A
Interação com o Meio
O ser humano,
pessoa/indivíduo, em sua relação e interação com o meio, sugere certa relação
de autonomia.
A partir de uma perspectiva interacional,
constrói-se na sua relação com o mundo, com o outro e com o meio em que está
inserido, quer por um espaço de tempo, quer por toda uma vida, no qual, o grupo
determina e estabelece possíveis ações e condutas que fara parte de suas
escolhas, de sua visão de mundo, do que se faz e do que se deixa de fazer.
As características pessoais
são construídas na história interacional de cada um e tomam sentido em relações
situadas e contextualizados. O outro se constitui e se define por mim e pelo
outro, ao mesmo tempo em que eu me constituo e me defino com o outro e pelo
outro.
E assim se constitui o processo de construção das
identidades pessoais e grupais.
Sendo assim, o individuo é
múltiplo porque são múltiplos e heterogêneos os vários outros com quem
interage.
O individuo é múltiplo
porque são múltiplas as vozes que compõem o mundo social, os espaços e as
posições que vai ocupando nas práticas discursivas.
Neste sentido os atributos e
as características de uma pessoa dentre eles o sentimento de ser único e
relativamente constante ao longo do tempo, são resultados de um processo de
construção cultural que exige permanência, estabilidade e individualização, o
que se sustenta pelo processo de linguagem, seja ela verbal ou não.
Na impossibilidade de outros ocuparem um mesmo
espaço temporal, único, singular, específico do indivíduo, permiti e
possibilita a construção de si em relação ao mundo, a tudo que está a sua
volta.
Neste sentido, os aspectos
do meio são importantes para uma pessoa de determinada idade construir certas
habilidades ou conjunto de significações, ao mesmo tempo em que vão sendo
modificadas por elas, abrindo espaço ao novo, submetidas ora voluntariamente,
ora despercebidamente, contrapondo e negociando os limites e as possibilidades
assim estabelecidas. Um processo articulado em que ambos constituem-se
reciprocamente.
Os percursos de cada pessoa
só podem ser pensados de modo indissociável a partir dos processos interativos
estabelecidos pelas pessoas em contextos específicos.
Considera-se assim,
impossível tratar o desenvolvimento de uma só pessoa, pois o desenvolvimento é
um processo concomitante de cada um e de todos os participantes envolvidos.
Cada indivíduo ocupa diferentes papéis sociais e posições discursivas e
relaciona-se de formas variadas na coordenação de papéis. Dessa forma
entende-se que cada pessoa encontra-se imersa em redes de significações.
Isso implica dizer que por
meio dos processos dialógicos, intersubjetivos, as várias redes interligam-se e
se superpõem em muitos pontos. A rede em que uma pessoa se encontra articula-se
com outras redes de várias pessoas e grupos, características equivalentes à
questão de multiplicidade de encaixes, segundo Lev Vigotsky.
Várias redes articuladas,
interligando e interligadas, compondo uma malha com diversos pontos de
encontro. Essa fala remete claramente ao texto/poema de João Cabral de Melo
Neto.
Tecendo
o Amanhã
Um
galo sozinho não tece uma manhã:
ele
precisará sempre de outros galos.
De
um que apanhe esse grito que ele
e
o lance a outro; de um outro galo
que
apanhe o grito de um galo antes
e
o lance a outro; e de outros galos
que
com muitos outros galos se cruzem
os
fios de sol de seus gritos de galo,
para
que a manhã, desde uma teia tênue,
se
vá tecendo, entre todos os galos.
E
se encorpando em tela, entre todos,
se
erguendo tenda, onde entrem todos,
se
entretendendo para todos, no toldo
(a
manhã) que plana livre de armação.
A
manhã, no toldo de um tecido tão aéreo
que,
tecido, se eleva por si: luz balão.
João
Cabral de Melo Neto.
João Cabral de Melo neto
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