DESENVOLVIMENTO
HUMANO
A
concepção que nossos pais tinham de infância, e por consequência do
desenvolvimento da criança não é mais a que se tem nos dias atuais.
Hoje
já temos o Estatuto da criança e Adolescente.
O
trabalho feminino, seja por necessidade, seja por opção, traz como consequência
a necessidade de tornar coletivo o cuidado e a Educação da criança pequena.
Surge, portanto, a infância como categoria social e não mais como categoria
familiar.
Estes
fenômenos e fatos sociais são fundamentais para que o Educador tenha
consciência do seu papel social.
Infância que muda. Infância que se constrói e que
aparece não só como sujeito de direitos, mas como sujeito público de direitos.
A nossa preocupação com a política da educação na infância não deve ser por
caridade, ou por amor/afetividade. Mas sim por consciência da obrigação pública
que nós temos frente à infância e diante da infância. Considerando que a
criança passou a ser um sujeito de direitos públicos, consciente das suas especificidades.
Sempre
se falou em infância como o tempo da preparação. A infância condensava o
momento dos cuidados, mas já não é assim que pensamos hoje. Sabemos que cada
idade tem a sua identidade. Cada idade não está em função da outra.
O
desenvolvimento da criança, segundo perspectiva “sociointeracionista” proposta,
dentre outros, por Vygotsky e Wallon, estabelece que sua construção como
sujeito ocorra entre determinados ambientes físicos-sociais, historicamente
elaborados, em que ações partilhadas ocorrem e que por meio da interação, a
criança se apropria de um saber constituído em uma cultura e a se modificar.
O
dinamismo deste processo faz com que o indivíduo elabore novos recursos
psicológicos auxiliares de suas ações. E que todo este processo se dá por meio
da interação, da imitação, que além de suas funções lúdicas e comunicativas, é
um instrumento muito importante para a apropriação de signos. Por meio delas,
gestos elaborados são difundidos e transformados, abrindo possibilidades
indeterminadas para novas sequências interacionais. Consequentemente, a
imitação integra-se a diferenciação de papéis e a construção da própria
identidade, servindo de modelo, como recurso auxiliar a ação da criança,
constituindo importante elemento mediador na relação/interação.
Na
teoria Walloniana, o desenvolvimento do individuo é entendido como um processo
descontínuo, cujas características são as contradições e os conflitos. Seus
estágios não possuem limites nítidos; sobrepõem-se, misturam-se, confundem-se.
Cada
estágio é caracterizado pelo predomínio de um tipo de relação com o meio, ao
mesmo tempo em que representa um instante de evolução mental. Possuindo uma
característica que lhe é específica, cada estágio está em estreita relação com
o anterior. Não há uma supressão de conduta, e sim uma subordinação. O que
acontece é a alternância de momentos de dominância afetiva e de dominância
cognitiva, que estão sempre em processo de integração, sofrendo acentuadas
transformações em sua evolução. Sua construção começa no inicio da vida,
período no qual as relações com o meio acontece. Quando a criança faz a
dissociação do seu eu, do das outras pessoas, alcançando o poder de
diferenciação, de crítica e de análise.
O
processo de construção do eu é demorado e configura-se em três etapas.
A
primeira é marcada pelo eu corporal, que envolve é marcada pelo eu corporal,
envolvendo os estágios impulsivo-emocional e sensório-motor. Aos três anos
ocorre uma verdadeira revolução nas relações da criança com o ambiente e com
tudo que a cerca. A segunda etapa, à tomada de consciência de si, apropriação
do eu-psíquico, construindo sua personalidade e diferenciando-se dos que estão
a sua volta.
E
a terceira etapa acontece na adolescência.
Ao
contrário da criança pequena, ao adolescente não interessa a imitação, mas a distinção
em relação ao adulto. O que busca é a transformação, não o conformismo.
Reconhece-se
como personalidade polivalente, participante/participativo, parte integrante de
diferentes grupos, podendo realizar diferentes atividades e assumir diferentes
papéis, sabendo que pode, inclusive, transformar os grupos dos quais participa.
A infância e a juventude são fases de intensas
descobertas, de tentativas sucessivas de encontrar sentido, de construção de
uma identidade ainda muito contraditória, de experimentação e avaliação dos
diversos espaços pessoais, emocionais, profissionais e sociais. A família, a
escola e os diversos grupos com os quais as crianças e jovens interagem
passam-lhe seus valores, conhecimentos, visões de mundo, práticas sociais. Há
muitos caminhos possíveis, apesar das muitas certezas “definitivas” que podem
se desmanchar mais adiante. É difícil avaliar o que é sólido, permanente e o
que é temporário e superficial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário