Aprendizagem Significativa em Meio as Leituras

   APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM MEIO AS LEITURAS



Considerando que ensinar está intimamente ligado a ouvir, pois se o foco de ação precisa ser a potencialização dos sujeitos, o sujeito que ocupa o lugar de quem ensina, precisa ele próprio, estar atento aos outros, estar atento ao que ele mesmo fala, ouvindo o que se apresenta, não apenas como resposta aos estímulos que provocou, mas principalmente como forma de buscar elementos que signifiquem seus estímulos. Daí a aprendizagem significativa. Pois, considerando que o sujeito que aprende, apreende, conta, dialoga, cria novos estímulos, expressa muito de si e da sua visão de mundo, e que diante de sua capacidade de expressar seus saberes, esta se aprimorando, com suas próprias ações, gerando assim um contínuo desenvolvimento.
O conceito de aprendizagem significativa pressupõe um encontro entre o sujeito e o conhecimento, e também com vários sujeitos, visto que o processo de conhecer, raramente se dá de forma isolada. Trata-se do movimento de transformar informação em conhecimento, que se dá por meio das relações complexas entre aprender e ensinar, pois é na interface entre o novo e o que o sujeito sabe, conhece e vivência, que surge o conhecimento. Certo é que ensinamos quando aprendemos e precisamos aprender para ensinar.
De acordo a Paulo Freire “o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa” (Freire, 1987, p.68).
Essa relação de mão dupla entre as duas dimensões do processo de conhecer revigora o desejo. Desejo de conhecer, de estar inserido no contexto escolar, de compartilhar.

    Novos Olhares ao Processo de Aprendizagem


Fala-se muito em sociedade do conhecimento e agora também em sociedade aprendente. É importante saber decodificar criticamente e encarar positivamente o desafio pedagógico expressado numa série de novas linguagens.
Toda educação implica doses fortes de instrução, entendimento e manejo de regras e reconhecimento de saberes já acumulados pela humanidade. Essa instrução não é o aspecto fundamental da educação, já que este reside nas vivências personalizadas de aprendizagem que obedecem à coincidência básica entre processos vitais e processos cognitivos. No mundo atual, o aspecto instrucional da educação já não consegue dar conta da profusão de conhecimentos disponíveis e emergentes, mesmo em áreas específicas.
Situações de aprendizagem favoráveis e oportunas, busca incessante por melhores contextos cognitivos, interações geradoras da vibração biopsicoenergética, do sentir-se como alguém que está aprendendo. O maior desafio ético da atualidade é possibilitar acesso e interação dos envolvidos.
No sistema escolar, o professor deve tornar seu saber pedagógico uma alavanca desencadeadora de mudanças, não somente ao nível da escola que é parte integrante, mas também ao nível do sistema social, econômico e político. O professor deverá ser uma fonte inesgotável de conhecimentos no cotidiano de sala de aula, retirar dos elementos teóricos que permitam a compreensão e um direcionamento a uma ação consciente, procurar superar as deficiências encontradas e recuperar o real significado do seu papel como professor.

O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas (FREIRE, 1996, p. 96).




A psicanálise muito tem a contribuir para a formação de educadores, já que esta, preocupada com a construção do conhecimento do aluno, deve atentar-se para os aspectos motivadores do despertar da curiosidade do aluno, processo no qual a representação que o professor causa constitui peso considerável.
Quem não se recorda de alguém já ter dito o quanto determinado professor foi capaz de influenciar consideravelmente na opinião, motivação e relação do aluno em relação a determinada disciplina específica.

Este fato recorrente encontra na psicanálise fundamentações teóricas para sua sustentação: as transferências, que seriam reedições dos impulsos e fantasias despertadas que trazem como característica a substituição de uma pessoa anterior pela pessoa do professor. Daí, portanto, a questão do interesse, em que o professor deve ter a sensibilidade de observar e reconhecer que a ação do educando não é isolada, mas está apoiada na ação do educador. 
O ambiente pedagógico tem de ser lugar de fascinação e inventuidade. Não inibir, mas propiciar, aquela dose de alucinação consensual entusiástica requerida para que o processo de aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos (ASSMANN, 1998, p. 29). 


Podemos dizer que o ato de ensinar não tem uma fórmula pronta, há um processo gradativo e uma construção que envolve sempre a reflexão na ação, e que cada aula ou cada dia em sala de aula, acontece de maneira diferente.
Portanto, a reflexão é um ato político que contribui para a construção da própria individualidade do aluno e do professor pós-moderno.

Apesar de toda evolução tecnológica, e a pós-modernidade, a educação, ainda é vista de forma cansativa, intolerante e complexa, tornando-se um desafio para o educador, que deve ter consciência do seu papel de produtor e incentivador de conhecimentos e que sua ação pedagógica vai muito além daquela que se realiza no ato de ensinar disciplinas. Segundo ASSMANN (1998)

[...] o (a) educador (a), deve proporcionar e tornar fácil uma educação, que anseie e cobice seres humanos politicamente capacitados, habilitados e dispostos a atuarem e influenciarem em uma sociedade aniquiladora e inflexível.


            Há de se promover, desde a Educação Infantil, à morfogênese do conhecimento, encantos e aprendizagem significativa.
As experiências vivenciadas no espaço educacional infantil devem possibilitar o encontro de explicações sobre o que ocorre em sua volta e consigo mesma.
Considerando que as crianças/alunos precisam desenvolver-se em suas diferentes linguagens e valorizar aquilo que lhe é oferecido/proposto. Com a certeza de que quando interagem com companheiros de infância aprendem, e apreendem coisas que lhes são e serão significativas.

A escola precisa partir de onde o aluno está, das suas preocupações, necessidades, curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com a vida, com o cotidiano. Uma escola centrada efetivamente no aluno e não no conteúdo, que desperte curiosidade, interesse.
Precisa de bons gestores e educadores, bem remunerados e formados em conhecimentos teóricos, em novas metodologias, no uso das tecnologias de comunicação mais modernas. Educadores que organizem mais atividades significativas do que aulas expositivas, que sejam efetivamente mediadores mais do que informadores. A escola precisa cada vez mais incorporar o humano, a afetividade, a ética, mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação em tempo real. Mesmo compreendendo as dificuldades a escola que hoje não tem acesso à Internet está deixando de oferecer oportunidades importantes na preparação do aluno para o seu futuro e o do país.
O importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador.
Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar. Só a aprendizagem viva e motivadora ajuda a progredir. Hoje milhões de alunos passam de um ano para o outro sem pesquisar, sem gostar de ler, sem situações significativas vividas. Não guardam nada de interessante do que fizeram a maior parte do tempo. Há uma sensação de inutilidade em muitos conteúdos aprendidos só para livrar-se de tarefas obrigatórias. E isso chega até a universidade, tão atrasada ou mais ainda do que a educação básica.
É muito tênue o que fazemos em aula para facilitar a aceitação ou provocar a rejeição. É um conjunto de intenções, gestos, palavras, ações que são traduzidos pelos alunos como positivos ou negativos, que facilitam a interação, o desejo de participar de um processo grupal de aprendizagem, de uma aventura pedagógica (desejo de aprender) ou, pelo contrário, levantam barreiras, desconfianças, que desmobilizam.
O sucesso pedagógico depende também da capacidade de expressar competência intelectual, de mostrar que conhecemos de forma pessoal determinadas áreas do saber, que estamos atentos, que as relacionamos com os interesses dos alunos, que podemos aproximar a teoria da prática e a vivência da reflexão teórica.

A coerência entre o que o professor fala e o que faz, na vida é um fator importante para o sucesso pedagógico. Se um professor une a competência intelectual, a emocional e a ética causa um profundo impacto nos alunos. Estes estão muito atentos à pessoa do professor, não somente ao que fala. O indivíduo, sua postura, sua maneira de dialogar, seus gestos, seu olhar, fala mais que as palavras. A junção da fala competente com a pessoa coerente é poderosa didaticamente.
As técnicas de comunicação também são importantes para o sucesso do professor. Um professor que fala bem, que conta histórias interessantes, que se adapta às circunstâncias, que sabe jogar com as metáforas, o humor, que usa as tecnologias adequadamente, sem dúvida consegue bons resultados com os alunos. Os alunos gostam de um professor que os surpreenda , que traga novidades, que varie suas técnicas e métodos de organizar o processo de ensino-aprendizagem.


Estamos formando na prática e em geral alunos pouco competentes. O ideal é trabalhar com projetos significativos que integrem várias áreas de conhecimento, sem disciplinas estanques, sem horários pré-estabelecidos.
Se o currículo continuar organizado por disciplinas, é fundamental que cada uma seja estimulante, atraente e esteja articulada com as demais. O aluno tem que perceber essa ligação continuamente, o que não acontece atualmente. Fazendo menos tarefas e mais atividades integradoras significativas pode-se contribuir para que haja uma maior integração curricular.
Olhando para os próximos anos, a de se considerar que os currículos serão muito mais flexíveis e personalizados, pois haverá , em geral, menos disciplinas obrigatórias e alguns eixos temáticos principais, sem um único modelo, imposto da mesma forma e simultaneamente para todos. Algumas áreas serão privilegiadas - como saber ler, interpretar, escrever, contar, raciocinar - e depois serão oferecidas alternativas diferentes de avançar na formação. Haverá atividades individuais e atividades colaborativas, em que os alunos pesquisem e desenvolvam projetos em grupo e aprendam através de interação, da participação e da produção conjunta. Isso já acontece em algumas universidades.
 Os alunos terão mais liberdade para a escolha de atividades artísticas, cuja importância será muito maior do que hoje. Cada aluno irá construindo um percurso em grande parte comum, mas adaptado a si mesmo, personalizado, a partir de um diálogo permanente com seu professor-orientador e muitos alunos estudarão em casa, conectados e só participarão de alguns processos de avaliação externa para certificação.
A educação escolar será muito mais voltada para a prática, para a pesquisa, para projetos, para atividades integradas semi-presenciais.
A escola dará menos ênfase ao conteúdo; será mais rápida (módulos mais curtos) não organizada em disciplinas e sim em grandes temas e questões, com abordagem cada vez mais interdisciplinar e complexa. Focará mais o desenvolvimento de projetos, de pesquisas, jogos, de aprender juntos e também individualmente.
 Uma aprendizagem significativa está relacionada à possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos de forma colaborativa, permitindo o desenvolvimento de competências e habilidades.
Faz-se necessário uma reorganização dos ambientes presenciais.
Hoje temos uma diversidade de trabalhos/textos/imagens no que se refere a uma história, um conto e temos também uma gama de possibilidades de como trabalhar esses conteúdos, seja numa simples leitura, ou numa maneira totalmente inovadora de recontar determinada história , trabalhando gestos, recursos de voz, encenação, dramatização, enfim, inúmeras possibilidades até então desconhecidas, fruto das inúmeras possibilidades que a Internet, com seus inúmeros programas/sites de pesquisas/blogs/recursos virtuais/midiáticos nos oferecem.
A sala de aula como ambiente presencial tradicional precisa ser redefinida. É um espaço para algumas informações, para debate, para organização de projetos, para mostrar seus resultados.
As salas de aula podem tornar-se espaços de pesquisa, de desenvolvimento de projetos, de intercomunicação on-line, de publicação, com a vantagem de combinar o melhor do presencial e do virtual no mesmo espaço, simultaneamente.. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias, todas as fontes, todas as maneiras de interação. Pesquisar às vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar na escola; outras, em diversos espaços e tempos.
Combinar pesquisa presencial e virtual. Relacionar os resultados, compará-los, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.
Estes ambientes virtuais incorporam cada vez mais recursos de comunicação em tempo real e off line, de publicação de materiais impressos, vídeos, etc. Recursos de edição on-line: professores e alunos podem compartilhar ideias, modificar textos, comentá-los.
Podem fazer discussões organizadas por tópicos (off line) e fazer discussões ao vivo, com som, imagem e texto. Os ambientes de aprendizagem se integram aos programas de gestão. Tudo se integra.
A escola pode estender-se fisicamente até os limites da cidade e virtualmente até os limites do universo. A escola pode integrar os espaços significativos da cidade: museus, centros culturais, cinemas, teatros, parques, praças, ateliês, centros esportivos, centros comerciais, centros produtivos, entre outros.
 A escola pode trazer as manifestações culturais e artísticas próximas, fazendo dos alunos espectadores críticos e produtores de novos significados e produtos. Inserir atividades teóricas com as práticas, a ação com a reflexão. Trazer pessoas com diversas competências para a escola mostra novas possibilidades vocacionais para os alunos.
As mudanças que estão acontecendo na sociedade, mediadas pelas tecnologias em rede, são de tal magnitude que implicam em reinventar a educação como um todo, em todos os níveis e de todas as formas.
Escolas não conectadas são escolas incompletas (mesmo quando didaticamente avançadas). Alunos sem acesso contínuo às redes digitais estão excluídos de uma parte importante da aprendizagem atual. : do acesso à informação variada e disponível on-line, da pesquisa rápida em bases de dados, bibliotecas digitais, portais educacionais; da participação em comunidades de interesse, nos debates e publicações on-line, em fim, da variada oferta de serviços digitais.
Quanto mais distante a escola se encontra das grandes cidades, mais dramática costuma ser a exclusão digital. Hoje não basta ter um laboratório na escola (quando existe) para acesso pontual à rede durante algumas aulas. Hoje todos os alunos, professores e comunidade escolar, precisam de acesso contínuo a todos estes serviços digitais para estarmos dentro da sociedade da informação e do conhecimento.
A comunicação aberta, acolhedora é fundamental para o sucesso pedagógico. O acolhimento afetivo é condição fundamental de aprendizagem significativa, integral.
Ensinar e aprender hoje pode transformar-se em um estimulante e fantástico desafio, que nos realiza profissional e pessoalmente.



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