BNCC E CURRÌCULO


A BNCC é o documento que tem por intenção definir os direitos de aprendizagem das crianças na Educação Infantil. Ela tem impacto direto na elaboração de currículos; na formação inicial e continuada de professores; na produção e seleção de material didático; e nas práticas de avaliação e apoio pedagógicos. Conforme a LDB no 9.394/1996, a BNCC estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que as crianças desenvolvam durante o tempo de permanência na Educação Infantil, contemplando desde a etapa da creche até a pré-escola.

Fotografia de seis crianças, nas faixas etárias de 4 e 5 anos,  quatro meninas e dois meninos, de costas e de mãos dadas. O grupo caminha em um gramado na direção de um arvoredo parcialmente iluminado por raios de sol .Da esquerda para a direita há uma menina de cabelos loiros e crespos, presos em um rabo de cavalo, ela veste macacão azul, camiseta preta; olha  de lado para o grupo. À direita dela está um menino, de menor estatura, com os cabelos ruivos e curtos, que veste calça azul, camiseta verde. Ao lado dele está uma menina negra, de cabelos pretos, crespos e presos também em rabo de cavalo,que veste calça jeans e camistea branca listrada de vermelho. Ao lado dela está um menino de cabelos castanhos e curtos, também de menor estatura, que veste uma bermuda azul e uma camisa branca. Ao lado dele há outra menina negra, com os cabelos crespos e presos em duas chuquinhas, que veste  calça jeans e camiseta branca com listras azuis. Finalizando o grupo, uma menina de cabelos lisos, loiros, também presos em um rabo de cavalo, que veste camiseta preta e saia azul florida. Todos calçam tênis.

A BNCC na etapa da Educação Infantil explicita alguns princípios e pressupostos pedagógicos, expandindo, sobretudo, um modo especial de ver as crianças e seus direitos de aprender e de se desenvolver em ambientes saudáveis, acolhedores e desafiadores, que promovam importantes avanços nas suas trajetórias de vida. Assim o faz por meio de um conjunto de características distintas, garantindo a especificidade necessária ao cuidado da primeira infância, até os 5 anos e 11 meses.

Características, princípios e fundamentos pedagógicos da Educação Infantil

A BNCC para a etapa da Educação Infantil tem origem numa história de lutas pela qualidade da educação oferecida às crianças em todo o país. O marco mais explícito é a DCNEI (2009), de onde derivam todos os principais conceitos e alinhamentos da BNCC. Há também os marcos históricos que contribuíram para consolidar as ideias fundamentais: qualidade na Educação Infantil e direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Vale a pena recuperar essa história para que possamos compreender de onde viemos, para onde vamos e de que modo o conceito de direito de aprendizagem e desenvolvimento chega até a BNCC e a organiza.

Conteúdo dividido em abas

1980  - A Educação Infantil tem sua origem associada às demandas emergenciais de assistência a crianças carentes. A creche, por exemplo, era concebida como um direito das mães trabalhadoras, mas não um direito da criança. A construção da identidade da creche como um lugar de acolhimento e de educação de qualidade como direito das crianças é fruto de uma longa história. Nos anos de 1980, a pré-escola era um segmento informal e optativo para as famílias.

1988 - A Constituição Federal estabelece que o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade é dever do Estado.

1996 - Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Educação Infantil passa a ser parte integrante da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Mas, o que fazer nessa etapa? O que define um currículo de Educação Infantil e o que caracteriza a especificidade desse trabalho?

1998 - Para responder a essas perguntas, foi produzido um conjunto de Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI). Tratava-se de um documento orientador, mas não tinha poder de lei; portanto, seu uso não era obrigatório. Nesse documento constavam os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas por áreas de conhecimento que deveriam ser apropriadas pelas propostas pedagógicas nos diferentes municípios. O RCNEI teve um papel fundamental na construção da Educação Infantil como espaço de aprendizagem e de ampliação do mundo, libertando as crianças do confinamento a que eram submetidas por propostas estritamente assistencialistas. Por outro lado, a falta de formação profissional ou de um programa de implementação dos RCNEI facilitou leituras indevidas, permitindo o crescimento de uma visão escolarizante, que via na Educação Infantil um momento de preparação para o Ensino Fundamental. Ainda assim, o RCNEI foi utilizado na fundamentação de propostas pedagógicas em todo o país.

2006 - A Educação Infantil sofreu uma importante mudança com uma alteração no texto da LDB, ampliando os anos da escolaridade básica: o acesso ao Ensino Fundamental passa a ser obrigatório aos 6 anos de idade e a Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a 5 anos e 11 meses.

2009 - A Emenda Constitucional no 59/2009 define a Educação Infantil como etapa obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos nos sistemas de ensino em todo o Brasil. Em 2009, o Conselho Nacional de Educação aprovou a Resolução no 5 de 17 de dezembro de 2009, fixando assim as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). No mesmo ano, o Ministério da Educação, por meio do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica, emite o Parecer no 20 de 17 de dezembro de 2009, em que as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) passam a ser um documento de caráter mandatório, que define o que é currículo e o que é instituição de Educação Infantil, considerando a diversidade de modos de educar crianças indígenas, do campo, quilombolas etc. De acordo com as DCNEI, em seu Art. 4º, a criança é definida como “sujeito histórico e de direitos, que interage, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2009, p. 2), seres que, em suas ações e interações com os outros e com o mundo físico, constroem e se apropriam de conhecimentos

Essa foi uma conquista muito importante para a área porque assegurou uma concepção de criança que deveria, a partir de então, ser preservada em todas as construções curriculares no país.

2013 - Em consonância com a Constituição Federal, a LDB afirma a obrigatoriedade de matrícula de todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de Educação Infantil.

2016- A etapa da Educação Infantil é incluída no processo de construção da BNCC, devendo responder às especificidades das crianças nos diferentes momentos da vida, de bebê até 5 anos e 11 meses.

2017 - Todos esses passos jurídicos e históricos criaram as condições históricas para que, em 2017, o Conselho Nacional de Educação emitisse o Parecer CNE/CP nº 15/17 que define a Base Nacional Comum Curricular, um documento que dá as bases para as novas organizações curriculares em todo o Brasil.

Hoje, o Brasil luta pelo acesso de todas as crianças a uma instituição de Educação Infantil. Contudo, não basta o acesso a qualquer instituição, mas a uma que efetivamente tenha impactos no seu desenvolvimento e na sua aprendizagem, que ofereça educação de qualidade e que garanta os direitos básicos de toda criança brasileira.

Na base também estão presentes quatro fundamentos pedagógicos da Educação Infantil:

1. A intrínseca relação entre educar e cuidar

Embora o cuidado humano seja central na constituição da criança, sobretudo das menores porque são mais dependentes, não existe na BNCC uma definição de conteúdos ligados ao cuidado; isso porque se assumiu que cuidar e educar são ações conjuntas, em consonância, inclusive, com documentos anteriores, tal como os RCNEI, os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil e os Critérios para o Atendimento em Creches que Respeite os Direitos das Crianças. Não se pode pensar em ações do âmbito pedagógico que não envolvam o cuidado; da mesma forma, as maneiras sociais de cuidar de si, do outro e do ambiente se constituem em ações pedagógicas no cotidiano da instituição de Educação Infantil. Não deve haver separações ou discriminação entre as duas esferas: ler uma história é tão importante quanto trocar fraldas; acompanhar o momento da alimentação é tão importante quanto avaliar os processos de apropriação das diferentes linguagens, por exemplo. Essa concepção visa também posicionar-se criticamente em relação à tradição assistencialista da Educação Infantil ao recolocar o cuidado no campo da educação e dos valores, e não do assistencialismo.

Portanto, educar e cuidar são indissociáveis no processo educativo. A Educação Infantil tem como obrigação acolher as vivências extraescolares das crianças, articulando-as com as propostas pedagógicas, e as atividades de cuidado fazem parte dessas experiências. Cabe, porém, a qualificação dessas práticas como processos pensados e articulados a princípios pedagógicos.

2. A crença no papel das interações e da brincadeira

3. A centralidade da experiência da criança

4. O papel da avaliação

A centralidade dos direitos das crianças na BNCC da etapa da Educação Infantil e a garantia das experiências das crianças, como afirmam as DCNEI, não ignoram o papel fundamental do professor nos processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança. Desse modo, qual é a importância do professor na Educação Infantil? Assista ao vídeo a seguir para saber.

Como a Base está estruturada para a etapa da Educação Infantil?

A BNCC possui diferentes camadas: direitos de aprendizagem e desenvolvimento; campos de experiências; e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, que serão apresentadas neste módulo.

O modo como a BNCC está organizada apresenta um dispositivo para a garantia dos direitos indicados nas DCNEI. Trata-se dos princípios: 

“Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades.

Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.

Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais”.(BRASIL, 2009)

Direitos de aprendizagem e desenvolvimento

A BNCC está organizada, primeiramente, em seis grandes direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Clique em cada um deles:

1- Conviver - com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, e o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.

2 - Brincar - cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade e suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

3 - Participar - ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.

4 - Explorar - movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos e elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

5 - Expressar - como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões e questionamentos por meio de diferentes linguagens.

 - Conhecer-se - Conhecer e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.

Por que são esses os direitos que aparecem na BNCC?

 A BNCC organiza as aprendizagens em torno de campos de experiência. Mas você sabe porquê?

Os campos de experiência compõem-se como um arranjo ou organização curricular interdisciplinar por natureza. Têm como objetivo principal oportunizar às crianças a significação dos saberes e conhecimentos propostos na Educação Infantil, garantindo os direitos de aprendizagem e a vivência plena da infância. Essa proposta curricular permite o protagonismo da criança na construção do conhecimento ao orientar experimentações e experiências, habilidades e competências, e não conteúdos e informações.

Há quem compreenda que o campo de experiência é uma metodologia que implica criar determinados espaços com materiais específicos para as experiências que as crianças poderão viver. No entanto, essa é, ainda, uma ideia muito geral que pode ser referenciada em inúmeras outras metodologias já consagradas pelos estudos na área da Pedagogia. Seria muito estranho se assim fosse, pois requereria considerar a imposição de uma metodologia para todas as crianças, nos mais diferentes contextos da Educação Infantil no Brasil, o que seria, de fato, uma tarefa impossível e pouco efetiva. O outro erro que essa ideia evoca é a crença de que seria possível e desejável determinar a experiência dos sujeitos: as experiências são sempre elaborações complexas e singulares de sujeitos.

O campo de experiência não se resume a uma metodologia; trata-se, antes, de um conceito articulador de conteúdos em uma proposta curricular que leva em conta a centralidade do sujeito e a sua experiência.

Como são organizados os campos de experiência?
A BNCC define cinco campos de experiência:

O eu, o outro, o nós
Corpo, gestos e movimentos
Traços, sons, cores e formas
Fala, escuta, pensamento e imaginação
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
Como se dá a aprendizagem no campo de experiência?
Fotografia de uma folha de papel com círculos pintados e com a estampa de mãos de crianças carimbadas com tinta azul, verde e vermelha. No centro à esquerda, há a mão de uma criança, na faixa etária dos 3 anos, que está sendo carimbada com tinta verde e vermelha. No canto superior direito, há dois potes de plástico, um completo, com tinta vermelha, e outro incompleto, com tinta verde.
Na trajetória de vida das crianças na Educação Infantil, os conhecimentos por vezes se atraem, por vezes se repetem, provocando saudáveis tensões entre as expressões espontâneas das crianças, o modo próprio como elas entendem o mundo e os conhecimentos já sistematizados pela cultura.

Para pensar a Educação Infantil não se pode opor experiência e sentido, nem teoria e prática. Devemos privilegiar e fomentar o saber da experiência: o experimentar, o ensaiar, o tentar e o transformar, entre outras ações relacionadas ao fazer. O conhecimento tido como teórico deve ser aliado à experiência, e as crianças devem ser formadas para dar significado a essas ações, refletindo de maneira crítica sobre elas. Um bom exemplo dessa introdução é imaginar a presença de uma formiga no chão do pátio: as crianças vão mexer, apertar, pisar e interagir, mas a educação só se efetiva quando elas são chamadas a refletir sobre suas ações pela mediação do professor, o qual as instrui a respeitar o animal que ali está.

Assim ocorre, por exemplo, com a criança que observa os fenômenos da natureza e procura compreendê-los.

Uma criança observa o prenúncio de um temporal e logo aprende que aquele efeito do movimento da copa das árvores não se deve à própria árvore, mas sim ao vento.

Entre seu saber espontâneo, sua curiosidade e suas ideias e o saber organizado da física, há um campo de experiência que a criança vive na tentativa de aproximar o que ela sabe aos mistérios do mundo que os adultos parecem dominar.

Fotografia de silhueta de uma criança, na faixa etária dos 4 anos. A criança está de costas, com o braço direito para cima e na mão segura um aviãozinho de papel. Ela está em um campo onde há amplo horizonte com luminosidade em tons de de azul, branco e suave rosa  e nuvens no nascer do sol. 
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Um outro exemplo seria o da criança que aprende a escrever: o contato da criança com a escrita nas práticas sociais que ela observa em seu entorno, entre adultos que escrevem na sua presença ou nos livros e demais materiais portadores de escrita, é uma condição para que ela pense sobre como se escreve. Logo, ela passa a diferenciar letras de outros sinais gráficos e aprende que, para escrever, é preciso usar certos sinais, diferentes dos utilizados, por exemplo, para desenhar.

Veja dois exemplos de como os campos de experiência se manifestam no processo de aprendizagem da escrita.

Imagem de rabiscos de criança que aprende a escrever. O traçado é linear, na direção da esquerda para a direita e está segmentado em três linhas, uma abaixo da outra.
Há aqui um saber válido: de fato, a escrita exige outros sinais, mas esses são insuficientes. Embora a criança tenha uma sensação de realização, essa experiência é tensionada no contato com a leitura do adulto. Essa tensão entre o que a criança sabe e o saber convencional, isto é, o que ela precisa dominar para se fazer entender, é o que a provoca a seguir observando esse estranho objeto nas práticas sociais da sua cultura. Logo, ela descobre as letras e passa a combiná-las, agregando-as numa série não determinada previamente, revelando novos saberes.

Imagem de escrita de criança. Traçado linear, na direção da esquerda para a direita,  que remete à grafia das letras F, M e A. Imagem de escrita de criança. Traçado linear na direção da esquerda para a direita, com grafia das  letras do alfabeto A, D, L. As letras estão agrupadas em duas linhas uma abaixo da outra. Na primeira linha há 6 letras A e na segunda linha, três letras A, uma D, uma A e uma L.
Mais uma vez, o sentimento de realização toma a criança. E, mais uma vez, esse conhecimento é tensionado pelo saber convencional: não são essas as letras necessárias, nem nessa ordem, nem nessa quantidade. Mas, então, qual será o segredo?, se pergunta a criança. Essa tensão entre o saber da criança e o conhecimento formalizado, novamente cria condições subjetivas para que ela possa seguir investigando, aproximando-se do conhecimento convencional, até que possa dominá-lo por inteiro. Daí em diante, ao longo da vida, novas tensões vão se impondo na trajetória escritora de cada um: ser claro na exposição sem, contudo, desprezar os conhecimentos prévios de seu interlocutor; escolher as melhores palavras para dizer o que, muitas vezes, não sabe as palavras, entre tantas outras situações que se impõe nos fazeres da vida.

Diante da diversidade e das particularidades das crianças na Educação Infantil, como trabalhar as práticas pedagógicas favorecendo os campos de experiência e os direitos de aprendizagem e desenvolvimento? Assista ao vídeo a seguir com alguns exemplos de práticas pedagógicas.
Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

Imersas nos campos de experiência, as crianças podem desenvolver-se a partir de progressivas aprendizagens. Um planejamento comprometido com esse desafio pode tomar como ponto de partida os objetivos da BNCC, procurando construir as condições para a experiência das crianças de determinado grupo etário ao longo do tempo e promovendo as progressões das aprendizagens das crianças.

Em outras palavras, a BNCC traz este mesmo conceito:

" Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais compreendem tanto comportamentos, habilidades e conhecimentos quanto vivências que promovem aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de experiências, sempre tomando as interações e a brincadeira como eixos estruturantes. Essas aprendizagens, portanto, constituem-se como objetivos de aprendizagem e desenvolvimento (BNCC, p. 42). "

Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento devem refletir diferentes momentos dessa construção passando pela exploração, pela experimentação, pela apropriação e pela recriação dos objetos culturais, conhecimentos e ações.

Progressão das aprendizagens ao longo das faixas etárias
No campo “O eu, o outro, o nós”, vemos uma progressiva construção da criança a respeito da sua própria identidade e das relações sociais, que se inicia pela consciência de si e da exploração de suas ações sobre os outros. Mais adiante, a criança experimenta procedimentos e atitudes de cuidado aprendidos pelo modelo dos adultos, tanto dos pais, em casa, quanto das professoras, na creche. Essa observação e essa experimentação das crianças levam-nas a demonstrar igualmente atitudes de cuidado e solidariedade nas suas interações com os outros. Apropriando-se desses saberes, ela é capaz de construir o sentimento e as atitudes de empatia, respeitando as diferenças entre as pessoas. Essa progressão é assim expressa, por exemplo, nos seguintes objetivos:

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
(EI01EO01)
Perceber que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos. (EI02EO01)
Demonstrar atitudes de cuidado e solidariedade na interação com crianças e adultos. (EI03EO01)
Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
O mesmo ocorre, por exemplo, nas experiências ligadas ao “Corpo, gestos e movimentos”. O desafio corporal do bebê é expressar-se segundo seus desejos, aprendendo a controlar seus movimentos em função dessa necessidade. É assim que um bebê explora, desde cedo, os gestos e sons que podem chamar a atenção da mãe e, mais tarde, da professora, que também compartilha dos cuidados na primeira infância. O domínio do próprio corpo, dos gestos e dos movimentos abre para a criança bem pequena a possibilidade de experimentar formas culturais de movimentar-se, apropriando-se de gestos típicos de sua cultura, muitos deles presentes nas brincadeiras, nos jogos, nas danças e nas formas de interação social. Muitos desses gestos são apropriados na experiência, em grande parte na imitação dos adultos que habitam seu entorno. Na creche ou na pré-escola, as crianças podem ampliar significativamente a consciência do próprio corpo e , a expressão de seus gestos e movimentos, interagindo com elementos da sua cultura, presentes nas brincadeiras, dança, teatro e música. Esse percurso de aprendizagem pode ser desenvolvido pela progressão dos seguintes objetivos:

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
(EI01CG01)
Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos. (EI02CG01)
Apropriar-se de gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras. (EI03CG01)
Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro e música.
Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
Vale notar que os objetivos foram pensados a partir das experiências, e não de conteúdos das áreas de conhecimento; por isso, eles apontam para as aprendizagens e, ao mesmo tempo, para as atividades que envolvem os processos de subjetivação. Em todos os casos, não ocorrem de forma natural e espontânea, mas exigem profissionais qualificados e especializados em prover bons ambientes de aprendizagem, organizados com materiais criteriosamente selecionados e rotinas equilibradas. Essas aprendizagens e atividades exigem professores que planejem seu trabalho e ampliem o universo cultural das crianças oferecendo, na creche ou pré-escola, aquilo que só poderia ser conhecido ali, na companhia de parceiros de mesma idade e de adultos que se apresentam como representantes da cultura.

A transição para o Ensino Fundamental

A criança da Educação Infantil passa por momentos distintos de transições que são: transição da casa para a escola, transição no interior da instituição e transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental (BRASIL, 2009). É necessário que esses momentos sejam pensados, planejados e muito bem organizados para que a criança se sinta segura e acolhida nesse processo.

A BNCC se opõe à ideia tradicional de Educação Infantil como etapa preparatória para a escola. Ao contrário, na Base, a Educação Infantil tem finalidade e sentido em si mesma e guarda especificidades que precisam ser atendidas visando ao pleno desenvolvimento das crianças. Então, como podemos pensar essa continuidade?

" Da experiência da Educação Infantil à etapa do Ensino Fundamental, espera que a criança possa realizar a síntese das aprendizagens, que será sua bagagem para prosseguir no percurso do primeiro ano. "

A continuidade da Educação Infantil para o Ensino Fundamental não se dá do ponto de vista do conteúdo, mas sim da experiência subjetiva. Espera-se que as crianças ampliem suas experiências para que, no Ensino Fundamental, possam aprofundar suas ideias, hipóteses e explicações sobre o mundo e seus fenômenos, se aproximando, progressivamente, dos procedimentos, conceitos e instrumentos já formalizados culturalmente.

A passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental marca uma etapa importante do desenvolvimento da criança. Essa passagem representa a conquista de outro lugar social: a criança deixa de ser vista apenas como criança e passa a ser tratada também e, sobretudo, como estudante. A construção simbólica desse lugar depende em grande parte da diferenciação que será capaz de estabelecer no ritmo da vida escolar, nos diferentes momentos da rotina e nas expectativas que passam a ser esperadas.

Da experiência da Educação Infantil à etapa do Ensino Fundamental, espera que a criança possa realizar a síntese das aprendizagens, que será sua bagagem para prosseguir no percurso do primeiro ano.

O que é essa síntese? Segundo a BNCC,

" Essa síntese deve ser compreendida como elemento balizador e indicativo de objetivos a ser explorados em todo o segmento da Educação Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental, e não como condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino Fundamental. (BNCC, p. 51 ) "

Fica claro nessa proposição que a síntese é o conjunto das elaborações das crianças em toda a passagem pela Educação Infantil, desde bebê até os 5 anos e 11 meses, o que, de certa forma, contradiz, por princípio, a ideia tradicional do pré-primário, que se resumia a um ano preparatório para o primeiro ano. A síntese não é feita apenas aos 5 anos, tampouco é proposta como currículo pelo professor ou pela instituição educativa. Trata-se, antes, de assegurar em toda a passagem pela Educação Infantil as condições para que as próprias crianças organizem suas sínteses na própria experiência. Quanto mais experientes forem as crianças, mais oportunidades terão de refletir, de fazer entrelaçamentos, de organizar suas explicações sobre o mundo, sobre si mesmas e sobre os outros, e sobre o conhecimento.

Portanto, é evidente a necessidade do trabalho conjunto entre as etapas para que haja um equilíbrio no momento da transição, de forma que a etapa seguinte considere o que os educandos sabem e são capazes de fazer, garantindo a continuidade do trabalho pedagógico. Desse motivo decorre a importância do acesso aos relatórios, aos portfólios ou a qualquer outro tipo de registro de acompanhamento da criança em sua trajetória na Educação Infantil.

DITOS POPULARES

 

PROVÉRBIOS

Os ditados populares, também chamados de provérbios , atravessam gerações e passam por nós, todos os dias e  durante anos a fio.

São expressões que muitas vezes repetimos sem sequer percebermos aquilo que significam.

FONTE  : www.culturagenial.com/ditados-populares-e-seus-significados

Levantei esta pesquisa a fim de ampliar meu repertório e ou conhecimento quanto as inúmeras metáforas de que fazemos uso , no nosso dia a dia e que muitas vezes passam despercebidas. 

E considerando que essas pequenas frases fazem parte da tradição oral da sabedoria popular e sintetizam ideias sobre a convivência em sociedade, trazendo muitas vezes,  conselhos valiosos a respeito das relações humanas, sejam no dia a dia entre as famílias, entre pessoas do ambiente de trabalho ou entre amigos, num bate papo descontraído.


1. Rodar à baiana

Um dito popular onde se quer dizer, brigar, trazer confusão para determinado ambiente .


2. Gato escaldado tem medo de água fria

O ditado acima tem muito a ver com memória e com cuidar de si próprio. Quem se magoa com algo passa a temer qualquer sinal daquilo que o magoou, trata-se de um gesto saudável e instintivo de auto-proteção.

A imagem do gato é usada como metáfora, pois se sabe que o felino, em geral, tem pavor de água. Dessa forma, aqueles que já sofreram com o contato com a água quente (gato escaldado), fogem rápido de qualquer contato com a água novamente (mesmo se estiver fria). 


3. Cavalo dado não se olha os dentes

Essa sabedoria popular diz respeito à reação que se deve ter quando se ganha um presente. O provérbio orienta a não desdenhar ou falar mal de algo que se recebeu - ainda que o presenteado não goste muito da oferta.

A expressão está relacionada a dentição dos cavalos, pois é possível reconhecer os animais novos (e mais “úteis”) a partir da observação da arcada dentária. Entretanto, se o animal é um presente, não se deve olhar os dentes, pois constrangeria a pessoa que fez a doação.


4. De médico e de louco todo mundo tem um pouco

A expressão valoriza a capacidade humana de se adaptar a situações incomuns de forma inteligente ou criativa.

O médico é uma figura de autoridade na nossa sociedade e sabe lidar com problemas importantes de saúde. Muitas vezes, pessoas comuns conseguem resolver questões complicadas sem o auxílio de profissionais. Da mesma forma, o louco é visto como um ser impulsivo, mas também muito criativo, características presentes na maioria das pessoas em maior ou menor grau.


5. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe

Esse ditado nos traz a noção de impermanência.

Existem momentos em que algo de muito ruim acontece e o sentimento que fica é de que “a vida acabou”. É nessas horas que essa frase pode ser usada, nos lembrando que as situações são passageiras. Da mesma forma, quando um acontecimento muito bom ocorre, não podemos esquecer que um dia aquela boa fase vai passar. Assim são os altos e baixos que todas as pessoas passam em sua existência.


6. Águas passadas não movem moinho

Aqui, a mensagem é sobre a necessidade de desapegar de situações passadas.

Ao dizer que “águas passadas não movem moinhos”, a pessoa nos fala que aquelas águas que um diz já moveram a engrenagem de um moinho, hoje já não têm mais o mesmo poder, pois já passou o tempo, e as coisas se transformaram.

O ditado é muito usado quando alguém ainda está muito ligado emocionalmente a um momento de sua vida.


7. Antes só do que mal acompanhado

Muitas vezes as pessoas se envolvem em amizades ou relacionamentos amorosos apenas para camuflar sua solidão, acreditando que a companhia do outro irá preencher seus vazios e angústias.

Entretanto, dependendo da pessoa que se tem ao lado, é preferível estar sozinho, pois a companhia pode não ser agradável, ou até mesmo abusiva.

Esse ditado reforça a ideia de que devemos ter sabedoria para lidar com nossa própria companhia, pois muitas vezes o outro piora nossa experiência no mundo.


8. Filho de peixe, peixinho é

O ditado "Filho de peixe, peixinho é" indica que somos semelhantes aos nossos pais.

A frase reforça o quanto carregamos características parecidas com os nossos genitores. O provérbio é muito utilizado quando, por exemplo, pai e filho têm a mesma profissão, ou quando se assemelham em temperamento ou índole.


9. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco

O provérbio em questão demonstra, através de uma metáfora que sempre o lado mais vulnerável nas relações sofrerá as consequências em alguma situação que deu errado.

Esse lado mais “fraco” é normalmente composto por pessoas mais pobres ou por empregados em relações de trabalho.


10. O pior cego é o que não quer ver

Quando uma pessoa está muito envolvida em um acontecimento ou em um contexto, ela pode cair no erro de não enxergar as coisas de maneira racional.

Muitas vezes existe uma situação óbvia ocorrendo, mas a pessoa não consegue ter discernimento para compreender. É nessas horas que o ditado é utilizado, evidenciando aquelas ocasiões onde preferimos nos enganar e não perceber a realidade como ela se apresenta.


11. Mente vazia, oficina do diabo

Esse é um provérbio que alerta sobre a importância de termos uma ocupação, seja um trabalho, um hobbie ou qualquer atividade que preencha nossos dias e nossa rotina. Isso porque quando estamos há muito tempo sem pensar em algo prático, a possibilidade de desenvolvermos pensamentos danosos é grande. Além disso, essa falta de ocupação também dá margem para ideias ruins, em que as consequências podem ser desagradáveis.


12. Quem semeia vento, colhe tempestade

A frase é dita quando alguém está passando por uma situação difícil em consequência de suas ações.

Assim, ela transmite a ideia de que quando uma pessoa tem atitudes ruins, provavelmente ela terá que arcar com as complicações decorrentes de tais atos.


13. Cada macaco no seu galho

Essa é uma expressão que orienta o ouvinte a ocupar seu espaço sem invadir o do outro.

A pequena frase pode significar: não se intrometa onde não é chamado, ocupe-se apenas com aquilo que lhe diz respeito. Ao mesmo tempo, pode ter o sentido de que cada indivíduo tem interesses, habilidades e competências para determinadas ocupações, e que somos igualmente importantes, cada um dentro do seu contexto.


14. Pimenta nos olhos dos outros é refresco

A frase nos alerta sobre a importância de se desenvolver a empatia. Ela evidencia a falta de preocupação de muitas pessoas frente aos problemas que os outros enfrentam, pois sugere que quando a dificuldade não é sentida na pele, pode passar como algo corriqueiro e sem gravidade.


15. Em terra de cego quem tem um olho é rei

O provérbio diz sobre a valorização de pessoas medíocres quando estão rodeadas de gente ignorante.

Nos faz pensar que tudo é relativo. Em um grupo de pessoas que têm um pensamento alienado da realidade, não conseguindo enxergar o óbvio, quando surge um sujeito que é capaz de fazer uma leitura razoável da situação, ele pode ser colocado em uma posição de liderança ou prestígio.


16. É dando que se recebe

O provérbio acima trata da generosidade e orienta o ouvinte a entregar algo para poder receber. A ideia é fazer algo pelo outro para, então, poder mais tarde receber alguma coisa em troca.

A frase tem origem religiosa e faz parte da oração de São Francisco de Assis: 

"É dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna."


17. Quem com ferro fere, com ferro será ferido

Esse ditado fala sobre a troca nas relações humanas. Quem entrega o bem, recebe o bem; quem, por sua vez, pratica o mal, recebe o mal. O conceito que vigora é o da reciprocidade. O provérbio está relacionado à noção de carma (o que fazemos pelos outros voltará para nós algum dia).


18. Saco vazio não para em pé

O ditado se refere à importância da alimentação para uma pessoa permanecer forte e saudável.

Muitas vezes a frase é dita quando alguém se recusa a comer, seja porque está triste, com pressa, ou fazendo dieta.

Então o alerta vem de forma simbólica, dizendo que a pessoa precisa se alimentar para que tenha energia e continue de pé realizando suas tarefas diárias.


19. Uma andorinha sozinha não faz verão

Aqui, a sabedoria popular nos traz o conceito de coletividade. Observando a natureza, especificamente a migração das andorinhas nas estações do ano, vê-se que elas voam em bando, pois assim garantem a proteção de predadores e viajam em companhia.

Portanto, o voo desses pássaros pode sinalizar a chegada do verão em alguns lugares, mas apenas uma andorinha voando no céu não significa que a migração sazonal está em processo. Da mesma forma, se uma pessoa sozinha se esforça para alcançar um objetivo coletivo, provavelmente ela não terá sucesso, mas se muitas pessoas se juntam e agem em conjunto, a possibilidade de alcançar o propósito é maior.


20. Quem não é visto, não é lembrado

Para que as pessoas se lembrem de nós, principalmente de nosso trabalho e talentos, é necessário que estejamos sempre em contato com elas. A frase tem a intenção de nos lembrar que é preciso manter boas relações com outras pessoas, mostrar nossos dons, estar nos ambientes para que sejamos lembrados e indicados para contatos profissionais.


21. Onde há fumaça há fogo

A frase carrega a ideia de que precisamos ficar atentos aos sinais e confiar em nossa intuição. Assim, se há algum indício de que algo não vai bem, é bom investigar, pois, geralmente há um problema maior.


22. A pressa é inimiga da perfeição

"A pressa é inimiga da perfeição" quer dizer que quando estamos afobados, dificilmente conseguiremos fazer um bom trabalho.

A ansiedade de resolver logo o problema permite que muitos erros não sejam observados, o que compromete o resultado.


23. O que os olhos não veem, o coração não sente

Nessa oração, a ideia transmitida é a de que quando não sabemos, ou não vemos, algo desagradável, a intensidade do sofrimento é menor. Isso porque é mais fácil assimilar a situação quando não nos deparamos com uma cena que nos afeta emocionalmente.

O ditado apresenta uma linguagem poética, pois relaciona órgãos do corpo com sentimentos, integrando aspectos corporais e psíquicos.


24. Para bom entendedor meia palavra basta

Esse provérbio evidencia a capacidade de compreensão de uma ideia através de poucas palavras.

Sabe-se que não existe na gramática “meia palavra”, mas na frase isso quer dizer que mesmo quando as coisas são ditas superficialmente, se a pessoa que escuta for sagaz, ela consegue captar a mensagem transmitida.


25. Amigos, amigos, negócios à parte

No ditado, o que fica claro é a necessidade de não se misturar negócios com amizades.

Isso porque, justamente pelo grau de intimidade, pode ocorrer algum desentendimento entre pessoas que se gostam, mas que não entram em acordo, devido ao envolvimento de dinheiro na situação.


26. Não julgue um livro pela capa

Essa é uma expressão que transmite a ideia de que não se pode julgar as pessoas pela aparência.

Existem livros com conteúdos muito valiosos que apresentam capas pouco atrativas. Da mesma maneira, há pessoas interessantes que não se encaixam em um padrão de beleza, mas se dermos uma chance de conhecê-las melhor podemos nos surpreender.


27. Quem ama o feio, bonito lhe parece

Esse provérbio traz como significado a noção de que a beleza é muito relativa.

Quando existe amor ou um sentimento muito forte de estima em relação a outra pessoa, ela passa a ser bela aos olhos do amado, mesmo que não siga os padrões de beleza.


28. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje

É muito comum que as pessoas deixem para fazer coisas importantes na última hora, seja no trabalho ou na vida pessoal. Isso acontece devido a muito fatores, como a ansiedade que paralisa ou a preguiça.

Então, foi criado esse provérbio que nos avisa sobre o dever de realizar as coisas sem procrastinar, ou seja, sem adiar, deixando para mais tarde.


29. Não se faz um omelete sem quebrar os ovos

A frase transmite a noção de que para conseguirmos algo, muitas vezes é preciso desfazer outra coisa, desmanchar sua forma original para dar outro significado, e assim usufruir de algo melhor.


30. De grão em grão, a galinha enche o papo

O ditado acima é muito utilizado quando se deseja poupar. A mensagem transmitida é que quando economizamos pouco, mas constantemente, conseguimos alcançar aquilo que desejamos, mesmo se o objetivo final pareça ser impossível


31. Devagar se vai longe

Esse ditado é bastante parecido com o "De grão em grão, a galinha enche o papo", embora o último seja mais utilizado no sentido financeiro e o primeiro tenha um significado mais amplo.

"Devagar se vai longe" fala da importância de persistir nos seus ideais e continuar caminhando, ainda que seja a passos lentos.


32. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura

O provérbio trata da persistência e da constância, transmitindo para o ouvinte a noção de que, apesar das dificuldades, é preciso insistir para se alcançar um objetivo.

A ideia transmitida pelo ditado é antiga, o autor latino Ovídio (43 a.C.-18 d.C) já havia escrito em um dos seus poemas: A água mole cava a pedra dura.


33. Cão que ladra não morde

Esse é um ditado popular que nos tranquiliza diante de situações em que alguém tem uma comunicação violenta, fazendo muito alarde, ameaçando e gritando, mas no final das contas não realiza as ações que disse que faria.

Pode também ser usado em situações mais pacíficas, apenas para dizer que uma pessoa que anunciou que faria algo, na verdade sempre fala mais não faz.


34. Quem não tem cão, caça com gato

Esse é um exemplo de expressão que com o tempo foi alterada na maneira de escrever.

A princípio, a forma correta era “Quem não tem cão, caça como gato”, ou seja, se você não tem um cachorro para te ajudar na caçada, o melhor é caçar como um gato, de maneira discreta, com estratégia e inteligência. Isso quer dizer que devemos nos adaptar às mudanças e encontrar alternativas de ir em busca de nossos objetivos na vida.



35. Mentira tem perna curta

A máxima, como também é conhecido o ditado popular, quer dizer que quem mente não costuma chegar longe com a falsidade. Isso porque, assim como as pessoas que tem pernas curtas não conseguem caminhar longas distâncias, o mentiroso pode acabar se “enrolando” na própria mentira, e acabar por revelar sua farsa sem querer.

A origem do ditado parece ser europeia, pois em italiano há também um provérbio que diz: “le bugie hanno le gambe corte”, que traduzindo fica “as mentiras têm as pernas curtas”.


36. Quem fala demais dá bom dia a cavalo

Existem pessoas que são muito faladeiras, seja porque falam em demasia, ou porque falam o que não devem. Esse provérbio nos alerta sobre a importância de prestar atenção à maneira como nos comunicamos, pois pode ser que acabemos “dando bom dia a cavalo”, ou seja, falando com pessoas que não nos escutam, ou passando a impressão de que não estamos no nosso melhor juízo.


37. Dê sal primeiro às vacas gordas

Significa que é aconselhável investir primeiramente no que está indo bem em nossa vida, seja um projeto ou um talento, pois se assim garantimos que nossos esforços não serão em vão. Esse dito popular não é muito conhecido para a grande parte das pessoas, mas tem origem na sabedoria do povo da roça.

Como o sal é um suplemento importante para o gado, pois esse animal tem necessidade de consumir sais minerais como o cloreto de sódio para manter a saúde, os fazendeiros costumam alimentar primeiro as vacas gordas com o sal, para garantir seu sustento, e depois as vacas que estão com a saúde mais comprometida.


38. Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão

Existem ditados que usam metáforas para fazer comparações com situações reais, e existem aqueles que dizem de maneira bastante direta o seu objetivo. Essa é uma dessas frases mais certeiras. Quer dizer que quando uma pessoa se apossa de algo que já foi roubado, ela não pode ser declarada culpada, pois apesar de ter cometido um delito, fez exatamente a mesma coisa que o outro sujeito.


39. Não grite a sua felicidade, pois a inveja tem sono leve

Aqui, a orientação é de que não é aconselhável vangloriar-se e dizer a todos a intensidade de sua felicidade, suas conquistas e realizações, pois muitas vezes existem pessoas (mesmo próximas) que podem se sentir invejosas e acabar por te prejudicar.


40. A cobra vai fumar

Essa é uma expressão que tem um tom de ameaça e é usada quando alguém pretende alertar outra pessoa que se algo improvável acontecer, ocorrerão sérias consequências. 

Por exemplo: “Se alguém comer o doce que estou guardando para mais tarde, a cobra vai fumar”.

A frase tem origem na Segunda Guerra, quando soldados brasileiros foram mandados para o conflito, contrariando muitas pessoas que diziam que “era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”. Assim, mais tarde, a FEB (Força Expedicionária Brasileira) incorporou a imagem de uma cobra fumando como símbolo.


41. Quem canta seus males espanta

O ditado nos aconselha a inserir a música (e a arte de maneira geral) em nossa vida e cotidiano, pois através do canto é possível alcançar maior estabilidade emocional, afastando os problemas de nosso pensamento. Portanto, segundo o ditado, as pessoas que costumam cantar são mais felizes.


42. O barato sai caro

Muitas vezes, acabamos comprando alguma coisa pensando apenas no preço, sem levar em conta a qualidade do produto. Por conta disso, pode ocorrer de tal objeto dar algum defeito e ser necessário comprar outro, gastando mais do que o planejado. Então, quando queremos alertar alguém de que é preciso verificar o “custo-benefício” de alguma coisa, dizemos que “o barato sai caro”.


43. Nem tudo o que reluz é ouro

Essa é uma frase que nos adverte sobre a falsa ideia que podemos ter diante de alguma coisa ou situação que parece ser muito boa. Entretanto, essa situação pode revelar-se menos valiosa do que o primeiro julgamento que fizemos. Assim, um outro ditado que poderia ser usado nesse caso é “As aparências enganam”.


44. Cada um sabe onde lhe aperta o sapato

O conceito por trás dessa sentença nos estimula a praticar a compreensão acerca dos problemas dos outros. Muitas vezes, algo que para nós parece ser de fácil resolução, ou uma coisa sem importância, para outra pessoa pode ser muito complicado. Assim, devemos entender que cada pessoa sabe quais são seus pontos fracos e vulnerabilidades.


45. Roupa suja se lava em casa

A frase sugere que os problemas de uma família devem ser resolvidos entre quatro paredes. Dessa forma, o provérbio nos orienta que devemos ser discretos ao resolver impasses, contratempos e perturbações familiares para que desconhecidos não saibam do que se passa em nossa vida privada.


46. Diga-me com quem andas e lhe direi quem és

A expressão quer dizer que é possível conhecer o caráter de uma pessoa quando se observa as suas amizades e companhias. Sugere que pessoas que convivem intensamente acabam se tornado muito parecidas, ou que pessoas com características similares têm a tendência a se aproximar e desenvolver uma amizade.


47. Muita trovoada é sinal de pouca chuva

Esse provérbio se assemelha ao “cão que ladra não morde”, e pode ser usado nas mesmas situações.

Quer dizer que quando há muito alarde em torno de uma questão, normalmente as consequências não são tão graves.


48. Deus escreve certo por linhas tortas

Quando se diz que “Deus escreve certo por linhas tortas”, a intenção é de acalmar alguém que está passando por uma situação aparentemente complicada e difícil, mas que com o tempo pode se revelar uma “bênção ou "livramento".

Assim, pode ser que estejamos vivendo um momento em que as coisas parecem estar “fora dos eixos”, mas devemos confiar na providência divina, sabendo que a imprevisibilidade faz parte da existência.


49. Não adianta chorar o leite derramado

A frase nos diz: não adianta se lamentar pelo que já aconteceu. Não vale a pena remoer sentimentos, sentir culpa ou raiva por coisas que ficaram no passado. Assim, é preferível cultivar o desapego e partir para um novo capítulo da vida do que ficar preso a acontecimentos que já não temos como mudar.

Há uma teoria de que o provérbio tenha origem na vida camponesa, na qual mulheres costumavam levar latas de leite na cabeça. Assim, em um eventual descuido e tropeço, se o leite fosse ao chão, não adiantaria chorar pelo alimento perdido.


50. Quem casa quer casa

Essa máxima é dita quando jovens casais se casam e permanecem morando na casa dos pais de um deles.

Normalmente, quando isso acontece, mesmo que a relação seja harmoniosa no começo, podem ocorrer desentendimentos e interferências por parte dos pais/sogros. Então, se usa a expressão para dizer que é o ideal é que a vida em matrimônio seja construída em um local totalmente novo, com privacidade e liberdade para os recém-casados.


51. A união faz a força

A pequena frase nos diz que quando um grupo de pessoas se junta com um mesmo propósito, surge uma grande força que pode trazer mudanças significativas em torno de uma situação. Assim, o dito popular incentiva as pessoas a cultivarem o espírito de equipe e coletividade.


52. Quem ri por último, ri melhor

Não se deve contar vantagem antes do tempo ou se vangloriar de estar em uma posição “superior” a outra pessoa. Pois, segundo o dito, quem está “por último” pode conseguir inverter a situação e acabar se beneficiando mais do que seu adversário.


53. Um dia é da caça, outro do caçador

O ditado é comumente usado para levar conforto às pessoas que vivenciam uma experiência ruim. 

É uma maneira de nos lembrarmos que a vida é cíclica e que um dia quem te fez o mal pode estar numa pior, enquanto você colhe benefícios.


54. Não adianta tapar o sol com a peneira

Aqui, o ensinamento é sobre a necessidade de olharmos as coisas, as pessoas e as situações de maneira direta e sem ilusões. 

Não convém tentarmos disfarçar o que está evidente, pois, assim como uma peneira não consegue impedir que a luz do sol passe, muitas vezes é improdutivo o nosso esforço em fazer algo parecer o que não é.


55. Quem fala o que quer, ouve o que não quer

O provérbio nos alerta também para questões relacionadas à comunicação. Aqui, o conselho é claro: não fale tudo o que vem à sua mente, pois você pode ofender os outros e escutar como resposta coisas que também são desagradáveis. Portanto, devemos ser cuidadosos no diálogo.


56. Falar é prata, calar é ouro

O ouro e a prata são materiais presentes na natureza e têm grande valor monetário. Entretanto, o ouro é bem mais raro e valioso. 

O ditado nos diz que apesar de a comunicação ser muito útil, muitas vezes é mais apropriado nos calarmos do que corrermos o risco de dizer alguma bobagem.


57. Quem tem pressa come cru

A frase nos alerta que é necessário dar “tempo ao tempo”, exercitando a paciência para que as coisas ocorram da melhor maneira, pois, do contrário, podemos colocar tudo a perder por conta da pressa e da ansiedade. 

É como um bolo ou um pão, que precisa de um tempo específico para assar, se tiramos no forno antes de estar pronto, comeremos a massa crua.


58. Um homem prevenido vale por dois

Já esse provérbio explica sobre a importância de sermos precavidos.

É usado, por exemplo, quando alguém está numa situação de viagem, ou em um lugar distante, e ao se deparar com uma situação difícil, um “sufoco”, se lembra de que tem em seus pertences um objeto que será muito útil.


59. Salvo pelo gongo

Esse ditado é usado para dizer que uma pessoa foi “salva” de uma situação difícil por meio de uma providência externa. 

Há quem diga que a expressão é originada no receio que se tinha de ser enterrado vivo antigamente, o que teria levado à instalação de sinos nos túmulos, com uma corda para que a pessoa tocasse caso precisasse. Entretanto, é mais provável que a frase faça referência às lutas de boxe, quando um lutador está derrotado, não aguentando mais continuar o confronto, e é dado o sinal de que o round terminou.


60. Onde Judas perdeu as botas

O provérbio é falado para denominar um lugar muito distante e incerto. O Judas em questão é Judas Iscariotes, o discípulo que traiu Jesus. 

Segundo a bíblia, o apóstolo suicidou-se e foi encontrado sem sapatos, enforcado em uma árvore. Seus calçados nunca foram localizados e há especulações de que o ditado surgiu daí.


61. Olho por olho, dente por dente

Essa frase carrega como significado o desejo de vingança. É dita quando alguém está muito revoltado por conta de uma maldade cometida por outra pessoa e tem o intuito de “pagar na mesma moeda”.

Assim, o mesmo mal que foi causado deve ser devolvido em igual proporção.


62. Quem não chora, não mama

Esse ditado faz referência ao choro dos bebês, que quando estão com fome precisam chorar para comunicar à mãe a necessidade de alimento. Dessa forma, a mulher pode oferecer o seio e amamentar seu filho. Da mesma maneira, os adultos às vezes precisam se comunicar, insistir e “chorar” para ter suas necessidades atendidas.


63. Quem muito se ausenta uma hora deixa de fazer falta

Aqui, a ideia é a de que a pessoa que não dá atenção aos amigos, no início pode fazer falta, mas com o tempo passa a não ser mais lembrada. Isso porque temos a tendência a nos acostumarmos com as situações.


64. A esperança é a última que morre

Esse ditado nos fala sobre fé. A esperança é o sentimento de que, mesmo quando as coisas não vão bem, temos a crença de que com tempo tudo será melhor. Por isso, há pessoas que nunca perdem a esperança.


65. Cada cabeça uma sentença

As pessoas tem maneira diferentes de compreender o mundo e de se relacionar com os outros. Assim, esse ditado surge como um forma de enfatizar que os valores de cada um são únicos.


66. Depois da tempestade vem a bonança

Muitas vezes estamos em situações muito ruins, onde parece que a nossa vida é uma grande tormenta, uma violenta tempestade. Mas, ao observar a natureza, vemos que depois de uma chuva forte, as nuvens se dissipam e o céu novamente fica límpido. Assim acontece na vida, depois de um evento ruim, um tempo bom pode começar.


67. Em boca fechada, não entra mosca

A frase nos alerta para tomarmos cuidado com as palavras e não falarmos bobagem. Quem deixa de falar besteira, deixa também de fazer papel de bobo.


68. Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

O provérbio é usado quando queremos dizer para as pessoas seguirem nossos conselhos, mas que nem por isso nós mesmos fazemos o que dizemos.


69. Melhor prevenir que remediar

A ideia é a de que é sempre melhor tomar cuidado, evitando se machucar (em todos os sentidos) do que precisar tomar remédio. Ou seja, o ditado passa a noção de cautela e prevenção.


70. Deixa como está para ver como é que fica

O melhor é aguardar, dar tempo ao tempo para que tudo se acomode da melhor maneira.


71-  Vive no mundo da lua

Fala-se de uma pessoa que está sempre muito distraída, envolta em seus pensamentos.


72-  Firme como um prego na areia

Esta frase é usada para se responder a seguinte  pergunta : Como você está? E a pessoa , não estando muito bem, responde usando a metáfora do prego na areia, ou seja, mais ou menos bem.


73- Esse  morde e assopra

Diz-se da pessoa maldosas, instáveis, com dupla personalidade , em que ora agride, ora acalenta . Tem prazer em ver o sofrimento alheio. 


74-  O barato é loco

Seria o mesmo que dizer que a situação é bem difícil. Complicada!


75- Ora que melhora

Uma demonstração de que a fé e a busca faz com as coisas aconteçam.


76- Essa Coca é Fanta

Essa pessoa não é o que tenta demonstrar. Ela esconde algo.


77- Mas vale um na mão que dois voando

É melhor se garantir com o que você ja tem do que se arriscar e correr o risco de perder os dois, o que tem o o que se quer pra si e está se colocando em risco para conseguir.


78- Para um bom entendedor, meia palavra basta

Situações em que o receptor provoca ou instiga em demasia para obter tal informação e ou resposta e o locutor não quer se estender no assunto. Não preciso falar muito, se é que me entende.


79- Vamos deixar como está para ver como é que fica

Quando não se quer estender, prolongar o assunto.


80- Essa criança é da pá virada

Essa criança é difícil de lidar. Aquela que não se sujeita a ninguém.


81- Beleza não se põe a mesa

Seria o mesmo que dizer que conceito de beleza, não se mede. Cada pessoa tem o seu.


82- Vou fazer vista grossa

Vou fazer de conta que não estou vendo o que está sendo feito de errado.


83- Fulano meteu o loco

A pessoa está desequilibrada. Fora de si.


84- Esse Pitbull é Lassie

É uma forma de dizer que tal pessoa esconde algo ou não é o que esta aparentando ser.


85 - Está me tirano

Fala-se de alguém que está de alguma forma fazendo chacota com alguém.


86- Me engana que eu gosto

Fala-se de alguma pessoa que está tentando mentir  e ou esconder alguma informação importante.


87- Há uma luz no fim do túnel

Fala-se que há esperança em meio a tanta dificuldades e desacertos.


88- Vamos por as cartas na mesa

Vamos conversar e esclarecer tudo.


89- Deu com a cara na porta

Perdeu a viagem. Andou a toa.


90- Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come

Fala-se de uma pessoa que está sem saída, sem ter pra onde correr. Que não importa a atitude que tome, está em situação difícil.


91- E uma faca de dois gumes

Está frente a uma situação imparcial e precisa tomar uma decisão de risco.

Expressão popular que significa que algumas coisa, algum fator, que alguém, que traz consigo boas estimativas, em dadas circunstâncias pode ser prejudicial.


92 - Trabalho de formiguinha

Um processo, ou seja, um trabalho realizado aos poucos, devagar, sem pressa.

Há de se ter paciência e persistência.


93- È a panela e a tampa

Que para cada pessoa existe uma cara-metade ou seja uma alma gêmea. 


94- Ir para o olho da rua

Fala-se de uma pessoa que está sendo dispensado, despedido do trabalho.


95- Ficou pra titia

Fala-se de uma pessoa que não se casou e já esta maduro. 

De alguém sem perspectivas de casamento.


96- Deu o golpe do Baú

Fala-se de pessoas interesseiras que se casam por dinheiro, dando mesmo a entender que duas pessoas apenas casaram em virtude do proveito desigual.


97- Muito cacique pra pouco Índio

Muito chefe pra tão pouco funcionários.

Muitas pessoas querendo dar ordem num determinado contexto e ou espaço.


98- Toma lá dá cá

Troca de favores, de tarefas ou de obrigações, ou seja, quando há um combinado entre duas pessoas a respeito de algo.


99- Conhecer como a palma da mão

Ser muito próximo a uma pessoa. Conhecer muito bem determinada pessoa.


100- Ser vaquinha de presépio 

Fala-se de pessoas que aceitam passivamente tudo. Está sempre de acordo e sem questionar nada.


101-  Ou vai ou racha

Tomar atitude sobre algo, colocando-se em risco.

Assumir atitude radical perante algo.


102- Passar o pente fino

Analisar minuciosamente algo que aconteceu.

Apurar, examinar com atenção , minuciosamente.


103- Vamos trocar figurinhas

Trocar informações importantes; travar relações amistosas e gentilezas. 


104- Jogar verde pra colher maduro

Fala-se de induzir alguém a falar algo , a revelar algo despercebidamente, disfarçadamente, indiretamente, sem que perceba.


105- Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher

Tratam-se de assuntos que só dizem respeito ao casal. Essa frases quer dizer que se tiver influência externa possa ser que piore mais a situação e a briga se prolongue ainda mais.


106- Pisar em ovos

Fazer ou falar algo com muito cuidado, cautelosamente.


107- Esse tem costas largas

Estar protegido por alguém poderoso 


108- Por as barbas de molho

Precaver-se.

Atentar-se pra algo que fez e que virá a tona.


109- Ficar de butuca ou estar de mutuca

Prestar atenção


110- Estar no mundinho ou no mundo da lua

Estar envolto em seus pensamentos.


111-  Não existe rosa sem espinho

O ditado traz o conceito de que mesmo as coisas mais bonitas podem trazer desafios. Isso vale para um amor, um trabalho, uma amizade ou outras situações. Isso porque, como é dito na oração, mesmo as flores mais belas, como as rosas, possuem aspectos desagradáveis como os espinhos em seus caules, que podem até mesmo causar ferimentos.


O que são os ditados populares? Orações que traduzem aspectos cotidianos da vida em sociedade.

São ideias relacionadas ao nosso modo tradicional de viver e de experimentar o mundo. As frases estão disseminadas na cultura popular e são transmitidas de geração a geração, muitas vezes independente da classe social dos falantes.

Os provérbios ilustram conceitos que parecem universais, geralmente as frases são assertivas e revelam verdades que se julgam incontestáveis.

Assim, ditados apresentam “pílulas de sabedoria”, conselhos transmitidos de maneira rápida e direta.

Metáforas Animalescas no nosso cotidiano

   DITOS  POPULARES METAFÓRICOS ANIMALESCOS

As metáforas animais são avaliadas por Kövecses (2010) como o terceiro  domínio-fonte mais produtivo das Metáforas Conceptuais presentes em nosso sistema conceptual. Nessa perspectiva, tal autor estima que, além de boa parte do comportamento humano parecer ser compreendido em termos de comportamento animal, isto é, pela Metáfora Conceptual comportamento humano é comportamentoanimal (doravante, MC comportamento humano é comportamento animal), pessoas seriam igualmente conceptualizadas em termos de animais, isto é, pela MC ser humano é animal, a exemplo de expressões em português: ‘A jararaca chegou’; ‘Não sei como ela se casou com aquele cavalo batizado’; ‘Ele é um verme’; ‘A vaca da minha chefe não veio hoje’.

Kövecses (2010) pondera ainda que, apesar de grande parte das metáforas animais parecerem mapear características negativas dos seres humanos, algumas dentre elas não o fariam, a exemplo de mulher sexy , "gatinha".

E  considerando o  papel social das metáforas animais, de acordo a  Kövecses (2005), a metáfora é um fenômeno linguístico, conceptual, sociocultural, neural e corpóreo. Esse autor afirma ainda que foi preciso que ocorressem algumas revoluções para que os estudiosos do assunto reconhecessem essas várias facetas da metáfora. Nessa perspectiva, Rodriguez (2009) argumenta contra o caráter neutro ou, ainda, marcadamente universalista das metáforas.


 E AQUI FICARÁ O REGISTRO DE ALGUNS DITOS POPULARES, QUE DIA A DIA FALAMOS E NEM PERCEBEMOS QUE ESTAMOS FAZENDO USO DE METÁFORAS ANIMALESCAS.



VOCÊ TEM OLHOS DE ÁGUIA -  PESSOA QUE ENXERGA TUDO

ELE TEM ESTÔMAGO DE AVESTRUZ - COME DE TUDO

É UMA COBRA ENROLADA - TRAIÇOEIRA

GATO ESCALDADO TEM MEDO DE ÁGUA FRIA- PESSOA DESCONFIADA

NEM QUE A VACA TUSSA- NÃO VEM QUE NÃO CEDO

CAVALO DADO NÃO SE OLHA OS DENTES - ACEITA SEM FAZER COMPARATIVOS

DE GRÃO EM GRÃO A GALINHA ENCHE O PAPO - É ECONOMIZANDO QUE SE TÊM

UMA ANDORINHA SÓ NÃO FAZ VERÃO - SOZINHO NÃO SE CONSEGUE NADA

TRABALHO DE FORMIGUINHA -  DEVAGAR E SEMPRE

QUEM FALA DEMAIS DÁ BOM DIA A CAVALO - TORNA-SE DESAJUIZADO

PAGUEI O MAIOR SAPO - DEI UM FORA ENORME

MÃE CORUJA-  MÃE SUPER PROTETORA

SEU ANTA -  SEU IDIOTA

PARECE UMA LESMA- É MUITO PESSOA MUITO DEVAGAR EM TUDO QUE FAZ

 QUANDO A PORCA TORCE O RABO - QUANDO SE PASSA DO LIMITE

OLHA! BOCA DE SIRI - ISSO É UM SEGREDO

FILHO DE PEIXE, PEIXINHO É - TAL PAI , TAL FILHO - HÁ  SEMELHANÇAS

SEU ABELHUDO - PESSOA CURIOSA E INDISCRETA

PARECE UMA TARTARUGA - ANDA MUITO DEVAGAR

É UM RATO - É UM LADRÃO

PARECE BARATA TONTA - PESSOA INDECISA, INQUIETA

SEU JUMENTO! SEU ESTÚPIDO

SAI FORA JACARÉ - NÃO VÉM QUE NÃO TEM

SHII , DEU ZEBRA - ALGO DEU ERRADO

LÁGRIMAS DE CROCODILO - FALSIDADE

ESSA PESSOA TEM SANGUE DE BARATA!  É INQUIETA

ESCREVEU, NÃO LEU, O GATO COMEU - PERDEU A VEZ

A VACA FOIU PRO BREJO - PERDEU ALGO OU A VEZ

ESSE BRIGA FEITO CÃO E GATO - ESTÁ SEMPRE BRIGANDO

DEU COM O BURRO N'ÁGUA -  PERDEU A VIAGEM

ELA TEM MEMÓRIA DE ELEFANTE - TEM BOA MEMÓRIA

EITA VIDA DE CÃO - VIDA DIFÍCIL

SEU CAVALO - SEU ESTÚPIDO

PARECE UMA MOSCA MORTA- PESSOA SEM ATITUDE

É UM GATUNO -  ELE É UM LADRÃO

ELE AÉ UM GATO - ELE É LINDO

O GATO COMEU SUA LÍNGUA? -   VOCÊ NÃO QUER FALAR?

SEU BALEIA - SEU GORDO

 FALA QUE NEM UM PAPAGAIO -  FALA DEMAIS

SEU ASNO - SEU IMBECIL

CADA MACACO NO SEU GALHO - CADA UM NA SUA. SEM INVADIR O ESPAÇO ALHEIO

TOCO DE AMARRAR JEGUE - PESSOA PEQUENA, BAIXA

QUE BURRICE -  NÃO SABE NADA

ELA EMPACOU - ELA NÃO SAI DO LUGAR

NEM QUE A VACA TUSSA - NEM ADIANTA QUE NÃO VOU CEDER

 PARECE UM GALO DE BRIGA- ENCRENQUEIRO E  BRIGUENTO

TÔ COM UMA FOME DE LEÃO -  COM MUITA FOME

DEIXE DE MACAQUICE- PARE DE PULAR


Por outro lado, de acordo com Gibbs (1994), a linguagem figurada ou ainda as metáforas verbais são dominantes na comunicação cotidiana, sobretudo porque, além de elas se constituírem em principal recurso para expressão verbal humana, permitiriam que os usuários elaborassem suas ideias da maneira mais eficiente, compacta e nítida, facilitando, assim, as interações verbais nas quais se encontrariam engajados. Além disso, segundo Rodriguez (2009), as metáforas animais teriam forte influência na compreensão e construção de identidades sociais e de gênero, a exemplo das metáforas animais relativas à conceptualização da mulher e de sua condição social nas línguas de tradição inglesa e espanhola.

Este texto acima foi retirado do artigo intitulado " As Metáforas animais e suas implicações interacionais, por Fernanda Cavalcanti e Ana Cristina Pelosi e a contribuição na busca e interpretação de alguns ditos populares que fazem parte do contexto cultural do povo brasileiro.

2016_art_fccavalcantiacpsmacedo.pdf (ufc.br)

Ao defender que as metáforas sofrem influências de componentes comportamentais e ideológicos, Rodriguez (2009) advoga que as metáforas animais seriam exemplos de metáforas que projetam experiências relativas à construção de identidades sociais e de gêneros. Assinala, assim, que muitas dessas metáforas formulam e motivam conceitos a respeito da condição feminina, a exemplo da conceptualização de mulher como gata, pomba, franga ou cadela nas línguas inglesa e espanhola. 

Com efeito, Rodriguez (2009) ressalta o caráter negativo das conceptualizações de mulher em termos de animal, ao considerar que tais metáforas seriam motivadas por crenças e valores de determinado grupo de indivíduos, representado pelo macho branco e heterossexual, que, ao se constituir em cânone social, estabelece determinados grupos de indivíduos, a exemplo das mulheres, como marginais. Em outras palavras, Rodriguez (2009) considera que as metáforas pessoas são animais seriam recursos cognitivos que projetariam conceitos depreciativos a respeito das mulheres e demais grupos de indivíduos, como os dos imigrantes, que contrariam a ordem canônica representada por grupo de indivíduo representado pelo macho branco heterossexual.








 






Menino, cadê você?

 Menino, cadê você?


Autora: Stela Barbieri e Fernando Vilela


Minha proposta e sugestão de atividade seria de  trocar a palavra menino por : mamãe, papai; titia; vovó; etc. Além do que,  imaginar algumas situações que contextualizem o personagem escolhido.


- Menino, cadê você?

- Estou na caverna, da mamãe.

- Menino, cadê você?

- Estou pulando jacaré no rio!

- Menino, cadê você?

E assim este curioso menino vai respondendo sua mamãe até que percebe que ela não está por perto. Ai, ele fica desesperado mas, logo encontra sua curiosa e criativa mamãe.





ENTRE TANTOS

 ENTRE TANTOS


Autor: Marcelo Cipis


MANUEL É PRIMO DO ACÁCIO

QUE É PAI DA ESTELA,

QUE É VIZINHA DA MARLI,

QUE É TIA DO CARLINHOS,

QUE É NETO DO ERNESTO,

QUE É CASADO COM A GERTRUDES,

QUE É AMIGA DA    (...)



E ASSIM DISCORRE ESTA CRIATIVA LEITURA E VEJAM QUE DÁ PRA CONSTRUIR UM POEMA RICO EM INFORMAÇÕES TRABALHANDO IDENDIDADE, ESPAÇO/LOCALIZAÇÃO, REGIONALISMO, DENTRE OUTROS.

EU PEGUEI A IDEIA E CRIEI UMAS AULA DE GEOGRAFIA. UM TEMA TRANSVERSAL  EM QUE APRESENTAVA OS ESTADOS VIZINHOS E OS BAIRROS VIZINHOS. E COM CERTEZA, DEPENDENDO DA FAIXA ETÁRIA, PODEMOS TRABALHAR OS CONTINENTES OU SÓ OS ESTADOS DE DETERMINADO PAIS. 

VOU EXEMPLIFICAR: BRASIL É UM PAÍS DA AMÉRICA, E FAZ PARTE DESTA FAMÍLIA MUITOS ESTADOS (...) E FAZ OPARTE DESTES ESTADOS MUITAS CIDADES...  

O IMPORTANTE É OBSERVAR QUE O AUTOR INICIA PELO MANUEL E FINALIZA A LEITURA COM O MESMO PERSONAGEM.

AS ILUSTRAÇÕES DÃO UM TOQUE A MAIS E VALE MUITO A PENA CONFERIR!


Modernidade Líquida por Zygmund Bauman



Modernidade Líquida   

Autor-  Zygmund  Bauman

A era fluida , transformadora e  livre de escolhas...

A vida vista sobre um outro ângulo , como que vista da janela, de longe, de cima, do alto, fora desse contexto social...
Talvez como espectador e ou expectador, como um grande observador. Atento a mínimos detalhes da essência, da nata social, rica, média ou pobre. É assim que vejo Zygmund Bauman, simplesmente maravilhoso!

Essa leitura é um convite a reflexão sobre o que nos cerca .

Os ideais, as oportunidades  e as escolhas ou pelo menos que parecem ser escolhas. Uma sociedade demarcada por estratégias sócio-adaptativas, resultante de um processo histórico-evolutivo, criado através das interações entre fatores biológicos e culturais em meio a crescente complexidade da vida em grupo.

Na visão do autor, o sociólogo Zigmund Bauman a modernidade expressa-se concretamente na política e na cultura, afirmando novas formas de organização social e novos parâmetros de sociabilidade – contemporaneidade – tudo é fugaz, efêmero, a era dos supérfluos na matéria. 

Não ao sentimento profundo, ao vínculo.


O líquido, diferentemente dos sólidos,  não mantém sua forma com facilidade.                       Os fluidos não fixam espaço nem prendem o tempo, propensos a mutações, eles simplesmente  : fluem, escorrem, esvaecem, respingam, transbordam, vazam, inundam, pingam...E, quem quer uma sociedade congelada, estagnada, resistente ao tempo?

Emancipação, repúdio ao passado histórico, ao agrado, as tradições. Esmagamento da armadura protetora forjada de crenças e lealdades que permitiam que os sólidos resistissem a liquefação.      

E como aperfeiçoar esse sólido – moldar – tornar-se alterável?

Os tempos modernos encontram os sólidos pré-modernos em estado avançado de desintegração - E como administrar isso - Que tal começar eliminando as obrigações “irrelevantes” que impede a via de cálculo racional dos efeitos - a família -  e da densa trama das obrigações éticas. As responsabilidades mútuas, deixando toda a complexa rede de relações sociais no ar, desprotegida, impotente.

Um campo aberto  para a dominação, invasão frente a uma operação suave e contínua. 

Esse derretimento levou a uma progressiva libertação da economia de seus tradicionais embaraços políticos, éticos e sociais.





Bauman nos afirma que ao invés de uma sociedade dentro de um processo rígido, agora, ele é livre de escolhas e que por causa dessa liberação, dessa flexibilização, da fluidez crescente, do descontrole dos mercados financeiros, imobiliários, familiares,  trabalhistas, agora desengajados, onde articulam-se entre si o desejo por mudanças. Virar a mesa, arriscar, soltar as amarras. 
Um novo sentido em redirecionamento.

Redistribuição e relação de poderes em âmbito familiar, trabalhista e social.

Os indivíduos foram libertados de sua velha gaiola para serem admoestados e censurados, seguindo ideologias, grupos,  regras e modos de conduta tidos como apropriados e corretos.

Emancipação, individualismo, organização tempo e espaço. Aspectos entrelaçados e dificilmente distinguidos das experiências vivida pelos individuos.

Quando a distância percorrida numa unidade de tempo passou a depender da tecnologia, de meios artificiais de transporte, há de se considerar, refletir , reconhecer que todos os limites, a velocidade do movimento sejam eles  existentes ou herdados, poderiam, em princípio, serem transgredidos.

A velocidade do movimento e o acesso a meios rápidos de mobilidade e comunicação chegaram, nos tempos modernos, sendo está a posição de principal ferramenta do poder e da dominação. 

O poder se tornou verdadeiramente extraterritorial, não mais limitado nem desacelerado pela resistência do espaço. No espaço, contudo, pode haver controle absoluto.

O mundo deve estar livre de cerca, barreiras, fronteiras fortificadas e qualquer rede densa de laços sociais, e em particular que estejam territorialmente enraizados, aparentemente intocáveis,  estes serão obstáculos a serem eliminados.  

"Fixar-se ao solo não é tão importante se o solo pode ser alcançado e abandonado à vontade, imediatamente ou em pouquíssimo tempo. Por outo lado, fixar-se muito fortemente, sobrecarregando os laços com compromissos mutuamente vinculantes, pode ser positivamente prejudicial, dadas as novas oportunidades que surgem em outros lugares." 

Bauman afirma que a emancipação ao fim de três décadas gloriosas acontece. 
De que devemos nos emancipar? Libertarmos dos grilhões da sociedade, do peso, do sólido.

Onde haja a participação de todos. Onde todos acreditam estar de alguma forma participando, opinando, construindo. Sendo ouvido, sendo considerado.

Não a meta mais sem a massa.

A relutância do mundo, da sociedade em se submeter, em perceber o mundo “real”, constrangedor, limitante e desobediente. Livre para agir conforme os desejos e possibilidades, ampliando a capacidade de ação, onde as intenções passam a ser experimentadas.  

Liberdade subjetiva e liberdade objetiva – até onde posso , até onde quero, até onde consigo, até onde terei livre arbítrio. Até onde preciso ir a fim de alcançar tais objetivos, até então limitados a determinados grupos, assumindo os resultados sejam eles favoráveis ou não!  Ou, aparentemente favoráveis...

Uma mudança como que por encanto, de riscos e de coragem, de vontade. Uma liberdade “conquistada”.  A liberdade tem um preço a se pagar, querendo ou não assumir os riscos que lhe cabem, assim como as responsabilidades. Responsabilidades estas que numa sociedade livre não precisa ser muito considerada, não a curto prazo...

Nasce dessa emancipação o individuo que agora tem , age, estabelece e aparece. Tem autonomia e age sobre ela. Porém, abandonado aos seus próprios recursos, onde se submete à sociedade, a determinados grupos, ideologias, como que fisgados. E essa submissão é a condição para sua libertação. 

Há de se considerar que a falta de limite torna a vida detestável, brutal e curta.

A coerção social é uma filosofia à força emancipadora. 

Padrões e rotinas impostas por pressões sociais condensadas, despercebidamente traçadas, poupam essa agonia, graças a monotonia e a regularidade de modos de conduta.   (levemente/discretamente/lentamente). 
A rotina pode apequenar o individuo  mas, também pode proteger.
Submeter-se a sociedade e seguir suas normas e a ausência ou falta de clareza, de reflexões sobre o que está por detrás, o que virá adiante, os resultados dessas normas é e será a grande questão.

A proposta é uma vida de impulsos e momentânea, de ações de curto prazo e destituída de rotinas sustentáveis. Uma vida sem hábitos, destituídas de passado e de futuro – uma modernidade fluida – uma existência desarraigada da sociedade frente aqueles que até então determinavam seu comportamento e suas ações. 

As instituições estão dispostas a deixar a iniciativa individual. O cuidado com as definições  e identidades e com princípios universais com os quais convém rebelar- se,  estão em falta, em curso, sem amarras determinantes e definidoras de identidades. E, o que está disponíbilizado para recomendações são: camas de motel (prostituição), divãs (psicólogos), sacos de dormir (andarilhos),a disposição das efemeridades sociais, das escolhas , do futuro tido como incerto.

Uma sociedade que se diz livre de questionamentos e de justificativas.

Uma análise complexa frente aos resultados dessas ações tornou-se irrelevante, obsoleta e desnecessária. Inóspita para a crítica, que não abre espaço à critica – um lugar aberto a todos, livre de escolhas e atitudes. 

Cada indivíduo seguindo seu itinerário, sem atribuições, sem deveres, sem questionamentos, sem satisfações, sem interferências. Sem espaço â interferências.

Uma profunda transformação do espaço público, agora dotado de leveza, espontaneidade, fluido, permissivo. 

A sociedade pesada da era capitalista, de Henry Ford,  Karl Max, Focault  - sistemática, impregnada de teorias totalitaristas , onipresente, ameaçadora – uma verdadeira "Guerra Santa" a todas essas anormalidades, abrindo espaço a era moderna, incluindo toda espontaneidade e iniciativa individual, dotada deutonomia e  liberdade que só a burguesia tinha, só a elite.
E há de se considerar que estás escolhas se tornam bem diferenciadas se comparada uma condição com a outra. Um indivíduo com condições financeiras desfavoráveis se diferencia e muito daquele que muito tem e que dê alguma forma consegue driblar resultados, resultantes de suas ações, ao contrário daqueles que uma vez na escolha, muitas das vezes não consegue retroceder, reverter e se restabelecer e ou se arrepender e querer ou poder voltar atrás.

O panótipo, sobre a ótica de uma câmera as escondidas e o controle rigoroso, atento a tudo e a todos . 
Lugar onde os limites da maleabilidade humana são testados – a palavra de ordem era desarmar e neutralizar, controlar e direcionar. Então, surge uma teoria crítica, fluida, de auto firmação, do direito de ser, de ter, de aparecer. 

A modernidade sempre existiu, século após século, com os avanços. Porém a modernidade fluida, compulsiva e obsessiva, inefreável e sempre incompleta é a que estamos inseridos nos dias atuais.

A busca constante e insaciável de uma criatividade destrutiva em nome de um novo e aperfeiçoado projeto de desmantelar, defasar, reduzir o individuo.

O que o homem faz o homem pode desfazer.

Estar sempre à frente de si mesmo, ser incapaz de parar e ainda menos capaz de ficar parado no tempo e no espaço. 
Uma identidade que só pode existir como projeto de não ficar, de não realizado, incompleto, com muito ainda por fazer.  

É complexo demais uma sociedade boa, sem conflitos, isso é passado !  Essa busca por equilíbrio agora é individual, não mais social. 

Astúcia, vontade e poder são  para as partes e não para o todo.  Para os fortes.

Se espelhe em alguém , observe, seja criativo. 
Lute pelos seus ideais. 
Participe e faça suas próprias escolhas.

No mundo dos indivíduos há apenas outros indivíduos e meros exemplos a serem seguidos, ou não!  

Assuma-se, responsabilize-se, invista. (celebridades são os exemplos) .

"A apresentação dos membros como indivíduos é a marca registrada da sociedade moderna. Essa apresentação, porém, não foi uma peça de um ato: é uma atividade reencenada diariamente. A sociedade moderna existe  em sua atividade incessante de “individualização”, assim como as atividades dos indivíduos consistem na reformulação e negociação diárias da rede de entrelaçamentos chamada “sociedade”.

A sociedade dos indivíduos forma a individualidade de seus membros, e os indivíduos formando a sociedade a partir de suas ações na vida, enquanto seguem estratégias plausíveis, na rede socialmente tecidas de suas dependências.

A apresentação dos membros como indivíduos é a marca registrada da sociedade moderna, reencenada diariamente, incessantemente, reformulada e renegociada na rede de entrelaçamento chamada “sociedade”. O indivíduo faz parte da sociedade, portanto é preciso se inserir, tornar-se, fazer parte, agir compulsivamente. 

Aderir, emancipar-se.  

A individualização já não é uma escolha, é uma fatalidade. 

"Não se engane:  agora, como antes – tanto no estágio leve e fluido da modernidade quanto no sólido e pesado -, a individualização é uma fatalidade, não uma escolha. Na terra da liberdade individual de escolher, a opção de escapar a individualização está decididamente fora da jogada."

As que  ficam doentes foi por indecisão, por falha.

Se ficam de fora foi por escolha, incompetência, porque não se esforçaram o suficiente. Colocando no indivíduo a responsabilidade, a culpa pelo fracasso.

Oportunidades, a vida possibilita !
Basta querer ! 
Acredite!

O indivíduo é corresponsável por suas escolhas e consequentemente pelos resultados, pelos riscos enfrentados solitariamente. E manuais de instruções é o que não faltam. Dicas de sobrevivência são repassadas pela mídia, pelos meios de comunicação quase que diariamente, todavia, a ferramenta é você. Agora, se vai saber usá-la, só o tempo dirá.

Na terra da liberdade individual de escolher a opção de escapar á individualização e de se recusar a participar desse “jogo” está decididamente fora da jogada.  
Imposição, não!  DIRECIONAMENTO.

Não há espaço para uma sociedade pública, com espaços públicos, onde o coletivo está em questão. Fragmentou-se, cada qual seguindo seu rumo.

As únicas duas coisas úteis que se espera e se deseja do “poder público”, onde o coletivo está em questão, são que eles observem os “direitos humanos”, isto é, que permita que cada indivíduo siga seu próprio caminho,  e que permita que todos os faça em “paz”, protegendo a segurança de seus corpos e posses.