LÁPIS COR DE PELE


Lápis cor de pele
Autora: Daniela de Brito
Ilustrações: Polly Duarte




Era nosso primeiro dia na escola. Já tínhamos sete anos.
Nossa mãe sempre contava histórias para nós, ensinava as coisas. Como eu adorava viver no meio dos livros, sabia ler um pouco mais que meu irmão, Miguel. Ele gostava mesmo era de correr e brincar no quintal.
A escola era perto da nossa casa, em frente à praça. Fomos a pé, acompanhados de nossos pais.
Assim que chegamos, Miguel saiu correndo e subiu no balanço, feliz da vida. Eu não sabia se queria ficar lá, mas minha mãe me deu um abraço bem apertado e disse, olhando bem nos meus olhos:
-  No final da manhã venho buscar vocês - e então ela beijou a minha testa com doçura, e fiquei corajosa de repente.
Sai correndo pelo corredor, e a professora Roberta veio me receber. 
A professora já nos conhecia. No dia que fomos visitar a escola, ela nos recebeu com a diretora. Aliás, a diretora nos pareceu um doce de pessoa. Depois fiquei sabendo que os meninos e as meninas morriam de  medo dela.

(...)

No início da aula, a professora pediu que cada um dissesse seu nome. Meu coração ficou tão, tão acelerado que, quando fui dizer, acabei esquecendo meu nome.

(...)

Depois a prô Roberta formou um círculo, pediu que sentássemos e explicou como seria o dia. Faríamos alguns desenhos, ouviríamos músicas , faríamos um piquenique, brincaríamos no parque e teríamos um gincana.
Eu nem sabia o que era gincana, mas assim que ela amarrou fitas azuis nos punhos de alguns e fitas vermelhas nos punhos de outros, entendi que iríamos brincar muito. Eu adorei. Você gosta de brincar?
Ao final da aula , a prô pediu que cada um se desenhasse . Então, Gabriele , lá do fundo, gritou:
- Prô, me empresta lápis cor de pele?
Fiquei sem entender. Luis logo respondeu:
- Eu tenho!
E emprestou pra ela um lápis clarinho, meio rosa...  "Que estranho, eu pensei.

(...)

Fomos pra casa e fiquei observando o que tinha acontecido na escola. Não entendia como um lápis rosinha poderia ser "lápis cor de pele". Minha pele era tão, mais tão branquinha, Não era rosa.   
Na-na-ni-na-não.
Em casa observei meu pai, também era branquinho como eu e tinha os olhos azuis.

(...)

Quando minha mãe veio perguntar se a gente já tinha lavado as mãos, foi aí que notei! Minha mãe tem a pele bem escura igual a de Miguel.

(...)

No outro dia cheguei muito animada à escola, ansiosa para contar a minha descoberta.  (...)

  



E assim vai ficando claro o contexto da leitura, e as belíssimas  ilustrações se encarregam de contextualizar a fala desta encantadora menina. Vale muito a pena conferir.

Não posto o texto na íntegra por causa dos direitos autorais , mas vale a pena finalizar a leitura. Um tema atual e bastante relevante para o contexto escolar.

Nesta proposta trabalhei identidade e também grandezas e medidas, e muitos foram os questionamentos dos alunos e a percepção de que somos todos diferentes em nossas características físicas, tipo: no que se refere a altura, peso, cor da pele, etc.

Outra sugestão é fazer uma roda de conversa  no início do ano letivo e perguntar aos alunos sobre o que eles esperam da escola, o que acham que vai acontecer, pra que serve a escola, qual o espaço mais gostoso . 
Outra sugestão após a leitura e conversar  sobre as regras e combinados, tema importante e que tratamos já na primeira semana de aula, e assim conversamos e buscamos deles informações sobre o que pode e o que não pode na escola. Do respeito aos amigos. E do uso dos diferentes espaços, sem agressões e ou atitudes que com certeza possam trazer desconforto ou incômodos,   etc.




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