CHAPEUZINHO VERMELHO

 

Inúmeras são as versões desta criativa, encantadora, intrigante e graciosa história .

Por causa dos direitos autorais os textos não estão na íntegra, mas vale muito a pena conferir!


Chapeuzinho Vermelho é uma das narrativas de referência entre os clássicos infantis. De tradição oral, foi publicada pela primeira vez no ano de 1697, pelo escritor francês Charles Perrault. Desde então, o conto é apresentado em diferentes versões, traduções e adaptações, que têm marcado a infância das crianças nos mais diferentes países e épocas.
Uma das versões mais conhecidas e traduzidas, inclusive para o português, foi escrita em 1812 pelos Irmãos Grimm. 

Chapeuzinho  Vermelho
Coleção Jóias da Literatura Infantil

A leitura nos remete a tempos antigos e a história apresenta situações inesperadas e  diferenciadas pelo contexto. 
A leitura causa um certo impacto pela riqueza de detalhes e por nos fazer perceber o quanto as leituras atuais foram enxugadas.
O que temos hoje, em meio a inúmeras publicações, são contextos bem resumidos, abordando a essência da obra. Este, por ser um texto  antigo, um dos primeiros contos de Chapeuzinho Vermelho, vale muito a pena conferir!



Era uma vez um casal de lavradores, muito bondosos, admirados e estimados por todos .
O casal tinha uma filhinha, muito loura, linda, faces rosadas que era todo  encanto.
Pela sua gentileza e graça, a menina era a alegria daquele feliz lar.
Morava com eles, um irmão da mãe, que também adorava a sobrinha e satisfazia-lhe todas as vontades.
A avozinha, então, era a maior admiradora da neta e passava o tempo imaginando coisas que a tornassem satisfeita.
Morava, a boa velhinha, numa casa toda florida, a beira de um bosque, onde abundavam as flores, os passarinhos e os bichinhos silvestres. Um verdadeiro paraíso, mas cuja a calma era perturbada, às vezes, por um lobo, o pavor da região.
Num dia, de aniversário, a menina ganhou da avó (...)

A menina era bastante serviçal e ajudava a mãe nas tarefas caseiras. O tio, ótimo caçador, vivia n o bosque, de onde trazia muita caça. Como a estrada para a casa da vovó era algo perigosa, devido ao tal Lobo Mau, muitas vezes o tio  acompanhava-a. Esses passeios era um divertimento para a boa menina.
Certo dia, porém, um camponês veio avisar que a vovó estava enferma. O médico recomendara-lhe muito repouso, dizendo-lhe que não saísse da cama por alguns dias. Os pais da menina ficaram muito aflitos, pois não poderiam abandonar seus afazeres para irem visitar a velhinha. Era dia de mercado e precisavam estar ali para atender aos compradores.  Após refletir, a mãe de Chapeuzinho chamou-a e disse-lhe:

- Chapeuzinho Vermelho, vovó está passando mal e se encontra sozinha. E isso me preocupa bastante, porque, justamente hoje, não posso ausentar-me da casa. Você seria capaz de lhe fazer uma visita?
- Com muito gosto mamãe! – respondeu a menina, batendo palmas de prazer.
- Bem, eu preparei uma refeição completa, que pus nesta cesta. Mas, vá direitinho e nada de parar pelo bosque e  nem de demorar-se! Volte do ouviu?
Chapeuzinho Vermelho, naturalmente, prometeu obedecer. Calçou seus sapatinhos, apanhou a cesta, tomou a benção da mamãe e já ia saindo quando esta a preveniu, da porta:
- Chapeuzinho vermelho, é a primeira vez que vai sozinha, à casa da vovó. Bastante cautela, procure evitar o Lobo Mau... dizem que ele come crianças...
(...)
Sem perceber, saiu da estrada e foi penetrando pelo bosque.
(...)
- Aonde vai, tão linda e tão sozinha? - repetiu o lobo, com sua voz tão monstruosa.
- Eu... eu... senhor Lobo, vou até a casa da minha vovozinha, sabe? – explicou Chapeuzinho Vermelho, tremendo de medo. – Ela está doente... vou levar-lhe uns petiscos, de que ela tanto gosta...
(...)

Entrementes, o esperto e malvado Lobo ia correndo por um atalho que só ele conhecia. Urgia chegar a casa da velha antes da menina. Sua gula era ilimitada e já preparava um tenebroso plano para devorar avó e neta. Até ia com saliva na boca, só em pensar no banquete que o esperava  (...)

Chapeuzinho Vermelho II


Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho, que tinha esse apelido pois desde pequenina gostava de usar chapéus e capas desta cor.
Um dia, sua mãe pediu:
- Querida, sua avó está doente, por isso preparei aqueles doces, biscoitos, pãezinhos e frutas que estão na cestinha. Você poderia levar à casa dela?
- Claro mamãe!  A casa da vovó é bem pertinho!
- Mas, tome muito cuidado. Não converse com estranhos, não diga para onde vai, nem pare para nada. Vá pela estrada do rio, pois ouvi dizer que tem um lobo muito mau na estrada da floresta, devorando quem passa por lá.

(...)

Cantando e juntando flores, Chapeuzinho Vermelho nem reparou como o lobo estava perto...
Ela nunca tinha visto um lobo antes, menos ainda um lobo mau. Levou um susto quando ouviu:
- Aonde vai, linda menina?
- Vou à casa da vovó (...)

- Muito obrigada, seu anjo. Assim, mamãe nem precisa saber que errei o caminho, sem querer.
E o lobo respondeu:
- Este será nosso segredo para sempre...
E saiu correndo na frente, rindo e pensando:
(Aquela idiota não sabe de nada.... Uhmmm! Que delícia!)
Chegando à casa da vovó, Chapeuzinho bateu na porta:
- Vovó, sou eu, Chapeuzinho Vermelho!
- Pode entrar, minha netinha. Puxe o trinco, que a porta abre.
A menina pensou que a avó estivesse muito doente mesmo, para nem se levantar e abrir a porta. E falando com aquela voz tão estranha...

Chegou até a cama e viu que a vovó estava mesmo muito doente. Se não fosse a touca  da vovó, os óculos e a cama da vovó, ela pensaria que nem era a avó dela.

(...)

- Vovó, a senhora está tão diferente: por que esses olhos tão grandes?
- É prá te ver melhor, minha netinha.
- Mas, vovó, por que esse nariz tão grande?
- É prá te cheirar melhor, minha netinha.
- Mas, vovó, por que essas mãos tão grandes?
- São para te acariciar melhor, minha netinha.
- Mas, vovó, por que essa boca tão grande?
- Quer mesmo saber? É prá te comer!!!!

- Uai! Socorro! É o lobo!

(...)

E o caçador logo falou:
Não se desespere, pequenina. Alguns lobos desta espécie engolem seu jantar inteirinho, sem ao menos mastigar. Acho que estou vendo movimento em sua barriga, vamos ver...
Com um enorme facão, o caçador abriu a barriga do lobo de cima abaixo, e de lá tirou a vovó inteirinha, vivinha.
- Viva! Vovó!


E todos comemoraram a liberdade conquistada, até mesmo a vovó, que já não se lembrava mais de estar doente, caiu na farra.


Capuchinho Vermelho 



Era uma vez uma doce e pequena menina que tinha o amor de todos os que a viam; mas era a avó quem mais a amava, a ponto de não saber o que mais dar à criança.
Uma vez deu lhe um capucho de veludo vermelho e, como este lhe ficava tão bem que ela nunca mais quis usar outra coisa,  assim,  chamaram-lhe simplesmente Capuchinho Vermelho.
Um dia disse-lhe a mãe: "Vem cá, Capuchinho Vermelho, aqui tens um pedaço de bolo e uma garrafa de vinho para levares à tua avó. 

(...)

A avó vivia isolada no bosque, a meia légua da aldeia.
Quando Capuchinho Vermelho chegou ao bosque, um lobo veio ao seu encontro.
Capuchinho Vermelho não sabia que se tratava dum animal malvado e não teve medo nenhum.
_Bom dia, Capuchinho Vermelho, disse ele.
_ Muito obrigado, lobo.
_- Aonde vais tão cedo, Capuchinho Vermelho?
_ À minha avó.
_O que levas debaixo do avental?
_Bolo e vinho: ontem cozemos, portanto a pobre avó doente vai poder receber algo bom que a fortaleça.
 _Capuchinho Vermelho, onde vive a tua avó?
_Ainda a um bom quarto de légua dentro do bosque, debaixo dos três carvalhos, aí fica a casa dela; logo abaixo ficam as avelaneiras, assim já saberás, disse Capuchinho Vermelho.
O lobo pensou para si mesmo: "Que coisa tenra, dará um pitéu suculento. Vai saber ainda melhor que a velha. Tens que agir ardilosamente se queres apanhá-las ambas”.

(...)

Capuchinho Vermelho levantou os olhos e quando viu como os raios de sol dançavam entre as árvores, para  frente e para trás, e como havia lindas flores por todo o lado, pensou:
_Se eu levar para à  avó um ramo fresco, lhe darei alegria e  ainda é tão cedo que chegarei bem a tempo...

(...)

Mas, o lobo foi direto para casa da avó e bateu à porta.
-  Quem está aí?
-  É Capuchinho Vermelho, trazendo bolo e vinho, abre!
-  Levanta o trinco," gritou a avó, " eu estou demasiado fraca para poder levantar.

 O lobo levantou o trinco, a porta abriu e ele, sem uma palavra, dirigiu-se à cama da avó e comeu-a. Depois vestiu as roupas e a touca dela, deitou-se na cama e fechou as cortinas.
Entretanto, Capuchinho Vermelho tinha corrido de flor em flor e só quando já tinha tantas que não podia carregar mais é que se lembrou da avó e retomou o caminho para casa dela. Estranhou que a porta estivesse aberta e, quando entrou no quarto, teve uma sensação tão estranha que disse para si própria:
 -  Meu Deus, hoje sinto-me tão angustiada e normalmente gosto tanto de estar com a avó.
-   Bom  dia!, entretanto não obteve resposta.
Então dirigiu-se à cama e puxou as cortinas para trás e ali estava a “avó” com a touca puxada sobre a cara e com uma aparência estranha.

(...)

E mal tinha o lobo dito isto, pulou da cama e engoliu a pobre Capuchinho Vermelho.
E, tendo apaziguado a sua concupiscência, tornou a deitar-se na cama, adormeceu e começou a ressonar muito alto. O caçador estava mesmo a passar em frente da casa e pensou: "Como a velhota ressona! É melhor ver, parece que  há algo errado.
Então entrou no quarto e, quando chegou à cama, viu o lobo lá, estendido.
Te encontrei, velho pecador, disse ele, "há muito que te procuro”!

(...)

 Depois de ter feito um par de cortes viu Capuchinho Vermelho luzir; e após outros tantos cortes a moça saltou para fora, gritando: "Ah, como tive medo! Estava tão escuro dentro do lobo!" Depois a avó saiu, também viva  mas, quase incapaz de respirar.
Entretanto, Capuchinho Vermelho depressa procurou grandes pedras com as quais encheram o lobo. Quando ele acordou quis fugir, mas as pedras eram tão pesadas que caiu subitamente e morreu.
Então os três ficaram muito contentes. O caçador tirou a pele ao lobo e levou-a para casa.
A avó comeu o bolo e bebeu o vinho que Capuchinho Vermelho tinha trazido e recuperou forças.
Mas, Capuchinho Vermelho pensou: "Nunca mais na vida tornarei a  sair do caminho sozinha para entrar no bosque depois dos conselhos de minha mãe”.


Chapeuzinho Vermelho - Autor Desconhecido  - 

 Nessa leitura a menina é comida pelo lobo...




Era uma vez uma menina muito bonita e graciosa. No lugar onde morava, não havia ninguém que não gostasse dela, porque, além de tudo, a menina era também meiga e gentil para com todos.
Como era a única neta, a avó fazia de tudo para vê-la feliz. Estava sempre lhe dando presentes. Uma vez, lhe deu uma capinha de veludo vermelho, com capuz.

(...)
  
Um dia, a mãe de Chapeuzinho Vermelho pediu para ela ir à casa da vovó levar uma cesta com um bolo, frutas e uma garrafa de vinho. A vovó estava doente e fraca e precisava se alimentar bem para ficar boa.

(...)

E lá se foi Chapeuzinho Vermelho, muito séria, sem olhar para os lados, quando de repente encontrou o lobo.
Chapeuzinho nunca tinha visto o lobo antes, e não sabia como ele era malvado. Por isso, não sentiu medo algum e, quando ele lhe deu bom-dia, respondeu sorrindo, com muita gentileza.
– Aonde você vai assim tão cedo, Chapeuzinho Vermelho? – o lobo perguntou.
– Vou à casa da vovó! – respondeu a menina, sem parar de andar.
– E o que você leva nessa cestinha?
– Um bolo, frutas e uma garrafa de vinho! – ela explicou. – Minha vovó está muito doente e não tem ninguém para ajudá-la, por isso é que estou indo para lá.
– Hum! – fez o lobo, já lambendo os beiços. – E onde é que mora sua vovó, Chapeuzinho?
– Numa casinha perto daqui, na beira desta floresta. Aquela casinha cercada de laranjeiras, acho que o senhor sabe qual é! – respondeu a menina, sempre caminhando, sem olhar para os lados.
Enquanto isso, o lobo pensava consigo: “Hum! Hoje vou passar bem! Esta menina é um delicioso petisco! Por isso, preciso agir rápido, assim poderei comer as duas, ela e a avó”.

(...)

E a menina, levada pelas palavras do lobo, acabou olhando ao redor. Estava um dia magnífico. Os raios de sol, passando por entre os galhos das árvores, deixavam a floresta tão bonita que Chapeuzinho Vermelho não resistiu. E, ao ver tantas flores à beira da estrada, pensou: “Eu bem que poderia levar um buquê para a vovó! Ela vai ficar contente e, além disso, ainda é tão cedo que não vou me atrasar muito!”. Assim, saiu do caminho para colher as flores.
Mas, como elas eram umas mais bonitas que as outras, começou a se embrenhar cada vez mais na floresta. E ficou tão entretida que nem percebeu quando o lobo saiu correndo.
Com as explicações de Chapeuzinho não foi difícil para ele encontrar a casinha cercada de laranjeiras. Ao chegar, o lobo bateu bem de leve na porta.

(...)

Enquanto isso, Chapeuzinho Vermelho tinha se esquecido da vida, colhendo flores para a vovó. Quando já havia colhido tantas que quase não conseguia carregá-las, lembrou-se das recomendações da mãe e, assustada, retomou apressadamente o caminho.
Ao chegar encontrou a porta aberta e, achando aquilo esquisito, entrou na casa pé ante pé. Lá dentro começou a sentir muito medo e pensou: “Por que será que estou com tanto medo?”. Para ter certeza de que nada estava acontecendo, gritou bem alto:
– Bom dia, vovó!
Como ninguém respondesse, Chapeuzinho Vermelho aproximou-se da cama. A vovó estava com uma aparência muito estranha, com a touca cobrindo-lhe o rosto inteiro. E tinha as orelhas tão grandes que a menina se assustou:

(...)

– Ai, vovó – disse Chapeuzinho Vermelho, assustada. – E que boca medonha a senhora tem!
– É para melhor devorá-la! – disse o lobo, saltando sobre a menina, e engoliu-a de uma vez. E lá se foi também a pobre Chapeuzinho Vermelho direto para a barriga do comilão.
O lobo, satisfeito da vida e com a pança cheia, resolveu tirar uma soneca. Muito sossegado, deitou-se na cama da vovó e dormiu profundamente. Mas ele roncava tanto e tão alto que um caçador que por ali passava ouviu os roncos e pensou: “Nossa, a pobre velhinha deve estar passando mal! Vou entrar e ver se ela está precisando de alguma coisa!”.
E qual não foi sua surpresa ao encontrar o lobo, todo regalado, dormindo na cama da vovó!
– Seu malandro! – disse então o caçador. – Há tanto tempo que estou à sua procura!
Até que enfim chegou a hora de você pagar por todas as maldades que fez!

(...)

– Ai! Que medo eu passei! Como é escuro lá dentro!
Em seguida saiu também a vovó. Estava fraca e respirando com dificuldade, mas não demorou a se recuperar.
Chapeuzinho Vermelho e o caçador resolveram pregar uma peça no lobo. Costuraram sua barriga, juntaram suas patas e amarraram uma à outra, fazendo um nó bem apertado.
Assim, quando o malvado acordou e quis sair correndo dali, ele tropeçou, levou um tombo e morreu.

(...)

Depois foi correndo para casa, para contar à mamãe o que tinha acontecido.


Chapeuzinho Vermelho a Verdadeira História     


Autor: A.R. Almodóvar
Ilustração:  Marc Taeger




A capa, por si só já nos leva a uma situação totalmente inesperado.
A contra capa, então... as demais inferências ficam por conta do leitor.


Era uma vez uma linda menina que morava em um povoado próximo a um bosque.

Todos a chamavam de Chapeuzinho Vermelho ou, simplesmente, Chapeuzinho.
Isso porque sua avó, que morava em outro povoado das redondezas, fez para ela uma capinha vermelha com capuz, para os dias de frio.

A menina gostou tanto do presente, que queria usá-lo no primeiro momento. Porém sua mãe já tinha dito que só deveria vesti-lo para sair de casa - o que não acontecia tão frequentemente.

Chapeuzinho passava muito tempo costurando, mas como isso não era das coisas que ela mais gostava de fazer, em vez de ir passando a linha e a agulha pelo tecido, preferia espetar um monte de alfinetes e, assim, terminava o trabalho mais rápido.

Um dia, sua mãe, que tinha o delicioso costume de assar tortas, biscoitos e outros doces no forno da casa, fez uns bolinhos de leite, que espalhavam um cheiro maravilhoso pelo ar.

Quando Chapeuzinho sentiu o cheiro, soltou a costura e saiu correndo para a cozinha.
- Posso experimentar, mamãe?
- Não, filha, estão muito quentes, podem dar dor de barriga.
Faça o seguinte: vá até a casa de sua avó, que anda um pouco doente, e leve alguns.
Quando chegar, tenho certeza de que já  terão esfriado.
Ah, e leve também uma garrafa de leite.

A menina ficou tão radiante e foi imediatamente vestir a capinha e o capuz vermelhos.

(...)

E foi embora saltitando com seu cestinho, sua capinha vermelha e seu capuz vermelho muito bem amarrado no pescoço.

Para chegar a casa da avó, Chapeuzinho precisava passar por um bosque. A menina pegou um atalho, mas depois de andar um bocado, deu de cara com o lobo.

Ele ficou morrendo de vontade de devorar a menina ali mesmo.

Mas o lobo astuto, bolou um plano certeiro.
- Chapeuzinho, aonde você vai assim tão bela?
À casa da minha avó, que não anda muito bem.
- Que bom! - respondeu o lobo. - E onde ela mora?
Ahn...

- Quer que eu adivinhe, não é? - o lobo falou, entretendo a menina. - Já sei! Na última casa do povoado, que fica na saída do bosque.

(...)

Chapeuzinho riu e respondeu sem nem pensar:
Pelos dos alfinetes!
- Boa escolha, filhinha.
É o mais curto e chega-se ao mesmo lugar.
Mesmo com tempo de sobra, pode valer a pena...

- A propósito, você já reparou como o dia está bonito hoje?
Já ouviu o canto dos pássaros?
Não quer brincar um pouco no bosque, entre as violetas, os girassóis e as margaridas?
Respire fundo e sinta o cheiro...

O lobo encheu os pulmões, inspirando o ar pelo focinho preto.
A Chapeuzinho respirou fundo, também dilatando as narinas.
Sem dúvida, o cheiro era maravilhoso e o gorjeio dos pássaros parecia ressoar o colorido campo.

- Tive uma ideia , menina!

(...)

Depois de pensar um pouco, Chapeuzinho soltou seu cestinho e olhou em volta. Não percebeu que o lobo a tinha enganado e que indicara o caminho das agulhas, ou seja, o mais cumprido.

E, assim, ela se distraiu colhendo as delicadas violetas e saltitando de um lado para o outro.
Foi ficando tarde...

Foi exatamente  o tempo que o lobo levou para chegar à casa da vovó pelo caminho dos alfinetes.

Bateu à porta: Toc , toc!

- Quem é? - perguntou a avó, já deitada.

E o lobo  respondeu, com voz de menina:
-Sou eu, vovó, sua netinha.

- Ah, que voz mais estranha!

(...)

O lobo abriu a porta e entrou na casa.
Primeiro deu uma patada no gato, que estava por perto.
Depois, em um só pulo, subiu na cama.

Nham, nham...

Comeu a pobre vovó.
Depois fechou as cortinas, acendeu a lareira e deitou na cama com a camisola e a touca da avó.
Como a touca era cheia de babados, quase não dava para ver seu narigão e os seus caninos afiados.

Logo depois chegou a Chapeuzinho com seu cestinho, sua capinha vermelha e suas flores recém-colhidas.

Toc, toc!  - bateu.

- Quem é? - perguntou o lobo, imitando a voz da avó.

(...)

Que escuro que está aqui, vovó!
- Mais escuro ainda está o coração do lobo - disse o gato detrás das cortinas.

Mas Chapeuzinho não ouviu bem e achou que era algo que sua avó tinha falado.

O que você disse, vovó?
- Nada, não. Foi a minha barriga.
Está com fome?
Então o gato respondeu:
- Não acredite, Chapeuzinho, e vá embora com a cestinha.
O que você disse, vovó?
- Nada, não. Foi a minha barriga.
- Eu trouxe os bolinhos que minha mãe fez...
- Eu queria mesmo era alguma coisa com um pouco mais de carne. Você não?
E o gato disse:
- É o lobo, Chapeuzinho, é o lobo!
O que você disse vovó?
- Nada, filha, a minha barriga está roncando.
- Corre, Chapeuzinho, corre!! - gritou o  gato, saindo de seu esconderijo num só pulo.
Mas Chapeuzinho se assustou e, sem saber para onde correr, se enfiou na cama, gritando:
Ai, vovó!!
- Vem aqui, minha filha, não tenha medo - disse o lobo, abraçando-a.
- Chapeuzinho, sua tonta!
Ainda não percebeu que essa não é a sua avó?

Mas, naquela escuridão, Chapeuzinho só viu os olhos do gato. Assustou-se novamente e voltou para cama

. Então, mais uma vez, o lobo a abraçou.

(...)

Vovó, que narigão você tem.
- É para aspirar melhor meu tabaco.

E, quando chapeuzinho reparou o tamanho da boca do lobo, disse;
Vovó, preciso fazer cocô.
- Ah, minha querida, logo agora?
É, não estou aguentando.
- Tudo bem, saia um pouco, mas não demore, pois está frio e a essa hora ps lobos estão por aí.

Olha quem fala... - Chapeuzinho sussurrou.

- Vamos  fazer assim: vou amarrar uma cordinha em seu pulso.
Caso sinta medo, puxe-a e eu te socorrerei.

O lobo amarrou a cordinha  que, na verdade, servia para não permitir que Chapeuzinho fugisse.
A menina recolheu seu colete e seu vestido, pois, no escuro, não conseguiu encontrar as outras coisas.
Saiu e foi para trás de uma fugueira, como se estivesse fazendo... Aquilo. mas o que fez foi morder e romper a corda.

O lobo, de dentro da casa, perguntou:
- Aconteceu alguma coisa, Chapeuzinho?
- Não, vovó. É que estou com um pouco de dor de barriga.

Passou mais um tempinho e, como ela estava demorando:
- Chapeuzinho, querida, já terminou?

Mas a menina já tinha conseguido cortar a cordinha e estava fugindo.

(...)

- Minha filha!! Por onde você andou que está tão ofegante? - a mãe perguntou. - E onde está sua linda capinha?

E a menina respondeu:
- Deixei ao pé da cama da vovó e não volto pra buscar por nada deste mundo.

sinsalabim essa história chegou ao fim.


UMA HISTÓRIA ATRAPALHADA

                                                                                      Autora;  Gianni Rodari
                                                                                      Ilustração: Alessandro Sanna




Era uma vez uma menina que se chamava Chapeuzinho Amarelo.
- Não, Vermelho!
- Ah, sim, Chapeuzinho vermelho.
- A mãe chamou a menina e disse:
"Escuta, Chapeuzinho Verde..."
- Não, não: Vermelho!
- Ah, sim, Chapeuzinho Vermelho.
" Vá até a casa da tia Palmira e leve pra ela este pão de batata "
- Não: " Vá até a casa da vovó e leve a ela esta fatia de bolo ".
- Que seja, vai! A menina foi andando pela floresta e encontrou uma girafa.
- Que bagunça!
Encontrou um lobo,  não uma girafa.
- E o lobo quis saber:
" Quanto é seis vezes oito ".
- Não é nada disso. O lobo perguntou:
" Aonde você vai? ".
- Tem razão, foi isso.
E Chapeuzinho Negro respondeu...

(...)

- Vovô, você não sabe mesmo contar histórias, confunde tudo.
 Mas o chiclete é uma boa ideia.
Posso comprar um?
- Claro que sim: tome a moeda.
E o avô voltou a ler o seu jornal. ( engraçado é a posição do jornal, só lendo e observando as imagens pra se dar conta do quanto esse avô de Chapeuzinho, é mesmo, muito atrapalhado...)





                                  Chapeuzinho Amarelo                                                                                                               Autor:  Chico Buarque




                                                        Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada nem descia.
Ouvia conto de fada e estremecia.

(...)

Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.

Era a Chapeuzinho Amarelo.
E de todos os medos que tinha o medo mais medonho era o medo do tal LOBO.
Um LOBO, que nunca se via, que morava lá pra longe, do outro lado da montanha, num buraco da Alemanha, cheio de teia de aranha, numa terra tão estranha, que vai ver que o tal LOBO nem existia.

(...)

Mas o engraçado é que, assim que encontrou o LOBO, a Chapeuzinho Amarelo foi perdendo aquele medo, o medo do medo do medo de um dia encontrar um LOBO.
Foi passando aquele medo do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.
O lobo focou chateado de ver aquela menina olhando para a cara dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo, porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.

(...)
PÔ 


                  

EU SOU UM LOBO!



Ele gritou: sou um LOBO!
Mas, a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: sou um LOBO!
Chapeuzinho deu risada.
Ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada, com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO umas vinte e cinco vezes, que era pro medo ir voltando e a menininha saber com quem não estava falando:
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BOLO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO 
AÍ, Chapeuzinho encheu e disse:
“Para assim! Agora! Já!
Do jeito que você tá!
E o lobo parado assim do jeito que o lobo estava já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.

(...)

Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo, porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva nem foge de carrapato.

(...)

Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro cada medo que ela tinha; o raio virou orrái, barata é tabará.



Ah, os outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo : 
gãodra, a jacoru, o Barão-tu, o Pão Bichõpa e todos os trosmons.






A Verdadeira história de Chapeuzinho vermelho

                                                                                                         Autores: AgneseBaruzzi
                                                                                                                         Sandro Nataline
A leitura precisa ser acompanhada das ilustrações para que se entenda a essência da obra.
Esse lobo é mesmo muito diferente!
Ele gosta de flores, de jogar cartas, de cozinhar, de arrumar a casa , é  esperto e um tanto delicado, ou melhor, dedicado...
Vale a pena conferir!



Tudo se inicia com a Chapeuzinho Vermelho papeando com o lobo, ao telefone. O que eles conversam? só lendo a cartinha...
O Lobo resolve então, enviar uma linda e graciosa cartinha, está carta é a grande questão da história...
- Oi, Lobo. Li sua cartinha e vou ajudá-lo, mas você tem de prometer fazer tudinho do jeito que eu mandar.
- Obrigado, Chapeuzinho, estou à caminho.
Na manhã seguinte, bem cedinho, o Lobo chegou a casa de Chapeuzinho Vermelho.

(...)

- Bem, você precisa de um banho. - disse Chapeuzinho vermelho.
Eu acho que deve ser bom estar de banho tomado para o jantar.
- Vou encontrar um prato vegetariano pra nós. ( Diz Chapeuzinho, folheando um livro de receitas, intitulado : Refeições sem carne para carnívoros recuperados
- Rabada de cenoura
- Hambúrguer de beterraba
- Estrogonofe de verdura
- Posta de geleia e repolho
- Bife de tronco de árvore
Chapeuzinho Vermelho colocou o Lobo para trabalhar...

(...)

- Não esqueça de ajudar a mamãe na cozinha.( e o lobo ajuda a mãe de Chapeuzinho a decorar um delicioso bolo ).
- Hummm!
- E seja bonzinho com a vovó.
Já deve estar quase na hora do almoço. ( pensa o Lobo enquanto se distrai, jogando cartas de baralho com a avó de Chapeuzinho ).
Em pouco tempo, todo mundo percebeu como o Lobo estava bonzinho.
Ele se tornou uma celebridade na floresta.( virou manchete de jornais, revistas e tudo que as celebridades tem direito...
Em entrevista na TV : Aqui é Cristina Andersen para o Jornal Florestal. Estou aqui com o Lobo, o famoso mocinho que finalmente topou dar uma entrevista para seus fâs.
Em destaque, várias manchetes .
Por:B. de neve , como: LOBO É NOSSO HERÒI
Por: P. Feio, como: LOBO CONHECE REALEZA
Por: Carochinha, como: ASSALTO NA CASA DOS TRÊS URSOS
Por: F. de Hamelin, como: INCRÌVEL!  Chapeuzinho não é mais a nº 1
Por; F de Hamelin, como:Quem é mais bonzinho: Lobo ou Chapeuzinho
( Isso sem contar uma pesquisa de dados e anúncios, em que ele é sempre muito cotado )
Chapeuzinho Vermelho começou a achar o comportamento do Lobo um tanto irritante...

(...)

Chega!  Isso foi longe demais. Eu é que devia ser a pessoa mais popular aqui.
Então, ela bolou um plano para mostrar a todos como o Lobo era DE VERDADE...
( Enviou um convite para o Lobo )
Lobo estava muito feliz por ter sido convidado para a festa, mas Chapeuzinho Vermelho tinha preparado uma armadilha para ele; um sanduiche ESPECIAL.
- Hum! Vamos ver o que vai acontecer quando ele comer isso.
Sanduiche Misterioso
UMA SALSICHA!!!
Assim que o Lobo deu uma mordida no sanduiche misterioso, ele voltou a ser o malvado de antes, perseguindo o Lenhador, ao redor da mesa até ser expulso da cidade.

(...)

Quanto ao que aconteceu depois...
Bem, você conhece a história oficial.

Este livro precisa fazer parte do acervo dos professores, pois é muito encantador e a leitura das imagens contribui para uma melhor interpretação...  


Mamãe é um LOBO!

Autor:  Ilan Bremnman
Ilustrações de Gilles Eduar





O teatro foi criado pelos antigos gregos. Eles apresentavam suas peças  ao ar livre. 
Muitos séculos  depois, Isabela descobriu que podia fazer teatro em qualquer lugar.
Num sábado, a tarde, depois do almoço, a menina sugeriu:

- Vamos fazer um teatro!
Os pais, de barriga cheia, responderam:
- Vamos primeiro descansar um pouco.
Mas ela insistiu tanto que conseguiu que os pais fossem à sala.
- Esperem aqui, já volto - disse a menina.
Depois de um tempinho, lá estava ela com uma cesta repleta de fantasias.
- Pai, você coloca este chapéu! Mãe, você veste isto!
- E você? - perguntaram os pais.
Isabela olhou para a cesta, tirou um lenço grande, vermelho, e um par de óculos.
- Pronto - disse a menina.
Todos se olharam, e Isabela começou a distribuir os papéis da peça.
- Pai, você será o caçador!
assim que ela falou, o pai já tinha mudado de expressão: estava com o peito estufado, os olhos aguçados, parecia procurar alguém.
- Eu vou ser... Chapeuzinho Vermelho! - disse  Isabela.
A menina também mudou o rosto : seus olhos começaram piscar, suas mãos pareciam carregar uma cesta, ela olhava para a sala e parecia ver uma imensa floresta.
- E eu? - perguntou a mãe.
A menina pensou um pouco e disse:
- Você será o lobo!
Quando ela acabou de falar a palavra "lobo", a mãe torceu a boca, os olhos começaram a crescer, os buracos do nariz foram aumentando.
As orelhas foram ganhando pelos, as unhas pareciam não parar de crescer.
Os dentes caninos nunca foram tão pontudos como agora...
O corpo da mãe foi se transformando no de um lobo feroz.

- Socorro!!! Mamãe é um lobo!!!

(...)

Como era bom fazer teatro!
Depois das risadas ;
- Vamos fazer de novo!
Agora o papai é o lobo!
Mal acabara de falar isso, ela viu crescer um cumprido rabo felpudo no bumbum do pai...

  

Eu Não tenho Medo


Vejam só! agora é o neto daquele famoso lobo mal... 

Autor:  Cha-Bo-Geum
                  Jang Yeong-seon


- Tome cuidado quando estiver brincando na floresta.
Era isso que a mãe do Pequeno Lobo Sem Medo costumava dizer para ele.

- Lembre, meu filho, tome cuidado principalmente com a Chapeuzinho Vermelho.
Há muito tempo, o seu avô se deu mal, por causa dela.
O Pequeno Lobo Sem Medo 
não tinha medo, nem amigos.
Ele tinha uma cara assustadora, dentes afiados e uma cauda arrepiada.
E sempre dizia a si mesmo: 
"Ninguém gosta de uma criatura como eu!"
Um belo dia brincando na floresta, o Pequeno Lobo Sem Medo encontrou Chapeuzinho Vermelho.
"Com certeza é ela!"

(...)

De repente, Chapeuzinho vermelho parou de andar e sentou no bosque.
O  pequeno Lobo Sem Medo se aproximou sem fazer barulho e viu que ela estava fazendo alguma coisa com flores.

- Branca, amarela, branca, amarela, branca, amarela...
- Ela disse  -  Estou no caminho da casa da vovó. Ela vai ficar feliz em ganhar uma guirlanda de flores.
O Pequeno Lobo pensou:
"Ficou muito bonita, vou fazer uma também".
Então colheu algumas flores no bosque e começou a fazer a sua própria guirlanda. 
" Amarela, branca, amarela, branca, amarela, branca..."
Ele não sabia porque mais a  dela tinha ficado mais bonita.
Ele achou que a vovozinha ficaria feliz de ganhar aquela guirlanda.
Chapeuzinho Vermelho parou de andar novamente e parou em uma clareira.
O Pequeno Lobo Sem Medo  se aproximou de novo e viu que dessa vez ela estava colocando algumas frutas num espeto.
- Uva, uva, cereja, cereja, uva, uva, cereja, cereja...
A vovó vai adorar ganhar um espetinho delicioso de frutas.
O Pequeno Lobo Sem Medo pensou:
"Parece mesmo delicioso. Vou fazer um também".
Então colheu algumas frutas na clareira e começou a fazer seu próprio espetinho.
"Uva, uva, uva, cereja, uva, cereja, cereja..."
Novamente, ele não sabia por quê, mas o dela parecia muito mais apetitoso.
Ele achou que a vovozinha ficaria feliz de ganhar aquele espetinho de frutas.
De repente, o Pequeno Lobo Sem Medo teve uma ideia brilhante.
"Vou fingir ser a avó dela, assim ela vai ser legal comigo", ele pensou. " E pode ser que ela 
me dê a linda guirlanda e o delicioso espetinho".
Então ele correu pela estrada, assobiando, até chegar à casa da avó de Chapeuzinho Vermelho.
O Pequeno Lobo Sem Medo viu a camisola azul da avó.
E pensou: "Isso é perfeito, vou vestir".
A camisola tinha botões 
"Redondo, quadrado, redondo, quadrado, redondo e quadrado".
 de cima para baixo.
Enquanto ele estava abotoando a camisola, alguns botões caíram.
"Ah, não! O que eu vou fazer? Eu não consigo lembrar a ordem dos botões. E eu tenho que 
colocá-los depressa". Ele costurou-os bem rápido e de qualquer jeito.
O Pequeno Lobo esperou a Chapeuzinho vestido com a camisola azul da vovozinha.
Ele esperou, esperou, mas ela não apareceu.
De repente, ele ouviu a voz da vovó do lado de fora da casa.
- Entre, minha Chapeuzinho Vermelho.
O Pequeno Lobo Sem Medo se escondeu bem rápido debaixo da cama.

(...)

Como Chapeuzinho Vermelho estava bem perto do Pequeno Lobo sem Medo, ele perguntou a ela:
- Você não tem medo dos meus dentes afiados?
Ela simplesmente respondeu: 
- Não.
Ele perguntou de novo:
- A minha cauda arrepiada e a minha cara de mal não te assustam?
- De jeito nenhum.
- Então você não é a mesma Chapeuzinho do qual minha mãe me falava.
A avó, sorrindo, disse:
- Os botões estão na ordem errada. Assim como as frutas no espeto.
Chapeuzinho, você não quer ajudá-lo?
Enquanto a avó preparava chá e bolachas, Chapeuzinho ensinou o Pequeno Lobo Sem Medo a costurar os botões e a espetar as frutas na ordem correta.
- Redondo, quadrado, redondo, quadrado, redondo, quadrado... 
Uva, uva, cereja, cereja, uva, uva, cereja, cereja...

Padrões de organização da cozinha da vovó.

Perceba que a vovó é bastante organizada e está sempre muito atenta .
Nada passa despercebido a seus olhos...

O autor finaliza a leitura com algumas dicas para se trabalhar padrões,
conceitos de lateralidade, segmentação, buscando aguçar no leitor atenção e  sensibilidade.




Chapeuzinho  Vermelho  e  o  Lobo  Mau   -  Pedro  Bandeira






Há muito, muito tempo, havia uma menininha que estava começando a crescer.
Por isso, ganhou uma capinha vermelha e todo mundo passou a chamá-la de Chapeuzinho Vermelho.
Chapeuzinho tinha mamãe e tinha vovó.
Devia também ter papai e vovô, mas nenhum deles entra nesta história.
Naquele tempo, não havia televisão, e as vovós, em vez de fazer tricô e assistir novela, faziam tricô e comiam doces.
Por isso, era costume todas as netinhas levar doces para as vovozinhas, e não as vovozinhas trazerem doces para as netinhas, como hoje em dia.
Certa vez, quando a mamãe estava preparando a cestinha para Chapeuzinho levar doces para a Vovó, a menina perguntou:
– Que pãezinhos são esses, mamãe?
– Chamam-se brioches, Chapeuzinho - respondeu a mamãe.
Na verdade, como esta história é francesa, Chapeuzinho sabia muito bem o que eram brioches. Mas dessa vez a menina resolveu fazer essa pergunta para a mãe porque você nasceu no Brasil e pode não saber o que são brioches.
Agora você já sabe: brioches são uns pãezinhos franceses muito gostosos.
– Chapeuzinho – recomendou a mãe. – Está na hora de levar a cestinha de doces para a Vovó. Mas não vá pela estrada da floresta, que lá é muito perigoso!
– Hum… Está bem, mamãe.
Pronta a cesta, com brioches e tudo, Chapeuzinho deu uma beijoca na mãe e saiu pulando alegremente para a casa da Vovó.
Enquanto pulava, a menina ia pensando:
“Pela estrada que dá volta no lago? Ah, por lá demora muito! Vou mesmo é pela estrada da floresta, que é muito mais bonita! Afinal, eu até já ganhei um chapeuzinho vermelho e posso muito bem escolher os meus próprios caminhos, em vez de andar sempre pelos caminhos dos adultos, não é?”.
E continuou com seus pulinhos na direção da floresta.
Acontece que, naquele tempo, todos os lobos viviam soltos e famintos pela floresta e não em jardins zoológicos, onde eles ficam instalados com muito mais conforto e comem toda
a comida que querem.
Mas, como lobo não é burro, qualquer um deles prefere ficar faminto e solto do que alimentado e preso, não é?

(...)

– Psiu… menininha! – chamava o Lobo, escondido atrás da árvore.
– Hein? Quem está falando?
– Sou eu – mentiu o Lobo. – O vento que atravessa as folhas das árvores…
– Ahn… Bom dia, Seu Vento…
– Bom dia. Como é o seu nome?
– Isso eu não sei, porque todo mundo que escreveu minha história nunca se lembrou de dizer qual é o meu nome de verdade. Mas meu apelido eu sei. Todos me chamam de
Chapeuzinho Vermelho.
– Oh, mas que lindo nome! E o que você leva aí?
– Na cestinha? Tem bolo de chocolate…
– Ai! – gemeu a fome do Lobo.
– …tem torta de amoras…
– Ui! – torceu-se a barriga do Lobo.
– …e tem brioches!
– Ai! Ui! – fez o Lobo, que também era francês e sabia muito bem o que são brioches.
– O que foi, Seu Vento? Por que o senhor está gemendo? Estranhou a menininha.
– Ah, não é nada – mentiu o lobo, que era um grande mentiroso. – É que eu estou
ventando em cima de uma árvore de espinhos…
Já com um plano terrível em sua cabeça de lobo, o lobo perguntou:
– E aonde vai você com todos esses doces?

(...)

Como lobo corre muito e menina corre pouco, o lobo chegou primeiro na casa da
Vovó e bateu logo na porta: Toc, toc!
– Quem é? – perguntou a Vovó, lá de dentro.
– Sou eu – respondeu o malandro do Lobo, disfarçando o vozeirão. – Sua netinha!
– Chapeuzinho Vermelho! Que bom que você veio me visitar! Pode entrar, a porta está
aberta.
A porta fez nhéééc!… e, na soleira da porta, a Vovó viu…
– A uva! – adiantaria aquele leitor que ainda se lembra das lições da cartilha.
Só que a Vovó não viu nenhuma uva.
O que a Vovó viu foi…
– O lobo! Socorro!
Quem visse uma vovó gordinha como aquela duvidaria que ela pudesse fugir até de tartaruga.
Mas o que estava à frente da Vovó não era uma tartaruga. Era um lobo.
A Vovó tentou fugir pela porta dos fundos, mas o Lobo era rápido, e ficava mais rápido ainda quando estava faminto.

(...)

O Lobo estava satisfeitíssimo e planejou uma forma divertida de esperar pela sobremesa:
– Tive uma idéia! Mas que lobo esperto que eu sou! Vou me disfarçar de avó para enganar a netinha!
Foi espiar nas gavetas da Vovó e encontrou tudo o que queria. Pôs-se na frente do espelho e começou a vestir-se de avó.
– Primeiro a camisola… isso! Agora uma touca e, por fim… hum, está faltando alguma coisa… deixa ver…
O que estaria faltando para o lobo ficar igualzinho à Vovó?
Foi aí que o pezão do Lobo esbarrou em alguma coisa que a Vovó tinha deixado cair quando foi engolida por ele.
– Os óculos da Vovó! É isso! Ah, que maravilha! Estou tal qual a velha!
Nesse momento, bateram de leve na porta: Tic, tic!
Mais que depressa, o Lobo enfiou-se na cama e fez voz de velha:

(...)

– Como a senhora está diferente, Vovó…
– Você acha, Chapeuzinho?
– Por que esses olhos tão grandes?
– Para te ver melhor… – uivou o Lobo.
– E por que essas orelhas tão grandes?
– Para te ouvir melhor, minha querida…
– Mas por que essa boca tão grande, Vovozinha?
– Queres saber? – riu-se o Lobo. – Queres mesmo? Então… é pra te comer!
– Socorro! – gritou a menina. – O Lobo!
O bicho pulou de camisola e tudo para pegar a menina, só que esqueceu de tirar os óculos, que eram muito bons para olhos de vovó, porém péssimos para olhos de lobo.
Resultado: o Lobo não viu direito aonde ia e foi cravar os dentes no pé da cama!

(...)

Com vovó e com menina, o Lobo até que podia, mas, com um lenhador fortão, a coisa era diferente.
O jeito era disfarçar. E o melhor meio de disfarçar é ir logo dando bronca:
– Vê se dobra a língua! Quem lhe deu licença de me chamar de “você”? Seu malcriado!
Eu sou uma senhora!
O lenhador achou meio estranha aquela voz de falsete e estranhou mais ainda aquela vovó com uma barriga quase estourando a camisola…
– Desculpe, dona… Mas eu estou achando a senhora uma vovó meio diferente…
Naquele momento, a barriga do Lobo roncou.
Foi mais do que um ronco. Foi…
– Um pum! – diria um leitor mais safadinho.
Sem brincadeira, tá? Esta história está chegando ao seu ponto mais importante e é melhor prestar atenção em vez de ficar fazendo brincadeirinhas!
O que saía da barriga do Lobo era mesmo um pedido de …
– Socorro! Estamos aqui!

(...)

Foi só o Lenhador levantar a espingarda e… pimba! – lá estava o malvado no chão, derrubado por um tiro certeiro!
– Que horror! Esse lobo deve ter engolido alguém! O que é que eu faço agora?
De dentro da barriga morta do Lobo veio uma vozinha muito fina:
– Abra a barriga do Lobo, Seu Lenhador!
O Lenhador não perdeu tempo. Pegou um enorme facão e… zip! – abriu a barriga do
Lobo de cima a baixo!
Lá dentro, abraçadinhas, estavam uma velha e uma menina!
– Que bom! – aliviou-se o Lenhador. – Vocês estão vivas!
As duas, Vovó e menina, saíram de dentro do Lobo, aliviadas:
– Minha netinha!
– Vovó!
– O senhor nos salvou, Seu Lenhador! – agradeceu a menina. – Nós já estávamos sufocadas, dentro daquela barriga horrível! Muito obrigada!

(...)

E a história teve um final feliz, com todo mundo comendo bolo de chocolate, torta de amoras e… brioches.
Você sabe o que são brioches? Brioches são pãezinhos franceses que…
Eu já disse isso tudo?
Bom, então a história acabou.

Com licença, que eu já vou indo, porque essa história de brioches me deu uma fome!





Era uma vez uma menina que se chamava Chapeuzinho Amarelo.
- NÃO, VERMELHO!
-AH, SIM, CHAPEUZINHO VERMELHO.
-A MÃE  CHAMOU A MENINA E DISSE :
-"ESCUTA, CHAPEUZINHO VERDE..."
- NÃO,  NÃO: VERMELHO!
-AH, SIM, CHAPEUZINHO VERMELHO. 
"VÁ  ATÉ  A CASA DA TIA PALMIRA E LEVE À ELA ESTE PÃO DE BATATA".
- NÃO: " VÁ ATÉ A CASA DA VOVÓ ..."


 CHAPEUZINHO VERMELHO E O BOTO COR-DE-ROSA



Adaptação: Cristina Agostinho

                    Ronaldo Simões

                     Walter Lara



Era uma vez uma menina que morava com a mãe numa aldeia de casas flutuantes, às margens do Rio Negro. No dia do seu aniversário, ela ganhou da avó uma capa vermelha com capuz para se proteger da chuva que caia todos os dias. Como não tirava a capa nunca, ganhou o apelido de Chapeuzinho Vermelho.

Uma manhã, sua mãe a chamou e disse:

- Olha, Chapeuzinho, a vovó está doente e não posso ir vê-la. Vai até a casa dela e leve este tacará pra ela se fortalecer. Leve também estas frutas que colhi ontem: tucumâ, abius e camu-camu.

Enquanto a mãe arrumava tudo num cesto, Chapeuzinho Vermelho sentiu o cheiro do tacará na marmita e pensou: Com certeza, a vovó vai dividir o caldo comigo. Tinha certeza também de que ganharia um ou dois abius, a fruta de que mais gostava no mundo.

- E, preste atenção, minha filha, nada de ficar brincando com os botos na beira d'agua. Boto é bicho perigoso, leva as crianças pro fundo do rio. Quero que volte antes das quatro da tarde, entendeu? Quando chegar na casa da vovó, dê um beijo nela e não esqueça de dizer que estou mandando um abraço.

- Pode deixar, mamãe, vou fazer tudo direitinho.

Agora, só lendo o resto da história pra saber, rs!



Nenhum comentário:

Postar um comentário