A ERA DO VAZIO
Aqui vai o resumo da obra de Gilles Lipovtsky, a meu ver maravilhoso, tanto que li e fiz esta recapitulação para que eu possa relembrar, fazer uma breve releitura, sempre que necessário, já que o vejo como um filósofo conceituado, atual e que traz em si contribuições relevantes no que diz respeito a sociedade em tempos de egocentrismo, egoísmo e subversão.
De acordo a Gilles Lipovetsky , um
tempo de comunicação.
Não mais de comunicação como conteúdo ou mensagem, no
sentido moralizador, mas como forma de contato, expressão do desejo,
emancipação do julgo utilitário. Gera medo e até horror uma época em que tudo
pode ser questionado pois implica uma perda de poder pelo donos das sociedades
ou um rearranjo das formas de controle: a manipulação sede lugar a sedução; a
imposição deve transformar-se em conquista, cada um deve aderir a um valor, não
mais ser obrigado a submeter-se a ele.
Onde
alguns enxergam só ruina, pode vir a ser um campo de semeadura. O vazio e a era
pós moralista, o fim de uma época de valorização do sacrifício e de condenação
do prazer, a derrocada de uma moral rigorosa e o surgimento de uma era
polissêmica de elaboração ética “à la carte”.
Menos
carregados e mais livres, mais lúcidos e menos dependentes, mis exigentes e
menos submissos, mais flexíveis e menos engessados por engrenagem de poder em nome de verdades que se apresentam como
transcendentais e universais.
A
saída do “crepúsculo do dever” , a queda, elevando o efêmero a condição de
atmosfera cultural propícia ao exercício de imaginários, que transbordam, fluem
e refluem e não cabe mais nas medidas rígidas das religiões. Todo se move, tudo muda, tudo é fluxo.
A
Pós Modernidade consagrou a
possibilidade de viver sem sentido, , de
não crê na existência de um único e categórico sentido, mas de apostar na
construção permanente de sentidos múltiplos, provisórios, individuais, grupais
ou simplesmente fictícios.
Se
caracteriza por uma tendência global a
reduzir as atitudes autoritárias e dirigistas, e ao mesmo tempo a aumentar a
oportunidade de escolhas particulares, a privilegiar a diversidade e, desde já,
a oferecer fórmulas e programas independentes, nos esportes, nas tecnologias
psicanalíticas, no turismo, na moda casual, nas relações humanas e sexuais.
Postula-se
a intensidade do aqui e do agora, como
necessidades vitais. Um “pós tudo”, pós história, pós ideologia, pós moralismo,
um pós tudo em que tudo muda pela
comunicação, pela interação, contato,
pela busca desenfreada do prazer e pela múltipla escolha.
O
ideal moderno de subordinação do indivíduo a regras racionais coletivas foi pulverizado, o processo de
personalização promoveu e encarnou
maciçamente um valor fundamental : o do realização pessoal, do respeito, da
singularidade subjetiva, da personalidade incomparável , quaisquer que sejam as
novas formas de controle e de homogeneização realizadas simultaneamente . O
direito de ser absolutamente si mesmo,
de aproveitar à vida ao máximo e,
certamente, inseparável de uma sociedade que instituiu o indivíduo livre
com valor principal e não é mis do que a manifestação definitiva da ideologia
individualista; mas foi a transformação dos estilos de vida ligada a revolução
de consumo que permitiu esse desenvolvimento dos direitos e desejos do
indivíduo, essa mutação na ordem dos valores individualistas. Salto adiante da
lógica individualista; o direito à liberdade: - teoricamente ilimitado, mas até
então, circunscrito á economia, à política, à cultura – ganha os costumes e o
cotidiano. Viver livre e sem pressões, escolher seu modo de existência são os
pontos mais significantes no social e no cultural do nosso tempo, pontos da
aspiração, do direito mais legítimo aos olhos dos nossos contemporâneos.
O
processo de personalização não cessa de ampliar suas fronteiras, estamos
destinados a consumir cada vez mais objetos e informações. Na sua extensão, até
a esfera particular, até a imagem e o devir do ego conclamado a conhecer o
destino da obsolescência acelerada, da mobilidade, da desestabilização. Consumismo da própria existência por meio da
mídia multiplicada, dos lazeres, das técnicas relacionais, o processo da
personalização gera o vazio colorido, a flutuação existencial na e pela
abundância, sejam eles enfeitados pela conveniência, pela ecologia, pela
psicologia. Busca pela qualidade de vida, paixão pela personalidade,
sensibilidade, culto a participação e a expressão, reabilitação do local, do
regional, de certos costumes e hábitos tradicionais. – identitários –
descentrada, heteróclita, materialista, pornográfica e discreta, inovadora e
retrógada, consumista e ecológica, sofisticada e espontânea, espetacular e criativa.
Narcisismo
e Sedução I
Minhas
ações no mundo, e a escolha por estar só, caminhar só, conseguem mesmo.
Seja
no trabalho, no ambiente familiar quando se isola num quarto e ali passa horas,
consigo mesmo ou na escolha de uma profissão que não demanda chefia,
coordenação, na religiosidade, através de uma Ioga, meditação, ou mesmo na
escolha de alguns esportes, na música,
enfim, onde o indivíduo pratica de
maneira autônoma. E assim caminha a humanidade.
Coerção
pela comunicação, instituindo um espaço , um ambiente de proximidade,
“humanizado”, pelas ondas radiantes da sedução. Longe de estarem circunscritos
pelas relações de interações entre as pessoas. A sedução se tornou um processo geral com
tendência a regrar o consumo, a educação, a informação , as organizações, os
costumes. Toda a vida da sociedade contemporânea passou a ser comandada por uma
nova estratégia e seduzir é a grande
questão seja para aproximar, conquistar, ganhar o indivíduo, convencê-lo,
direcioná-lo, induzi-lo. P.1
Você
escolhe o eu quer ver, assistir, ouvir, fazer, para onde quer viajar , com
atenção voltada a sua necessidade, a sua vontade .
O
indivíduo se torna responsável - co-participativo em suas escolhas - seja no mercado profissional, seja no cuidado
com a saúde, na forma de prevenção, na conscientização – “ o doente não deve
mais aceitar seu estado , passivamente, pois é o responsável pela sua saúde,
pelos seus interesses de defesa, graças aos potenciais da autonomia psíquica “ P. 4
O
culto a espontaneidade, as terapias. Tudo é altamente permissivo, cria-se uma
socialização suave, tolerante, dedicada a personalizar o indivíduo, a fazê-lo
se sentir único. P. 5
A
linguagem torna-se o eco da sedução, cria-se o respeito e a organização das diferenças
do indivíduo em sociedade – tudo que é negativo tende a desvairar-se, esmaecer.
O processo de personalização faz uma assepsia onde todos opinam e todos deverão ser ouvidos. A sede da imersão
de poder estar junto e participar, enfim, tudo a disposição de todos.
“
a sedução é a destruição fria do social “
P. 7
Tudo
apresentado de acordo ao imperativo de transparência e esclarecimento
sistemático do momento presente que rege nossa sociedade. P. 14
Sem
sobras, sem escuridão, sem limites, sem muita aproximação, sem satisfação, sem
obrigatoriedade, sem sujeição, sem obstáculos, sem direção.
A
sedução promove a individualidade e a mulher foi aos poucos estabelecendo o
importante, relevante papel de disseminar tal narcisismo, tal individualismo.
As feministas absorveram esta estratégia, dando espaço para o livre arbítrio,
livre escolha e fim ao pré estabelecido. Tanto nos movimentos feministas quanto
na psicanálise, aflorando mais e mais o “EU”.
Quanto
mais se interpreta tais ações, mais as energias fluem para o eu – quanto mais
se analisam , mais a interiorização e a subjetivação do indivíduo ganha espaço
e profundidade.
A
Indiferença Pura II
Cada
vez mais livre de controle, cada vez mais livre de direitos – um grupo em
subgrupos, as partes de um todo social .
A
indiferença , o impulso de suprimir tudo que existe, exterminar, aniquilar-se.
O
mais estranho é que ela ocupa em silencia a existência cotidiana, a sua , a
minha, no coração das metrópoles contemporâneas.
Ausência
de investimento social – o deserto, a indiferença frente ao saber, ao poder, a
família, as regras, a igreja, ao trabalho , á política, e em meio a tantas
incertezas, porque acreditar que valerá a pena os esforços, o respeito, a
submissão. Visto que as ideologias estão se fragmentando, perdendo sua força,
seu poder de influenciar, induzir, e o que ganha espaço é o vazio, a oposição
entre o sentido e a falta de sentido, perde seu radicalismo diante da
frivolidade, das futilidades da moda, dos lazeres, da publicidade, e tudo se
torna comum a todos. “hoje em dia é possível viver sem finalidade, sem
sentido” P. 21
“
Qualquer sentido é melhor que nenhum sentido” dizia Nietzsolu, consciente da
indiferença e da apatia social, frente aos valores, aos sonhos e aspirações até
então concebidas.
A
visão social é a de que é preciso inovar a qualquer preço – esta é a primazia
até que se esgotem as possibilidades e nada faça sentido – a indiferença por
excesso.
O
que mobiliza um indivíduo ?
Que
espetáculo terá que ser apresentado para o cativar ?
O
que fazer para trazer um grupo de pessoas, ou indivíduo para si, e esgotada
todas as possibiidades , pois tudo esvaece com tamanha rapidez, tamanha fluidez
e novamente se experimenta o vazio . P . 23
Lá
se foram as referências, os valores modernos tem por base a indiferença pura,
no qual todos os comportamentos podem coabitar entre si, sem escolhas, livres,
à vontade, desde o mais operacional quanto o indivíduo consigo mesmo, tanto o novo quanto o velho,
tanto homens quanto mulheres, tanto o rico quanto o pobre. P.23
Com
tantas facilidades e informações nada mais causa impacto, voltar ao passado,
aos costumes e valores e de alguma buscar a atenção, chamar a atenção do
indivíduo já não está em questão – o futuro já não está em questão –
Quanto
mais o sistema atribui responsabilidades e informa o indivíduo, menor é o
investimento além do desprendimento, da indiferença e da tomada de consciência.
A apatia e ao inconstância são armas propulsoras, fazendo com que se encoraja,
deixando de lado tudo que está a sua volta, e quando o social é deixado de
lado, é desativado, o desejo, a preocupação, o prazer e a comunicação se
transformam nos únicos valores e assim abrem espaço à psicanálise, aos
psicólogos , aos livros de auto ajuda, enfim
aos grandes pregadores desse deserto.
Trata-se
da indiferença a serviço do lucro, ela é metapolítica, metaeconômica, e
possibilita ao capitalismo adentrar , operacionar. P.25
A
indiferença não se identifica com a ausência de motivação, mas se identifica
sim com a perda da motivação, com a “anemia emocional”, com a ilusão criada
pelos meios de massa de que estão sendo ouvidos, de que há democracia, de que
há respeito e consideração social, de que estão sendo ouvidos, de que há espaço
para falar. Com a desestabilização dos
comportamentos e dos julgamentos hoje “flutuantes”, a respeito das variações da
opinião pública – o homem diferente não se apega a nada, não tem certeza
absoluta de nada, adaptam-se a tudo, suas opiniões são suscetíveis de modificação. P. 26
Essa
oscilação permanente, essa busca pela premissa da indiferença acarreta no
indivíduo o conceito de vunerabilidade – de estar sozinho - de caminhar sozinho –de pensar sozinho e de
trazer consigo a depressão, o “flip”, a solidão. Eu comigo mesmo e mais
ninguém, resolvo sozinho, tomo minhas atitudes , minhas ações sozinho. P. 28
Essa
deserção social ocasionou uma democracia sem precedente, insustentável de
solidão , depressão, tédio, flagelo, hoje em dia altamente difundido e endêmico.
Permeado
de indiferença, atravessando sozinho o deserto, a difícil jornada. P.28
Sempre
em busca de si mesmo, obcecado por si mesmo, suscetível de enfraquecer ou de
desmoronar a qualquer tempo, diante das adversidades que enfrenta desarmado.
O
homem descontraído se encontra desarmado, onde os problemas pessoais assumem
dimensões desmensuradas e quanto mais os contemplam, ajudados ou não pela
psique, menos se resolve.
Um
deserto de autonomia e neutralidade apáticas, produtos advindos do isolamento,
incapacitando o indivíduo de “vive” o outro, de se colocar no lugar do outro,
de querer se colocar.
Ele
quer ser só, sempre e cada vez mais só, ao mesmo tempo em que não suporta a si
mesmo estando só. P.30
Narciso
ou a estratégia do vazio III
O
século do individualismo
“ o narciso designa ao
surgimento de um perfil inédito do indivíduo nas suas relações consigo mesmo,
com o seu corpo, sua mente, com o outro, com o mundo e com o tempo, no momento
em que o “capitalismo” autoritário cede seu lugar a um capitalismo hedonista e
permissivo “. P. 32
Revolucionário
ou emancipatório, entregue aos desejos variáveis, pautado pela indiferença,
pela neutralização e banalização social,
frente aos acontecimentos sócio políticos em questão.
Apenas
a esfera privada ganha espaço. Cuidar de si, da sua saúde, desembaraçar-se dos
complexos, cuidar da vida material, esperar pelas férias, viver a vida
presente, deserção política, não mais viver o passado ou o futuro.
Perda
do sentido, descontinuidade histórica. Sem
preocupação com as tradições e com a posteridade. P.33
Em
meio a tantas crises políticas, num clima de pessimismo e catástrofe eminente,
surge a estratégia da “sobrevida” narcisista.
Quando o futuro parece ameaçador e incerto, resta debruçar-se sobre o
presente que não paramos de proteger, arrumar e reciclar.
Ávidos
a soltar-se das tradições e limitações, uma sociedade sem amarras, instaurando
–se o narcisismo coletivo.
A
indiferença, a apatia, o narcisismo se explica
a partir de um acúmulo de acontecimentos e dramas conjunturais, tamanha
e considerável é a rapidez com que tais acontecimentos são veiculados pela
mídia de massa, e se substituem impedindo qualquer emoção qualquer absorção
duradoura. Tudo se torna comum a todos.
Nos
tornamos frios, insensíveis, apáticos.
P.35
A
ótica hedonista, o prazer atomizando suavemente o indivíduo e esvaziando aos
poucos as finalidades sociais, o materialismo em prol do indivíduo. Uma
sociedade se libertando das ordens disciplinares, longe de derivar-se de uma
tomada de consciência . Pautadas pela sensibilidade terapêutica a partir da
aproximação psicopatológica.
No
momento em que o crescimento monogâmico perde fôlego, o desenvolvimento
psíquico toma impulso. Trabalha assiduamente para libertação do EU. Seja nas terapias, mesmo que inconscientemente, “ amar
a mim mesmo o suficiente para não precisar de outra pessoa para ser feliz”.
Quando
as referências exteriores desaparecem, seja na história, na cultura, o
narcisismo não encontra mais obstáculos e pode se realizar em todo o seu
radicalismo, tamanho o EU, alvo de todos os investimentos, estrategicamente
pensados, socialmente engendrados, um processo de construção social, “uma
estranha humanização”, auto gerado – glorificando o reino da expansão, ego puro
– a busca interminável de si mesmo, frente ao esvaziamento dos conteúdos
rígidos, disciplinares.
O
esforço saiu de moda. Agora é o culto ao desejo e a satisfação imediata.
Nossa
ideologia de bem estar frente a ausência de diretrizes, dispersão ao invés de
concentração, desapego ao contrário de sujeição, trabalho incessante para o
esmigalhamento do EU.
Rigidezas
introdeterminadas, personalização, redução, sedução.
Uma erosão réplica exata
da dissolução profunda pelas identidades e pelos papéis sociais, antigamente
estritamente definidos, desta maneira o “status” de homens, mulheres e
crianças, o louco, o civilizado, cada qual tinha seu espaço, hoje não
mais!
Todos
tem razão, todos tem liberdade, todos tem ação - em prol da igualdade social
perdeu-se, dissolveu-se as categorias sociais.
O
reino da igualdade transformou-se na apreensão da alteridade, das relações de
contraste, da distinção entre as partes, onde todos os indivíduos, todas as
identidades respondem por suas escolhas e são detentoras de poder, de ação, de
escolhas. Perverso.
Onde
o louco, o delinquente, o homem, a mulher , a criança, o indivíduo, seja ele
quem for, independente de suas atitudes e escolhas, tendem a igualdade de condições.
P. 41
E
já que somos todos semelhantes, nesse momento, a autenticidade sobrepuja a
reciprocidade, ou seja, ultrapassa, eleva-se, dissolvendo as referências
tradicionais do outro, onde o relacionamento consigo mesmo supera o
relacionamento com o outro.
Sendo assim o corpo também ganha espaço, ganha
atenção e cuidados – o culto ao corpo perfeito - a jovialidade, em prol do não envelhecimento. No sistemas personalizados, então, resta
apenas durar o máximo possível,
divertir-se, aumentar a confiabilidade, ganhar tempo e ganhar a corrida contra
o tempo. P.43
O
imperativo da juventude, cultura da personalidade – mente e corpo saudáveis – o
interesse febril que se tem pelo corpo não é de modo algum espontâneo, “livre”,
pois obedece a imperativos sociais tais como a “linha” e a “forma”. O
narcisismo joga e ganha em todas as esferas, as tabelas, funcionando
concomitantemente como operador de despadronização. P. 44
Controle
social sobre a alma e o corpo.
O
narcisismo se aplica a liberar o corpo dos tabus e fardos arcaicos, tornando-se
assim permeável as regras sociais – derruba as resistências tradicionais e
torna o corpo dispositivo para todas as experimentações, são as finalidades e
valores superiores que estão em jogo, frente ao controle social. P. 45
Não
designa apenas a paixão do conhecimento de si
mesmo, mas também a paixão da relação íntima do EU. É preciso
revelar-se, liberar-se, expressar seu sentimento íntimo – quanto mais os
indivíduos se libertam das regras e dos
costumes em busca de uma verdade pessoal, mais seus relacionamentos se tornam
“fraticidas” destruídos e associais, pois enfraquece a possibilidade de lidar
com o outro. P 45
Tirânico
e incivilizado. A sociabilidade exige
barreiras, máscaras, regras impessoais, que são coisas capazes de proteger o
indivíduo, uns dos outros.
Onde
reina a obscenidade, da intimidade do indivíduo – traz, promove a comunidade, destruição – e por toda a parte tende a se
eliminar as regras de conduta e aspiram liberdade e autenticidade nos
relacionamentos – transparência – hipervalorização das confidências, todavia, instrumento de
controle social – é preciso se expressar sem reservas- sendo assim,
proliferação dos “truques” da vida cotidiana – dentro de um plano
pré-estabelecido. Quanto mais íntima são as pessoas, mais seus relacionamentos
se tornam dolorosos. Destruidores, associais.
P. 48
Apocalipse
agora ! destruição !
Quanto
mais a sociedade apresenta uma imagem tolerante de si mesma, na verdade, mais o
conflito se intensifica e se generaliza.
No
universo econômico reina uma rivalidade pura.
A
busca da riqueza não tem qualquer outro objetivo a não ser exercitar admiração
ou inveja. P. 48
Cada
qual lisonjeia seus superiores para alcançar melhores posições, oportunidades,
reinando a manipulação e a concorrência de todos contra todos.
As
relações públicas e particulares tornam-se relações de conflito e domínio,
baseados na sedução fria e na intimidação.
A
instituição também aflorada pela presença marcante da mulher, que se apresenta
e se mostra “insaciável” e que promove no homem ameaça, impotência, isso tudo
devido a sua sexualidade liberada, excessiva, desmedida – fonte de opressão e
de frustação – conflitos e insegurança, incapacidade e recriminação. Essa
proliferação de imagem, essa permissividade, gera uma sociedade conflituosa –
doente- onde os indivíduos se tornam aparentemente mais sociáveis e
cooperativos, por traz da tela do hedonismo e da solicitude, cada um explora
cinicamente os sentimentos dos outros e satisfaz seus próprios interesses, sem
a menor preocupação com o outro, com as gerações futuras, fruto do desejo do
reconhecimento – profunda revolução silenciosa do relacionamento - . P.
51
O
efeito negativo do humorismo, que representa sua face oposta.
Ao
invés do desejo de ser ouvido, protegido e amado – o desejo de se integrar aos
círculos de convívio, cada vez mais estético, erótico, afetivo, fonte de
dominação e servidão.
A
revolução feminista instaura uma divisão, recusando toda e qualquer posição
pré-estabelecida, desestabiliza as oposições normativas e desorganiza as partes
de referências estáveis, dando lugar a uma auto-sedução narcisista, em que
homens e mulheres partilham igualmente, separados das atribuições de cada
indivíduo – despadronização - P. 52
Vinte
quatro mil watts
Ausência
do pai “desaparecimento” devido a frequência dos divórcios – onde há perda de
autoridade familiar – desequilíbrio, ansiedade, incertezas e frustações .
Autodepreciação
Culto
a celebridade – sonhos alimentados diante de toda uma fragilidade e frustação e
o surgimento dos indivíduos célebres – estrelas , ídolos – vivamente
estimulados pela mídia, e encorajando o
homem comum a se identificar e aos mesmo tempo a abominar o rebanho – o banal,
o comum, o cotidiano.
As
imagens de felicidade associadas as imagens de celebridades, E nasce uma
síndrome do imediatismo.
Uma
vez que o real se torna inabitável, resta o dobrar-se para dentro de si mesmo –
neutralizar o mundo pelo poder sonoro – fechar-se em si mesmo. Hoje em dia narciso se desoprime, rodeado por
amplificadores, com sues fones de ouvido, auto suficientes. – o barulho e vozes
da vida se tornam parasitas – indivíduos que vivem a custa alheia por pura
exploração ou preguiça – é preciso identificar-se com a música – uma nova indiferença
. P. 55
O
vazio -
Por volta dos 25 e 30 anos surgem as “perturbações do caráter” que se
manifestam por meio de um mal estar difuso, disseminado e invasor. De um
sentimento de vazio interior e de absurdo da vida, de uma incapacidade de
sentir as coisas e as pessoas por conta da liquefação das referências estáveis.
A
percepção do vazio se instaurando, dominando – o milagre da união estável de
torna raro – o vazio aparentemente sem controle – possibilidades de encontros –
sem apego .
Os
indivíduos aspiram a um desapego emocional, enaltecendo as relações livres,
condenando o ciúme e a possessividade.
Livre
arbítrio.
Quanto
mais encontros, mas raro se tornam as possibilidades de conhecer uma relação
intensa.
A
despadronização precipita a duração das aventuras. Os indivíduos não entendem
que para haver , para se ter alegria de viver, é preciso aceitar o afeto e
joga-se fora tudo que envelhece. Nos
sistemas desestabilizados a única
“ligação perigosa” é a ligação prolongada.
P.57
Daí
a fuga, fuga das “experiências” que
apenas traduz a busca de uma experiência profissional forte,
Não
posso ser afetado pelo outro . P 58
Modernismo
e Pós modernismo
A
era que nos “convida” à um retorno prudente, as nossas origens, a uma visão em
perspectiva, interpretação aprofundada da era do qual saímos.
Uma
reflexão entre o agora e o que antecedeu.
Reabilitação
do passado frente a decadência do presente.
Um
conceito de mudança, O novo. A passagem lenta e complexa para um novo tipo
de sociedade.
Um
período de interrogação quanto ao papel da cultura frente a economia, a política
e a democracia. Não basta criar o novo,
exige-se ruptura com o passado – romper com o sentimento que ainda nos liga ao
passado .
O
modernismo não se contenta em produzir variações estilísticas e temas inéditos
– ele também desqualifica, proíbe a estagnação e obriga a invenção ininterrupta
e auto distinção criadora – criar e criar e criar instantaneamente,
ininterruptamente – uma negação sem limites, destruindo e desvalorizando
implacavelmente o que ele próprio institui, tamanha rapidez e fluidez com que
tudo acontece, negação de toda ordem estável – cultura individualista.
Revolta,
rebelião, revolução contra si mesmo, contra todas as regras e valores
estabelecidos pela burguesia.
A
era da exaltação do EU.
Valores
como trabalho, poupança, moderação, puritanismo, acabaram. Agora, viver com o
máximo de intensidade “desregrado de todos os sentidos”. E o culto a
singularidade se inicia por Rousseau, nada de disciplina e autoritarismo. P. 63
No
capitalismo se inicia , se instaura a cultura do hedonismo, do prazer, onde a
ascensão a publicidade, ao crédito, ao poder de compra instantânea, do desfrute
e das facilidades.
Antes
era preciso primeiro economizar, mas com o crédito tornou-se possível
satisfazer imediatamente todos os desejos.
Ao
modernismo estabeleceu-se o culto
igualdade de direitos; instituiu-se o processo de democracia, garantindo
participação, perpetuação, baseados na soberania do indivíduo. Um meio de
promover essa cultura experimental, e livre, com fronteiras que se deslocam no
espaço e no tempo. P. 67
Perspectivamente,
uma criação aberta e ilimitada, uma ordem de sinais sem em evolução , revolução permanente.
O
modernismo é a essência democrática: nele consiste a arte da tradição e da
imitação e simultaneamente coordena um processo de legitimação de todos os
temas. Para instituir-se era preciso valores até então desconhecidos, mas que
tinham “a sua disposição”, a mão , e que vinham da organização do todo
coletivo. Estimulou a prospectar sem
descanso, a inventar combinações em ruptura com a experiência imediata, num
trabalho convergente desses valores
individualistas. Polissensoriais. Imediatistas. Libertários, igualitários e
reacionários. Agora, coloca-se o expectador no centro da obra – se merge,
aparece e participa . P.75
Uma
busca incansável por ideias, por novos materiais, por novas disposições,
despindo-se de padrões, se elabora sem código pré-estabelecido.
O
seno e o não senso, seja nas artes plásticas, no cinema, na música, no teatro, nos
meios de comunicação em massa. E que exige a presença, a opinião manipuladora
do utilizador. P 79
As
ressonâncias mentais do leitor promovendo múltiplas interpretações. P.80
O
indivíduo torna-se único e diferente.
A
era moderna e a personalização, onde o essencial reconhecimento do prazer está
no consumo. Com isso, um alcance mais profundo, que reside no controle total da
sociedade, agora entregue a um self-service , a um sistema generalizado, onde a
velocidade da moda, a flutuação dos princípios, dos papéis sociais, do status,
absorvendo o indivíduo, na corrida pela condição, por uma melhor condição de
vida. Legitimando a busca da realização do EU.
Liquidando
a busca a existência da tradição e dos
costumes. É a revolução do cotidiano que
toma vultuosidade. Tudo a base da sedução. Lentamente, suavemente,
despercebidamente. P. 85
Essa
multiplicidade de referências e modelos trata-se da diversificação extrema das
condutas e dos gostos, como que atendendo a todos, amplificado pela “revolução
sexual”, pelas divisões , pelas dissoluções de comportamentos
sócio-antropológicos, de sexo e de idade. Todos sem exceção. Tudo e todos em
prol de ideias de igualdade em meio a
inúmeros movimentos sociais.
Perdeu-se
as referências . P. 86
Uma
estrutura aberta e dinâmica - solta
o indivíduo dos laços da dependência e
acelera os movimentos de assimilação e de rejeição – produz indivíduos
flutuantes e cinéticos, que se movimentam, circulam, participam. Universaliza
os modos de vida, permitindo e possibilitando o máximo de singularização
humana, P.89
Ora
rígido e uniforme e coercitivo, ora flexível, opcional e sedutor.
Ora
feliz e realizado, ora solitário e vazio.
Atendente
ao tempo curto, ao aqui e agora,
ocultando o tempo histórico, adentrando ao universo dos objetos , da informação
e do prazer que arremata a “igualdade de condições’ e eleva o nível da vida. Cultivando
as massas - mesmo que sob o mesmo
denominador comum – emancipa as mulheres e as minorias sexuais, unifica as
idades com o imperativo de juventude, banaliza a originalidade, informa todos
os indivíduos, coloca todos no mesmo plano, e as diferenças hierárquicas
recuam, em benefício do reinado indiferente da igualdade. P. 91
Liquefaz
o verdadeiro - do psicológico sobre o
ideológico – da diversidade sobre a homogeneidade – do persuasivo sobre o
coercitivo . P. 92
A
invasão de tendência sobre, em benefício do processo de personalização, de
mudanças de hábitos sociais e culturais.
– desapego, indiferença, aceitação passiva e permissiva. Multiplicação
das seitas, da religiosidade, da busca pelo equilíbrio emocional e o
ressurgimento da espiritualidade. Transformação - emoção em detrimento a razão.
E o que realmente importa é o aqui e o agora.
Enfraquecimento
de vanguarda – a descontração do espaço artístico, da linguagem, nas artes,
paralelamente a uma sociedade no qual as ideologias rígidas não serão mais
admissíveis, não terão tempo e espaço, em que todos, em eu as instituições
caminham para a opção, a participação , em que os papéis e as identidades se
misturam, em que o indivíduo é flutuante e permissivo e incompatíveis com toda
forma de exclusão e dirigismos, determinações.
Liberdade,
personificação, flexibilidade, individualismo e democratização.
Proliferação
dos grupos artísticos, musicais, teatrais,de viagens, aproveitando, abstraindo
o tempo e o espaço, a diversão, o prazer, o lazer – todo mundo mais ou menos
tem vontade disso ou daquilo, e essa disseminação, multiplicação, essa bulimia,
esse distúrbio, esse turbilhão de ideias, de opções, promove o acesso, a
liberdade de consumo desenfreado, ou seja, para além da necessidade – o desejo,
o hedonismo a serviço da humanidade, à disposição, à experimentação, “basta
querer” P. 102
“ a gente não quer só comida , a gente quer comida, diversão e
arte, a gente não quer só saída, a gente quer saída para qualquer parte”
Crise
da democracia – Um processo ideológico irreversível e a atomização da
pulverização e de individualização narcisista.
Uns
encorajam o trabalho , optando pelo conforto, outros optam pelo prazer
imediatista,
O
trabalho é limitante, traz fadiga, rigidez, impessoalidade, autoritarismo já o prazer, o lazer é flexível, e quanto
mais houver tempo livre e personalização, mais o trabalho parecerá exaustivo,
fastidioso, vazio de sentido, roubando o tempo pleno do eu livre. Assim sendo,
desestabilizando o indivíduo.
Quanto
mais a sociedade de humaniza mais amplia a sensação de anonimato, de não se
responsabilizar e quanto maior o prazer e a tolerância, menor o conflito.
Quanto menos se trabalha menos se quer trabalhar e quanto mais cresce o bem
estar, mais a depressão triunfa. P. 105
O
afastamento da ordem disciplinar assim o faz ... difícil viver sem regras, o ser humano não é
igual, somos todos diferentes, pensamos diferentes, fazemos escolhas
diferenciadas e havendo essa
possibilidade não haverá espaço pra o outro. Como atender a todos em suas especificidades?
A
era do consumismo desenfreado solapa o civismo, mina a coragem e a vontade.
“
A legitimidade pode repousar sobre os valores do liberalismo político, se ela
se dissociar do hedonismo burguês “
A
politica neoconservadora e ordem moral são os remédios para uma sociedade
corrompida.
A
não negação as tradições, sejam elas de ordem moral, religiosa, econômica, ética, de cunho político,
culturalmente construídos, são os pilares para uma nação saudável.
O
processo de personificação trabalha para legitimar a democracia, na medida em
que ele é por toda a parte um operador de valorização da liberdade e do
pluralismo cultural. É nisto que
consiste sua força. P.106
Porém
a relação causa e efeito é contrária.
Quanto
mais se fala, menos se tem – pois há enrustido, um propósito maior – avassalador
que oprime, subjulga, destrói lentamente, despercebidamente.
A
indiferença pura e a coabitação pós moderna dos contrários, andam lado a lado.
O
hedonismo e a igualdade contribuem para amplificar uma crise “profunda”,
persistente. È evidente que existem tensões entre igualdade e eficiência. Por ser uma construção histórica em função
dos ritmos e das pressões em massa, promove flexibilização política, numa
constante luta de reciclar-se, à era Pós Moderna.
Essa
flexibilização ganha força e espaço, seja por meio das linhas de créditos das
facilidades, dos incentivos, da gratuidade, dos auxílios na educação e na
saúde. Além dos benefícios há também a cobrança por parte das autoridades, e à
sociedade é passado também responsabilidades, obrigando os indivíduos a
participar, a ter iniciativas, disseminando e multiplicando as
responsabilidades, repassando os resultados nas relações causa e efeito,
dividindo, promovendo ações conjuntas por meio de associações e
cooperativismos. P. 110
A
sociedade humorística generaliza-se . V
Pseudo
acontecimentos, catástrofes, escândalos, sensacionalismo puro, subjetivamente
banalizados.
O que realmente importa é
prender a atenção.
A
divisão entre o cômico e cerimonioso se dilui. O cômico se opõe as normas sérias, essa
dualidade tende a se diluir sob a força invasora do humanismo que anexa todas
as esferas da vida social, mesmo que seja contra a nossa vontade – envolve
questões políticas, sexualidade, educação, religiosidade – todas as esferas.
Realismo
grotesco, rebaixamento do sublime, o sagrado perde espaço para a diversão. O
riso sempre ligado a profanação do religioso, a violação das regras oficiais. O
riso alegre e sem fundamento se torna um
conjunto desprezível, as vezes vulgar, , inconveniente, perigoso e tolo.
Essa
beleza, essa alegria, essa satisfação mentirosa. Tônica, psicodélica,
alucinante, sedutora, de cores vibrantes, de gracejos, de olhares obscenos,
eufórico, de riso fácil, de simpatia, uma graça alimentada pela sociedade. Aplaudida,
reverenciada por sua audácia, nos prende, nos faz perder o foco, a atenção no
que é importante, no que é realidade. –
pretencioso – o tom é moroso , vagamente provocador, pende para o vulgar, exibe
ostensivamente a emancipação da linguagem, da pessoa, do sexo, das escolhas.
Gracejos
que se fundamentam na engenhosidade, com grandes planos e efeitos especiais.
Hoje
o humor exige o espontâneo, o natural, .
Devido
ao rebaixamento generalizado dos valores sociais que ele provoca, pelo seu culto à realização de
si, a realização pós moderna fecha o indivíduo em si mesmo, faz desertar da
vida pública e também privada, entregue a proliferação de rumores narcisistas,
indiferente a tudo e a todos.
Recolhido
dentro de si, o homem moderno apresenta dificuldades em “cair na gargalhada”,
em sentir entusiasmo, em entregar-se. Super saturados de sinais
humorísticos. P. 121
Metaplubicidade - A
natureza do fenômeno humorístico
Advém
dela todas as possibilidades, toda criação, todo caminho a ser percorrido, estudado,
desenvolvido, assim estabelecido – uma lógica do inverossímil .
O
humor publicitário está além do verdadeiro ou falso – cabe a ele destituir os
conteúdos – em sua visão humorística, participante de um amplo movimento
revolucionário.
Por
sua tonalidade leve e inconsistente, antes mesmo de querer convencer e incitar
o consumo, tem como mensagem principal o suporte em si. Legível e comunicativo,
promove a criticidade e a ilusão da sedução.
Em
uma sociedade cujo objetivo é o de se dominar inteiramente. A publicidade faz apelo a cumplicidade
espiritual dos indivíduos, e se dirige a eles usando referências “culturais”
alusões mais ou menos discretas feitas para
pessoas esclarecidas. Não há humor que não exija uma parte de
reflexão. P. 125
A
moda; uma paródia lúdica que acaba com as ultimas sequelas de um mundo tenso e
disciplinar e se torna maciçamente humorística, predominando sobre a era
estética.
Libertação
do estilo “luxo”, jovialidade, extravagância, estilo divertido – homens e
mulheres já saíram deste universo, instalou-se a cultura e a imaginação – o
chique agora se tornou a independência em relação aos estereótipos, num look
personalizado, sofisticado e despojado, banalizado e relax para os demais. Com
mais originalidade hipernarcisista para alguns, com a liquefação de seus
impérios, critérios e escândalos e descontraído para outros. P.126
A
moda “retrô” – mais ou menos combinados -
significativa – hoje há inversão -
a quebra de estilos – a mistura a
novidade . Mudar e mudar e mudar.
O
que era ritual e tradição perde toda a densidade e beira o exibicionismo . A
inovação – o estar diferente.
O
frívolo se intensifica com o sério e o funcional, para além do que a invasão
signalitica e tipográfica.
Rompendo
com o anonimato, despojando-se em meio a letras, sintagmas, formas e fórmulas,
desconectados ou não de significados.
O
ultrapassado tanto próximo quanto distante provocam risos, não aceitações. Acelerando a cadência de seus ciclos – ação contínua, frívola, volátil e divertida - P. 128
Grupos
pequenos vão ganhando espaço e força, porém insignificantes diante do pequeno
dominante, e quanto mais grupos, mais divisões e menos forças.
Processo
humorístico e sociedade hedonista.
O
código privilegiado de comunicação com o outro. E de modo durável e que constitui-se, se institui de maneira
humorística – pela descontração das mensagens insufla um ritmo, um dinâmica que
se faz acompanhar da promoção do culto ao material e a juventude. Agência
anunciando jovens tônicos, abolindo o peso e a gravidade do sentido, “linha e
forma” são as palavras de ordem e “obesidade” é uma palavra proibida – processo
de personalização – novos valores- novos gostos – dotado de humor que nivela as
figuras do sentido, feito a imagem da situação narcisista, à vista de pequenos
anúncios que pretendem serem engraçados e originais a todo custo.
Audacioso
e inconveniente que demonstra os problemas, as fraquezas, as necessidades do
indivíduo, que tenta igualar os indivíduos em sociedade – que traça
comparativos – que expõe e que faz com
que muitos vivam de aparências. P. 134
Destino
humorístico e era “pós-igualitária” onde os valores sociais se esvaecem,
dissipam . Os pontos de referência e de
equilíbrio eminentes esvaziam-se de suas substâncias, os discursos hierárquicos
são destronados – poupança, castidade, casamento, pontualidade, autoridade,
esforço, sacrifício – dessubstancialização humorística. Hoje coisas sérias e
solenes são motivos para sátiras, isso fora da adesão voluntária do indivíduo,
por contraste, o que antes era tão contrário a si, se torna comum, se une aos
novos hábitos, traz parceria e muitos se veem obrigados a alinhar-se, a aderir,
e muito do que era tão distante , tão inatingível , hoje “parece” estar ao
nosso lado, meio que caminhamos juntos – políticos, partidários, autoridades ,
celebridades, “parece” tudo tão perto, tão próximo, parece existir afinidades,
pois é, vivemos um jogo cheio de manobras, satisfazendo a um grupo privilegiado
– estrito – inatingível – partidos de esquerda e à direita não para de formar
grupos, microsolidariedades, emancipando
novas singularidades.
Quando
a divisão social se transitoriza, divide, descentraliza, ganha roupagem nova,
desestrutura e se estrutura novamente, só que de outro jeito, criando grupos
diferenciados, correntes sociais solitárias a princípio mas que ganham força,
espaço e atenção , notoriedade, na fúria do processo ininterrupto de inovação,
perde seu brilho trágico, seu centralismo patético, sob o aumento
representativo das tão esperadas diferenciações microscópicas - E o micro
rapidamente se torna macro .
A
apreensão do outro com uma tonalidade cômica – fácil, rápida e precisa –
diminuindo as distâncias, tornando-se pós-igualitários, por causa da
proximidade, da abertura ao diálogo, a troca, a aceitação, onde se manifestam
os direitos de todos, porém lembrando, limitando as diferenças de classes, e
vem a fase humorística , particularista das democracias em igualdade. DEMAGOGIA
P. 141
Narcisismo
enlatado – Instituído de poder, de espaço, de escolhas, respondendo a
desvalorização panótica do social.
Quando
os rituais os costumes, as tradições agonizam, entra a ideologia da
descontração onde o esporte ganha espaço e força; surge também o espaço aos espetáculos, músicas, danceterias, shows e
muita descontração - a frenesi das
singularidades – banalização – um misto de alívio e prazer, “eu mereço me
divertir”, tudo em excesso, o ritmo, o mundo que circula a seu redor, os
olhares atentos, quase que indiferentes, despercebidos. A super produção
noturna de narcisista, esvaece, esvazia-se de tudo que nela anexa, seu valores, seus hábitos, suas tradições
.Uma explosão de prazer – expressar, sentir. Anulando uma e superdeterminando
outra . Tudo é simultâneo e indeciso, todas as categorias se encontram numa
coercistência , cômica, engraçada, porque entregues ao jogo da supervalorização
e pela supervalorização. P.144
Nada,
nenhum lugar, nenhum indivíduo é poupado desse processo humorístico.
A
sociedade caminha livremente, destituída de controle, de ações, de obrigações.
Livres para pensarem e agirem , com espaço garantido em qualquer tempo, em
qualquer lugar.
VIOLÊNCIAS
MODERNAS VI
Violências
selvagens, violências modernas, obscuras, subjetiva, anônima, que aos poucos
vai destruindo o indivíduo, em um estado patológico, degradante e cruel.
Considerando
a revolução dos relacionamentos que nasceu com a sociedade individualista, uma
sociedade em choque, torturada com essa mutação, pacificadas como que
hipnotizadas, adestradas, pautados por um princípio de conservação da violência – sejam elas políticas,
econômicas ou ideológicas – seja o estado, a economia ou a estrutura social –
quer aceite ou não, dotada de sentido
articulado, permissivo, manipulador, ganhando espaço, visibilidade e
aderência. P 145
Honra
e vingança na era primitiva, selvageria nos dias atuais – o código de vingança
educa os homens a se afirmarem pela força e a vida tem valor reduzido ,
comparado com a estima , a primazia absoluta é a que reina e a palavra de ordem
entre os agentes é DIGNIDADE. Isso par
ganhar o reconhecimento de outros e impor respeito, sem dar valor ao indivíduo
na sociedade.
O
código de honra fornece o motor, o estimulante social para novos
empreendimentos.
A
vingança é um imperativo social independente dos sentimentos do indivíduo ou do
grupo, independente das nações, das responsabilidades sociais. É o contrapeso
ds coisas, o restabelecimento de um equilíbrio, um instrumento de prevenção, de
proteção, de socialização que visa equilibrar o mundo. P. 145
A
vingança é um dispositivo que socializa pela violência, ela legitima as
represálias, ela pune, arma os
indivíduos enquanto as instituições judiciárias tem or finalidade impedir o
recurso a violências particulares. Não é
um direito de todos, não é oportuno
todos. “ um festival de pulsões agressivos” um desgaste improdutivo que tem hoje uma
visão de ponto de equilíbrio.
Mas
a violência apresenta um parentesco de
estrutura de troca – a troca por sua vez produz uma paz instável e fraca,
destinadas a relações pacíficas.
E
se esta vem a contrariar-se?
E
se surge uma relação de conflito?
E
se há uma oposição aos interesses?
Como
estrutura fundada sobre o desafio, a troca impede amizades duráveis, onde as
alianças se fazem e desfazem. P. 155
E
quando se educa dentro do código de honra, dos valores prescritos, pré
estabelecidos e não havendo consenso a estrutura se desfaz.
Se
o indivíduo se identifica com o outro, com o grupo , há paz .
E
se há união, há paz.
E
se há desapego, desafeto, individualismo, prevalece o código de honra, do que é
colocado como ideal, a não violência. É esse contexto de troca nefasta,
trágica, maléfica, domesticada, onde há manobras maquiavélicas, valores
destituídos, desfavorecimento e impedimento social.
Nessa sociedade onde o
outro, em que o indivíduo se torna aos poucos um desconhecido, um estranho no
ninho . P.146
Regime
de barbárie - Quando não basta a guerra,
o sacrifício frente aos interesses de um grupo, é preciso armar-se, criar
estratégias de poder.
Na
verdade, se manteve sob o estado um modo de socialização holista – o olhar é
par o todo, nação, que tanto quanto a existência de valores
militares e de guerras permanentes, explica à violência dos costumes na busca
de um pacto de honra – daí a criação do judiciário – das penas – representantes
da autoridade suprema - poder e soberania.
P.157
A
crueldade , as sociedades guerreiras e o holismo caminham juntas – ela só é
possível com hábitos socialmente dominantes em que reina a supremacia, o
direito incontestável de força do vencedor. Resistência, falta de compaixão de
considerar a vida individual de pouca importância, na busca pelos próprios
interesses, o todo.
Um
laço indissociável une a guerra concebida com o comportamento superior, e o
modelo tradicional de sociedade. P.159
É
preciso desconfiar do nosso reflexo econômico moderno. Será que há mesmo o
interesse numa economia equilibrada, onde o indivíduo estela livre de escolhas
e possibilidades ou será que o interesse pelo todo, por uma sociedade
instituída, destituida de oportunidades seria o melhor?
A
guerra promove estrutura ou desestrutura social ?
O
processo de civilização - sem dúvida o
abrandamento dos costumes é inseparável da centralização estatal. Onde há
regulamentação de comportamentos pelo “auto controle” do indivíduo sob a ação
de órgãos centrais , monopolizando à força física, há submissão, sujeição,
pacifismo e controle. Há uma dissolução
na desvalorização dos laços de dependência social, pessoal, promovendo uma ação
individualista, autônoma, livre e fraca.
P. 162
A
economia acontece, caminha, segue seu rumo, apresenta-se objetivista e
mecânica, já ao estudo cabe a função funcional e utilitarista que responde a
seus ideais por meio das repressões sociais, do auto controle sobre o
individuo, e a constante busca e investimento sobre o individuo. No indivíduo
solitário, sem raízes, desprovido de apoio e solidez, de equilíbrio e sensatez. Fluido.
De
fato, uma ação conjunta, política e econômica que promove essa distinção, essa
desigualdade social, o poder nas mãos de poucos, e o incentivo a constantes
buscas pelo individualismo , direcionando a todos, levemente. Despercebidamente. P.166
O
nascimento do indivíduo aterrorizado, livre de atitudes, livre de escolhas ,
independente, de um novo significado de relacionamento humano, frente a uma
desordem de relacionamento social, em comunidade – cada qual pra si, frente a
seus interesses e ideais - E o processo
de código de honra sofre mutações, agora já não interesse para o individuo , o
todo social, ele se define cada vez mais as coisas , ao material, ao dinheiro,
ao status, e vai se tornando vergonhoso revidar as ofensas e injúrias, o
indivíduo vai se calando, se tornando menos agressivo e os julgamentos e
desafios lançados são deixados de lado. Se prioriza a vida, suavizando as
indiferenças, as indignações, destituindo o indivíduo de princípios
refratários, repassando ao estado essa responsabilidade. “eu lavo minhas mãos”
que se traduz por pacificação do indivíduo em sociedade.
O
século da humanização, do enquadramento à sociedade de maneira comedida,
homogênea e regular – moderação é a palavra chave . P.168
O
contínuo processo de personificação do indivíduo, do EU .
A
escalada da pacificação - a era do
consumo pacifico, onde a violência tende
a desaparecer narcisamente, dando a vez a comunicação e ao consumo,
socializando o corpo o equilíbrio e a saúde, destruindo o culto ao herói e
destituindo o medo, instituindo um novo estilo de vida – EU.
Cada vez mais voltados para as preocupações particulares, os
indivíduos se pacificam não por ética, mas sim por hiperabsorção individualista: nas sociedades
que impulsionam o bem estar e a realização de si mesmos, de se auscultar, de se
“drogar” com viagens, músicas, esportes, espetáculos, em vez de defrontar
fisicamente. A repulsão profunda e geral dos nossos contemporâneos pelas
condutas violentas é função dessa disseminação hedonista e informal do todo
social realizada pelo reinado do automóvel, da mídia, do lazer. P. 169
Todos
tratados com indiferença, descaso. Indiferença ao destino e ao julgamento dos
outros em relação a suas escolhas.
O
processo de personificação dissolve, dilui todas as grandes figuras da
autoridade, dissolve as convicções em forma de educação, e agora não há espaço
para correções, castigos corporais, o espaço agora é para comunicação, e de
psicologinização do individuo, da relação, no momento em que os pais deixam de
se considerar modelos a serem seguidos, imitados, minando o princípio do
exemplo.
A
punição física na criança, a chinelada agora é fruto , é tido como descontrole
emocional. P.171
Na
valorização sistemática do diálogo, da escuta, a violência verbal já não tem
finalidade, , nem sentido.
A
violência masculina também regride por causa da transexualidade em questão , em
que a virilidade deixa de ser associada a força e a mulher e a mulher a
submissão.
A
violência masculina era a atualização e a reafirmação de um código de
comportamento. P.172
O
masculino e o feminino não têm mais definições rigorosas, nem lugares marcados.
O
individualismo na era pós-moderna também ampliou a identificação homem animal. Ajustando
o indivíduo, suavizando-o, e toda a dor sofrida pelo animal tornou-se
insuportável, inadmissível. O indivíduo agora e frágil, sensível e se coloca no
lugar do animal, sente e desaprova.
Processo
de humanização.
A
insegurança e a violência nos dias atuais, é vista como um correlato inevitável
de um indivíduo desestabilizado, obcecado por seus problemas pessoais,
trancafiado em suas casas, como que amparado pelos meios de comunicação, sem
precisar sair de sua casa. Vivendo o tempo dos efeitos especiais e da
performance pura, da supervalorização e da ampliação do vazio. P. 173
Crimes
e suicídios – Se no processo de personalização os costumes da maioria se
suavizam, inversamente, ele endureça as condutas criminosas dos marginalizados.
Ações bárbaras estimulam a escalada aos
extremos, no uso da violência. Atinge os desarraigados culturais, as minorias
raciais, os imigrantes, e isso se dá por uma organização sistemática da sua
identidade. Suscitada por estímulos de modelos individualistas eufóricos, que
convidam a viver intensamente.
Por
outro lado esse processo desmantela a personalidade do indivíduo.
A
sociedade esta amalgamada, moldada no universo honra e vingança, à deriva, e
produz sem perceber atitudes explosivas, exclusivas. P.178
Excluidos,
tratados com descaso ou indiferença, e no mundo dos agressores tem
representatividade, agredido , ferido, machucado, cheio de cicatrizes,
profundas de indiferenças e descasos. Eles adentram o mundo do crime sem
vitimas, sem projetos, sem ambição, sem imaginação, apenas com a imagem da
destruição, consequência das desafeições das classes sociais e a labilidade e a
emotividade são suas características – a
bipolaridade – a instabilidade emocional .
Tudo
acontece a luz do dia , sem a preocupação de manter o anonimato – explicitação
total. P. 181
Estamos
inseridos numa sociedade cada vez menos incapaz de enfrentar o real – a
fragilidade e a vulnerabilidade aumentam, principalmente nas jovens categorias
sociais , mais deficiente em referências e estabilidade emocional. Suicídio,
depressão e fadiga fazem parte deste contexto social – crises existenciais numa
escalada instantânea de indefinições e de indiferenças. P. 182
Individualismo
e revolução – Todavia o mesmo processo individualista que aniquila, que anda
junto com a sedução do desafio entre as pessoas, produz na sociedade um
radicalismo político e estatal , no momento em que os indivíduos se humanizam,
ativam a ação a luta de classes, o teor intrínseco da lei e do poder tornam-se
objetos de debate público. E o processo de civilização e de revolução são
concomitantes.
Este
processo é construído devido aos novos valores anexados aos direitos dos
indivíduos. P.183
A
hipertrofia e o antagonismo ideológico são inseparáveis do ser individualista-
democrático. Ligados às sociedades holístas que procuram conhecer os seres sociais
na sua totalidade, proclamando-se homogêneo e idêntico a elas e a grande fase do individualismo revolucionário
termina diante dos próprios olhos.
Depois
de ter sido um agente da guerra social, o individualismo passa a contribuir
para a abolição da ideologia e da luta de classes, visto que as negociações se
impõem frente aos enfrentamentos violentos, ganhando espaço a relação
interpessoal. P. 185
A
ordem ideológica e seu maquineismo caem na indiferença, e tudo que tem um teor
universal, de oposição, de caráter exclusivista, se tornou incompatível e o
processo de pacificação ganhou o todo coletivo.
A civilização dos conflitos sociais agora prolonga a civilização dos
relacionamentos interpessoais. P.186
A
ordem da revolução em si mesma se humaniza, levando em conta as aspirações
subjetivas, a existência e a vida. Ao invés do conflito e da violência, uma
revolução “aberta”, multidimensional, em que o interesse agora é o narcisismo
apático, destituído de ideologia. Ela entra no ciclo de reabsorção dos
conteúdos, perde sua substância em uma culminância hiper-realista sem programa
e sem ilusão. Uma violência “hard” onde reina o desencantamento. P. 187
A
violência de classes dissipou-se e cedeu lugar a violência de jovens
desqualificados - sem rumo, sem direção, sem oportunidades – desclassificados
socialmente. P.188
Pósfácio
A
descontinuidade histórica na logica individualista é um salto adiante da
autonomia, da subjetividade, nesses últimos decênios, seja na esfera privada ou
pública a palavra de ordem é: manter a
espiritualidade, as tradições e o moralismo mas na visão do indivíduo, a
palavra de ordem é: agora, mais do
nunca.
Toda
essa revolução operada pela revolução do consumo e da comunicação de massa, na dinâmica do
estado social democrático, todos esses valores, tomaram corpo e reestruturaram
os discursos, os modos de vida e as relações entre as instituições privadas e
públicas.
O
individualismo disciplinar e militante cede a vez ao individualismo do prazer,
hedonista, psicológico, frágil, suscetível, sensível, fazendo da relação íntima
a principal finalidade da existência.
Derrota
dos grandes projetos da sociedade, desgaste lento, superficial, tanto do
indivíduo quanto da sociedade e das normas coercitivas.
Culto
a livre exposição de si mesmo, na família, na religião, na sexualidade, no
esporte, na moda , na adesão política.
Generalização
e explosão das aspirações à autonomia
subjetiva em todos os caminhos sociais, livre de domínio dos ideais coletivos. P.191
A
responsabilidade substitui a utopia festiva e a gestão fora substituída pela
contestação.
O
trabalho é tratado com desdém, descaso, investimento maciço no individualismo,
da liberdade de ação, de se ter seu próprio negócio, iniciativa e a mídia em
contra peso apresenta uma multiplicidade de programas e de assistência e ajuda.
A
ética prevalece a moral, as tradições e costumes, antes desvalorizados são reinstaurados
e reforçam a questão da identidade que
se perde pouco a pouco.
Reviravolta
cultural em cada detalhe do comportamento dos indivíduos.
O
divórcio, as uniões livres e o nascimento fora do casamento não param de se
multiplicar. P.192
A
sexualidade livre de homens, mulheres, jovens e idosos maciçamente legitimados.
Desvalorização
individualista, competitividade, a guerra dos sexos, essa despadronização das
identidades tem peso e consequências conflituosas.
A
auto edificação de si mesmo, seu caminho coletivo pré-traçado tornou-se fria,
porém, inevitável.
O
universo de flutuação e da autonomia individualista se propaga e se multiplica,
liberados dos modelos sociais imperativos. P. 192
A
sociabilidade entre os sexos se torna neutra, indeterminada e sem valor.
As
aspirações, os lazeres e o bem estar social e material, corrida contra o tempo, os cuidados de
si, andam a passos largos.
Em
seu aspecto positivo o hedonismo produz mais controle, mais auto-vigilância e
cuidado de si, mais inclusão e em seu aspecto negativo, ele mina, destrói o
esforço ao trabalho, produz a dissocialização, discrimina as tradições, não
aceita o controle, entregue ao fracasso .
O
que se delineia é um novo mapa do estado social, pós-moderno, instituindo todas
as nações, todas as opções possíveis num leque de escolhas , crenças e modo de
vida – livre – horizontes ilimitados criados pelo aspiral de autonomia
subjetiva.
Estamos
na era da eclipse hedonista cultural.
As
políticas neo-liberais e a cultura
hedonista-narcisista que celebram o EU e a realização imediata dos desejos
trabalham paralelamente para dualizar as democracias, com isso geram mais
normalização e mais exclusão, Mais autovigilância e mais repulsa a violência.
Ganha-se
de um lado e perde-se de outro. P. 193
Tanto
na esfera religiosa quanto nas demais é o movimento de autonomia particular que
predomina, a erosão da fidelidade aos dogmas
assim como o declínio das práticas religiosas não cessam. Apenas um jovem religioso em quatro considera
que se deve aceitar a religião integralmente. P 194
Sem
tradições, grupos minoritários surgem coabitando com uma maioria diversificada,
mista e mestiça, em seus gostos e crenças, globalmente aberta e tolerante,
atenta, olhando com desconfiança, curiosidade e medo.
A
fé se torna cada vez mais fluida e
intimista, finalizada pelo EU como atesta a atuação pelas técnicas de meditação
e esoterismo, sem efeito do arrebatamento global da sociedade.
Protegidos
por aqueles que nos dirige e nada de patriotismo, nada de nacionalismo,
aspirando ao bem estar, ao consumo e a filantropia. Atenção ao meio ambiente e
a ecologia, assim como ao assistencialismo.
Quanto
mais se acentua o direito subjetivo, de viver livre, mais se impõem a temática
dos valores e das responsabilidades individuais. P. 196
É
preciso decidir-se, tudo pode ressurgir em consequências dos horizontes
ilimitados criados pela espiral de autonomia subjetiva.
A
era – hedonista comunicativa favorece
amnésia e o “hiper-realismo”, do presente: pouco importa o que foi feito
antes , o importante é o hoje, em outras palavras, a vida cotidiana, as ameaças
e as imposições seja de cunho religioso, cultural, sexual, familiar, sociais,
enfim, basta que seja imposição.
Sempre
triunfam o desengajamento, o interesse e a liberdade individual.
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