Ìndios do Brasil e no mundo

Hoje o Indio é representado  de maneira estereotipa e inferiorizada, entretanto , eles estão e sempre estiveram presentes em nossa história.



LEI  11645/2008

Até então a cultura indígena não era /é muito divulgada e para muitos, índio se caracteriza por um sujeito  selvagem e  preguisoso.  E por não trabalharem, não são vistos como deveriam, pessoas da terra, pessoas que pescam, que plantam  e caçam somente para sua sobrevivência. Suas moradias não são de alvenaria, do que é comum a muitos, são ocas, são de barro, de palhas.longe da lógica mercantilista que e o se espera de uma comunidade. E , não importa como moram, seus hábitos, suas escolhas, não importa se eles saem de usa tendas e resolvem morar nas grandes cidades, e passar a vestir roupas, a adquirir hábitos fora do seu contexto social, eles são e sempre serão ÌNDIOS. Até porque, o alemão quando chega em nosso país, por mais que ele se adeque a nós, sempre será considerado alemão, ou japonês, enfim, é por que que o índio não tem essa consideração, não lhe é dado esse espaço!? Não é porque migraram que serão povos em extinção. Mesmo que sai do seu habitat, serão sempre índios. 
A antropologia demarca sua origem, suas raízes para que possa ser respeitado na sua diferente.

Existe uma etnia onde vários grupos diferentes formam o Ìndio. 

Índio é qualquer membro de uma determinada comunidade, reconhecido por ela como tal. Toda comunidade está formada na relação de parentesco, e entre seus membros se mantém laços históricos culturais. Há toda uma organização. São diferentes tipos físicos, diferentes adornos, diferentes rituais, então, por que sera que generalizam, e são tratados como iguais. Uns grupos/comunidades são canibais e isto é inaceitável para determinados grupos, inaceitável porque não entendem a importância deste ritual, o valor dado a este sacrifício, a absorção da força e da sabedoria daquele que foi aprisionado. Assim como, alguns líderes religiosos, em determinadas comunidades, quando mortos são cremados para que de suas cinzas seja preparado um "chá" e este chá é bebido por todos da comunidade, também para absorção da sabedoria.

Há, portanto diferenças , distinção, entre os grupos e aqueles que regem , que seguem os padrões estabelecidos , são aliados e os que não regem são renegados.

Quem constrói a história, se constrói, com o objetivo de dominação. E o pensar diferente, o falar diferente , forma em mim um diferencial. Portanto, é errôneo a ideia de que o índio não tem uma formação própria, uma cultura própria.

Daí se falar tanto do preconceito, da imagem que se faz do outro e que não condiz com a realidade.

O que se entende por cultura é a união dos padrões apreendidos e desenvolvidos  por seres humanos , os quais são expressos pela arte, através das crenças , costumes e aptidões adquiridos socialmente.
É através da educação, da leitura, do que se houve e se absorve, que se aprende o que está sendo estabelecido. O homem sempre será o modelo, a referência. É algo que constitui grupos humanos, diferenciados, singulares, não inferiores ou superiores, simplesmente , diferentes.

O índio não está no passado, ele tem sua própria cultura. E a educação por muito tempo foi uma forma de ocultação e de domínio.

Etnia, comunidade humana definida por afinidades linguísticas e culturais.

Raça, definição que classifica grupos, mais alto, mais baixo, mais gordo, mais moreno, ,ou seja, define sua morfologia biológica, envolvendo estatura, cor de pele, constituição física.

Etnia e raça diferenciam-se conceitualmente, embora sejam complementares.

Quando a ordem se estabelece, o progresso se estabelece e sem ordem não há progresso. E a partir dessas convicções se estabelece controle. Se converte, civiliza, catequiza e domina. E foi o que os Jesuítas e os Europeus fizeram com aqueles que se deixaram dominar.
A educação do índio, sua cultura é oral. É passada de gerações para gerações. E se não tem escrita, não tem educação na visão do europeu. Portanto, coube e cabe ao cacique e ao pajé desconstruir o que assim foi construído. Esclarecendo os fatos, mostrando o passado, reforçando o presente para que haja futuro.

Por que o Brasil é tão extenso em áreas se comparado aos demais países da América do Sul. Porque foram estabelecidos modelos, táticas , promessas para que determinados indivíduos (índios), grupos, que já conheciam o espaço, demarcassem, defendessem seu espaço, além do que, "conquistasse o espaço do outro. Um processo de dominação onde muitos se aliavam pois não tinham escolhas. Ocupavam espaços estratégicos e brigavam por outros, acreditando levar vantagens frente as promessas do Europeu.. Homogeneização, se você não quer aderir então você serárejeitado, sufocado, dizimado. Quem governa,muitas vezes é governado!

A educação precisa ir além do capital, precisa estar fora do conceito de competitividade, fora da lógica capitalista. A educação silencia aqueles que são diferentes. É preciso entender que aprender a cultura do outro não significa deixar a minha de lado.

O índio não precisa rejeitar a sua cultura, sua etnia, pois ser índio, não depende do lugar em que está inserido. 

Multicultural e pluri étnica  em contraposição a monocultura.

Exótico, fora da minha ótica. Não se relaciona a mim.

Vale lembrar a batalha de Tuksson, que foi a maior matança de índios nos USA. e hoje, para apagar, para reparar, para chamar a atenção , é marca , é simbolo de status. Ou seja, por trás de um fato histórico ha uma rede de informação...

Outro fato, são os grupos guaranis, tidos como nômades, sempre migrando em busca de uma terra sem mal, espaços distantes em busca da terra boa para sua sobrevivência. Para manutenção de sua etnia.

Os Tupinambás eram vistos como bárbaros por conta do canibalismo, eram muito diferentes , Tido como exóticos.

Hoje o povo indígena, como muitos outros povos vivem numa metrópole  ou mesmo numa megalópole.
Todavia , muitos tem perdido sua identidade, suas raízes ideológicas, fruto do convívio com demais povos, fruto de rejeição e da não aceitação de um ou mais grupos.

O índio, na visão de muitos, só será aceito e ou considerado de apresentar/preservar seus hábitos, suas vestimentas, seus adereços, seus rituais e costumes, suas características específicas. Só assim garantirá espaço . Não.  Ser hindígena ou não, está na etnia e não nas escolhas, afirma a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha.

O Serviço de Proteção ao Ìndio - SPI - foi criado em 1910 e operou em diferentes formatos até 1967, quando foi, então, oficializado, responsável pela promoção e proteção aos direitos dos povos indígenas por todo o território nacional - FUNAI -  Fundação Nacional do Ìndio, e que vigora até os dias de hoje. 
Em 1973 foi promulgado o estatuto do Ìndio, LEI 6001 , estatal, baseado no código Civil Brasileiro, elaborado desde 1916.
Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon abre espaço as fronteiras, aos países para adentrarem as terras e explorarem, e,  quem aceitava tornava-se parte do grupo e os que resistiam, eram exterminados. E, só na constituição de 1988 é que o índio passa a ser visto e respeitado. Foram anos de luta, porém ainda se mantém fora do contexto capitalista. Em alguns locais há a preservação, o respeito e a consideração, demarcada por espaços do tipo: Rodovia dos Tamoios; Rio Tiête; São Miguel Paulista; Itapecerica da Serra entre outros, lembrando que todos esses lugares eram aldeias indígenas.
Assim como o Marechal Rondon , mesmo que indiretamente, abre espaço ao índio, os irmão Villas Boas, também, respeitando suas origens culturais. E Darcy Ribeiro dá continuida , de ao que Rondon estabeleceu...Porque mesmo sendo do exercito , aqueles que aderiam aos seus mandatos, se tornavam amigos e eram respeitados e defendidos por ele.

É preciso resgatar a contribuição sócio-política e econômica, pertinentes a história do Brasil. Não dá para falar em questões sociais, econômicas, geográficas, políticas sem inserir o índio, assim como o negro, assim como os negros, os emigrantes sejam eles da Europa, das Américas ou do continente Africano, enfim, todos que contribuíram para a formação do nosso país, a fim de que toda a nossa sociedade possa se sentir parte do processo, pertencente a essa cultura miscigenada, um povo rico em diversidade.

Em 17/06/2004 se insere uma resolução sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicos raciais e para o Ensino de História e Cultura afro-brasileira e Africana. já apontando caminhos para se trabalhar a questão da diversidade e sua contribuição.
São muitos os documentos que estabelece que em todo o currículo, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, aconteça esta obrigatoriedade, incluindo tais disciplinas/conteúdos específicos.
É um movimento que se configura tanto no âmbito social quanto acadêmico.

Considerando que nos tornamos uma sociedade multicultural e  que são significativas  as contribuições , uma sociedade formada por diferentes culturas. E pensar na formação de uma sociedade onde múltiplos grupos convivem é pensar numa sociedade poli étnica.  tornando-se capazes de interagir e de negociar objetivos comuns , que garantem a todos, respeito aos direitos legais e valorização da sua identidade., em busca da consolidação da Democracia Brasileira.

È preciso prever espaço, tempo de formação  e preparo, práticas mais efetivas no âmbito escolar.

Vivemos numa "COSMOGOGIA" , no qual se inserem diferentes visões para um determinado contexto - diferentes padrões sócio-culturais.

É importante criar espaços, parcerias para que chegue à escola, entidades, grupos específicos, promovendo suporte /contribuindo , corrigindo posturas, palavras, hábitos, atitudes de desrespeito, de não aceitação, estabelecendo vínculos necessários para que o espaço seja , realmente, garantido e que haja comprometimento e reconhecimento, criando mecanismos que garantam tais ações. Pois ainda há poco material a ser explorado e também , uma certa resistência. Faz-se necessário dar visibilidade, trazer para a escola personalidades que fazem e fizeram parte e que lutam para que seus direitos sejam atingidos. Para que o que se aplique como aula, não seja o que todos já conhecem, para que se saia da zona de conforto, 

Trabalhar de maneira significativa cada questão, seja ela política, social, seja a arte, a cultura, os alimentos, as crenças, enfim, estudos específicos, para que não se reproduza só os relações sociais e valores dominantes de determinados grupos. É preciso mostrar as resistências , as lutas para que este espaço esteja , agora, estabelecido.

O direito a diferença.
São reconhecido aos índios sua organização social, por meio do artigo 231 que garante  e reconhece suas origens, o respeito a suas raízes, costumes e tradições. O direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Competindo a União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Serem índios e de permanecerem como tal .

O direito a voz se faz presente quando se entende, se educa, lê, participa, pesquisa, entende por meio dos estudos sociais, da filosofia, enfim, de tudo que proporcionará autonomia e a busca por direitos comuns a todos.
Hoje o IBGE soma 896.917 índios no Brasil ; 324.834 cidades/comunidades; 243 povos falantes em mais de 150 línguas. E na época  da chegada dos Europeus somavam-se cerca de 1000 povos e que foram extintos em sua maioria.

O índio se torna um ser político e se tornando ele busca espaços, respeito a sua diversidade, garantias, e torna-se obrigatórios os estudos sobre a cultura e a luta,,  aliás, tanto do negro quanto do índio, em prol de seus direitos como cidadão, pertinentes e pertencentes à história do Brasil.  Atores protagonistas de nossa história com seus direitos preservados e garantidos.

A Lei 11.645  de 10 de março de 2008 altera a Lei 9.394 de 20/12/1996  modificada pela Lei 10.639 de 09/01/2003

Mario D'Zuru'ra conhecido como Juruna, foi o primeiro deputado federal índio do Brasil. Sua voz fez-se ouvir no congresso nacional. Ele teve a astúcia de gravar, de usar as tecnológias e gravar o que o homem branco dizia fazer e não fazia. Do que prometia e nada se cumpria.



"Quem não se vê , não se reconhece.
 Quem não se reconhece, não se identifica., 
não se ama, não se tem estima, não se interessa por nada"?

Educação e Relações Étnicos Raciais

Políticas, Práticas e Diferenças


Lei 10.639 / 2003
Lei  11.645/ 2008
Povos historicamente invisibilizados e, consequentemente,  excluídos.


A sociedade brasileira está permeada, calcada e estruturada sob o prisma do racismo, e nesse contexto, todos participam.
A escola, enquanto instituição social também está carregada de pré conceitos e racismo, reforçando esta visão à  medida que socializa determinados valores, por meio dos materiais didáticos, reiterando um pensamento naturalizado , perpassado pelo racismo.

Racismo por sua vez, é um complexo sistema de práticas e convenções que promovam segregações de parte da sociedade, a partir de características físicas e sociais de determinados sujeitos. . É todo sistema de segregação e perversidade a partir do fenótipo ,  que é o conjunto de características  visíveis de um individuo ou de um organismo, em relação a sua constituição e as condições do meio ambiente. bem como sua  característica cultural, 

A sociedade racista é aquela que pratica para beneficiar-se, que acolhe um e exclui o outro. Considerando  que não basta praticar o racismo de maneira intencional, consciente, só o fato de o sujeito estar a par, vivenciar, perceber, ser conivente e não ter atitudes de intolerância, por tal ato, também é denominado racista.

E o Racismo Institucional acontece quando as estruturas e instituições atuam de forma diferenciada em função de suas características físicas ou culturais.

Políticas afirmativas são as ações relevantes por parte do poder público a fim de restabelecer a ordem e o respeito. Dái a questão das cotas para os afro-descendentes, são ações que visam reparar danos, um quesito dentre muitos outros das políticas afirmativas. Uma medida entre muitas outras que venha favorecer um determinado grupo por um certo período de tempo, causando-lhe prejuízos de toda e qualquer ordem, por conta do pré-conceito e ou da discriminação.

Pré-conceito é conceito antecipado de algo, alguém, alguma atitude.
E este é um termo baste explorado pela sociedade.

Discriminação se traduz por distinção.

Raça, na sociologia é aceito como categoria de análise de diversas áreas.

Raça ou Etnia, grupo de pessoas cujas características são comuns a determinado grupo, ligadas por uma origem comum.
Lei  10.639 /2003 esta, estabelece o estudo das africanidades no Currículo, com ações, onde os militantes do povo negro, reivindicavam garantias  e espaço, incluindo ações sobre educação  visando o combate ao racismo. Pois este movimento já acontecia desde a constituição de 1988.

Em 1995 houve outro movimento marcante denominado" Marcha Zumbi dos Palmares" que apresentou um programa ao Governo Federal, apontando a necessidade de um documento intitulado "Programa de Superação do Racismo e da Desigualdade Racial" E em meio a mais este movimento a LDB/1996 estabelece o ensino sobre  à Educação Etnico Racial,  agora, assegurada pela legislação, até porque houve também outro movimento importante em que se deu Á Conferência Mundial de Direitos Humanos, em junho de 1993, em  Durban, um dos documentos , foi a Carta das Nações Unidas,  em que entre outros temas abordados foi a questão de desenvolver e estimular o respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião, em especial , a  xenofobia que foi amplamente debatido, à  medida que se estabelece discriminação por conta da desconfiança, antipatia ou rejeição a pessoas de outros  países. E com mais este importante  movimento, em 2001 se estabelece as Ações Afirmativas.

Em 2003, foram criadas as Secretarias  especiais de Políticas e Prevenção da Igualdade Social., um marco que efetivou a Lei 10.639 e a partir daí, a obrigatoriedade  do Ensino  de História e Cultura Afro-brasileira, a luta dos negros, sua cultura, sua formação social e sua contribuição para formação da nossa sociedade.
Portanto todo currículo deve incluir, em especial , nas áreas de Literatura e Educação Artística, estudos não só sobre a cultura afro mas também sua economia, sua história , sua religiosidade , seus costumes, enfim, seu mundo.



Daí o dia 20 de novembro ser uma data estabelecida, acrescentada ao calendário escolar como "Dia Nacional da Consciência Negra".  Um dia voltado para reflexão e  mobilização em prol da luta e das conquistas.
Reposicionando o povo negro, chamando a atenção para a sua contribuição histórica, política e social, pois ele faz parte do contexto histórico.

Portanto, é preciso rever práticas e condutas, construindo uma educação anti-racista.
O tema é oportuno é a transversalidade permite trabalhar desde a educação Infantil até os estudos universitários, tamanha sua abrangência e relevância.

Programa Mais Educação

Mais Educação



 O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO 

Apresenta alguns eixos, tais como:  Qualidade;   Currículo e Qualidade Social da Educação; Currículo como espaço da valorização ética da vida humana ; Qualidade social como acesso ao conhecimento ; Ampliação do acesso e atendimento a toda a população, não se antagoniza à produção pedagógica de qualidade ; O educando e sua aprendizagem compõem o foco central de qualquer projeto; Compromisso das equipes gestora e docente com a aprendizagem dos educandos; Formação dos professores de acordo com os princípios acima; Envolvimento de todas as instâncias nos processos educacionais.


O sistema de ensino define e orienta, com base em critérios pedagógicos, mecanismos necessários entre educação e demais áreas para que haja total atendimento a demanda.
As creches e pré-escolas possuem um carácter institucinal e educacional. 
No âmbito, políticas para a infância, se realiza em diferentes contextos: saúde; cultura; esporte; lazer; proteção social e assistência social.

As instituições de educação infantil estão submetidas a mecanismos de credenciamento, reconhecimento e supervisão de ensino em que se acham integradas, garantindo espaços de educação coletiva.

A função Sócio Política e Pedagógica da Educação Infantil, primeiro espaço da educação coletiva, Com vistas a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos, são compromissos a serem perseguidos pelos sistemas de ensino. Considerando que ainda há muitas desigualdades socioeconômicas, étnico-raciais e regionais.

Assumindo a responsabilidade na educação coletiva das crianças, complementando a ação das famílias, onde creches e pré escolas constituem espaços/locais ,pontos estratégicos de promoção da igualdade de oportunidades , espaço privilegiado de convivência, de construção de identidades coletivas  e da ampliação de saberes além da possibilidade de vivências de infância. Também como função sócio política e pedagógica para que as crianças usufruem de seus direitos civis, humanos e sociais, que possam se manifestar e ver suas manifestações acolhidas,

Novas formas de sociabilidade e subjetividade comprometidas com a democracia e a cidadania, com a responsabilidade socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e religiosa que ainda marcam nossa sociedade.

Definição de currículo
O tema currículo tem sido um campo de controvérsias e de diferentes visões de criança, família e escola.
No Brasil nem sempre foi aceita a ideia de construção do currículo na Educação Infantil, tema em geral, associado ao Ensino Fundamental e Médio, sendo preferido as expressões Projeto Político pedagógico. Contudo, a integração da educação Infantil ao sistema educacional impõe trabalhar de forma articulável.
Daí o PPP um plano orientador das ações da instituição, definindo as metas que se pretende, no decorrer do ano letivo. Portanto o  currículo constitui-se um instrumento, cultural e científico coletivamente formulado.
Define-se currículo como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes com o conhecimento do pratrimônio cultural, artístico e científico-tecnológico. Intencionalmente planejado e permanentemente avaliado, considerando a integralidade e a indivisibilidade da criança, diante das metas estabelecidas em meio as aprendizagens cotidianas, aos fazeres e ao que lhe é oferecido.

A visão da criança, o Sujeito do Processo

Cada criança apresenta um ritmo, uma forma de colocar-se nos relacionamentos e nas interações, assim, busca compreender o mundo e a si mesmo, testando de alguma forma as significações que constrói, modificando-se continuamente, aprende a agir e a resistir as normas da cultura do seu ambiente, construindo sua própria cultura.

Princípios éticos, aprender o valor de cada individuo, cada grupo, e essa valorização também se estende a natureza e aos espaços públicos.
Desde o princípio os alunos devem ser mediador na construção de uma visão de mundo de elementos plurais, formar atitudes de solidariedade, aprender a identificar e a combater preconceitos, questionar e romper com formas de dominação existentes na sociedade, recriadas na relação dos adultos com as crianças, e entre elas. 

Princípios políticos, educar para a cidadania sob a ótica da alteridade, o olhar para o outro, o se colocar no lugar do outro, considerando sentimentos e opiniões, sabendo mediar conflitos.

Princípios estéticos, valorização da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. O destaque as singularidades do sujeito.

Objetivos e condições para a organização curricular.
Promover o desenvolvimento integral da criança. Assegurar a educação em sua integralidade. Planejamento das atividades educativas, favorecendo a formação de competências.
Educar de modo indissociável do cuidar´, acolher, garantir segurança, proteção, alimentação, o brincar, o se expressar, ampliando suas possibilidades de ação no mundo.
Combate aos preconceitos, a valorização da diversidade, das culturas, das diferentes famílias, possibilitando o contato dos alunos com as histórias e culturas.
O direito a liberdade e a participação das crianças com deficiência, transtornos, tal como os demais.
A situação de desvantagem a que muitos estão inseridos seja, por região, crença, condição social, gênero, etnia,
O atendimento ao direito da criança em sua integralidade requer o cumprimento do dever do estado com a garantia de mais uma experiência educativa com qualidade a todos na educação infantil, oferecendo espaço adequado, profissionais adequados, comprometidos.
A necessária e fundamental parceria da família na educação infantil.
Na proposta pedagógica e curricular deve assegura espaços e tempos para a participação da família, o diálogo, a escuta, o respeito as especificidades de cada contexto - parcerias - acolhendo as diferentes formas de organização familiar, aprendendo os aspectos mais relevantes das culturas familiares, enriquecendo as experiências cotidianas das crianças.
Um trabalho integrado. participando da proposta de gestão, dos conselhos, dos projetos didáticos, das atividades, agregando experiências e saberes, muitas vezes, falando, se expressando pela criança.

A organização das experiências de aprendizagem na proposta curricular deve garantir as crianças seus direitos de viver a infância, responder as suas curiosidades, questionamentos, fortalecendo sua auto estima. Um currículo sustentado nas relações, nas interações e nas práticas educativas intencionalmente articuladas, pensadas e repensadas, experiências variadas, promotora de conhecimentos e aprendizagem, um processo planejado e continuamente trabalhado.
A organização curricular pode trabalhar em eixos; centros ; campos de atuação/experiências; módulos que devem se articular em torno de princípios, condições e objetivos propostos. Pode ser semanal, mensal, bimestral, semestral, enfim, o importante é se ater e ter total atenção as características da criança, do grupo.

O processo de avaliação é um instrumento de reflexão sobre a prática, na busca de melhores caminhos para orientar a aprendizagem. Atento a quais elementos estão contribuindo ou dificultando o processo. Acompanhar e repensar o trabalho realizado. tendo como suporte a utilização de múltiplos registros, tudo documentado.

Transição para o Ensino Fundamental - na busca de garantir um olhar contínuo sobre os processos vivenciados Portifólios, relatórios, enfim, toda documentação pessoal da criança, necessárias, prevendo formas de articulação entre os docentes da educação infantil e o ensino fundamental, onde entrarão em ação.

É considerado Educação Infantil em tempo integral 7h ou mais e parcial 4h.
As crianças que completam 6 anos até 31/03 de cada ano, devem ser matriculadas na educação Infantil.





Avaliação e Gestão Democrática Educacional

Avaliação Educacional e Gestão democrática



Escolas são ambientes formativos e as ações têm caráter  pedagógico.
À gestão  deve ser  construída  pelos  seus  membros para que haja participação , troca, diálogo, interação e,  consequentemente, transformação, mudanças nas práticas organizacionais. 
As  organizações  mudam  com  as  pessoas e, as pessoas mudam com as organizações... 

Como   se classifica  os  alunos,  como se  decide  sobre  sua  capacidade  de  continuar  os  estudos, como se estabelecem as regras de jogos, nem sempre claras como as definições concretas e comportamentais do que é participação, interesse, envolvimento nos grupos e respeito ao bem  comum,  ou  ainda,  consciência  crítica.
De acordo a Fernando José de Almeida  - Avaliação como ato de democracia  sempre foi a vilã da educação. Ao longo do tempo ela foi considerada como instrumento de “poder” do professor. Foi culpada de manter os alunos da classe baixa excluídos da escola.
A aula essencial, o lugar onde se transmite, se passa o conhecimento ao outro. E é neste espaço que se  possibilita mudanças sociais por meio do processo ensino-aprendizagem.
O conceito de avaliação da aprendizagem é um emaranhado de exigências e contraexigências: qual o  sentido  de  o  que  é  a  avaliação  e  como  se a  realiza,  quem  a  faz  e  como  a  documenta, como  observa  e  como  conclui,  em  forma  de registros, as atitudes e valores e o desempenho da aprendizagem de alunos e de turmas. lembrando que em todo mimento se está sendo avaliado, faz parte do processo humano e a partir disto se posiciona no tempo e no espaço. Se não se avalia não se enxerga , a avaliação é um instrumento de troca, e o aluno precisa ser avaliado significativamente, em cada ponto, portanto é importante estabelecer as regras,  e que se espera do educando um conhecimento, que vai ser levado em consideração, vendo o erro do aluno como uma forma construtiva. Daí , qual significado  e importância de se fazer a avaliação, e o porque de tantas provas , num espaço, num momento onde tantos apontam caminhos para a políticas públicas. Um conhecimento esperado em determinado momento/ano do ciclo, o que cada aluno deve aprender a cada ano, racionalização, o que funciona e o que precisa ser reavaliado.
Hoje  a  SME-SP  abriga  em  suas  práticas diversos setores: a Prova Brasil cujos resultados de proficiência e de fluxo geram o Ideb; a adesão das nossas escolas à Provinha Brasil, duas vezes por ano aplicada e analisada; a prova ANA - Avaliação Nacional de Alfabetização, aplicada pela primeira vez em 2014; ENEM, com a participação dos alunos do Ensino Médio   Além dessas avaliações externas, são enviadas, bimestralmente, a todas as classes de 4º ao 9ºano, sugestões de provas bimestrais  de  Língua  Portuguesa,  de  Matemática e de Ciências. O objetivo dessas avaliações ANA e Provinha Brasil apontam   caminhos para a politica pública nacional.
A  avaliação,  quando  feita  para  a  aprendizagem,  –  e  não  apenas  para  classificação ou  reprovação  –  deve  ser  objeto  de  publicização,  para  reflexão,  análise  e  tomada  de decisões sobre o processo de aprendizado e ensino vivido por alunos e professores.
Como são feitos os registros dentro da escola?  A questão da avaliação , ela é pragmática, ou seja, minhas metas estão sendo alcançadas, diagnóstica, o que tenho que fazer para chegar ao pragmático,   mediadora.
Os instrumentos , as formas de registo direcionam o percurso? quem avalia está olhando o todo, as partes ,está havendo reflexão frente as ações, e a partir disso, está se dando enfase  na proposta curricular, está sendo feito apontamentos para que tudo ocorra em harmonia, dentro do planejado. É importante  que todos os elementos da avaliação sejam eles internos ou esternos, dentro da proposta do Mais Educação, para a a partir disto traçar os percursos.
Cabe à escola:  diagnosticar e orientar os trajetos cognitivos dos alunos. Aos pais e responsáveis: cabe acompanhar e participar, dentro de seus limites e funções, da vida escolar e do desenvolvimento de seus filhos.
De um lado é importante observar  as manifestações dos problemas, verificarmos  suas causas e analisá-las com as próprias turmas e com os alunos.
Erica Maria Toledo Catalani afirma que as avaliações externas invadiram a educação brasileira marcadamente com o Sistema Nacional de Avaliação da  Educação  Básica  (Saeb),  nascido  em  1990, com dois propósitos: avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência do ensino; fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas.
As  avaliações  internas,  de  modo  geral, abrangem  a  seguinte  pergunta  fundamental: o  que  o  aluno  aprendeu  daquilo  que  foi  trabalhado/ensinado? As  avaliações  externas abrangem uma outra pergunta fundamental, mas diferente: o que o aluno deveria ter aprendido  daquilo  que  deveria  ter  sido trabalhado/ensinado? A avaliação externa pode trazer informações importantes: postulamos a existência de três níveis integrados  de  avaliação  da  qualidade  de ensino: avaliação em larga escala em redes de ensino (realizadas no país, estados ou  municípios);  avaliação  institucional da escola (feita em cada escola pelo seu coletivo); a  avaliação  da  aprendizagem em sala de aula, sob responsabilidade do professor.
Precisa haver mudanças no ensino brasileiro, pois estamos no momento da constatação, e só o tempo vai trazer mudanças, É importante saber fazer análise de dados, pensar como o aluno vai pensar, vai elaborar. É preciso recursos, é preciso material e é preciso saber utilizá-lo.
A escola ainda é uma ilha, ela exclui, ela ainda não permite questionamentos daí no Mais educação o acesso ao boletim, para que traga esclarecimentos e ou questionamentos do porque daquela nota. 
Para se pensar uma avaliação é importante levar em consideração: detalhamento dos objetivos educacionais para os quais se quer realizar a coleta de dados. objetivar quanto aos elementos conceituais, procedimentais ou atitudinais que se quer avaliar e estes devem ser de amplo conhecimento dos avaliadores e avaliados. Objetivos  educacionais  considerados  realmente relevantes de tudo o que foi desenvolvido; as questões devem  ser  escritas  com  uma  linguagem  simples, clara e direta, ou seja, evitar o excesso de textos, pois os (as) alunos (as) perdem o foco. A pergunta possui uma estrutura típica que envolve um texto-base, uma comanda e, se for de múltipla escolha, alternativas.
A comanda ou enunciado contém uma proposta  cognitiva  a  ser  exigida  do(a)  aluno(a), pode ser expressa na forma de pergunta ou na forma de sentença a ser completada. É necessário verificar que somente uma questão seja correta.
As avaliações externas  podem auxiliar a escola a pensar no seu trabalho, para isso é necessário a interpretação pedagógica dos resultados. Isso ocorre  quando  analisamos  os  resultados  das  avaliações  externas  a  partir  da escala de proficiência,  aproveitar  melhor  os resultados de avaliações externas equivale a fazer uma análise que, em primeiro lugar, busca  entender  a  finalidade  da  avaliação.
Cada avaliação procura focalizar um aspecto e requer certas especificações que muitos educadores  desconhecem.  É  necessário  conhecer  a  Matriz de  avaliação,  desvelando  o  que  cada  descritor  pretende  avaliar  e  suas  relações  com o  currículo  da  própria  unidade  escolar.
As  avaliações  externas  têm  sido  pouco aproveitadas  e  até  rejeitadas  por  educadores e  gestores,  mas  existe  a  certeza  de  que  elas têm uma função na democratização do ensino e  na  melhoria  da  qualidade  social  da  educação. Nessa direção, a formação de professores e gestores é crucial para potencializar os usos dos  resultados  de  avaliações  externas  e  de larga escala, pois se fizermos um uso voltado para a garantia do aluno ao direito à aprendizagem, elas podem permitir diagnóstico para planejamento  coletivo  e  complementar  às  avaliações internas.

EDUCAÇÃO ESCOLAR: POLÍTICA, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
(José Carlos Libâneo, João Ferreira de Oliveira e Mirza Seabra Toschi. São Paulo: Cortez, 2003)

Os  autores  propõem  uma  análise  das  transformações  em  curso  na sociedade  contemporânea  e  o  estudo  das  políticas  educacionais,  das  formas organizativas do ensino e da legislação, tendo em vista compreender a escola e a atuação dos professores nos processos decisórios concretos que ocorrem no âmbito da organização e da gestão.
Mudança na qualidade educativa: escolas / espaços  de  mudança: autonomia, gestão descentralizada avaliação. Atendimento às  necessidades  sociais  e  culturais  da  população,  sobretudo  as  referentes  à inclusão  social,  requer  uma  escola  de  qualidade  social  e  pedagógica  que socialize  a  cultura,  a  ciência  e  a  arte,  enquanto  direito  universal.
Enquanto nós não tivermos a comunidade educacional participando, tomando parte do processo decisório, compreendendo a política educacional, respondendo as determinações políticas, tendo por base a LDB , onde as escolas serão vistas como espaço de autonomia, dentro de uma gestão descentralizada, levando em consideração o pensamento de toda a equipe, onde a avaliação mede os elementos para pensar como o espaço funciona, onde será respeitada a cultura local, entendendo as necessidades da comunidade, sobretudo de inclusão social, daqueles que não tem acesso, daqueles que não tem a permanência, ou seja, a qualidade e a equidade.

A Educação escolar Pública e a Democracia  -  Jõao Ferreira de oliveira  
Novo  paradigma  - centralidade do conhecimento e da educação . Do  ponto  de  vista  político,  a  educação  constitui-se  num problema econômico, na visão neoliberal. Sociedade – busca por qualificação. A  desqualificação  - significa  exclusão  do  novo processo  produtivo.  Visão atual: trabalhador  cada  vez  mais  polivalente,  flexível,  versátil,  qualificado intelectual  e  tecnologicamente  e  capaz  de  se  submeter  a  um  contínuo processo de aprendizagem. 
A EDUCAÇÃO = MERCADORIA - Todos os textos de gestão vão dizer que passamos de educação liberal para educação neo liberal, onde o aluno é visto como produto, ele é um número.
Aqui neste contexto as áreas de humanas são menos consideradas e as áreas de exatas, mais consideradas, assim sendo, o mercado estabelece cada vez mais, uma carga cada vez maior, a partir da exploração, pois este é o modelo "ideal".Trabalhador cada vez mais polivalente, flexível, versátil, qualificado intelectualmente, submetido a um contínuo processo de aprendizagem.
A escola  tem  por  objetivo  garantir  as  condições  de  promoção  da  competitividade  exigidas  pelo  mercado,  suscitando  a  um  critério mercadológico de ensino proclamado no conceito de qualidade total. Busca-se através da  pedagogia da concorrência, da eficiência e dos  resultados, onde esta pedagogia tem sido levada a efeito, mediante:   a  adoção  de  mecanismos  de  flexibilidade  e  de  diversificação  dos sistemas de ensino e das escolas;  a  atenção  à  eficiência,  à  qualidade,  ao  desempenho  e  às necessidades básicas da aprendizagem;   a  avaliação  constante  dos  resultados  (do  desempenho  obtidos pelos alunos) que comprovam a atuação eficaz e de qualidade do trabalho desenvolvido na escola;  o estabelecimento de rankings entre os sistemas de ensino e das escolas públicas ou privadas, que são classificadas/desclassificadas;  a criação de condições para que se possa aumentar a competição entre escolas e a participação dos pais na vida escolar para a escolha entre várias escolas; a ênfase sobre a gestão e a organização escolar com a adoção de programas gerenciais de qualidade total; a valorização de algumas disciplinas  –  Matemática e Ciências -  por causa da competitividade tecnológica mundial, que tende a privilegiá-las; o  estabelecimento  de  formas  inovadoras  de  treinamento  de professores, tais como educação a distância; a  descentralização  administrativa  e  do  financeiro,  bem  como  do repasse de recursos, em conformidade com a avaliação do desempenho; a  valorização  da  iniciativa  privada  e  do  estabelecimento  de parcerias com o empresariado; o  repasse  das  funções  do  Estado  para  a  comunidade  e  para  as empresas.
Na  sociedade  contemporânea,  a  educação  pública  tem  tríplice responsabilidade: ser agente de mudanças, capaz de gerar conhecimentos e desenvolver a ciência e a tecnologia; trabalhar a tradição e os valores nacionais ante a pressão mundial de descaracterização da soberania das nações periféricas;  preparar  cidadãos  capazes  de  entender  o  mundo,  seu  país,  sua realidade e de transformá-lo positivamente.
O diretor vai articular a sua equipe de forma a responder com qualidade, respondendo as demandas daquele comunidade , dentro de uma gestão compartilhada.
Os  encargos  da  escola  indicam  três  objetivos  fundamentais  para  a construção de uma educação pública de qualidade no contexto atual:  preparação para o processo produtivo e para a vida em uma sociedade técnico-informacional: formação para a cidadania crítica e participativa; formação ética.
Ao  nos  reportarmos  a  Habermas  (1987),  lembramos  que  “...  é  possível reabilitar  a  sociedade  no  âmbito  da  esfera  pública  de  modo  que  as  pessoas possam  participar  das  decisões  não  por  imposição,  mas  por  disposição  de dialogar e buscar consenso, com base na racionalidade das  ações expressas em normas jurídicas compartilhadas.

Para Mirza Seabra Toschi - No  Brasil,  as  consequências  da  inversão  de  prioridades  educativas estariam  no  abandono  da  democratização  do  acesso  e  da  permanência  de todos na escola básica em nome da qualidade do ensino. Para  TOSCHI,  a  história  da  estrutura  e  da  organização  do  sistema  de ensino  no  Brasil  pode  ser  feita  com  base  em  pares  conceituais,  díades,  que expressam as tensões econômicas, políticas, sociais e educacionais de cada período:  centralização/descentralização;   qualidade/quantidade; público/privado.
A autora aponta que “Os  educadores  têm  caracterizado  o  termo  qualidade  com  os  adjetivos social  e  cidadã  —  isto  é,  qualidade  social,  qualidade  cidadã.  Qualidade social  da  educação  significa  não  apenas  diminuição  da  evasão  e  da repetência,  como  entendem  os  neoliberais,  mas  refere-se  à  condição  de exercício da cidadania que a escola deve promover.”
Em nome da qualidade ,medindo, constatando. Quando se fala em qualidade se responde a demanda. Uma educação não neutra, portanto tem que haver intervenções. 
A  escola pode caracterizar-se articulando aspectos contraditórios, como: opressão  e  democracia,  intolerância  e  paciência,  autoritarismo  e  respeito, conservadorismo e transformação, sem nunca ser, porém, neutra. Como  prática  social  que  faz  parte  do  contexto  geral  da  sociedade,  a educação assume diferentes modalidades.

Segundo  Libâneo  (1998),  há  uma  educação  não  intencional, informal, que se refere às influências do meio natural e social sobre o homem e interfere em sua  relação com o meio social, cujos elementos estão presentes também nos atos educativos intencionais.
Resumindo: a  educação informal, também chamada de não intencional, refere-se às influências do meio humano, social, ecológico, físico e cultural às quais o homem está exposto;  a  educação não formal é intencional, ocorre fora da escola, porém é pouco estruturada e sistematizada; a  educação  formal  é  também  intencional  e  ocorre  ou  não  em instâncias  de  educação  escolar,  apresentando  objetivos  educativos claramente  explicitados.  É  clara  mente  sistemática  e  organizada. 
O bom gestor conhece o ambiente escolar, sabe envolver as pessoas que ali trabalham, que por ali passam . Quando se esta presente, quando se exerce a autoridade sobre  o ambiente , se enxerga o outro , compartilha, posiciona-se positivamente, onde há intencionalidades, coerência, onde todos estão voltados para um mesmo princípio e valorizando as ações concretas. 
Uma modalidade não é mais importante do que a outra, uma vez que se interpenetram.

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO, OBJETIVOS DO ENSINO E TRABALHO DOS PROFESSORES 

Para José Carlos Libâneo, a gestão da escola, à instituição escolar tem a necessidade de dispor de maneiras para a realização de seus objetivos:
a) prover as condições para o funcionamento da escola além do trabalho em sala de aula; b)  promover  o  envolvimento  das  pessoas  no  trabalho  por  meio  da participação e fazer a avaliação e o acompanhamento desta participação; c) garantir aprendizagens para todos.

Perspectivas  da  gestão  educacional  centradas  na escola: à perspectiva neoliberal e perspectiva sóciocrítica.

Neoliberal: colocar a escola no centro significa: liberar  parte  da  responsabilidade  do  Estado;  as  comunidades,  as  escolas  planejam executam e avaliam suas atividades.

Na perspectiva  sociocrítica  acredita-se  que  não  só  os professores educam na escola, como também este processo é realizado pela  secretaria   da escola,  na  distribuição  de  merenda,  nas  reuniões pedagógicas, onde valorizam-se as ações concretas dos profissionais na escola, em razão do interesse público prestado.
- Amiguinho  e  Canário  (1994)  “Os  indivíduos  e  os  grupos  mudam mudando o próprio contexto em que trabalham”.

Libâneo: A organização do sistema escolar é dividida em três grandes instâncias: o sistema de ensino, as escolas e a sala de aula. O  conhecimento  desta  condição  da  escola  nos  leva  a  compreender  a autonomia relativa da escola,  dentro de uma unidade política e administrativa de gestão de um sistema. Objetivo: Funcionar bem para melhorar a aprendizagem. Gestão - atividade que põe em ação um sistema organizacional, objetivando melhor aprendizagem. Objetivo da escola: funcionar bem para melhorar a aprendizagem:
a)  professores  preparados  que  tenham  clareza  em  relação  aos  seus objetivos,  planejando  as  aulas,  desenvolvendo  avaliação  contínua, atentos  à dificuldade de cada aluno;b) existência de projeto pedagógico-curricular com um plano de trabalho bem definido com o consenso entre a direção da escola e o corpo docente e a existência de normas compartilhadas em relação ao funcionamento de horários e espaços escolares; c) um bom clima de trabalho e consenso sobre os critérios de qualidade de ensino; d) estrutura organizacional e boa organização do processo de ensino e aprendizagem; e) papel significativo da direção e da coordenação pedagógica; f) disponibilidade de condições físicas e materiais; g)  estrutura  curricular  e  modalidades  de  organização  do  currículo  com conteúdos bem selecionados e boa distribuição de alunos por sala; h) disponibilidade da equipe para aceitar inovações;
Estas características não devem ser impostas de forma rígida, cabendo aos  docentes  captar  de  forma  crítico-reflexiva,  o  consenso,  discutindo  as inovações.
Na rede de relações recíprocas os professores precisam desenvolver seu trabalho considerando que: a) a direção precisa prover as condições para que a administração e as salas de aula realizem seu trabalho; b)  o  que  os  alunos  aprendem  em  uma  série  influenciará  sua aprendizagem na série seguinte; c) as normas disciplinares precisam ser comuns para toda a escola; Em  suma,  o  exercício  profissional  do  professor  compreende  três atribuições:  a docência, a atuação na organização e na gestão da escola e a produção de conhecimento pedagógico.“A escola é o local do trabalho docente e a sua organização é o espaço de aprendizagem da profissão de professor. Sabemos que o objetivo primordial da escola  é  a  questão  das  aprendizagens  dos  alunos  e  a  qualidade  desta aprendizagem, saindo dentro do trabalho de sala de aula dos docentes, levando a  uma  dependência  recíproca  que  ocorre  entre  o  desenvolvimento profissional e o desenvolvimento organizacional. Ao adotarem-se práticas participativas, a gestão cria uma comunidade de aprendizagem, ou seja, uma comunidade democrática, aberta, de aprendizagem, de ação e de reflexão”.
“Em  seu  sentido  geral,  podemos  afirmar  que  a  administração  é  a utilização racional de recursos para a realização de fins determinados. (...) . Os  recursos  (...)  envolvem,  por  um  lado,  os  elementos  materiais  e conceptuais que o homem coloca entre si  e a natureza para dominá-la em seu  proveito;  por  outro,  os  esforços  despendidos  pelos  homens  e  que precisam  ser  coordenados  com  vistas  a  um  propósito  comum  (...)  A administração  pode  ser  vista,  assim,  tanto  na  teoria  como  na  prática, como  dois  amplos  campos  que  se  interpenetram:  a  “racionalização  do trabalho” e a “coordenação do esforço humano coletivo” .
A gestão participativa .
Para  o  autor,  a  participação  é  o  principal  meio  de  assegurar  a  gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. 
A  direção  da  escola,  além  de  ser uma  das  funções  do  processo organizacional, é indispensável dado o seu caráter de ação social e pedagógica, articulando,  por  essa  razão,  os  objetivos  políticos  e  pedagógicos  construídos com intencionalidade. Como dirigente, cabe o diretor  desenvolver uma visão de conjunto e uma atuação  que  apreenda  a  escola  em  seus  aspectos  pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais.
Princípios  da  concepção  de gestão democrático-participativa: ►autonomia da escola e da comunidade educativa; ►relação  orgânica  entre  a  direção  e  a  participação  dos  membros  da equipe escolar; ► envolvimento da comunidade no processo escolar; ► planejamento de atividades; ►  formação  continuada  para  o  desenvolvimento  pessoal  e  profissional dos integrantes da comunidade escolar; ►  utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos aspectos, com ampla democratização das informaçes; ► avaliação compartilhada; ►  relações  humanas  produtivas  e  criativas,  assentadas  em  busca  de objetivos comuns.
A  organização  escolar  democrática  implica  não  só  a  participação  na gestão, mas a gestão da participação. São quatro as funções constitutivas desse sistema: a)  planejamento:  explicitação  de  objetivos  e  antecipação  de  decisões, prevendo o que se deve fazer para atingi-los; b)  organização: racionalização de recursos humanos, físicos, materiais, financeiros, criando e viabilizando as condições e modos  para realizar o que foi planejado; direção/coordenação:  coordenação  do  esforço  humano  coletivo  do pessoal da escola; d) avaliação: comprovação e avaliação do funcionamento da escola.
Desenvolvimento de práticas de gestão participativa.
1. Ações a serem desenvolvidas - 1) Formação de uma boa equipe de trabalho. Um grupo de pessoas que  trabalhe  junto,  de  forma  cooperativa  e  solidária,  para  a   formação  e aprendizagem dos alunos. As  características  seguintes  ajudam  a  identificar,  nas  escolas,  a existência do trabalho em equipe. a)  O  grupo  de  profissionais  assume  disposições  pessoais  de  construir conjuntamente uma equipe, de tomar decisões coletivamente, de pôr em prática o que foi decidido e de cada segmento fazer sua parte no conjunto da estrutura organizacional. b)  O  projeto  pedagógico-curricular  é  realizado  com  a  participação  e  a  colaboração dos membros da equipe, definindo a escola que desejam e o futuro que esperam dela. experiências e deliberações cooperativas sobre medidas e ações práticas. d)  Há  uma  busca  intencional  de  consenso  sobre  os  problemas  e  as soluções  sem,  todavia,  esconder  as  diferenças,  os  interesses  pessoais,  os conflitos, as divergências, as relações de poder. Há o entendimento da equipe acerca das formas de gestão, admitindo que  na  estrutura  organizacional  existam  papéis  diferenciados  (direção, coordenação  pedagógica,  docência,  administração),  com  base  em  diferentes especialidades,  embora  todos  devam  atuar  cooperativamente  para  a consecução dos objetivos de aprendizagem dos alunos. f)  Na  perspectiva  sociocrítica,  os  objetivos,  as  condições  de funcionamento organizativo, as mudanças organizativas e pedagógicas devem estar  subordinados  a  princípio  e  valores  emancipadores,  com  os  quais  se superem  as  contradições  e  os  bloqueios  que  impedem  os  indivíduos  de desenvolver o próprio potencial e construir as próprias atividades.
Em  uma  comunidade  democrática  de  aprendizagem  considera-se  a necessidade de explicitação de objetivos e meios e a importância dos aspectos culturais e subjetivos, mas se atribui peso prioritário às exigências do contexto social e histórico da ação organizativa escolar.A comunidade de aprendizagem está associada à ideia de participação ativa de professores, pedagogos e alunos–  por meio de reuniões, de debates, de aulas, de atividades extra-classe –  nas decisões relacionadas com a vida da escola,  com  os  conteúdos,  com  os  processos  de  ensino,  com  as  atividades escolares de variada natureza, com a avaliação, possibilitando a construção de competências coletivas, tais como: ► capacidade de comunicação e de expressão oral;  ► facilidade de trabalhar em grupo;  ► capacidade de argumentação;  ►desenvolvimento  de  formas  de  enfrentar  problemas  e  situações difíceis. 

Nesse  sentido,  requer  dos  dirigentes  (diretores  e  coordenadores pedagógicos)  capacidade  de  liderar  e  de  gerir  práticas  de  cooperação  em grandes grupos.
Dessa forma, a construção de uma comunidade de aprendizagem requer: consenso mínimo sobre valores e objetivos; estabilidade do corpo docente e tempo integral numa escola; metas pertinentes, claras e viáveis; capacitação  de  docentes  para  o  trabalho  em  equipe  e  em habilidades de participação; promoção de ações sistemáticas de formação continuada, para o  desenvolvimento profissional. 
Libâneo  enumera  e  apresenta  as  competências  profissionais  a  serem desenvolvidas pelo pessoal da escola: 1)  aprender  a  participar  ativamente  de  um  grupo  de  trabalho  ou  de discussão, a desenvolver competência interativa entre si e com os alunos; 2) desenvolver capacidades e habilidades de liderança; 3)  compreender  os  processos  envolvidos  nas  inovações  organizativas, pedagógicas e curriculares; 4) aprender a tomar decisões sobre problemas e dilemas da organização escolar, das formas de gestão, da sala de aula; 5) conhecer, informar-se, dominar o conteúdo da discussão para  ser um participante atuante e crítico; 6) saber elaborar planos e projetos de ação; 7) aprender métodos e procedimentos de pesquisa; 8)  familiarizar-se  com  modalidades  e  instrumentos  de  avaliação  do sistema, da organização escolar e da aprendizagem escolar. A  direção  se  constrói  e  se  legitima  na  participação,  no  exercício  da democracia  e  na  competência  da  construção  coletiva  do  projeto  pedagógico que reflita o projeto de homem e da sociedade que se quer. 
PPP – documento norteador do processo: Igualdade - Qualidade  - Gestão Democrática - Liberdade  - Valorização do magistério.
Para Gadotti e Romão (1997), o Projeto Político Pedagógico deve ser entendido como um horizonte de possibilidades para a escola. O Projeto imprime uma direção nos caminhos a serem percorridos pela escola. Ele se propõe a responder a um feixe de indagações de seus membros, tais como: qual educação se quer e qual tipo de cidadão se deseja, para qual projeto de sociedade? O PPP propõe uma organização que se funda no entendimento compartilhado dos professores, alunos e demais interessados em educação.
Projeto: explicita, imprime uma direção nos caminhos a serem percorridos pela escola.
Político: Todas as intenções da escola, conferem-lhe o caráter POLÍTICO, porque ele representa a escolha de prioridades de cidadania em função das  demandas sociais. 
Pedagógico: organiza e sistematiza as intenções em ações educativas alinhadas com as prioridades estabelecidas.
A participação dos professores na elaboração e execução do PPP é que garantem o acesso à aprendizagem dos alunos e  a educação inclusiva.O PPP na prática: Os professores constroem a democracia no cotidiano escolar por meio de pequenos detalhes da organização da prática pedagógica. o modo de trabalhar os conteúdos com os alunos;  a forma de sugerir a realização de atividades na sala de aula;  o controle disciplinar;  a interação dos alunos nas tarefas escolares;  a sistematização do  AEE no contra turno;  a divisão do horário;  a forma de planejar com os alunos;  a avaliação da execução das atividades de forma interativa.
A gestão é o lugar que põe em ação o sistema educacional. É necessário conhecer o sistema / o ambiente escolar, envolver a equipe, todos, dentro de propostas positivas, coerentes e condizentes, regadas de intencionalidades, onde todos estejam voltados para o mesmo princípio. Tudo estabelecido e organizado  e pautado dentro de um projeto político pedagógico, efetivamente participativo e estruturado, onde o currículo seja construído dialogicamente. Ações compartilhadas onde o diretor saiba delegar funções administrativas, articular sua equipe, de forma a responder as demandas da comunidade, de forma qualitativa, exercendo autoridade sobre o ambiente, que haja consenso, atuação, respeito, diálogo, levando a um bem maior, que é a Educação.
As ações do gestor precisam estar permeadas por uma ampla democratização das informações, da organização, da transparência e da busca dos objetivos, comum a todos, Onde as avaliações apontarão possíveis falhas, e ou benefícios,  E que também haja racionalidade no uso dos recursos materiais assim como os conceituais, coordenado coletivamente, construindo com autonomia e intencionalidades,



Na Práxis da Educação Popular

Na Práxis da Educação Popular

Antonio Fernandes Gouveia da Silva




"(...) vivemos num mundo confuso e confusamente"

"Para se construir a humanização é preciso reconhecer a desumanização" Paulo Freire

A chamada globalização e suas mudanças no processo produtivo, desencadeia processos de desconstrução de melhorias, onde o capitalismo desapropria, tira, reduz a noção de trabalho a emprego, explorando e extraindo do indivíduo o máximo de sua condição, uma corrida pela sobrevivência, uma constante busca em prol de uma ideologia do consumo.

A revolução tecnológica resultante do desenvolvimento das forças produtivas permitiu, contraditoriamente, um controle ainda maior dos processos de trabalho por parte dos detentores e, consequentemente, aumento da alienação dos trabalhadores, Um espaço modelado onde os indivíduos se tornam robôs, capazes de consumir dócil e vorazmente. Numa mera reprodução do que vê, do que esculta e consequentemente absorve.

Daí a importância de uma Educação Libertadora, partindo da realidade concreta e das ideologias desconstruindo, desmistificando e esclarecendo, fruto da consequência de uma opção de modelo de desenvolvimento adotado desde meados de 1990. 

Um estado organizador da vida em sociedade.

Um grupo insensível, autoritário e desumano, aliado aos capitalistas.

Percebe-se que o espaço virtual possui a dimensão do que  "aqui" onde não há espaço para o distante ou o próximo, o invisível, a indiferença. O que realmente interessa é o "agora", onde também não há o antes e o depois, o passado e o futuro, o escoamento e o fluxo temporal.

Ora, as experiências de espaço e tempo são determinantes de noções como identidade e alteridade, subjetividade e objetividade, casualidade, necessidades, finalidades,acaso, liberdade, contingência, desejo, virtude e vício. E tudo isso deixa de ser operante quando nos tornamos virtuais, manipulados e conduzidos, um poder criador da realidade. 
A onipresença, promovendo desenraizamento, massificação e alienação.

Daí a necessidade de uma educação problematizadora, que faça o indivíduo refletir, questionar, desvelar, perceber e reconhecer, onde tudo ocorra numa concepção dialógica.
                                          
É esta informalidade somada ao ensino formal, técnico-científico que deverá fazer parte do cotidiano escolar. Estabelecendo relação entre educação, trabalho e vida social um espaço de compreensão da vida para além da formalidade, com objetivos e finalidades  dentro de um contexto de alteridade. Um país justo e solidário.

A revolução se constrói cotidianamente, a educação como prática social pode manter e ajudar a enfraquecer assim como fortalecer as estruturas injustas, com finalidade humanizadora. por meio do diálogo , sem deixar de lado os estudos científicos, porém ,  partindo da realidade concreta do individuo.
E de que modo os agentes sociais, governo federal, estados e municípios contribuem para que tais intervenções aconteçam!? 

Essa realidade se  dá de maneira institucional e maiormente social. Por outro lado consiste em todos esses fatos e todos esses dados e mais a percepção que deles esteja tendo a população envolvida, Uma relação dialética entre o objetivo e o subjetivo.

Problematização  -  Planejamento  -  Ação

Com a disciplina da leitura e organização do pensamento, o leitor vai aos poucos descobrindo e aprendendo sobre a trama pedagógica que transforma educador e educando em sujeitos do processo educativo. Dotados de saberes diferentes, porém , não inferiores ou superiores uns em relação aos outros.

A educação se torna libertadora quando pautada pelo diálogo, onde se escuta as falas significativas, onde os questionamentos são considerados, pois não havendo diálogo, nossa relação se dará sobre e não com o individuo. É uma relação de causa e consequência, um " efeito dominó", onde se desvenda/supera, desvenda/supera. atentando-se que a educação sozinha, sem contextualização não faz transformações, não promove mudanças.

Numa Educação Freiriana dentre os afazeres, destaca-se o momento participativo de se organizar e planejar/organizar as atividades, com critérios adotados para a seleção de conhecimentos,  metodológicos, intencionalmente significados, desencadeador de um pensamento e posicionamento crítico e prático em relação as necessidades e contradições existentes. Consciente e intencional, de maneira explícita, assumindo gradativamente uma intervenção pedagógica emancipatória na prática sociocultural e econômica, onde parte-se do conflito, tira-se da zona de conforto, contextualiza e transforma, a partir do diálogo entre saberes, rompendo com a dissociação entre o saber científico e a cidadania, até então dominante. Aqui, a apreensão do conhecimento é construída coletivamente, a partir da análise das contradições vivenciadas na realidade local. que estão comprometidos com a construção de uma prática sócio cultural crítica, justa, igualitária, superando os obstáculos ideológicos, predispondo-se a análise da realidade imediata, arquitetando fazeres transformadores.

Se fazer um levantamento da realidade local, do que é significativo naquele espaço, elaborando questões, planejando para intervir e por fim , norteando o trabalho. O levantamento é a busca de dados estatísticos; econômico; cultural; linguístico e político. Considerando a realidade local como ponto de partida, fazendo uma reconstrução articulada. 

Demanda registrar concepções de mundo e sistematizar discussões em seus diferentes momentos de análise da realidade problematizada. Sem esse registro pode-se tornar bancária, onde só se deposita ou então pragmática, onde só se determina.

Sistematizando a denúncia das relações de poder  e de interesses hegenômicos, escarnoteadas e incobertas pela ideologia arraigadas nas práticas socioculturais tradicionais.

Para Paulo Freire a conscientização não está baseada na cisão entre consciência e mundo, mas na relação entre ambos, no ato de "tomar posse da realidade", cisão nos termos em partes para que voltando-se a ele, como totalidade, melhor conhecê-lo". Há um processo sucessivo de aproximação e distanciamento, das contradições em que os indivíduos estão envolvidos.
Uma consequência da análise da realidade sempre dentro de um processo dialógico, norteando o caminho, balizando as alterações, convergindo e ´propiciando a interação entre os conhecimentos a partir da demanda , analítica das partes , fragmentadas, epistemológicas, relacionais e históricas e a realidade local. Uma rede de relações, promovendo consciência crítica participativa.

Ensinar exige rigorosidade metódica pois, " A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a se dá e a que me dou e de cuja compreensão fundamental me vou tornando também sujeito".

Pensar certo e não estar demasiadamente certo de nossas certezas. Entrar no ciclo gnosiológico, onde o ensino em que se ensina e se apreende.  Se ensina o conhecimento já existente e o que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. 
Dodiscência: doscência/discência, práticas concebidas por estes momentos gnosiológicos,

Intervindo no mundo vamos conhecendo o mundo, ao ser produzido o conhecimento novo e se faz "velho" e se dispõe a ser ultrapassado por outro amanhã. Precisamos estar abertos e aptos á produção do conhecimento ainda não existente.  "Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago".

Faz parte da prática docente a indagação, a busca , a pesquisa."pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo , educo e me educo."

Cidade Educadora - Cidadania

Conceito de Cidade Educadora




PRINCÍPIOS DE UMA CIDADE EDUCADORA

            Trabalhar a escola como um espaço comunitário; Trabalhar a cidade como um grande espaço educador; Aprender na cidade, com a cidade e com as pessoas; Valorizar o aprendizado vivencial; Priorizar a formação de valores.

Ser cidade educadora, é compromisso de todos: municípios, sociedade civil pública e privada, na construção de uma cidade mais educadora, cidadã, democrática e solidária. 
É ver-se empenhada na intervenção da educação de todos ao longo da vida; é firmar-se no local, percebendo-se num mundo global; é estar aberto a outras cidades e outros projetos, numa construção que valorize um trabalho em rede; é se propor a trabalhar para o desenvolvimento de comportamentos que implementem a qualidade de vida dos seus cidadãos; é constituir-se como uma proposta integradora da vida comunitária.

Comprometer-se em agregar num projeto político, os princípios de uma cidade educadora. 

Comprometer-se, em prol de objetivos comuns,  num esforço organizado de trabalho em rede.

A cidade educadora deverá oferecer a todos os seus habitantes uma formação sobre os valores e as práticas da cidadania democrática: respeito; tolerância; participação;  responsabilidade ; interesse pela coisa pública, seus programas, seus bens e serviços.

Para que uma cidade se transforme em educadora, é necessário que assuma através de suas políticas, a intencionalidade formativa nos seus projetos, com vista a apoiar o desenvolvimento integral do cidadão. A cidade educa através das instituições e das propostas culturais que veicula, das políticas ambientais, etc. Portanto, é preciso repensar o potencial educativo das cidades, promovendo a interação entre as pessoas, revalorizando os espaços comunitários e as instituições. E a questão da cidade educadora deve ser entendida como uma gestão diferenciada de cidade, em que se garante aos seus habitantes, ao longo da vida e "em condições de liberdade e igualdade, os meios e oportunidades de formação, entretenimento e desenvolvimento pessoal" (Carta das Cidades Educadoras).

O atual sentimento de orfandade ou indiferença em relação à questão pública precisa ser superado através da possibilidade dos cidadãos se sentirem parte das decisões e do poder público garantir instâncias efetivas de participação e condições para a compreensão dos processos.

A autonomia é garantida quando o cidadão é protagonista da sua história.

É pressuposto importante que a escola deva: rever seu currículo continuamente e  adaptar-se ao contexto da comunidade em que está inserida. Inovar suas práticas, indo além dos seus muros; incluir as novas tecnologias e mídias no seu trabalho; garantir condições para que o saber e o desenvolvimento pessoal e social sejam valores indiscutíveis para sua comunidade escolar.
O trabalho da escola colabora indiscutivelmente para o sucesso da construção de cidades que se desejam educadoras.

O conceito de Cidade Educadora pressupõe a intencionalidade educativa das políticas públicas em geral, entendidas de forma ampla e não apenas por parte das secretarias municipais de educação. As cidades brasileiras só poderão efetivamente ser Cidades Educadoras quando seus governos locais garantirem um caráter educativo, integrador e plural às suas ações como um todo.

Delegar, única e exclusivamente ou predominantemente, à escola a função da promoção de uma cidade educadora, caracteriza um desafio injusto e intransponível para a mesma.

Quando o assunto é cidadania, logo vem  à ideia a questão dos direitos.Os direitos, para melhor entendimento, podem ser agrupados em três instâncias : os direitos civis, os direitos políticos e os sociais.

Direitos civis: São os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade diante da lei. Os direitos civis, garantem a vida em sociedade. Se desdobram em garantia de ir e vir,de escolher o trabalho, de manifestar o pensamento,de organizar-se, de ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência.

Direitos políticos: Referem-se à participação do cidadão no governo da sociedade. Seu exercício é limitado a uma parcela da população e consiste na capacidade de fazer demonstrações políticas, de organizar partidos, de votar e de ser votado.  A garantia da participação da sociedade no governo se dá pelos direitos políticos.


Direitos sociais: Garantem a participação na riqueza coletiva.

Os direitos sociais, incluem o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria.  Os direitos sociais permitem às sociedades politicamente organizadas, reduzirem os excessos de desigualdades e garantir um mínimo de bem estar para todos. 

O Cidadão Pleno, é portador de todos esses direitos. 

O cidadão incompleto é o que possui parte desses direitos. E, não é Cidadão aquele que não possui nenhum desses direitos.