Revista Magistério 2

Revista  Magistério  2  -       A Aula expandida para muito além do essencial.




Em uma sociedade onde a cultura do entretenimento ocupa um papel cada vez mais central, as tecnologias ganham espaço e tempo e o prazer imediato  é a lei máxima. Busca-se no consumo as satisfações da ansiedades por um estado de contínuo prazer e felicidade. Nada que exige rigor, disciplina e esforço continuado e que produza resultados em médio e longo prazos.                                                                                                                                                                                             
A aula  é um ritual dinâmico de ensino-a´aprendizagem, coletivo e individual em que o professor planeja, organiza, autora e conduz a interação, entre as pessoas, mobilizadas de forma intencional e em direção à construção de um sabe , alicerçado num currículo social e históricamente concluído - com bases disciplinares.
Componente maior do processo de aprendizagem, ensino e investigação. Constitui-se escola.A aula essencial é que dá a temática, as mobilizações, o sentido de todo o trabalho a ser desenvolvido na ação pedagógica e educacional do professor.                                                                                            E, como ampliar os horizontes, como diversifica e acionar as múltiplas inteligências pelas quais o aluno acessa e constrói a realidade cognitiva e como ir adiante?                                                              Como alargar as paredes da escola de forma a permitir instaurar uma democracia de educação para todos, tendo na cultura, tecnologia , ética e estética, um direito de todos.                                                A aula centrada, exata e enxuta, essencial, desperta, dentre outras curiosidades , o senso da imaginação. Inúmeras zonas de sensibilização se colocam em uma aula que exigem do professor e do aluno novos campos de curiosidade, investigação, aprofundamento, utopias, críticas, contradições, situações de provocações e desafios, . A esse conceito apelida-se de aula expandida.                             Não é qualquer conteúdo que viabiliza uma educação libertadora e humana. São os conteúdos e os vetores éticos , definidos pelos programas-políticos pedagógicos. ´|E na aula e na aula expandida que o professor - juntamente com os alunos - busca o equacionamento dessas questões. É na aula expandida que o aluno é provocado pelos alunos para pensar junto - no interior de  sua área de conhecimento.. Buscar com os alunos, por exemplo,  como tudo se originou, quais os eixos da evolução da história, das relações humanas, da cultura, ou quais  as ameaças ao nosso planeta, enfim, é tarefa do professor incentivar e ir adiante na formulação da curiosidade dos alunos. não se trata de dar respostas mas de equacionar as possibilidades de seu entendimento.. Não trazer apenas a descrição sistemática do mundo e sua interpretação analítica,mas também quais outras interferências e possibilidades. Ela abre a imaginação para o que poderia vir a ser o melhor.                                                                                                                                                                                                           É a utopia no sentido de Paulo Freire, não como o irrealizável, mas como o ato de denuncia de uma sociedade injusta e o anúncio de uma sociedade/realidade nova, humanizada, alterada pelas ações do educando. Trata-se de abrir a dimensão da intervenção que nasce do conhecimento, não como atividade espontânea, após a consciência dos fatos,  mas como atividade mediada pelo contato com a realidade e pelo diálogo entre os agentes sociais. Práxis pedagógica/reflexão. Uma conjunção de ações planejadas pelo professor, às vezes sozinho, ás vezes acompanhado pelos alunos ou em parceria com seus colegas  de outras disciplinas. O caráter interdisciplinar do trabalho docente acontece prioritariamente nestes momentos de planejamentos e de intervenções pedagógicas.               Aula é misto de prazer e dever. O conhecimento  e o saber enquanto atos de sabor e de prazer.Atos pelos quais quais parte-se do já vivido e do já sabido para a aventura do redescobrir, interpretar, questionar, investigar, criar e propor a inovação.                                                                                     Pautadas na ética e na estética. E como o ser humano é impulsionado pela busca de satisfação dos desejos, a aula é um momento de realização dos desejos. Também cabe ao educador promover no aluno, o sentido de espera, de amadurecimento, o tempo exato para que as coisas aconteçam, como em todos os processos orgânicos da natureza. E esta noção é percebida de maneira diversa entre um adulto e uma criança. Cabe a nós, educá-los para a espera própria da realização de alguns desejos. Alguns conhecimentos veem de imediato,porém alguns virão com o acúmulo de pequenas aprendizagens.                                                                                                                                            A sociedade contemporânea cobra que a escola seja prazerosa para seus filhos, mas que quer que eles saiam completamente disciplinados para ingressar num mercado competitivo, rigoroso e exigente, punidor de baixos resultados, excludente, expropriador do trabalho e premiador do sucesso.  Além das virtudes individuais , há que se contar e desenvolver também as virtudes públicas. São as habilidades exclusivas para enfrentar o século XXI.                                                                                  Prazer e dever dialogam no interior do processo educativo, travado na escola e nas ações da aula expandida. Porém não se opõe às exigências da produtividade, de registro sistemático, do cumprimento de tarefas, de compromisso com os grupos de trabalho.. Um estudo organizado , centrado nas ações de aprendizagens , avaliando e sendo avaliados.                                                       Há que se diferenciar as modalidades de olhar , de registro, de documentação, de evolução do aluno, que vem sendo o processo de aprender. Uma operação pedagógica, fundada nas ciências cognitivas. Os processos cognitivos se dão por meio de integração entre o novo e as informações já disponíveis. A memória e repertório de sensações vividas e que nos ajudam fortemente a aprender. A memória é o resultado da vivência com significado. Uma aula dada com significado gera memória que aciona outros conhecimentos e novas aprendizagens. A chamada "cultura geral" é material repleto de significado humano.                                                                                                                                   E o trabalho do professor e do currículo escolar são centrais para construir um projeto de nação em que a ciência seja uma conquista e produção de todos. O conhecimento é um tecido feito por muitas mãos e construído lentamente por homens e mulheres das gerações.                                                                                                                                                                                                                           Terezinha Rios  fala sobre as questões essenciais da aula, sua função no processo pedagógico.                                                                                                                                                                                 Qual é o fubá da sua aula?                                                                                                                         Há uma transformação histórica em todo o contexto social  e torna-se necessário entender que a aula está sujeita a este mesmo processo de transformação. Também  temos que considerar que nem sempre a evolução tem um caráter positivo.                                                                                             Na sua essência pedagógica, a aula não experimentou transformações fundamentais. O espaço e tempo em que há uma relação pedagógica, este se mantêm. Mantem-se as figuras de professores e alunos, educadores e educandos, mas exatamente em função do momento histórico  , das características da sociedade, é que se dão as mudanças.                                                                           Aula é um acontecimento, um encontro. Uma aula não é algo que se assiste, é uma coisa que se faz! Não se trata de uma doação, não posso dizer que dei uma aula se não conto com alguém para acolher aquilo que eu vim fazer. Uma aula é uma coisa que se faz junto.                                                             Ora, se os alunos não aprenderam , não se pode dizer que se ensinou.O processo ensino-aprendizagem compõem-se de dois elementos que são distintos, mas que não podem ser desarticulados. Na perspectiva da aprendizagem talvez se possa dizer que alguém aprendeu se ninguém ensinou, porém , na perspectiva  do ensino, é impossível dizer  que se ensina e não se aprende. Portanto há um desafio de se construir a aula , de fazê-la  junto com os alunos.                        O aluno quando vai ao espaço da aula, vai em busca de algo que desconhece, ou, no mínimo, para reiterar algo que é conhecido, mas que lhe desperta interesse.                                                                 Não necessitamos da sala de aula naquele formato tradicional, é muito melhor quando eles podem se olhar, claro!                                                                                                                                                 É excelente que o professor seja amigo dos alunos. Mas, a palavra amigo é adjetivo. O substantivo continua sendo o professor.O espaço de amizade é um espaço muito privilegiado, muito peculiar, no qual a gente se dispõe para o outro, no qual se tem uma relação de confiança. Na aula isso é uma coisa excelente e é claro que o professor procurará isso. . Mas antes de procurar ser amigo, ele deve ser professor. Isso vale também para os pais evale para qualquer profissão.                                            E o processo de avaliação desta aula tem por base o diálogo.                                                                  A relação professor-aluno é uma relação pessoa-pessoa, uma relação eu-outro, outro-eu, um eu diferente do eu que eu sou. Convivência democrática....                                                                           Avaliar é conferir valor. Avaliar é olhar de maneira crítica o trabalho, com profundidade e abrangência, considerando todos os aspectos. É o momento em que eu olho o que esta bom, e merece ser aprimorado, o que está mal e precisa ser revisto.                                                                                  O senso comum associa a avaliação, que na sua essência é uma atitude crítica negativa, ao falar mal, olhar apenas o lado ruim. E é difícil assumir que temos falhas , mas na medida em que temos consciência, é mais fácil ir adiante. E o aluno tem que conhecer antecipadamente e com clareza os critérios e com base nesses critérios poder reconhecer como é que foi o processo.                                   Quanto aos recursos tecnológicos, sem dúvida, a aula poderá ser melhor com a boa e eficiente utilização desses recurso.      Não se fala em aula-certa, ou, aula-verdadeira, tem que se lembrar que os meios são apenas meios  , qualquer que seja a circunstância, cabe ao professor ser um mediador, um sujeito que partilha um conhecimento, que apresenta algo para o aluno. O professor estabelece uma relação entre educando-educador-conhecimento.      E o único momento de se construir a história é o presente, onde se cruzam o passado como memória e tradição e o futuro como projeto.                                                                                                                                                                                                      Outros textos dão continuidade a este importante trabalho porém farei um breve comentário.

A razão da nossa existência profissional da educação é a figura social bem conhecida, muito falada e pouco explicada: o aluno.  É por ele que fazemos anos de estudos,; que construímos escolas.


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