Conceito de Cidade Educadora

“ ... que sabemos dos lugares é
coincidirmos com eles durante um
certo tempo no espaço que são. O lugar
estava ali, a pessoa apareceu,
depois a pessoa partiu, o lugar continuou,
o lugar tinha feito a pessoa,
a pessoa havia transformado o lugar. ...”

José Saramago



A vivência na cidade, por si só, constitui-se em um espaço cultural de aprendizagem permanente e espontâneo. Elas nos falam, às vezes gritam, chamam nossa atenção ao proclamar seus feitos, sua história. 
Precisamos parar para escutá-las e nesse sentindo, elas também nos educam.
Mas a cidade pode ser intencionalmente educadora? Pode ser considerada como uma cidade que educa quando, além de suas funções tradicionais (econômica, social, política e de prestação de serviços), ela exerce uma nova função, cujo objetivo é a formação para a e pela cidadania. 

Para uma cidade ser considerada educadora, ela precisa promover e desenvolver o protagonismo de todos e de todas – crianças, jovens, adultos, idosos – na construção do direito à cidade de educadora.

De acordo a Moacir Gadotti, a resposta a essa pergunta depende da reposta a outra pergunta: o que é cidadania? Pode-se dizer que cidadania é essencialmente consciência de direitos e deveres, bem como exercício da democracia: direitos civis, como segurança e locomoção; direitos sociais, como trabalho, salário justo, saúde, educação e habitação; direitos políticos, como liberdade de expressão, de voto, de participação em partidos políticos e sindicatos. Não há cidadania sem democracia.
O conceito de cidadania, contudo, é ambíguo. Em 1789, a Declaração dos Direitos do homem e do Cidadão estabelecia as primeiras normas para assegurar a liberdade individual e a propriedade. Nascia a cidadania como conquista liberal. Hoje, tal conceito é mais complexo e, com a ampliação dos direitos, nasce também uma concepção mais ampla de cidadania. De um lado, existe uma concepção consumista de cidadania – o direito de defesa do consumidor, por exemplo- e, de outro, uma concepção plena, que se manifesta na mobilização da sociedade para a  conquista de novos direitos e na participação direta da população na gestão da vida pública, através, por exemplo, da discussão democrática do orçamento da cidade. Esta tem sido uma prática, sobretudo no nível do poder local, que tem ajudado na construção de uma democracia participativa, superando os estreitos limites da democracia puramente representativa.

  A cidadania precisa controlar o Estado e o mercado, perseguindo a utopia das cidades justas, produtivas, democráticas e sustentáveis, as quais, conseguem romper com o controle político das elites e de suas burocracias, estabelecendo uma nova esfera pública de decisão não-estatal, como o orçamento participativo e a constituinte escolar, que já se tornaram emblemáticos nas gestões populares.  Já saímos, nesse campo, do puro terreno das propostas, e novas experiências vêm surgindo em diferentes partes do país, sendo realizadas por diferentes partidos políticos, que criam novas relações, novas formas de gestão, novos espaços de negociação e estimulam a reapropriação das cidades por seus cidadãos.

Um compromisso de todos!

Homens, mulheres, crianças e idosos, numa mesma linha de raciocínio, buscando interesses comum a todos, comprometidos com a educação presente e futura, baseando-se no passado, nas causas e consequências, na relação causa e efeito , dotados de conceitos e propostos que venha ao encontro de toda sociedade, para que esta seja justa e  igualitária em direitos e deveres, em ações que visa um bem maior onde as responsabilidades são dividas, a atenção seja redobrada e o resultado seja satisfatório e comum a todos. Ações individuais e ações conjuntas na busca e conquista de valores globais, tendo como resultado a certeza de participação a  responsabilidade sócio política e econômica , atento a todos e a tudo que esta acontecendo, aqui, ali e lá, mesmo que tão distante...


            O papel da escola (cidadã), nesse contexto, é contribuir para criar as condições que viabilizem a cidadania, através da socialização da informação, da discussão, da transparência, gerando uma nova mentalidade, uma nova cultura em relação ao caráter público do espaço da cidade.  Em uma perspectiva transformadora, a escola educa para ouvir e respeitar as diferenças, a diversidade, que compõe a cidade e que se constitui em sua grande riqueza.  Para que a escola seja espaço de vida e não de morte, ela precisa estar aberta à diversidade cultural, étnica, de gênero e às diferentes opções sexuais.  As diferenças exigem uma nova escola.  E não basta respeitar os diferentes; é preciso valorizar as diferenças como uma grande riqueza.

            A escola integra e articula os novos espaços de formação criados pela sociedade da informação.  Ela deixa de ser “lecionadora” para ser cada vez mais “gestora” da informação generalizada, construtora e reconstrutora de saberes e conhecimentos socialmente significativos.  Portanto, ela tem um papel mais articulador da cultura, um papel mais dirigente e agregador de pessoas, movimentos, organizações e instituições.  Na sociedade da informação, o papel social da escola foi consideravelmente ampliado.  Ela está presente na cidade e cria novos conhecimentos, sem abrir mão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade, constituindo-se em uma escola científica e transformadora.


            Gadotti afirma que a cidade violenta e insustentável deixa-nos em um clima de medo e falta de esperança.  Nossa força como educadores e educadoras é limitada.  Nossas escolas são também produto da sociedade.  Contudo, a esperança, para o professor e para a professora, não é algo vazio, de quem espera acontecer.  Ao contrário, a esperança, para os professores, encontra sentido na sua própria missão, a de transformar pessoas, dar nova forma às pessoas e alimentar, por sua vez, a esperança delas para que consigam construir uma realidade diferente, um mundo novo.  Uma educação sem esperança não é educação.

            Finalmente, educar para a cidadania é  educar para um outro mundo possível.  Educar para um outro mundo possível é fazer da educação, tanto formal, quanto não-formal, um espaço de formação crítica, e não apenas de formação de mão-de-obra para o mercado; é inventar novos espaços de formação alternativos ao sistema formal da educação; é educar para mudar radicalmente nossa maneira de reproduzir nossa existência no planeta.  Não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas, já que estes são processos interligados.



            Mudar o mundo depende de todos nós: é preciso que cada um tome consciência disso e organize-se.  “Outro mundo é necessário.  Educar para um outro mundo possível é educar para superar a lógica desumanizadora do capital, que tem no individualismo e no lucro seus fundamentos, ações conjuntas transformando radicalmente o modelo econômico e político atual.



Moacir Gadotti, é Doutor em Ciências da Educação, Professor Titular da Universidade de São Paulo e Diretor do Instituto Paulo Freire.


Revistas Magistério 1

Políticas Pedagógicas Curriculares



A Revista 1 dá início com a seguinte pergunta:  AONDE ANDA A AULA? Um resgate a aula como elemento fundamental do processo pedagógico e do papel do professor.

Não há intenção de se colocar o texto na íntegra, porém , ressaltar alguns pontos aos quais considero relevantes.

É bom sempre começar pela origem, no caso a etimológica.
A palavra magistério quer dizer o lugar onde ficam "os mais". Os mais sábios, mais graduados, mais importantes...
A maestria, o magistério  ou o magistrado é função fundamental nas sociedades humanas, quaisquer que sejam elas e qualquer que seja o estágio em que estiverem. O ser humano não nasce pronto e a família não é a única agência socializadora. Aquele que ensina, que carrega e transmite os valores sociais. que dão significado à vida não pode ter outro reconhecimento que não o da "Magis". Tarefa de ensinar e de construir novos conhecimentos.

A revista mostra  as diferentes metodologias ,  o dia a dia dos alunos em diferentes contextos sociais educacionais e traça um comparativo.

Porém o objetivo é chegar ao conceito de aula essencial que foi se perdendo com o tempo e hoje é alvo de profundas divergências e contradições.
(...) como as aulas se ampliam em forma de projetos, de estudo do meio, de pesquisas rígidas, e o que dela sai, em meio a tanta diversidade de abordagens..

A palavra "aula" significa, conferência, palestra, ensino sistemático  de algo.

A aula parece perdida em meio a tantas variáveis que marcam a escola em sua tarefa de ensinar, avaliar, prestar contas sociais, construir currículo, controlar a disciplina, manter dezenas e dezenas de alunos interessados e mobilizados.

Uma ação para organizar grupos sociais em torno de valores e de conhecimentos necessários a continuidade,
Ela foi sempre uma forma antropológica de passar entre gerações os valores, conhecimentos, tradições, formas de sobrevivência.
Em suma, a aula acontece com o conhecimento prévio do aluno; do professor; em meio a reflexões;propostas, e a atitude de quem ensina é tão importante quanto suas ações. Tendo como proposta , adequar a aula a condição do educando, em função do aluno, fazendo ajustes para que não haja segregação e sim, aceitação.
De acordo a   Paulo  Freire " professor não é quem ensina, mas o que desperta a vontade de aprender".

Aulas são trechos de um percurso que lhes dá significado, experiências coletivas , não antecipáveis. e Elas dirigirão as cenas e os alunos serão os protagonistas e coadjuvantes, o espetáculo formativo será ainda maior de cada um fizer  conscientemente seu papel.

As primeiras aulas são aulas de conhecimento recíproco,  elas revelam, no início de cada período, conhecimentos prévios,, habilidades e traços de personalidade. Nessa etapa, avalia-se a condição da chegada e também os professores se fazem conhecer , ganhando a confiança da turma, se souberem revelar liderança e compreensão.

A atitude de quem ensina é tão importante quanto suas ações, como nas primeiras cenas de um filme em que num simples olhar, o personagem central já prenuncia seu caráter. Professores não podem subestimar a importância de sua centralidade, que faz de cada gesto, algo simbólico. especialmente, uma expressão inicial que pode se tornar irreversível.

Para o sucesso e insucesso de todos, o esforço de "construir a turma " faz toda a diferença.

A aula está na raiz do processo pedagógico  formal.  Ela, é por excelência, a forma de transmissão de nossa bagagem cultural de uma geração para outra. Ensinar não é um ato unilateral, eu só ensinei se alguém aprendeu.

A escola continua sendo  principal agência social para transmissão do conhecimento, e a aula ainda é a ferramenta mais importante de comunicação. É claro que aquela aula mais tradicional, expositiva,  não é a única, nem mesmo a mais relevante. A aula deve incorporar-se a tecnologia que, de certa forma, modifica o papel do professor, que pode levar novos recursos com sucesso.

O importante é partir do real,  conhecendo o aluno na sua essência, nas suas especificidades, na sua singularidade, na sua heterogeneidade e não na sua homogeneidade e saber proporcionar uma boa convivência entre os diferentes.

Aula expandida - A expansão da aula essencial

A aula em um ambiente escolar é um ritual dinâmico de ensino-aprendizagem , coletivo e individual, em que o professor planeja, organiza, autora e conduz a interação entre as pessoas, mobilizados de forma intencional e em direção a construção de um saber, alicerçado num currículo - sócio e históricamente - construído - com bases disciplinares.
A aula essencial é a que dá a temática, as mobilizações, o sentido de todo o trabalho a ser desenvolvido na ação pedagógica e educacional do professor.
Como ampliar os horizontes, diversificar, acionar as múltiplas inteligências pelas quais o aluno acessa e constrói a realidade cognitiva.

Nosso desafio é também saber , como ir adiante. Quias os próximos passos e como construí-los?
E qual será o desafio para divulgação de valores sociais por meio das ações escolares. e docentes?

A aula centrada , clara e enxuta é o ponto de partida. Porém , não deve se circunscrever às paredes  do que se chama  sala de aula, ou a arquitetura da escola.

Como alargar as paredes da escola republicana de forma a permitir instaurar uma democracia de educação para todos, tendo na cultura, tecnologia e estética um direito de todos?

Inúmeras zonas de sensibilização se colocam em uma aula que exigem do professor e dos alunos que criem novos campos de curiosidade, investigação, aprofundamento, utopias, críticas, contradição e situações de provocação ao fazer social e ao compreender o sentido da própria vida, esta´aí, a aula expandida.

A aula expandida é também a expansão do aluno como sujeito do conhecimento. Ele se alarga,, amplia suas experiências interiores e anteriores com os debates, temas, diálogos, atividades feitas na aula essencial. Freire falava do tema gerador como detonador dos processos comunitários e coletivos.

Os objetivos da educação passam pela formação do mundo e valores , que não se reduzem as competências. Os conteúdos devem ser impregnados de qualidades sociais. E não é qualquer conteúdo que viabiliza uma educação libertadora e humana, são os conteúdos e os vetores éticos, definidos pelos programas políticos-pedagógicos. È ali que o professor - juntamente com os alunos - busca equacionamento destas questões. É ali que ele , provocado pelos alunos para pensar junto - no interior de uma área de conhecimento. Buscando com os alunos, incentivando e indo a diante na formulação da curiosidade do aluno.

A aula expandida abre a imaginação para o que poderia vir a ser melhor.
Como afirma Paulo freire, a utopia, não como o irrealizável, mas como o ato de denúncia de uma sociedade injusta e o anúncio de uma realidade nova, humanizada, que pode ser alterada pelas ações.

Trata-se aqui de abrir a dimensão da intervenção que nasce do conhecimento, não como atividade espontânea, após a consciência dos fatos, mas como atividade mediada pelo contato com a realidade e pelo diálogo entre os agentes sociais. Daí se dá a Práxis Pedagógica, reflexão/ação.
Cabe a nós , educá-los para a espera própria de realização de alguns desejos.
Numa aula pode-se atingir algum conhecimento imediato, mas outros virão com o acúmulo de pequenas aprendizagens.
A sociedade contemporânea, ambiguamente, cobra que a escola seja prazerosa para seus filhos, mas quer que eles saiam completamente disciplinados para ingressarem num mercado competitivo, rigoroso, exigente, cheio de regras, punidor de baixos resultados, excludente, expropriador do trabalho, premiado do sucesso rápido. Há um mercado voraz, onde a competição é desumana  e sem limites.. E como ensinar esse aluno a ser virtuoso.  Além das virtudes individuais, há de se contar e desenvolver as virtudes públicas, as habilidades, ou seja, prazer e dever dialogam no processo ensino-aprendizagem, travado nas escolas e nas aulas expandidas.

Dentro de cada aula há um conjunto de sub-aulas, tornando uma hiper aula, gerando campos de curiosidade e investigação. Todos os temas tratados em aula tem uma intima relação com tudo que é exterior á sala de aula física, na aula expandida, o aluno é o sujeito do conhecimento.
Os conteúdos de formação ética/moral devem ser impregnados de qualidades sociais, subjacentes aos fundamentos das políticas públicas, possibilitando a compreensão do mundo, o porquê da vida? de onde viemos? para onde vamos? entre outras  curiosidades , pois é na aula que se espera uma resposta de tudo que equacionamos, é no espaço e no tempo da aula que tudo acontece.

E o que define uma aula: É a diretriz pedagógica  e a dimensão política de compreensão do que seja o papel do professor/educação. Ela não é exclusividade nem do professor nem do aluno, mas sim de um espaço de diálogo, num ambiente envolvendo alunos e mestres, que se organiza e se estrutura, partindo sempre do que já se sabe, para redescobrir, interpretar, questionar, investigar e criar, com dignidade e ética, transformando a história, partindo do real para o possível, o idealizável.

Políticas Pedagógicas Curriculares

"Considerações sobre o Currículo e os direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos da Rede Municipal de São Paulo: contexto e perspectivas." Subsidiando reflexões e debates no esforço de construção coletiva  das políticas educacionais, em meio à  análises e contribuições, significativas e necessárias.

O contexto do país e da cidade  e os avanços da educação. Pilares de uma política pedagógica Curricular demanda contextualização do processo histórico que a precede, assim como o contexto social, político e econômico. Um projeto fundado nos valores da democracia, da equânime distribuição da cultura e das riquezas e da justiça social.

Em 2013 o Brasil completou 28 anos de regime democrático e na educação pública houveram avanços significativos tais como: acréscimo dos o números de escolas construídas, condições de acesso, a busca pela permanência, pra muitos a oportunidade de se cursar  uma universidade, os programas de incentivo, a educação profissional por meio das Etcs, a distribuição de livros e os materiais didáticos, o uniforme nas escolas, , o investimento em tecnologias, enfim , todo o aparato para que os avanços aconteçam e que estes sejam significativos.

A atenção dada a Educação Infantil. Hoje tem-se políticas para o atendimento de crianças de 0 a 5 anos que vão do financiamento público à construção de creches e ´pré-escolas. No que se refere ao Ensino Fundamental, a colaboração entre os entes federados tem sido de suma importância. O SAEB e a prova Brasil permitiram o desenvolvimento do IDEB, e de uma cultura de qualidade em educação, rumo a maior igualdade e melhor aprendizagem.. Utilizando os dados do IDEB o Ministério da Educação estabeleceu com os estados e municípios e com o Distrito Federal o regime de colaboração, por meio do Plano de Ações Articuladas, que traz o diagnóstico de cada rede de ensino e define as ações necessárias para garantir o direito de aprender e, assim, atingir o resultado do IDEB que é avanço tido como ideal para 2021.
Também houve a integração entre educação e qualificação profissional criados pelos novos postos de trabalho e ocupações que o desenvolvimento do país tem exigido. O programa Ensino Médio Inovador e o  programa Brasil Profissionalizado que estão ampliando as alternativas para que os jovens encontrem um ambiente favorável, capaz de oferecer os conhecimentos necessários para prosseguir seus estudos e encontrar possibilidades de trabalho e emprego. Por meio dos Institutos federais.
O acesso ao ensino superior como direito encontrou  sua consolidação, não apenas por meio do Pró-Uni, como também através da expansão das universidades federais pelo REUNE e por meio da Universidade Aberta Brasil. Também a consolidação do Exame Nacional de Ensino Médio para classificação de candidatos, iniciando a quebra da hegemonia de se ter os vestibulares como única porta de acesso  para a universidade.
A educação de Jovens e Adultos é também entendida como um direito a ser garantido pelas políticas públicas de educação. O Programa Brasil Alfabetizado, proporcionou a alfabetização de 8 milhões de educandos, isso em parceria ao estado e municípios, sendo o município com o Ensino fundamental e o estado com o Ensino Médio. além dos programas como Pró-jovem e Proeja, que articulam a elevação da escolaridade com a qualificação para o trabalho. Também foi criado o FUNDEB antigo FUNDEF, o fundo que financia toda a Educação brasileira.
O envolvimento da sociedade civil na formulação das políticas públicas também foi ponto importante nesta ultima década. A Conferência Nacional de Educação em 2010 que  reuniu profissionais, gestores, pesquisadores, estudantes e familiares, foi significativo e culminou com Conferência Nacional de Educação Básica, Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica e a Conferência Nacional de Educação Indígena , e com subsídios elaborados para a participação brasileira na Conferência Internacional de EJA, a VI CONFINTEA, além das três conferências infanto-juvenis de meio ambiente.
Para garantir acesso e qualidade é necessário a integração das políticas públicas. Saúde, cultura, esporte, alimentação saudável, apoio e assistência e a escola , por meio do seu projeto político pedagógico, deve integrar essas iniciativas a favor do atendimento aos estudantes.

Proteção e desenvolvimento integral da criança: educação infantil e ensino fundamental.



Revista Magistério 2

Revista  Magistério  2  -       A Aula expandida para muito além do essencial.




Em uma sociedade onde a cultura do entretenimento ocupa um papel cada vez mais central, as tecnologias ganham espaço e tempo e o prazer imediato  é a lei máxima. Busca-se no consumo as satisfações da ansiedades por um estado de contínuo prazer e felicidade. Nada que exige rigor, disciplina e esforço continuado e que produza resultados em médio e longo prazos.                                                                                                                                                                                             
A aula  é um ritual dinâmico de ensino-a´aprendizagem, coletivo e individual em que o professor planeja, organiza, autora e conduz a interação, entre as pessoas, mobilizadas de forma intencional e em direção à construção de um sabe , alicerçado num currículo social e históricamente concluído - com bases disciplinares.
Componente maior do processo de aprendizagem, ensino e investigação. Constitui-se escola.A aula essencial é que dá a temática, as mobilizações, o sentido de todo o trabalho a ser desenvolvido na ação pedagógica e educacional do professor.                                                                                            E, como ampliar os horizontes, como diversifica e acionar as múltiplas inteligências pelas quais o aluno acessa e constrói a realidade cognitiva e como ir adiante?                                                              Como alargar as paredes da escola de forma a permitir instaurar uma democracia de educação para todos, tendo na cultura, tecnologia , ética e estética, um direito de todos.                                                A aula centrada, exata e enxuta, essencial, desperta, dentre outras curiosidades , o senso da imaginação. Inúmeras zonas de sensibilização se colocam em uma aula que exigem do professor e do aluno novos campos de curiosidade, investigação, aprofundamento, utopias, críticas, contradições, situações de provocações e desafios, . A esse conceito apelida-se de aula expandida.                             Não é qualquer conteúdo que viabiliza uma educação libertadora e humana. São os conteúdos e os vetores éticos , definidos pelos programas-políticos pedagógicos. ´|E na aula e na aula expandida que o professor - juntamente com os alunos - busca o equacionamento dessas questões. É na aula expandida que o aluno é provocado pelos alunos para pensar junto - no interior de  sua área de conhecimento.. Buscar com os alunos, por exemplo,  como tudo se originou, quais os eixos da evolução da história, das relações humanas, da cultura, ou quais  as ameaças ao nosso planeta, enfim, é tarefa do professor incentivar e ir adiante na formulação da curiosidade dos alunos. não se trata de dar respostas mas de equacionar as possibilidades de seu entendimento.. Não trazer apenas a descrição sistemática do mundo e sua interpretação analítica,mas também quais outras interferências e possibilidades. Ela abre a imaginação para o que poderia vir a ser o melhor.                                                                                                                                                                                                           É a utopia no sentido de Paulo Freire, não como o irrealizável, mas como o ato de denuncia de uma sociedade injusta e o anúncio de uma sociedade/realidade nova, humanizada, alterada pelas ações do educando. Trata-se de abrir a dimensão da intervenção que nasce do conhecimento, não como atividade espontânea, após a consciência dos fatos,  mas como atividade mediada pelo contato com a realidade e pelo diálogo entre os agentes sociais. Práxis pedagógica/reflexão. Uma conjunção de ações planejadas pelo professor, às vezes sozinho, ás vezes acompanhado pelos alunos ou em parceria com seus colegas  de outras disciplinas. O caráter interdisciplinar do trabalho docente acontece prioritariamente nestes momentos de planejamentos e de intervenções pedagógicas.               Aula é misto de prazer e dever. O conhecimento  e o saber enquanto atos de sabor e de prazer.Atos pelos quais quais parte-se do já vivido e do já sabido para a aventura do redescobrir, interpretar, questionar, investigar, criar e propor a inovação.                                                                                     Pautadas na ética e na estética. E como o ser humano é impulsionado pela busca de satisfação dos desejos, a aula é um momento de realização dos desejos. Também cabe ao educador promover no aluno, o sentido de espera, de amadurecimento, o tempo exato para que as coisas aconteçam, como em todos os processos orgânicos da natureza. E esta noção é percebida de maneira diversa entre um adulto e uma criança. Cabe a nós, educá-los para a espera própria da realização de alguns desejos. Alguns conhecimentos veem de imediato,porém alguns virão com o acúmulo de pequenas aprendizagens.                                                                                                                                            A sociedade contemporânea cobra que a escola seja prazerosa para seus filhos, mas que quer que eles saiam completamente disciplinados para ingressar num mercado competitivo, rigoroso e exigente, punidor de baixos resultados, excludente, expropriador do trabalho e premiador do sucesso.  Além das virtudes individuais , há que se contar e desenvolver também as virtudes públicas. São as habilidades exclusivas para enfrentar o século XXI.                                                                                  Prazer e dever dialogam no interior do processo educativo, travado na escola e nas ações da aula expandida. Porém não se opõe às exigências da produtividade, de registro sistemático, do cumprimento de tarefas, de compromisso com os grupos de trabalho.. Um estudo organizado , centrado nas ações de aprendizagens , avaliando e sendo avaliados.                                                       Há que se diferenciar as modalidades de olhar , de registro, de documentação, de evolução do aluno, que vem sendo o processo de aprender. Uma operação pedagógica, fundada nas ciências cognitivas. Os processos cognitivos se dão por meio de integração entre o novo e as informações já disponíveis. A memória e repertório de sensações vividas e que nos ajudam fortemente a aprender. A memória é o resultado da vivência com significado. Uma aula dada com significado gera memória que aciona outros conhecimentos e novas aprendizagens. A chamada "cultura geral" é material repleto de significado humano.                                                                                                                                   E o trabalho do professor e do currículo escolar são centrais para construir um projeto de nação em que a ciência seja uma conquista e produção de todos. O conhecimento é um tecido feito por muitas mãos e construído lentamente por homens e mulheres das gerações.                                                                                                                                                                                                                           Terezinha Rios  fala sobre as questões essenciais da aula, sua função no processo pedagógico.                                                                                                                                                                                 Qual é o fubá da sua aula?                                                                                                                         Há uma transformação histórica em todo o contexto social  e torna-se necessário entender que a aula está sujeita a este mesmo processo de transformação. Também  temos que considerar que nem sempre a evolução tem um caráter positivo.                                                                                             Na sua essência pedagógica, a aula não experimentou transformações fundamentais. O espaço e tempo em que há uma relação pedagógica, este se mantêm. Mantem-se as figuras de professores e alunos, educadores e educandos, mas exatamente em função do momento histórico  , das características da sociedade, é que se dão as mudanças.                                                                           Aula é um acontecimento, um encontro. Uma aula não é algo que se assiste, é uma coisa que se faz! Não se trata de uma doação, não posso dizer que dei uma aula se não conto com alguém para acolher aquilo que eu vim fazer. Uma aula é uma coisa que se faz junto.                                                             Ora, se os alunos não aprenderam , não se pode dizer que se ensinou.O processo ensino-aprendizagem compõem-se de dois elementos que são distintos, mas que não podem ser desarticulados. Na perspectiva da aprendizagem talvez se possa dizer que alguém aprendeu se ninguém ensinou, porém , na perspectiva  do ensino, é impossível dizer  que se ensina e não se aprende. Portanto há um desafio de se construir a aula , de fazê-la  junto com os alunos.                        O aluno quando vai ao espaço da aula, vai em busca de algo que desconhece, ou, no mínimo, para reiterar algo que é conhecido, mas que lhe desperta interesse.                                                                 Não necessitamos da sala de aula naquele formato tradicional, é muito melhor quando eles podem se olhar, claro!                                                                                                                                                 É excelente que o professor seja amigo dos alunos. Mas, a palavra amigo é adjetivo. O substantivo continua sendo o professor.O espaço de amizade é um espaço muito privilegiado, muito peculiar, no qual a gente se dispõe para o outro, no qual se tem uma relação de confiança. Na aula isso é uma coisa excelente e é claro que o professor procurará isso. . Mas antes de procurar ser amigo, ele deve ser professor. Isso vale também para os pais evale para qualquer profissão.                                            E o processo de avaliação desta aula tem por base o diálogo.                                                                  A relação professor-aluno é uma relação pessoa-pessoa, uma relação eu-outro, outro-eu, um eu diferente do eu que eu sou. Convivência democrática....                                                                           Avaliar é conferir valor. Avaliar é olhar de maneira crítica o trabalho, com profundidade e abrangência, considerando todos os aspectos. É o momento em que eu olho o que esta bom, e merece ser aprimorado, o que está mal e precisa ser revisto.                                                                                  O senso comum associa a avaliação, que na sua essência é uma atitude crítica negativa, ao falar mal, olhar apenas o lado ruim. E é difícil assumir que temos falhas , mas na medida em que temos consciência, é mais fácil ir adiante. E o aluno tem que conhecer antecipadamente e com clareza os critérios e com base nesses critérios poder reconhecer como é que foi o processo.                                   Quanto aos recursos tecnológicos, sem dúvida, a aula poderá ser melhor com a boa e eficiente utilização desses recurso.      Não se fala em aula-certa, ou, aula-verdadeira, tem que se lembrar que os meios são apenas meios  , qualquer que seja a circunstância, cabe ao professor ser um mediador, um sujeito que partilha um conhecimento, que apresenta algo para o aluno. O professor estabelece uma relação entre educando-educador-conhecimento.      E o único momento de se construir a história é o presente, onde se cruzam o passado como memória e tradição e o futuro como projeto.                                                                                                                                                                                                      Outros textos dão continuidade a este importante trabalho porém farei um breve comentário.

A razão da nossa existência profissional da educação é a figura social bem conhecida, muito falada e pouco explicada: o aluno.  É por ele que fazemos anos de estudos,; que construímos escolas.