Educador por Maurice Tardif



A docência acontece quando o educador gera  conhecimento pedagógico, intuitivo e transformador.
O profissional  que se dedica a formação seja ela inicial ou permanente, 
centrada em processo de pesquisa e prática, criação de espaços de reflexão e ação.



O conhecimento do professor está vinculado a questões morais e éticas, sociais e políticas educacionais, promovendo mudanças significativas na vida do educando, adotando uma metodologia que fomente os processos reflexivos sobre a educação e a realidade social e institucional.
Docência é práxis, é o agir na constante busca de um tema gerador, que  tire  o educando de sua  zona de conforto, que faça o aluno pensar e agir. Agir sobre a prática.  dentro de uma perspectiva  de ações favoráveis que permeiam a educação democrática, visando a formação integral do educando.

De acordo a Maurice Tardif é   preciso reorganização  e não estar preso a  conceitos passados,  pois a   produção interativa acontece num trabalho , com o outro e para o outro. Na relação entre pessoas, considerando que estamos inseridos numa sociedade cognitiva; numa  sociedade do conhecimento; numa sociedade dos serviços "dominantes" onde o "status" é fator preponderante,  onde as competências linguísticas e simbólicas são de alto nível de capacidades, com profissionais para gerir melhor o processo de interação. - O trabalho com o outro e sobre o outro.

O autor fala da  importância de se superar os pontos de vista moralizantes e normativos e alicerçar-se , estudar e pesquisar essa concepção interativa e social e os saberes sociais. Considerando que o docente é um executor dotado de autonomia.

O saber não se reduz exclusivamente a processos mentais,  cujo suporte é a atividade cognitiva do indivíduo, mas é também um saber social que se manifesta nas relações complexas entre professor e aluno. Num saber plural, construído com diversos fatores profissionais, um conjunto de saberes transmitidos pela instituição de formação de saberes disciplinares, éticos e morais, que corresponde ao diverso campo do conhecimento e emerge da tradição cultural curricular,que são os programas  escolares, os projetos e experiências que consiste no trabalho cotidiano.

Há uma relação problemática entre a natureza dos saberes,que se estabelece na relação entre o ensino fundamental e o médio, pois os educadores e pesquisadores, corpo docente e comunidade científica tornam-se dois grupos cada vez mais distintos, destinados a tarefas especializadas de transmissão e de produção de saberes , sem nenhuma relação entre si.Isso provoca uma desvalorização do corpo docente, pois sendo assim, na teoria está o saber , e a prática, sempre desprovida de saber, portadora de um saber baseado em crenças, ideologias e ideias pré-concebidas.

Tardif acredita que saber e prática são indissociáveis, o saber não é produzido fora da prática.

“[...] o saber profissional se dá na confluência de vários saberes oriundos da sociedade, da instituição escolar, dos outros atores educacionais, das universidades, etc.” 
Os saberes são elementos constitutivos da prática docente pelo trabalho o homem modifica a si mesmo, suas relações e busca ainda a transformação da sua própria situação e a do coletivo a que pertence.

Os professores ocupam  uma posição estratégica, porém socialmente desvalorizada no campo dos saberes. Já não existe mais os grandes mestres. E a formação docente está voltada para a transmissão e não para produção.

"Toda práxis social é de uma certa maneira, um trabalho cujo processo de realização desencadeia uma transformação real "ela modifica a identidade do individuo.
O tempo de trabalho desencadeia uma série de saberes, como o saber trabalhar, no caso do docente, o saber ensinar, transmitir o conhecimento. Daí a importância de sua experiência para a contribuição na construção do conhecimento.
" O desenvolvimento do saber profissional é associado tanto as suas fontes de pesquisas, cursos, quanto aos seus momentos e fases de construção, em sala de aula. Não só constituído pela formação técnica, mas também , pela prática diária que vai moldando a atuação profissional da educação. por isso a relevância de uma boa relação do profissional com os meios de execução do trabalho, que vai desde o ambiente de trabalho até o acesso informações que permitam a construção cotidiana do saber.

É preciso  uma relação mais profunda com o aluno, pois uma parcela relevante do saber se dá com o trabalho efetivo, mediante a prática. " uma primeira dificuldade diz respeito a impossibilidade de viver uma relação seguida, com os mesmos alunos", pois em tal situação, finalizar um projeto, logo, impossibilita uma boa formação, pobre em resultados.
Setoriar, segmentar, instrumentalizar, apresentar uma visão conteudista/tecnicista, com tarefas de acordo a necessidade são irrelevantes. A técnica contribui para a transformação da sala de aula em objeto de estudo e não em espaço privilegiado de construção de saber.

Diferentemente da indústria, os resultados da educação são alcançados a longo prazo...

A importância da prática educativa,uma categoria tão rica em valores e significados, quanto o trabalho , a arte e a política. reconhecendo o quanto esta prática se da na pluralidade, sendo alicerçada pela arte, o talento, pela técnica, a formação e pela interação que são os hábitos mais o capital cultural. 
A  prática é como um processo de aprendizagem do qual os professores introduzem sua formação e as adaptam a profissão. lembrando que toda formação técnica é repensada e reciclada a a partir do cotidiano. Sendo assim, a formação continuada transforma o ambiente escolar em espaço de construção de saber, aproximando a figura do pesquisador a figura do professor, na tratativa de evitar deslises e lacuna na formação do aluno.

Tardif questiona: será que queremos um professor "perito", "racional" . " pode se dizer que os professores estão integrados num ambiente sócio profissional, que determina, de antemão certas exigências da racionalidade no interior, dos quais o trabalho docente encontra-se preso, estruturado, condicionado".  Há ou não uma irracionalidade? O autor afirma que sim  e reforça a ideia de que é necessário rever as linhas de pesquisa e a forma de atuar no quadro docente, além da necessidade de uma formação continuada, integrada a prática escolar cotidiana.





“[...] pouco importa e que sentido consideramos a questão do saber dos professores, não devemos esquecer de sua natureza social se quisermos realmente representá-lo sem desfigurá-lo.”

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