido e acabado. Os alunos são considerados como sujeitos pacientes desse tipo de organização educacional e, no geral, são simples reprodutores do conhecimento recebido.
Para a perspectiva crítica, o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações que permitem que crianças e jovens se ajustem da forma mais conveniente às estruturas e às pautas de funcionamento, consideradas injustas e antidemocráticas e, portanto, indesejáveis, da sociedade capitalista. Entre outras coisas o currículo oculto ensina, em geral, o conformismo [...] Numa perspectiva mais ampla, aprendem-se através do currículo oculto, atitudes e valores próprios de outras esferas sociais, como, por exemplo, àqueles ligados à nacionalidade. (SILVA, 2005, p. 29)
Assim, o currículo oculto transforma a escola em um espaço de transmissão da doutrina capitalista, a qual, segundo SILVA (2005) produz e legitima os interesses econômicos e políticos das elites empresariais. O que ocorre é que a escola, de modo particular a sala de aula, passa a ser um local exclusivo de reprodução dos valores, das atitudes e dos comportamentos da classe privilegiada. Estes elementos acabam sendo impostos nos currículos escolares, mas não são parte integrante da vida e do cotidiano de muitas crianças, as quais são preparadas para a absorção de uma cultura que não condiz com sua realidade, e que  nada tem a contribuir em sua formação.
Contudo, o currículo oculto reproduz, através da cultura escolar, as estruturas sociais e a ideologia dominante do capitalismo. Com isso, o currículo oculto interfere na subjetividade dos alunos, os quais passam a ser inibidos e impedidos de manifestarem-se quanto à própria atuação no mundo.
Vale ressaltar que o currículo escolar precisa ser analisado e elaborado com muita atenção e reflexão, pois os currículos em nossas escolas atendem a massificação do ensino, ou seja, não se planeja para cada aluno, mas sim para muitos alunos, numa hierarquia de séries.
Numa proposta de Projeto de aprendizagem é preciso rever essa organização curricular, pois a proposta é trabalhar projetos com grupos de alunos que tenham interesses comuns, partindo deles a escolha dos temas de estudo. Daí a ideia de disciplina aos poucos vai se tornando interdisciplinar, e o professor poderá organizar para que alguns temas sejam trabalhados em todos os grupos, explorando a criatividade e os diferentes pontos de vista. Nessa perspectiva, a aprendizagem de determinados conteúdos por séries, deixa de ter sentido, pois nessa dimensão nos apoiamos nas ideias de Piaget, onde a aprendizagem parte daquilo que o aluno já sabe, ou seja, das suas certezas provisórias em busca das respostas às suas dúvidas, e essas respostas poderão abranger diferentes séries e disciplinas, enriquecendo a grade de conteúdos.
Dessa forma, a construção e reconstrução do currículo devem ser a todo instante refletidos e como tais eles não seguem uma direção única, mas de acordo com cada contexto as reflexões serão diferentes. Nesta perspectiva, o Projeto Político-Pedagógico e a prática pedagógica devem estar diretamente relacionadas ao currículo e ao local em que estes se concretizarão.
Percebemos que o PPP e o currículo, em consonância, são os planos que direcionam a escola na busca do cumprimento dos seus objetivos, sendo eles flexível diante das necessidades de adaptação surgidas no cotidiano escolar e precisam ser construídos e/ou reconstruídos constantemente, tendo em vista que a sociedade está em profundas mudanças.

No processo de elaboração das DCNEIs – Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, foi estabelecido um conjunto de princípios que são necessários estarem contidos nas práticas e propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil, estes, devem orientar todo trabalho executado na instituição.
A fim de firmar práticas pedagógicas que abranjam todos os objetivos da Educação Infantil, destacam-se três princípios fundamentais: os Éticos;os Políticos; e os Estéticos. Segundo Oliveira, tais princípios se definem da seguinte forma:
•Princípios éticos – valorização da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades.
• Princípios políticos – garantia dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.
•Princípios estéticos – valorização da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. (2010, p.7).

Segundo a ordem supracitada no texto do Parecer das Diretrizes, o primeiro fundamento que deve estar contido nas Propostas Pedagógicas é o princípio ético. A ética infere universalmente um conjunto de decisões, princípios e valores, e tem como finalidade orientar os relacionamentos humanos.
A Educação Infantil assume um papel importantíssimo neste processo formativo do indivíduo, não só por ser o ponto inicial da vida escolar da criança, mas também por exerce grande influência no desenvolvimento afetivo, moral, intelectual das mesmas.
Nesta perspectiva o educador da Educação Infantil assume papel fundamental na formação ética e moral do indivíduo, pois tais conhecimentos fogem na velha ideia materialista de conteúdos, estes se incidem sobre as vivências, ou seja, a moral e ética não são ensinadas, são experienciadas; isto porque são demonstradas para as crianças através de ações, posturas, atitudes e dos valores os quais nós educadores acreditamos serem essenciais e possíveis de serem construído coletivamente ou individualmente através da conexão entre práticas educativas e práticas cotidianas vivenciadas em culturas singulares.
Segundo Oliveira, de acordo com os princípios éticos cabe as Instituições de Educação Infantil:
– assegurar às crianças a manifestação de seus interesses, desejos e curiosidades ao participar das práticas educativas; Valorizar suas produções, individuais e coletivas; Apoiar a conquista pelas crianças de autonomia na escolha de brincadeiras e de atividades e para a realização de cuidados pessoais diários; […]. (2010, p. 7). Além disso, destaca a importância da instituição proporcionar oportunidades para as crianças: Ampliar as possibilidades de aprendizado e de compreensão de mundo e de si próprio trazidas por diferentes tradições culturais; Construir atitudes de respeito e solidariedade, fortalecendo a auto-estima e os vínculos afetivos de todas as crianças, combatendo preconceitos que incidem sobre as diferentes formas dos seres humanos se constituírem enquanto pessoas. Aprender sobre o valor de cada pessoa e dos diferentes grupos culturais; Adquirir valores como os da inviolabilidade da vida humana, a liberdade e a integridade individuais, a igualdade de direitos de todas as pessoas, a igualdade entre homens e mulheres, assim como a solidariedade com grupos enfraquecidos e vulneráveis política e economicamente e respeitar todas as formas de vida, o cuidado de seres vivos e a preservação dos recursos naturais. (OLIVEIRA, 2010, P. 7  e 8).

Quando se refere aos princípios políticos na Educação Infantil, Oliveira (2010, p.8) destaca a importância de se pensar na educação para a cidadania; e isso simplesmente representa que, enquanto educadores, devemos preparar nossas crianças para cidadania promovendo a estes a compreensão dos direitos e deveres para que a convivência em sociedade seja  completamente vivenciada desde os primeiros contatos com o outro.
Uma breve analogia que pode ser feita em relação à Educação Infantil acontece ao focalizá-la como se fosse a mola propulsora da transformação social. E é neste contexto que fica proeminente a questão da democratização das oportunidades educacionais, posto que qualquer criança tem o direito de ser criança por ser um sujeito legitimado de direitos.
Para a concretização destes princípios, Oliveira destaca que é necessário: · promover a formação participativa e crítica das crianças e  criar contextos que permitam às crianças a expressão de sentimentos, ideias, questionamentos, comprometidos com a busca do bem estar coletivo e individual, com a preocupação com o outro e com a coletividade. Criar condições para que a criança aprenda a opinar e a considerar os sentimentos e a opinião dos outros sobre um acontecimento, uma reação afetiva, uma ideia, um conflito. Garantir uma experiência bem sucedida de aprendizagem a todas as crianças, sem discriminação e lhes proporcionar oportunidades para o alcance de conhecimentos básicos que são considerados aquisições valiosas para elas. (2010, p. 8).

O terceiro princípio é o estético, e este trata da sensibilidade humana. É muito importante reconhecer o panorama estético na Educação Infantil, pois esta ciência que trata do belo em geral e do sentimento que ele faz nascer em nós é um direito de todos, assim como o acesso aos bens artísticos e culturais, e claro, a liberdade de expressão individual ou coletiva. Esse princípio vem à tona a fim de assegurar o direito de a criança desenvolver-se intelectualmente e emocionalmente, sendo esta, mediada por sensibilidade, intenção, conhecimento,  encaminhamentos, desdobramentos didáticos, planejamento e sequências coerentes que reflitam significativamente na vida da criança, posto que a produção artística e os sentimentos produzidos através da mesma possuem caráter de significação e ressignificação para o sujeito. Portando como objetivos proporcionar prazer à criança, estimular a criatividade, auxiliar o sujeito a reconhecer e valorizar a diversidade cultural, assim como a qualidade das produções humanas.
Nessa perspectiva, Oliveira destaca em relação aos princípios estéticos a unidade de Educação Infantil deve voltar-se para: valorizar o ato criador e a construção pelas crianças de respostas singulares, garantindo-lhes a participação em diversificadas experiências;  organizar um cotidiano de situações agradáveis, estimulantes, que desafiem o que cada criança e seu grupo de crianças já sabem sem ameaçar sua autoestima nem promover competitividade;  ampliar as possibilidades da criança de cuidar e ser cuidada, de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos e ideias, de conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos que se apresentam às mais diferentes idades; possibilitar às crianças apropriar-se de diferentes linguagens e saberes que circulam em nossa sociedade, selecionados pelo valor formativo que possuem em relação aos objetivos definidos em seu projeto político pedagógico. (2010, p.8)
De acordo com Oliveira, tais princípios devem manter as práticas pedagógicas na Educação Infantil. Ainda acrescenta que em conformidade com a Resolução CNE/CEB nº 05/09, art. 8º, na união desses fundamentos “a proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo principal promover o desenvolvimento integral das crianças de zero a cinco anos de idade garantindo a cada uma delas o acesso a processos de construção de conhecimentos e a aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e interação com outras crianças”.

Na educação Infantil não se trabalha de forma fragmentada. Com a criança é preciso desenvolver dimensões linguísticas, cognitivas, sócio cultural, promovendo o diálogo, a interação, buscando meios adequados tanto para o acesso quanto para a permanência dessa criança. 

A base da construção teórica permeia concepções sócio interacionais. E o lúdico, a brincadeira é o meio com o qual se leva a esse processo de desenvolvimento, de conhecimento, de construção, considerando sempre a faixa etária, os limites e a individualidade de cada educando. 

Há de haver diferentes práticas que contribuem para os diferentes aspectos da criança. E tem que ter implicitamente o conceito de letramento, explicito somente no Ensino Fundamental, na Educação Básica.

O Currículo deve contemplar inúmeras práticas que possibilitam ações mediadoras no processo de interação, sem o objetivo de pretensão, classificação e promoção. 

Na transição para o Ensino Fundamental deve prever formar para garantir a continuidade do processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando., sempre respeitando as especificidades etárias, sem antecipação de conteúdos. 

Sendo a Educação Infantil a primeira etapa da Educação básica, é dever do estado garantir essas ações curriculares, dentro das normas estabelecidas.

Considerando que criança é um sujeito histórico e de direitos nas interações, nas relações e nas práticas. Que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, que constrói sua cultura..

O Currículo por sua vez busca articular  essas ações, os saberes e as experiências da criança.

O Projeto Político Pedagógico é um plano orientador das ações da instituição e define as metas anuais que se pretende para a aprendizagem .

O currículo escolar é um instrumento muito importante, pois norteia todo o trabalho desenvolvido na escola, tendo em vista as características do mundo e da sociedade atual. Dessa forma, sua prática reflete na visão de mundo expressado nos documentos orientadores por meio das formas efetivas de ação dos agentes educacionais e, dessa forma, dos valores, normas, hábitos, atitudes que governam as relações escolares, sempre numa relação de consonância com o PPP.

O Projeto Político- Pedagógico,  por sua vez , apresenta duas dimensões interdependentes: a política que supõe o conjunto de decisões quanto à organização, aos propósitos e aos modos operativos da escola e a pedagógica que supõe o elenco de decisões/ações de ordem educativa e pedagógica, viabilizadora de suas intencionalidades quanto à formação do cidadão.







CURRÍCULO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO




Currículo : mudanças e transformações para além da nossa realidade. 


Currículo é o coração da escola. A essência, o sentido , o caminho a ser percorrido no decorrer dos anos letivos, onde professores , alunos, comunidade constroem juntos.
Envolve todas as ações do âmbito escolar, corresponde a uma determinada postura e suas práticas; Envolvente, coletiva e comprometida.

À escola tem a função de  construir uma sociedade  atuante, pautada por preceitos de igualdade.
O tema aqui proposto reveste-se de significado uma vez que se dedica ao  principal aspecto que alinha as relações entre  educadores e educandos, ou seja, o currículo. 

E como falar em Currículo sem questionar o conceito de resiliência, que se faz, que acontece e que  trata de uma tomada de decisão onde e quando alguém se depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões , embasadas pelo conceito de resiliência e que propiciam forças estratégicas na pessoa para enfrentar as adversidades. Ou seja, superação, e manter a imunidade mental é a base para criar resiliência emocional. O individuo condiciona a mente a tolerar os pensamentos assustadores e consegue esquivar-se do sofrimento ao entender que a dor fará, inevitavelmente, parte da trajetória de vida.

Além da resiliência há de se considerar o conceito de Empatia que diz respeito a capacidade de se colocar no lugar de outro indivíduo em diferentes situações e contextos.
E pautando-se por esses conceitos, mudanças são oportunas e ou necessárias e assim sendo, agora temos um currículo integrador, multietário, onde todos tem que ter seu direito garantido, seu espaço, sua oportunidade , suas garantias para que as aprendizagens aconteçam.

As ações escolares estão marcadas, reguladas e legitimadas por uma noção ou orientação curricular construída em nossa sociedade e requer  reformulações envolvendo e apontando novos olhares para a construção do Currículo, onde faz-se necessário a participação de todos os que compõem o contexto escolar. Os órgãos responsáveis e ou competentes, os educandos, os educadores, a comunidade, os órgãos deliberativos e todos que direto ou indiretamente atuam junto a comunidade escolar, pautados por uma gestão participativa.  

 1. Currículo, Conhecimento e Cultura - MEC
Discussões sobre conhecimento, verdade, poder e identidade marcam, invariavelmente, as discussões sobre questões curriculares (Silva, 1999a). 
Currículo é um documento que discorre sobre  as experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais, e que contribuem para a construção das identidades de nossos/as estudantes. Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas. 
A construção do conceito de currículo escolar tem de ser considerada a partir de sua   relação inequívoca com os compromissos e projeções feitos pela sociedade de acordo   com referenciais de conhecimento, identidades e, fundamentalmente, da organização   social imaginada para os seus sujeitos: uma espécie de projeção para o futuro. Tornar as pessoas capazes de compreender o papel que devem ter na mudança de seus contextos imediatos e da sociedade em geral, bem como de ajudá-las a adquirir os conhecimentos e as habilidades necessárias para que isso aconteça. 
 Ao olhar para o currículo é importante notar sua face de potência seja pelo seu plano notório e definido em documentos, seja em sua ocorrência expressa pelos rituais, simbologias, crenças etc. E , nessa perspectiva, constitui um dispositivo em que se concentram as relações entre a sociedade e a escola, entre os saberes e as práticas socialmente construídos e os conhecimentos escolares. Em outras palavras, os conhecimentos escolares provêm de saberes e conhecimentos socialmente produzidos nos chamados ​ “âmbitos de referência dos currículos”. Os âmbitos de referência dos currículos implicam os sujeitos em sua realização,  deixando claro que não existente tecnicamente uma perspectiva neutra para a sua concepção e prática. 

Claramente é necessário observar o caráter plural das  construções curriculares inevitavelmente por sua natureza polivalente no tocante às   bases que oferecem suporte aos objetivos locais, mais ainda pelo seu compromisso com uma dada cultura local comunitária ou pelo traço marcante estabelecido pelas identidades de seus protagonistas. 
Que são esses âmbitos de referência?  Podemos considerá-los como correspondendo: 
(a) às instituições produtoras do conhecimento científico (universidades e centros de pesquisa); 
(b) ao mundo do trabalho; 
(c) aos desenvolvimentos tecnológicos; 
(d) às atividades desportivas e corporais; 
(e) à produção artística;
(f) ao campo da saúde;
(g) às formas diversas de exercício da cidadania; 
(h) Aos movimentos sociais (Terigi, 1999)
Fazem parte do currículo oculto, assim, rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na escola, modos de distribuir os alunos por grupamentos e turmas, mensagens implícitas nas falas dos (as) professores (as) e nos livros didáticos. 
São exemplos de currículo oculto:  A forma como a escola incentiva a criança a chamar a professora (tia, Fulana, Professora etc.); a maneira como arrumamos as carteiras na sala de aula (em círculo ou alinhadas); as visões de família que ainda se encontram em certos livros didáticos (restritas ou não à família tradicional de classe média). O processo de construção do conhecimento escolar sofre, inegavelmente, efeitos de  relações de poder. 




2. Currículo, Diferença Cultural e Diálogo
Quando um grupo compartilha uma cultura, compartilha um conjunto de significados, construídos, ensinados e aprendidos nas práticas de utilização da linguagem. A palavra   cultura implica, portanto, o conjunto de práticas por meio das quais significados são produzidos e compartilhados em um grupo.
Se entendermos o currículo, como propõe Williams (1984), como escolhas que se  fazem em vasto leque de possibilidades, ou seja, como uma seleção da cultura,   podemos concebê-lo, também, como conjunto de práticas que produzem significados.  O currículo é um campo em ​que se tenta impor tanto a definição particular de cultura de um dado grupo quanto o conteúdo dessa cultura. O currículo é um território em que se travam ferozes competições em torno dos significados. Cabe também ressaltar a significativa influência exercida, junto às crianças e aos  adolescentes que povoam nossas salas de aula, pelos "currículos” por eles “vividos”  em outros espaços sócio-educativos (shoppings, clubes, associações, igrejas, meios de comunicação, grupos informais de convivência etc.), nos quais se fazem sentir com  intensidade muitos dos complexos fenômenos associáveis ao processo de globalização que hoje vivenciamos. 
Como temos considerado, no currículo, essa pluralidade, esse caráter multicultural de nossa sociedade?
Como articular currículo e multiculturalismo? Que estratégias pedagógicas podem ser          selecionadas? 
O existente não pode nem deve ser aceito sem questionamentos, pois constitui-se em estímulo para resistências, para críticas e para a formulação e a promoção de novas situações pedagógicas e novas relações sociais. 
Princípios para a construção de currículos multiculturalmente orientados, demanda uma nova postura, por parte da  comunidade escolar, de abertura às distintas manifestações culturais. 
Faz-se indispensável superar o “daltonismo cultural”, ainda bastante presente nas escolas. O professor “daltônico cultural” é aquele que não valoriza o “arco-íris de culturas” que encontra nas salas de aulas e com que precisa trabalhar, não tirando, portanto, proveito da riqueza que marca esse panorama. É aquele que vê todos os estudantes como idênticos, não levando em conta a necessidade de estabelecer diferenças nas atividades pedagógicas que promove (Stoer e Cortesão, 1999). 
 Para Moreira e Candau (2003, p.161), à escola sempre teve dificuldade em lidar com a               pluralidade e a diferença. Tende a silenciá-las e neutralizá-las. Sente-se mais confortável com a homogeneização e a padronização.  No entanto, abrir espaços para a diversidade, a diferença e para o cruzamento de   culturas constitui o grande desafio que está chamada a enfrentar. 
A escola precisa, assim, acolher, criticar e colocar em contato diferentes saberes,   diferentes manifestações culturais e diferentes óticas.  A contemporaneidade requer culturas que se misturem e ressoem mutuamente, Currículo, Conhecimento e Cultura que convivam e se modifiquem. Que se modifiquem modificando outras culturas pela convivência ressonante. Um processo contínuo, que não pare nunca, por não se limitar a um dar ou receber, mas por ser contaminação, ressonância (Pretto, 2005).

O currículo como um espaço de crítica cultural 



Um dos caminhos é abrir as portas, na escola, a diferentes manifestações da cultura popular, além das que compõem a chamada cultura erudita. Músicas populares, danças, filmes, programas de televisão, festas populares, anúncios, brincadeiras, jogos, peças de teatro, poemas, revistas e romances precisam fazer-se presentes nas salas de aula. 
A intenção é que a cultura dos estudantes e da comunidade possa interagir com outras  manifestações e outros espaços culturais como museus, exposições, centros culturais,   música erudita, clássicos da literatura. Se aceitarmos a inexistência, no mundo contemporâneo, de qualquer “pureza cultural” (McCarthy, 1998), se pretendermos  abrir espaço na escola para a complexa interpenetração das culturas e para a pluralidade cultural, tanto as manifestações culturais hegemônicas como as         subalternizadas precisam integrar o currículo e ser objeto de apreciação e crítica. A crítica de diferentes artefatos culturais na escola pode, por exemplo, levar-nos a  identificar e a desafiar visões estereotipadas da mulher propagadas em anúncios;  imagens desrespeitosas de homossexuais difundidas em programas cômicos de  televisão; preconceitos contra povos não ocidentais evidentes em desenhos animados;  mensagens encontradas em revistas para adolescentes do sexo feminino (e da classe média) que incentivam o uso de drogas, o consumismo e o individualismo; estímulos à       erotização precoce das meninas, visíveis em brinquedos e programas infantis;          presença e aceitação da violência em filmes, jogos e brinquedos.
Na visão de Boaventura Santos  a transição paradigmática põe a questão do conhecimento e o conhecimento põe a questão da aprendizagem e a aprendizagem põe a questão da escola e põe a questão da educação. E, portanto, aqui se põe o problema de que na luta por um novo senso comum, como é que esse novo senso comum pode começar a ser criado – não ensinado, criado – nas escolas e a começar a ser criado nos educadores, nos professores. Portanto, o meu trabalho dirige-se muito mais aos educadores até do que aos próprios educandos. Fundamentalmente, porque eu penso que essa educação para a cidadania tem que começar por eles; se todos nós, intelectuais, somos mercenários, os educadores são pagos explicitamente para serem mercenários. Isto é, no sentido de transmitirem uma verdade que não é necessariamente a sua, que não é necessariamente a dos seus alunos, que não é necessariamente a da sua comunidade, que não é necessariamente aquela pela qual se pautam, mas a qual está consignada oficialmente numa história, nos núcleos escolares, em muitos paises, inclusivemente com repressão de todas as outras alternativas. Portanto, todos somos – e eu propriamente falo como professor universitário e não fujo a esta lógica – como intelectuais, mercenários no sentido que Roberto Fernández Retamar, o grande crítico literário cubano fala, que todos nós somos de alguma maneira porque vivemos à sombra do Príncipe e somos relativamente pouco responsáveis por tudo aquilo que dizemos. Como professor universitário, sou tão mercenário como todos os outros educadores e, naturalmente, compete a mim resistir e procurar fazer com que os outros educadores também resistam. E como é que a gente resiste? Resiste exatamente, antes de mais nada, procurando formas de conhecimentos que nos permitam criar de nós próprios um papel alternativo. Só tendo um papel alternativo de nós próprios, é que nos o podemos comunicar. Esse papel alternativo, ao meu entender, passa por coisas como, por exemplo, uma luta incessante contra toda a realidade oficial. Eu acho que nós temos que ter uma hermenêutica de suspeita em relação a tudo o que é oficial. Precisamente porque o oficial, hoje, vindo de formas de saber e de poder que estão consignadas e que estão, de alguma maneira, consolidadas na injustiça em que a nossa sociedade hoje vive, elas exigem da nossa parte, uma hermenêutica de suspeita. E para isso, não basta berrar ou gritar, não basta enervarmo-nos ou entrarmos em depressão, temos que ter instrumentos alternativos de luta.





 Dilemas do Nosso Tempo - é preciso criar, a partir dessa hermenêutica de suspeita, uma atividade mais desconstrutiva, que eu penso que pertence à educação. Afasto - me imediatamente, nessa tarefa, dos derridaianos, posição onde muitos pós-modernos se encontram, muitas vezes, confortavelmente, talvez mais confortavelmente do que o próprio Derrida, sobretudo se atendermos aos seus últimos livros (há sempre uns liberais arrependidos nessas coisas e o Derrida é um pouco isso, sobretudo no seu livro o Espectro de Marx, por exemplo). Eu penso, no entanto, que há uma outra tarefa fundamental que é a tarefa reconstrutiva, a tarefa de uma reconstrução emancipatória que é a criação de um pensamento crítico, a criação de um pensamento independente. Eu tenho vindo a dizer – e isso talvez, de alguma maneira, tenha alguma repercussão na área da educação – que nós nas ciências sociais durante muito tempo ficamos dominados pelos conceitos de estrutura e ação. Penso que isso acabou por se transferir para as ciências da educação e para a promoção da escola, do currículo estrutural, estruturadas diferentes áreas a partir dos quais são possíveis opções, etc. Eu penso que hoje o que é fundamental é distinguir entre a ação conformista e a ação rebelde. Para mim a escola tem que ser uma escola de cidadania, cidadania crítica, a qual, naturalmente, deve ensinar e instruir – não ensinar, instruir – coletivamente para a rebeldia, quando ela se justifique, obviamente, e para o conformismo quando o conformismo for a concordância com idéias que nós criticamente consideramos como sendo progressistas e nossas e não porque são oficialmente ou porque somos objetos de uma doutrinação. O que é preciso é retirar da escola todo o princípio de doutrinação e ela existe não só na maneira como nós ensinamos, como na forma como nós avaliamos. E neste país em que nós nos encontramos (Estados Unidos), eu penso que a doutrinação é talvez das mais graves e mais duras que existe em todo o mundo. Eu continuo a pensar que é muito bonita a contradição, digamos, a astúcia da razão de que falava Hegel, de tantos de vós virem para os Estados Unidos obterem os vossos doutoramentos em educação. Vejo-os exatamente como Jose Martí, o grande intelectual cubano, que por aqui andou no final do século XIX e no princípio do XX, e que disse: eu tenho que ir lá dentro para estar dentro das entranhas do monstro, porque dentro das entranhas do monstro é que eu vou ver como funciona. Ora bem, e o que vocês vêem aqui é exatamente uma doutrinação levada a um ponto que eu não encontro em outros paises, devo lhes dizer, até porque meus filhos andaram aqui na escola e já tive ocasião de ver como a doutrinação tem lugar, e, por outro lado, onde nós encontramos colegas nossos absolutamente solidários com as nossas lutas. No vosso departamento6 aqui vocês têm excelentes representantes internacionais dessa luta contra a doutrinação e na luta por uma escola de cidadania, onde o mestre de todos, naturalmente, continua a ser Paulo Freire. E, portanto, vocês, brasileiros, têm aí um capital no qual deveis capitalizar porque ele, realmente, foi uma luz para o mundo. Eu li, naturalmente, como todos, o Paulo Freire, nunca tive ocasião de privar com ele, apesar de que numa fase final quase estivemos juntos, e penso que todos nós acabamos por ser influenciados por muitos de seus ensinamentos. Talvez seja isso que ressoa nos meus escritos porque é muito virado ao meu futuro, é muito virado para a juventude, é muito virado para a criação de novos paradigmas e para as chamadas subjetividades paradigmáticas. Eu penso que a educação devia ser uma criação constante de subjetividades paradigmáticas, porque para criar subjetividades sub-paradigmáticas não é preciso escola para coisa nenhuma; para isso basta deixar andar as crianças por aí, aprendem mais fora das escolas do que nas escolas até porque na escola têm que desaprender muitas coisas. 
Boaventura afirma que a comunidade de educação, esta que está interessada nesta minha temática, digamos assim, é muito pequena, porque também há uma outra comunidade de educação (hegemônica) a quem não interessa estes temas porque acha que a educação é uma área de saber sobre o qual apenas os cientistas da educação podem se pronunciar e, portanto, é uma forma de fundamentalismo disciplinar como outro qualquer e, para mim, um dos mais vazios de todos. Para aqueles que vêem a educação como, no fundo, uma educação para a cidadania e que, portanto, as ciências da educação são um modo como potenciar esse ensino para a cidadania, aí sim talvez o meu trabalho tenha vindo a ter alguma aceitação exatamente porque eu, sem vir da área de educação, no sentido de a tratar explicitamente, a não ser ao nível da universidade sobre o qual tenho escrito alguns textos, realmente tenho muita preocupação com esta área da educação sobretudo porque estou muito vinculado à idéia da transição paradigmática.  

Só através de uma criação sistemática, apurada, metódica do pensamento crítico independente, da cidadania ativa, de uma luta por uma transformação emancipatória paradigmática se justifica a escola e aí, sim, ela tem toda a legitimidade e deve continuar. O grande desafio é saber se os estados e os municípios estão interessados em financiar uma escola que não está ao serviço deles mas que está ao serviço do futuro. Aqueles que nelas trabalham também tem que se sentir menos como funcionários do presente e muito mais como funcionários do futuro, se é que a palavra funcionário se pode aplicar adequadamente ao futuro, penso bem que não. "Temos o direito de reivindicar a igualdade sempre que a diferença nos inferioriza, da mesma forma temos o direito de reivindicar a diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza."  discorre Boaventura e acrescenta que entrevistadores: Aprendem apesar da escola... Esta máxima possui um sentido muito prático e uma aplicação muito importante no âmbito das nossas relações. Por um lado, na primeira parte desta afirmação , se pretende enunciar que toda diferenciação que leve à discriminação, embora possa em tese trazer algum benefício a uma minoria, fere a garantia do direito à equiparação de condições e de oportunidades. Aplicando este raciocínio a uma situação bem concreta, podemos dizer que todos os ambientes educacionais ou laborais concebidos especialmente para pessoas com deficiência, que as segreguem em relação às demais pessoas, têm como base o propósito de inferiorizá-las, ainda que tenham sido planejados com a melhor das intenções. Tudo o que é especial, separado, protegido ou voltado exclusivamente para quem tem alguma deficiência visa discriminar este conjunto de indivíduos. Afinal, como é possível incluir partindo-se da exclusão?

Por outro lado, na segunda parte da frase, se tenciona afirmar que todas as diferenças devem ser acolhidas tais como são, sem subterfúgios nem pretextos, e devem ser explicitamente respeitadas. Assim, toda forma artificial de padronização ou de homogeneização das pessoas fere o direito fundamental à diversidade e descaracteriza os seres humanos em seus aspectos individuais. Vê-se, portanto, que, igualdade e diferença caminham sempre juntas, e, lado a lado, constituem duas condições essenciais para a garantia da dignidade humana.  -  Por  Fabiana Bonilha

A igualdade na diferença - Todos nós somos igualmente diferentes uns dos outros. Não há, de fato, uma só pessoa que possa ser tida como mais diferente do que os seus semelhantes. Aliás, o que realmente nos assemelha enquanto seres humanos é justamente o fato de sermos diversos. 




Variamos, uns em relação aos outros, quanto ao modo de ser, de pensar e de agir, e quanto à maneira como atribuímos significado a tudo o que nos acontece. Uma vez que somos equiparados nas diferenças, não podemos admitir que exista um grupo de pessoas intitulado como “os diferentes”. Admitir a existência desta categoria de seres humanos equivaleria a dizer que, em contraposição a ela, existiria o grupo formado por aqueles denominados como “os iguais”.  Quando se preconiza então a importância do respeito aos diferentes, não se pode ter a intenção de elencar determinadas minorias e considerar que predominantemente estas devam ser respeitadas. Antes disso, respeitar os diferentes é uma atitude concernente a todas as pessoas, as quais, sem exceção, possuem distinções. O autor Boaventura de Sousa Santos nos ensina que nós temos direito à igualdade, quando a diferença nos inferioriza, da mesma forma como temos direito à diferença, quando a igualdade nos descaracteriza.





O documento, traz nove habilidades indicadas para o desenvolvimento curricular que se organizam em torno das chamadas competências socioemocionais. Considerando os estudos de Otawa, adotaram ainda um grande campo que deve orientar as habilidades: A Teoria dos Big Five.

A Teoria dos Big Five organiza as competências socioemocionais em cinco dimensões:

- Abertura a novas experiências (tendência a ser aberto a novas experiências estéticas, culturais e intelectuais);
- Consciência (inclinação a ser organizado, esforçado e responsável);
- Extroversão (orientação de interesses e energia em direção ao mundo externo, pessoas e coisas);
- Amabilidade (tendência a agir de modo cooperativo e não egoísta);
- Estabilidade Emocional (previsibilidade e consistência de reações emocionais, sem mudanças bruscas de humor).
Os participantes da Série de Diálogos realizada pelo Inspirare, Porvir e Instituto Ayrton Senna também produziram uma relação prioritária de competências (autoconhecimento, amabilidade, autoconfiança, autocontrole, autonomia, comunicação interpessoal e intrapessoal, cooperação, engajamento, interesse por aprender, motivação) e de valores (amor, gratidão, gentileza, humildade, senso de justiça, respeito, solidariedade).
Encontraremos no documento uma série de questionamentos que respondem de que forma a Secretaria de Educação concebe o desenvolvimento dessa nova proposta curricular para a cidade. Pontuaremos a seguir as questões que julgamos mais relevantes para a nossa exploração.

Por que essas competências precisam ser trabalhadas?

Na aprendizagem: Geram ambiente mais favorável à aprendizagem e melhores resultados dos alunos nas disciplinas curriculares tradicionais.
No desenvolvimento integral: Preparam os estudantes para estar no mundo, compreender os diferentes, serem críticos e atuantes e tomar decisões pautadas na ética. Ajudam-nos a construir seu projeto de vida e a se capacitar para o mundo do trabalho.
Na promoção de equidade: Dialogam com as necessidades da sociedade civil, mobilizam famílias e contemplam seus anseios, suprem carências de oportunidades e geram impacto nos indicadores sociais.
Na mudança cultural: Transformam o currículo e a escola, estimulam a atitude cidadã, contribuem para o desenvolvimento de uma cultura de paz.
Destacamos em sua justificativa a ênfase em uma perspectiva mais individual notada por sua preocupação descrita para os projetos de vida e para a equidade.

Como se deve integrar as competências socioemocionais aos conteúdos curriculares?

Princípio: As competências socioemocionais devem ser desenvolvidas a partir de metodologias focadas em causas e interesses dos alunos. É preciso que haja uma intencionalidade pedagógica, para que o processo não se torne uma abstração ou algo sem consistência.
Prática Pedagógica: O trabalho com projetos e o incentivo à realização de pesquisas sobre temas relevantes potencializam a mediação do professor e o desenvolvimento das competências socioemocionais.
Gestão: Os gestores criam um ambiente favorável para o desenvolvimento das socioemocionais quando promovem reuniões pedagógicas que contribuem para a integração, coesão e coerência da equipe escolar, a articulação das disciplinas, a coleta de evidências claras de resultados e a sistematização de experiências que podem ser utilizadas por outros professores.
Cabe ressaltar nessas orientações o papel destacado para a participação dos estudantes e para a atuação dos gestores que aqui são instados como grandes protagonistas para a direção das propostas.

Como essas competências entram nos tempos e espaços curriculares?

As competências socioemocionais podem ser desenvolvidas nos vários espaços e ao longo dos diversos tempos da escola, para além dos horários de aula, de preferência de forma transdisciplinar.
Em meio ao ensino das disciplinas tradicionais, o trabalho acontece a partir da incorporação de metodologias voltadas à realização de projetos e à iniciação científica, que valorizem práticas colaborativas.
O processo também pode acontecer por meio de atividades específicas, mas não desconectadas de outras disciplinas, como a orientação para projeto de vida e para mercado de trabalho ou a realização de intervenções sociais e comunitárias.
O trabalho também demanda a redefinição de papeis entre professores e alunos.
Enquanto os estudantes assumem maior nível de protagonismo nos processos e práticas pedagógicas desenvolvidos na escola, os docentes transformam-se em mediadores e adotam práticas mais inovadoras de ensino-aprendizagem.

Importante observar nessas orientações a relevância assumida pela ação dos estudantes como fundamental para os processos de parceria na aprendizagem com os professores.
Quais condições as redes de ensino devem oferecer para as escolas trabalharem as competências socioemocionais como parte do seu currículo?

- Orientações Pedagógicas;
- Fortalecimento da Gestão Pedagógica;
- Formação;
- Dedicação Integral.
Outra importante formulação empenha-se no sentido da Abertura para a Comunidade:
As redes também devem estimular que os gestores escolares promovam a utilização de outros espaços e estabeleçam parcerias com organizações e agentes da comunidade, a fim de os alunos também vivenciem experiências fora dos muros da escola que impactem o seu desenvolvimento socioemocional.
Um outro relevante questionamento diz respeito à realização de avaliações de tal proposta. Neste sentido, a Secretaria aponta suas diretrizes para o assunto considerando que os dados gerados devem ser capazes de: 
Aferir o que deu certo e o que não funcionou, apontar causas e subsidiar a busca de soluções;
Embasar o estabelecimento de prioridades;
Subsidiar a criação de projetos para melhorar os resultados da escola nos pontos em que apresenta maiores dificuldades;
Sinalizar o papel dos agentes envolvidos no desenvolvimento das competências socioemocionais;
Orientar a formulação de programas de formação continuada de professores e materiais pedagógicos;
Referendar a atuação dos funcionários da escola.
Finalmente, o documento especifica práticas que recomenda serem desenvolvidas nas escolas tais como:
Desenvolvimento de projeto de vida;
Tutoria;
Assembleias e fóruns democráticos para resolução de conflitos;
Fortalecimento das instâncias de participação estudantil, para trabalhar o coletivo, o bem comum, desenvolver habilidade de negociação e resolução de problemas reais;
Contação de histórias de vida com base em metodologia do Museu da Pessoa;
Cursos criados pelos próprios alunos, em que eles são multiplicadores dentro e fora da escola;
Empresa Júnior, que ajuda o estudante a desenvolver autonomia, tomada de decisão e gestão;
Práticas esportivas, artísticas e culturais com participação da família, incluindo oficinas, cursos, aulas etc.;
Atividades de cunho social envolvendo a comunidade;
Painel das Emoções, para estudantes expressarem seus sentimentos em relação às atividades realizadas;
Exercícios de quietude e atenção;
Atividades de escuta qualificada docente, que permitam a argumentação do aluno;
Atividades que promovam autorreflexão e autoconhecimento.
Uma das saídas para reconectar o indivíduo ao mundo onde vive passa pelo desenvolvimento de competências socioemocionais. Nesse processo, tanto crianças como adultos aprendem a colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável, entre outros. Uma abordagem como essa pode ajudar, por exemplo, na elaboração de práticas pedagógicas mais justas e eficazes, além de explicar por que crianças de um mesmo meio social vão trilhar um caminho mais positivo na vida, enquanto outras, não.
'A gente está falando de uma mudança de cultura, de compreensão de vida, do que a gente acredita que é o ser humano, o conhecimento, a aprendizagem e de qual é o papel da escola', explica Anita Abed, consultora da UNESCO (organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura). 'O conhecimento em si deve ser amplamente significativo e prazeroso, algo da ordem socioemocional', diz.




Segundo essa nova visão não implica em deixar de lado o grupo de competências conhecidas como cognitivas (interpretar, refletir, pensar abstratamente, generalizar aprendizados), até porque elas estão relacionadas estreitamente com as socioemocionais. Tal forma de ver significa compreender que competências socioemocionais não são inatas e fixas: 'elas são habilidades que você pode aprender; são habilidades que você pode praticar; e são habilidades que você pode ensinar', seja no ambiente escolar ou dentro de casa (Paul Tough - livro: Uma questão de caráter).
É quase um lugar comum dizer que o mundo atual é complexo demais para caber no currículo das escolas, mas o importante, segundo o pesquisador belga Filip de Fruyt, é entender 'por que algumas pessoas conseguem lidar melhor com essa complexidade do que outras'. Para dar conta dessa tarefa, as escolas do século 21 precisam descobrir como inspirar seus alunos enquanto eles aprendem. Com estudos orientados e projetos, é possível ajudar os alunos a conhecerem o que gostam de estudar, como preferem aprender, o que os faz desistir, em que costumam errar, quais emoções os dominam quando fracassam ou são provocados. Em especial, estimulá-los a descobrir quais são seus sonhos e de que forma persistir em alcancá-los.

De acordo a pesquisadora Jennifer Adams,  “não podemos ficar presos a semântica e a nomenclatura dessas habilidades” cabe à escola promover, buscar junto a equipe, junto a comunidade a contínua construção do bem-estar físico, socioemocional e  cognitivo. E de acordo a pesquisa realizada junto a comunidade , conselho de escola, websites, lideres de diferentes comunidades escolares e que , numa pesquisa aprofundada realizada , chegou-se a conclusão que algumas habilidades deveriam ser desenvolvidas junto ao ensino tradicional unificado, aos conteúdos pré-determinados pelo Ministério da Educação, como um todo, a fim de estabelecer alguns requisitos relevantes junto a esses conteúdos universalmente repassados e aprendidos. E nessa pesquisa atentou-se a fala dos participantes e que afirmaram e reafirmaram qual o ideal para garantir continuidade com eficácia.  Queremos que todos os alunos sejam resilientes; globalmente conscientes; cooperativos; orientados para que obtenham bons resultados; criativos e inovadores.





Portanto, se o Currículo predispõe  dois  atributos relevantes e indispensáveis que são  a resiliência e a empatia, considera-se que o indíviduo precisa ter ou obter  esses atributos e que , portanto, estes também precisam ser trabalhados no contexto escolar, pois só assim se construirá um Currículo de qualidade, com ações efetivas.

 A resiliência  consiste na capacidade de o indivíduo de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas , tais como  choque, estresse, algum tipo de evento traumático, etc. Issosem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades. 

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São tantas as Competências Socioemocionais que é preciso atenção, alto grau de observação, planejamento, esculta, saber ouvir, saber falar, identificar o momento ideal pra se colocar, se posionar á respeito de algo, ter foco, saber se colocor no lugar do outro, interpretar, discernir, e por fim , intervir. 

Empatia é a capacidade psicológica que uma pessoa tem de se identificar com outra pessoa, ideia ou objeto. É quando o indivíduo sente vontade ou tem a capacidade de tentar compreender sentimentos e emoções de outra pessoa, é chamado de empático ou aquele que tem empatia. Vem da palavra grega empátheia, que significa paixão, pressupondo a comunicação afetiva entre pessoas. Essa afetividade resulta em uma identificação imediata, quando conseguem se entender independente de estarem dentro de uma mesma situação.

Uma característica forte da pessoa que sente empatia é a capacidade de se colocar no lugar de outro indivíduo em diferentes situações. Ela é capaz de doar o seu tempo e sentimentos para pensar em como a outra pessoa está se sentindo, para ser mais compreensiva e poder ajudá-la. Essa qualidade também é chamada de altruísmo, ao passo que o indivíduo se dedica a seu semelhante, o que é o oposto de egoísmo.

O sentimento de empatia geralmente surge quando um indivíduo está passando por situações difíceis e o outro, ao observar a situação, tem a capacidade de compreender os problemas de tal maneira como se fossem seus próprios problemas, para assim apoiar o indivíduo.

Portanto é importante melhorar a cada dia, a cada momento oportuno a comunicação .

Estar aberto ao outro. Se pronunciar, agir, compartilhar, caminhar junto.

Por mais que a grafia seja parecida, empatia tem significado diferente de simpatia, pois simpatia é o sentimento de afinidade que uma pessoa sente pela outra na forma de agir ou pensar e também por possuírem gostos em comum, sentindo-se espontaneamente atraídas uma pela outra. Perceba a diferença entre empatia e simpatia : simpatia é a inclinação afetiva que existe entre duas ou mais pessoas. A Inclinação,  a predisposição para tal atitude. Portanto, empatia está mais ligada a compreender e ajudar o outro e simpatia a se identificar com a personalidade e compartilhar interesses em comum.


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