Hoje o Indio é representado de maneira estereotipa e inferiorizada, entretanto , eles estão e sempre estiveram presentes em nossa história.
LEI 11645/2008
Até então a cultura indígena não era /é muito divulgada e para muitos, índio se caracteriza por um sujeito selvagem e preguisoso. E por não trabalharem, não são vistos como deveriam, pessoas da terra, pessoas que pescam, que plantam e caçam somente para sua sobrevivência. Suas moradias não são de alvenaria, do que é comum a muitos, são ocas, são de barro, de palhas.longe da lógica mercantilista que e o se espera de uma comunidade. E , não importa como moram, seus hábitos, suas escolhas, não importa se eles saem de usa tendas e resolvem morar nas grandes cidades, e passar a vestir roupas, a adquirir hábitos fora do seu contexto social, eles são e sempre serão ÌNDIOS. Até porque, o alemão quando chega em nosso país, por mais que ele se adeque a nós, sempre será considerado alemão, ou japonês, enfim, é por que que o índio não tem essa consideração, não lhe é dado esse espaço!? Não é porque migraram que serão povos em extinção. Mesmo que sai do seu habitat, serão sempre índios.
A antropologia demarca sua origem, suas raízes para que possa ser respeitado na sua diferente.
Existe uma etnia onde vários grupos diferentes formam o Ìndio.
Índio é qualquer membro de uma determinada comunidade, reconhecido por ela como tal. Toda comunidade está formada na relação de parentesco, e entre seus membros se mantém laços históricos culturais. Há toda uma organização. São diferentes tipos físicos, diferentes adornos, diferentes rituais, então, por que sera que generalizam, e são tratados como iguais. Uns grupos/comunidades são canibais e isto é inaceitável para determinados grupos, inaceitável porque não entendem a importância deste ritual, o valor dado a este sacrifício, a absorção da força e da sabedoria daquele que foi aprisionado. Assim como, alguns líderes religiosos, em determinadas comunidades, quando mortos são cremados para que de suas cinzas seja preparado um "chá" e este chá é bebido por todos da comunidade, também para absorção da sabedoria.
Há, portanto diferenças , distinção, entre os grupos e aqueles que regem , que seguem os padrões estabelecidos , são aliados e os que não regem são renegados.
Quem constrói a história, se constrói, com o objetivo de dominação. E o pensar diferente, o falar diferente , forma em mim um diferencial. Portanto, é errôneo a ideia de que o índio não tem uma formação própria, uma cultura própria.
Daí se falar tanto do preconceito, da imagem que se faz do outro e que não condiz com a realidade.
O que se entende por cultura é a união dos padrões apreendidos e desenvolvidos por seres humanos , os quais são expressos pela arte, através das crenças , costumes e aptidões adquiridos socialmente.
É através da educação, da leitura, do que se houve e se absorve, que se aprende o que está sendo estabelecido. O homem sempre será o modelo, a referência. É algo que constitui grupos humanos, diferenciados, singulares, não inferiores ou superiores, simplesmente , diferentes.
O índio não está no passado, ele tem sua própria cultura. E a educação por muito tempo foi uma forma de ocultação e de domínio.
Etnia, comunidade humana definida por afinidades linguísticas e culturais.
Raça, definição que classifica grupos, mais alto, mais baixo, mais gordo, mais moreno, ,ou seja, define sua morfologia biológica, envolvendo estatura, cor de pele, constituição física.
Etnia e raça diferenciam-se conceitualmente, embora sejam complementares.
Quando a ordem se estabelece, o progresso se estabelece e sem ordem não há progresso. E a partir dessas convicções se estabelece controle. Se converte, civiliza, catequiza e domina. E foi o que os Jesuítas e os Europeus fizeram com aqueles que se deixaram dominar.
A educação do índio, sua cultura é oral. É passada de gerações para gerações. E se não tem escrita, não tem educação na visão do europeu. Portanto, coube e cabe ao cacique e ao pajé desconstruir o que assim foi construído. Esclarecendo os fatos, mostrando o passado, reforçando o presente para que haja futuro.
Por que o Brasil é tão extenso em áreas se comparado aos demais países da América do Sul. Porque foram estabelecidos modelos, táticas , promessas para que determinados indivíduos (índios), grupos, que já conheciam o espaço, demarcassem, defendessem seu espaço, além do que, "conquistasse o espaço do outro. Um processo de dominação onde muitos se aliavam pois não tinham escolhas. Ocupavam espaços estratégicos e brigavam por outros, acreditando levar vantagens frente as promessas do Europeu.. Homogeneização, se você não quer aderir então você serárejeitado, sufocado, dizimado. Quem governa,muitas vezes é governado!
A educação precisa ir além do capital, precisa estar fora do conceito de competitividade, fora da lógica capitalista. A educação silencia aqueles que são diferentes. É preciso entender que aprender a cultura do outro não significa deixar a minha de lado.
O índio não precisa rejeitar a sua cultura, sua etnia, pois ser índio, não depende do lugar em que está inserido.
Multicultural e pluri étnica em contraposição a monocultura.
Exótico, fora da minha ótica. Não se relaciona a mim.
Vale lembrar a batalha de Tuksson, que foi a maior matança de índios nos USA. e hoje, para apagar, para reparar, para chamar a atenção , é marca , é simbolo de status. Ou seja, por trás de um fato histórico ha uma rede de informação...
Outro fato, são os grupos guaranis, tidos como nômades, sempre migrando em busca de uma terra sem mal, espaços distantes em busca da terra boa para sua sobrevivência. Para manutenção de sua etnia.
Os Tupinambás eram vistos como bárbaros por conta do canibalismo, eram muito diferentes , Tido como exóticos.
Hoje o povo indígena, como muitos outros povos vivem numa metrópole ou mesmo numa megalópole.
Todavia , muitos tem perdido sua identidade, suas raízes ideológicas, fruto do convívio com demais povos, fruto de rejeição e da não aceitação de um ou mais grupos.
O índio, na visão de muitos, só será aceito e ou considerado de apresentar/preservar seus hábitos, suas vestimentas, seus adereços, seus rituais e costumes, suas características específicas. Só assim garantirá espaço . Não. Ser hindígena ou não, está na etnia e não nas escolhas, afirma a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha.
O Serviço de Proteção ao Ìndio - SPI - foi criado em 1910 e operou em diferentes formatos até 1967, quando foi, então, oficializado, responsável pela promoção e proteção aos direitos dos povos indígenas por todo o território nacional - FUNAI - Fundação Nacional do Ìndio, e que vigora até os dias de hoje.
Em 1973 foi promulgado o estatuto do Ìndio, LEI 6001 , estatal, baseado no código Civil Brasileiro, elaborado desde 1916.
Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon abre espaço as fronteiras, aos países para adentrarem as terras e explorarem, e, quem aceitava tornava-se parte do grupo e os que resistiam, eram exterminados. E, só na constituição de 1988 é que o índio passa a ser visto e respeitado. Foram anos de luta, porém ainda se mantém fora do contexto capitalista. Em alguns locais há a preservação, o respeito e a consideração, demarcada por espaços do tipo: Rodovia dos Tamoios; Rio Tiête; São Miguel Paulista; Itapecerica da Serra entre outros, lembrando que todos esses lugares eram aldeias indígenas.
Assim como o Marechal Rondon , mesmo que indiretamente, abre espaço ao índio, os irmão Villas Boas, também, respeitando suas origens culturais. E Darcy Ribeiro dá continuida , de ao que Rondon estabeleceu...Porque mesmo sendo do exercito , aqueles que aderiam aos seus mandatos, se tornavam amigos e eram respeitados e defendidos por ele.
É preciso resgatar a contribuição sócio-política e econômica, pertinentes a história do Brasil. Não dá para falar em questões sociais, econômicas, geográficas, políticas sem inserir o índio, assim como o negro, assim como os negros, os emigrantes sejam eles da Europa, das Américas ou do continente Africano, enfim, todos que contribuíram para a formação do nosso país, a fim de que toda a nossa sociedade possa se sentir parte do processo, pertencente a essa cultura miscigenada, um povo rico em diversidade.
Em 17/06/2004 se insere uma resolução sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicos raciais e para o Ensino de História e Cultura afro-brasileira e Africana. já apontando caminhos para se trabalhar a questão da diversidade e sua contribuição.
São muitos os documentos que estabelece que em todo o currículo, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, aconteça esta obrigatoriedade, incluindo tais disciplinas/conteúdos específicos.
É um movimento que se configura tanto no âmbito social quanto acadêmico.
Considerando que nos tornamos uma sociedade multicultural e que são significativas as contribuições , uma sociedade formada por diferentes culturas. E pensar na formação de uma sociedade onde múltiplos grupos convivem é pensar numa sociedade poli étnica. tornando-se capazes de interagir e de negociar objetivos comuns , que garantem a todos, respeito aos direitos legais e valorização da sua identidade., em busca da consolidação da Democracia Brasileira.
È preciso prever espaço, tempo de formação e preparo, práticas mais efetivas no âmbito escolar.
Vivemos numa "COSMOGOGIA" , no qual se inserem diferentes visões para um determinado contexto - diferentes padrões sócio-culturais.
É importante criar espaços, parcerias para que chegue à escola, entidades, grupos específicos, promovendo suporte /contribuindo , corrigindo posturas, palavras, hábitos, atitudes de desrespeito, de não aceitação, estabelecendo vínculos necessários para que o espaço seja , realmente, garantido e que haja comprometimento e reconhecimento, criando mecanismos que garantam tais ações. Pois ainda há poco material a ser explorado e também , uma certa resistência. Faz-se necessário dar visibilidade, trazer para a escola personalidades que fazem e fizeram parte e que lutam para que seus direitos sejam atingidos. Para que o que se aplique como aula, não seja o que todos já conhecem, para que se saia da zona de conforto,
Trabalhar de maneira significativa cada questão, seja ela política, social, seja a arte, a cultura, os alimentos, as crenças, enfim, estudos específicos, para que não se reproduza só os relações sociais e valores dominantes de determinados grupos. É preciso mostrar as resistências , as lutas para que este espaço esteja , agora, estabelecido.
O direito a diferença.
São reconhecido aos índios sua organização social, por meio do artigo 231 que garante e reconhece suas origens, o respeito a suas raízes, costumes e tradições. O direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Competindo a União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Serem índios e de permanecerem como tal .
O direito a voz se faz presente quando se entende, se educa, lê, participa, pesquisa, entende por meio dos estudos sociais, da filosofia, enfim, de tudo que proporcionará autonomia e a busca por direitos comuns a todos.
Hoje o IBGE soma 896.917 índios no Brasil ; 324.834 cidades/comunidades; 243 povos falantes em mais de 150 línguas. E na época da chegada dos Europeus somavam-se cerca de 1000 povos e que foram extintos em sua maioria.
O índio se torna um ser político e se tornando ele busca espaços, respeito a sua diversidade, garantias, e torna-se obrigatórios os estudos sobre a cultura e a luta,, aliás, tanto do negro quanto do índio, em prol de seus direitos como cidadão, pertinentes e pertencentes à história do Brasil. Atores protagonistas de nossa história com seus direitos preservados e garantidos.
A Lei 11.645 de 10 de março de 2008 altera a Lei 9.394 de 20/12/1996 modificada pela Lei 10.639 de 09/01/2003
Mario D'Zuru'ra conhecido como Juruna, foi o primeiro deputado federal índio do Brasil. Sua voz fez-se ouvir no congresso nacional. Ele teve a astúcia de gravar, de usar as tecnológias e gravar o que o homem branco dizia fazer e não fazia. Do que prometia e nada se cumpria.
"Quem não se vê , não se reconhece.
Quem não se reconhece, não se identifica.,
não se ama, não se tem estima, não se interessa por nada"?