Revistas Magistério 1

Políticas Pedagógicas Curriculares



A Revista 1 dá início com a seguinte pergunta:  AONDE ANDA A AULA? Um resgate a aula como elemento fundamental do processo pedagógico e do papel do professor.

Não há intenção de se colocar o texto na íntegra, porém , ressaltar alguns pontos aos quais considero relevantes.

É bom sempre começar pela origem, no caso a etimológica.
A palavra magistério quer dizer o lugar onde ficam "os mais". Os mais sábios, mais graduados, mais importantes...
A maestria, o magistério  ou o magistrado é função fundamental nas sociedades humanas, quaisquer que sejam elas e qualquer que seja o estágio em que estiverem. O ser humano não nasce pronto e a família não é a única agência socializadora. Aquele que ensina, que carrega e transmite os valores sociais. que dão significado à vida não pode ter outro reconhecimento que não o da "Magis". Tarefa de ensinar e de construir novos conhecimentos.

A revista mostra  as diferentes metodologias ,  o dia a dia dos alunos em diferentes contextos sociais educacionais e traça um comparativo.

Porém o objetivo é chegar ao conceito de aula essencial que foi se perdendo com o tempo e hoje é alvo de profundas divergências e contradições.
(...) como as aulas se ampliam em forma de projetos, de estudo do meio, de pesquisas rígidas, e o que dela sai, em meio a tanta diversidade de abordagens..

A palavra "aula" significa, conferência, palestra, ensino sistemático  de algo.

A aula parece perdida em meio a tantas variáveis que marcam a escola em sua tarefa de ensinar, avaliar, prestar contas sociais, construir currículo, controlar a disciplina, manter dezenas e dezenas de alunos interessados e mobilizados.

Uma ação para organizar grupos sociais em torno de valores e de conhecimentos necessários a continuidade,
Ela foi sempre uma forma antropológica de passar entre gerações os valores, conhecimentos, tradições, formas de sobrevivência.
Em suma, a aula acontece com o conhecimento prévio do aluno; do professor; em meio a reflexões;propostas, e a atitude de quem ensina é tão importante quanto suas ações. Tendo como proposta , adequar a aula a condição do educando, em função do aluno, fazendo ajustes para que não haja segregação e sim, aceitação.
De acordo a   Paulo  Freire " professor não é quem ensina, mas o que desperta a vontade de aprender".

Aulas são trechos de um percurso que lhes dá significado, experiências coletivas , não antecipáveis. e Elas dirigirão as cenas e os alunos serão os protagonistas e coadjuvantes, o espetáculo formativo será ainda maior de cada um fizer  conscientemente seu papel.

As primeiras aulas são aulas de conhecimento recíproco,  elas revelam, no início de cada período, conhecimentos prévios,, habilidades e traços de personalidade. Nessa etapa, avalia-se a condição da chegada e também os professores se fazem conhecer , ganhando a confiança da turma, se souberem revelar liderança e compreensão.

A atitude de quem ensina é tão importante quanto suas ações, como nas primeiras cenas de um filme em que num simples olhar, o personagem central já prenuncia seu caráter. Professores não podem subestimar a importância de sua centralidade, que faz de cada gesto, algo simbólico. especialmente, uma expressão inicial que pode se tornar irreversível.

Para o sucesso e insucesso de todos, o esforço de "construir a turma " faz toda a diferença.

A aula está na raiz do processo pedagógico  formal.  Ela, é por excelência, a forma de transmissão de nossa bagagem cultural de uma geração para outra. Ensinar não é um ato unilateral, eu só ensinei se alguém aprendeu.

A escola continua sendo  principal agência social para transmissão do conhecimento, e a aula ainda é a ferramenta mais importante de comunicação. É claro que aquela aula mais tradicional, expositiva,  não é a única, nem mesmo a mais relevante. A aula deve incorporar-se a tecnologia que, de certa forma, modifica o papel do professor, que pode levar novos recursos com sucesso.

O importante é partir do real,  conhecendo o aluno na sua essência, nas suas especificidades, na sua singularidade, na sua heterogeneidade e não na sua homogeneidade e saber proporcionar uma boa convivência entre os diferentes.

Aula expandida - A expansão da aula essencial

A aula em um ambiente escolar é um ritual dinâmico de ensino-aprendizagem , coletivo e individual, em que o professor planeja, organiza, autora e conduz a interação entre as pessoas, mobilizados de forma intencional e em direção a construção de um saber, alicerçado num currículo - sócio e históricamente - construído - com bases disciplinares.
A aula essencial é a que dá a temática, as mobilizações, o sentido de todo o trabalho a ser desenvolvido na ação pedagógica e educacional do professor.
Como ampliar os horizontes, diversificar, acionar as múltiplas inteligências pelas quais o aluno acessa e constrói a realidade cognitiva.

Nosso desafio é também saber , como ir adiante. Quias os próximos passos e como construí-los?
E qual será o desafio para divulgação de valores sociais por meio das ações escolares. e docentes?

A aula centrada , clara e enxuta é o ponto de partida. Porém , não deve se circunscrever às paredes  do que se chama  sala de aula, ou a arquitetura da escola.

Como alargar as paredes da escola republicana de forma a permitir instaurar uma democracia de educação para todos, tendo na cultura, tecnologia e estética um direito de todos?

Inúmeras zonas de sensibilização se colocam em uma aula que exigem do professor e dos alunos que criem novos campos de curiosidade, investigação, aprofundamento, utopias, críticas, contradição e situações de provocação ao fazer social e ao compreender o sentido da própria vida, esta´aí, a aula expandida.

A aula expandida é também a expansão do aluno como sujeito do conhecimento. Ele se alarga,, amplia suas experiências interiores e anteriores com os debates, temas, diálogos, atividades feitas na aula essencial. Freire falava do tema gerador como detonador dos processos comunitários e coletivos.

Os objetivos da educação passam pela formação do mundo e valores , que não se reduzem as competências. Os conteúdos devem ser impregnados de qualidades sociais. E não é qualquer conteúdo que viabiliza uma educação libertadora e humana, são os conteúdos e os vetores éticos, definidos pelos programas políticos-pedagógicos. È ali que o professor - juntamente com os alunos - busca equacionamento destas questões. É ali que ele , provocado pelos alunos para pensar junto - no interior de uma área de conhecimento. Buscando com os alunos, incentivando e indo a diante na formulação da curiosidade do aluno.

A aula expandida abre a imaginação para o que poderia vir a ser melhor.
Como afirma Paulo freire, a utopia, não como o irrealizável, mas como o ato de denúncia de uma sociedade injusta e o anúncio de uma realidade nova, humanizada, que pode ser alterada pelas ações.

Trata-se aqui de abrir a dimensão da intervenção que nasce do conhecimento, não como atividade espontânea, após a consciência dos fatos, mas como atividade mediada pelo contato com a realidade e pelo diálogo entre os agentes sociais. Daí se dá a Práxis Pedagógica, reflexão/ação.
Cabe a nós , educá-los para a espera própria de realização de alguns desejos.
Numa aula pode-se atingir algum conhecimento imediato, mas outros virão com o acúmulo de pequenas aprendizagens.
A sociedade contemporânea, ambiguamente, cobra que a escola seja prazerosa para seus filhos, mas quer que eles saiam completamente disciplinados para ingressarem num mercado competitivo, rigoroso, exigente, cheio de regras, punidor de baixos resultados, excludente, expropriador do trabalho, premiado do sucesso rápido. Há um mercado voraz, onde a competição é desumana  e sem limites.. E como ensinar esse aluno a ser virtuoso.  Além das virtudes individuais, há de se contar e desenvolver as virtudes públicas, as habilidades, ou seja, prazer e dever dialogam no processo ensino-aprendizagem, travado nas escolas e nas aulas expandidas.

Dentro de cada aula há um conjunto de sub-aulas, tornando uma hiper aula, gerando campos de curiosidade e investigação. Todos os temas tratados em aula tem uma intima relação com tudo que é exterior á sala de aula física, na aula expandida, o aluno é o sujeito do conhecimento.
Os conteúdos de formação ética/moral devem ser impregnados de qualidades sociais, subjacentes aos fundamentos das políticas públicas, possibilitando a compreensão do mundo, o porquê da vida? de onde viemos? para onde vamos? entre outras  curiosidades , pois é na aula que se espera uma resposta de tudo que equacionamos, é no espaço e no tempo da aula que tudo acontece.

E o que define uma aula: É a diretriz pedagógica  e a dimensão política de compreensão do que seja o papel do professor/educação. Ela não é exclusividade nem do professor nem do aluno, mas sim de um espaço de diálogo, num ambiente envolvendo alunos e mestres, que se organiza e se estrutura, partindo sempre do que já se sabe, para redescobrir, interpretar, questionar, investigar e criar, com dignidade e ética, transformando a história, partindo do real para o possível, o idealizável.

Políticas Pedagógicas Curriculares

"Considerações sobre o Currículo e os direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos da Rede Municipal de São Paulo: contexto e perspectivas." Subsidiando reflexões e debates no esforço de construção coletiva  das políticas educacionais, em meio à  análises e contribuições, significativas e necessárias.

O contexto do país e da cidade  e os avanços da educação. Pilares de uma política pedagógica Curricular demanda contextualização do processo histórico que a precede, assim como o contexto social, político e econômico. Um projeto fundado nos valores da democracia, da equânime distribuição da cultura e das riquezas e da justiça social.

Em 2013 o Brasil completou 28 anos de regime democrático e na educação pública houveram avanços significativos tais como: acréscimo dos o números de escolas construídas, condições de acesso, a busca pela permanência, pra muitos a oportunidade de se cursar  uma universidade, os programas de incentivo, a educação profissional por meio das Etcs, a distribuição de livros e os materiais didáticos, o uniforme nas escolas, , o investimento em tecnologias, enfim , todo o aparato para que os avanços aconteçam e que estes sejam significativos.

A atenção dada a Educação Infantil. Hoje tem-se políticas para o atendimento de crianças de 0 a 5 anos que vão do financiamento público à construção de creches e ´pré-escolas. No que se refere ao Ensino Fundamental, a colaboração entre os entes federados tem sido de suma importância. O SAEB e a prova Brasil permitiram o desenvolvimento do IDEB, e de uma cultura de qualidade em educação, rumo a maior igualdade e melhor aprendizagem.. Utilizando os dados do IDEB o Ministério da Educação estabeleceu com os estados e municípios e com o Distrito Federal o regime de colaboração, por meio do Plano de Ações Articuladas, que traz o diagnóstico de cada rede de ensino e define as ações necessárias para garantir o direito de aprender e, assim, atingir o resultado do IDEB que é avanço tido como ideal para 2021.
Também houve a integração entre educação e qualificação profissional criados pelos novos postos de trabalho e ocupações que o desenvolvimento do país tem exigido. O programa Ensino Médio Inovador e o  programa Brasil Profissionalizado que estão ampliando as alternativas para que os jovens encontrem um ambiente favorável, capaz de oferecer os conhecimentos necessários para prosseguir seus estudos e encontrar possibilidades de trabalho e emprego. Por meio dos Institutos federais.
O acesso ao ensino superior como direito encontrou  sua consolidação, não apenas por meio do Pró-Uni, como também através da expansão das universidades federais pelo REUNE e por meio da Universidade Aberta Brasil. Também a consolidação do Exame Nacional de Ensino Médio para classificação de candidatos, iniciando a quebra da hegemonia de se ter os vestibulares como única porta de acesso  para a universidade.
A educação de Jovens e Adultos é também entendida como um direito a ser garantido pelas políticas públicas de educação. O Programa Brasil Alfabetizado, proporcionou a alfabetização de 8 milhões de educandos, isso em parceria ao estado e municípios, sendo o município com o Ensino fundamental e o estado com o Ensino Médio. além dos programas como Pró-jovem e Proeja, que articulam a elevação da escolaridade com a qualificação para o trabalho. Também foi criado o FUNDEB antigo FUNDEF, o fundo que financia toda a Educação brasileira.
O envolvimento da sociedade civil na formulação das políticas públicas também foi ponto importante nesta ultima década. A Conferência Nacional de Educação em 2010 que  reuniu profissionais, gestores, pesquisadores, estudantes e familiares, foi significativo e culminou com Conferência Nacional de Educação Básica, Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica e a Conferência Nacional de Educação Indígena , e com subsídios elaborados para a participação brasileira na Conferência Internacional de EJA, a VI CONFINTEA, além das três conferências infanto-juvenis de meio ambiente.
Para garantir acesso e qualidade é necessário a integração das políticas públicas. Saúde, cultura, esporte, alimentação saudável, apoio e assistência e a escola , por meio do seu projeto político pedagógico, deve integrar essas iniciativas a favor do atendimento aos estudantes.

Proteção e desenvolvimento integral da criança: educação infantil e ensino fundamental.



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